Fernando Savian 20/08/2024
Matador da vida real
Não tenho dúvidas que Klester Cavalcanti precisou de muita coragem e senso jornalístico para construir, em forma de livro, a história de Júlio Santana, matador de aluguel que registra em suas anotações quase 500 mortes.
O livro narra a história de Júlio desde que era um garoto vivendo às margens do rio Tocantins, ainda sem carregar assassinatos nas costas. Klester precisou de anos de conversa com Júlio e checagem de outras fontes para chegar à versão final da história. Ainda, mais tempo foi necessário para convencer Júlio a entregar seu nome verdadeiro.
A história é um assombro. O autor, por mais habilidoso que seja, não consegue dar o peso real a alguém que causou tanto sofrimento. Júlio é narrado como um ser humano, pai de família, que sofre com as escolhas que fez. Faz parte da narrativa, mas senti falta desse peso por parte do autor. Além disso, alguns errinhos na edição me tiraram um pouco da leitura.
Dito isso, vale ler. Muitas passagens são difíceis, mas demonstram a realidade de um Brasil sem lei, onde desavenças são resolvidas na base da pistola.