Os verbos auxiliares do coração

Os verbos auxiliares do coração Péter Esterházy




Resenhas - Os Verbos Auxiliares do Coração


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Márcia Regina 18/07/2012

"Estou viva, não é?"
Não saberia dizer o que me “prende”, não existe um aspecto definido. Alguns livros, eu recomendo por causa da história; outros, pelo clima que criam, pelas sensações - inquietantes ou não - que me trazem.

Confesso que me perdi no meio da leitura de “Os verbos auxiliares do coração”, li no ônibus, por pedaços, e ele exige atenção mais continuada e análise profunda de cada termo ou situação, em especial do narrador que está com a voz a cada página.

Como não me foi possível ler dessa forma atenta, resolvi deixar a confusão fazer parte. Afinal, era uma confusão característica do momento retratado, uma perda (ou será um encontro?) acarreta um aflorar de sentimentos e reações complexas que nem sempre conseguimos expressar de forma clara e lógica.

Não foi uma má ideia, se perdi a história, e perdi muito, o clima me envolveu por completo, dor, dor, dor, mesmo no riso. Entendi tão bem quando Esterházy escreveu: "De fora, ouvimos a risada que ele dava dos descendentes melindrosos, e mal se podia distingui-la de um choro".

Recomendo, principalmente como livro a ser relido e estudado com calma e profundidade no futuro. Agora, neste primeiro gosto, ficou a angústia. E me parece que parte da intenção do livro era exatamente essa: deixar como legado a impotência, a tristeza, o medo, o reencontro, a solidão.

No final do texto, o autor coloca: “Um dia, vou escrever tudo isso com mais precisão”. Sim, um dia, eu vou reler a obra com mais precisão. Agora, a dor me basta.
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ENAVARRO 07/10/2012

Os Verbos Auxiliares do Coração
Peter Esterhazy explica no prefácio: "Faz quase duas semanas que minha mãe morreu, tenho de me entregar ao trabalho antes que a necessidade demasiado ardente de escrever sobre ela recue para o mutismo covarde com que reagi à notícia da morte." Sim, o livro é denso, apesar do humor estar presente em certos momentos. O romance começa narrado pelo filho, mas depois a narração é da mãe morta, alternando sonhos e memorias do passado até chegar nos fatos que antecederam a morte. Experimental e sofisticado, o livro é difícil, ainda mais com as páginas sem numeração e citações em cada rodapé. Impossível sair ileso.
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Livrogram 29/09/2014

Luto
O livro Os verbos auxiliares do coração, do húngaro Péter Esterházy, se desenrola a partir da experiência de luto do autor. Foi quando Peter perdeu sua mãe que decidiu escrever a obra, em 1985. Borrar as fronteiras entre realidade e ficção é um procedimento de criação que diversos autores contemporâneos passaram a experimentar. Mas aqui o autor húngaro não transita apenas pelos planos da realidade e ficção. Enquanto a primeira parte do livro é narrada pelo autor e transcorre sem sobressaltos, com fluxos de consciência e observações ácidas de Peter Esterházy sobre sua família e também sobre si próprio, a segunda é narrada pela inesperada voz da mãe morta, o que eleva o tom do livro para o surreal. Conhecemos um pouco do passado aristocrático da mãe e de certas nuances da relação mãe-filho. O paradoxo do 'fantástico real' parece pertinente para falar deste livro de estrutura complexa, fragmentada e instigante. A página contém vazios e trechos de outros autores na parte inferior, sempre em caixa alta, como um grito. No vídeo de hoje no canal do Youtube falo mais sobre a edição do livro e sobre as páginas que, segundo o autor, são 'notas de falecimento não desejadas'. A edição da Cosac Naify, de 2011, não poderia ser mais adequada ao propósito do livro. Vem ver!

site: https://www.youtube.com/user/livrogram2014
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Juliana 06/01/2019

Sob a graça do amor
O pouco contato que tive com os húngaros não foi promissor até encontrar essa joia de Esterházy. Na crueza da narrativa entrecortada reside uma delicadeza indelével. A primeira parte é estéril e amarga, como o sentimento de perda. Já a segunda surge como as asas negras de corvo que o pai costurava: a graça do amor materno se estendendo pelas páginas e banheiros de hospital a espalhar pelo ar um último suspiro. O amor, brutal, eterno, que não se entende – se vive.
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