Resenhas - Dom Casmurro

Aria 27/07/2024

É melhor quando acaba
É melhor quando acaba.
A grandiosidade do livro é a concepção em completude, pois nem todas as suas formas são agradáveis no instante que são consumidas, mas contribuem minuciosamente para a construção de uma obra impecável.

É definitivamente impossível não se envolver com a genialidade de Machado de Assis, ele entrega muito mais do que a -- nada simples -- história de Bentinho e Capitu. É um livro que faz diversas denúncias a sociedade brasileira do século narrado, todas ainda infelizmente muito pertinentes, mas que principalmente nos revela a denúncia de nós mesmos por meio de seu narrador-personagem que, apesar do que parece pelas obviedades, não poupa a si da criticidade.

Em oposição, não é uma leitura pronta, entender Dom Casmurro exige vontade e esforço. Digo, cada pequeno capítulo diz em si tantas coisas, às vezes em um pequeno parágrafo, que se o leitor se perde na ânsia do consumismo pela história, acaba não apreciando o que há de melhor nesse enredo. Compreender essas nuances, falando por mim, foi tão satisfatório ao fim quanto cansativo durante. Tal qual tudo que é profundo, não se esgota em um único gole.

Por fim, apesar da construção dos personagens -- com destaque ao nosso protagonista -- ser tão minuciosa, suas personalidades são pouquíssimos cativantes. O que é totalmente compreensível, essa não é a proposta da trama. No entanto, a falta de apego emocional a uma história, para mim, é uma questão e somente por ela o livro não é impecável na minha avaliação enquanto experiência pessoal. É um livro transformador e vale a experiência para todos, um exercício de autoconsciência e senso crítico, um teste das percepções e emoções, um duelo entre o que diz o objeto escrito e o propositalmente ocultado. Fui cativada pela experiência literária proporcionada, mas não pela história.

A discussão da traição é simplória, mas Bentinho com toda sua inteligência e persuasão não é capaz de omitir -- a qualquer leitor plenamente atento -- a sua natureza, natureza esta que prontamente o denuncia dentro da trama dramática e destrutiva que o próprio costurou.

Ray.Cass 27/07/2024

Traiu ou Não Traiu?
Bentinho acredita piamente na traição, então, do ponto de vista dele, sim, houve traição. Em nenhum momento ele tem dúvidas, ele vê a prova da traição na figura da criança e, para ele, isso basta.
Ao mesmo tempo, Capitu nunca disse que Bentinho estava errado, nunca afirmou com todas as palavras que nunca o havia traído.
Mas o livro é contado do ponto de vista de Bentinho, ele apresenta o que acredita ser real para ele. Mas a certeza sobre a traição veio depois de Bentinho ter compartilhado um momento de ligação com Sancha, que mesmo sendo rápido, o marcou. Parece que a desconfiança começou como uma maneira de se eximir de culpa, e a mente tortuosa dele acabou por moldar tudo o que ele via e acreditava. Parece estar também relacionado ao momento de luto que ele vivia, como se fosse mais fácil lidar com a raiva por uma traição, real ou não, do que lidar com o sentimento de perda do melhor amigo, mesmo que isso o tenha levado a perder a mulher que supostamente amava e o filho.
Não é mencionado no livro que mais alguém além de Bentinho ache a criança igual ao Escobar, e mesmo que seja, Capitu é igual à falecida mãe de Sancha, então semelhança não significa que necessariamente tenha havido uma traição

Felipe.Loschi 26/07/2024

Uma grande fofoca do ponto de vista de um esquizofrênico
Eu tenho a impressão de que o little Bento era esquizofrênico, ele falava com as coisas tudo.
A obra prima do Machado é uma grande fofoca, ele consegue trazer a vida do querido Dom Casmurro do ponto de vista dele, o que torna a obra mais interessante por certo lado, já que isso causa um certo conflito entre leitor e narrador, porque ele tá tentando te converter e você tá percebendo que ele é maluco.
Ler esse livro agora que eu tenho uma certa maturidade pro assunto e não sendo obrigado a ler foi uma aventura que eu amei e recomendaria a todos.
Simplesmente uma obra prima da literatura brasileira, amei!!

Joao366 26/07/2024

Reler Dom Casmurro sem a obrigação do ensino medio
Reli Dom Casmurro, dessa vez já adulto e por puro interesse, não mais obrigação de vestibular.
Parece até outro livro. A leitura foi fluida e prazeirosa.
Tenho outros olhos e interesse em Machado de Assis agora.
Li criticas e analises sobre o livro antes para poder mergulhar nele com outra visão.
Funcionou!
Recomendo!

aureamariasf 26/07/2024

QUE OBRA BELÍSSIMA (como diria José Dias) MEUS AMIGOS!
Mas que experiência única ler Bentinho deixando sua infância inocente, obediente à mãe e à Igreja, para uma casmurrice sem medida ao apaixonar-se e enciumar-se por Capitu cada vez mais.
Acho uma escrita magnífica a de Machado (não vejo a hora de ler ?Memórias Póstumas de Brás Cubas?, muito em breve), tanto que não quis, em vários momentos, largar o livro? o narrador constrói capítulos envolventes e uma dinâmica com o leitor (sim, nós mesmos) legal demais de se acompanhar.
Não acho que Capitu traiu. Também não acho que tenha em algum momento cogitado isso. Pela história do romance entre ambos é perceptível o quanto ela o ama, e não acredito que esse sentimento, juntamente à sua devoção à Igreja, a permitiria cometer adultério.
Creio que o que muitos deixar passar despercebido seja, na verdade, a chave dessa questão. É certo que Bentinho, por si só, possui um ciúme sufocante à Capitu, mas em dado momento da história ele mesmo deseja a mulher de Escobar, capítulo esse anterior à morte do amigo, e logo esse fato é ?esquecido?? o que me leva a pensar que a imagem que ele constrói de seu filho parecer-se em tanto com o Escobar parte do ciúme e da desconfiança por Capitu, é claro, como também da consciência pesada por ter cobiçado a mulher do amigo e sentir-se como que ?ameaçado? ou ?vigiado? pelo defunto no corpo de seu próprio e único filho.
Enfim, acredito que o melhor da história não está somente nessa questão, a obra por inteiro é magnífica.

wolfstarbf 26/07/2024

Dom Casmurro
Dom Casmurro realmente mostra a incrível perspectiva de Machado de Assis com relação a escrita. Acredito que a melhor parte desse livro seja a ironia machadiana e seu jeito único de analisar os personagens ao redor, que é uma das características pelo qual a obra é tão louvada.

Muitas interpretações feitas no livro eram feitas com o intuito de fazer com que o leitor interpretasse da maneira que preferisse, no entanto, a história ser contada por um narrador-personagem diz muito sobre todas as insinuações e interpretações feitas por Bentinho, sendo óbvio, pelo menos para mim, que se deve questionar a veracidade dessas interpretação, levando em consideração todas as ambiguidades que acontecem durante o livro.

Mika.Cordero 26/07/2024

É uma relação de gostar da história, mas odiar o narrador. Bentinho é um chato reclamão, mas com sérios problemas psicológicos.

Ele é paranoico e é a 🤬 #$%!& de um bissexual reprimido.

Não é normal ver o amigo morto no filho

Meu resumo. Não traiu, ele é dodoi da cabeça

Vivi0103 26/07/2024

Um livro muito bom
O romance gira em torno do relacionamento de Bentinho com Capitu, sua amiga de infância e amor da vida. A trama explora os temas da dúvida e do ciúme, especialmente após Bentinho suspeitar da infidelidade de Capitu com seu melhor amigo, Escobar. Essas suspeitas envenenam o relacionamento deles, levando Bentinho a se tornar um homem amargurado e solitário, o "Dom Casmurro" do título.O autor deixa em aberto algumas coisas da história fazendo com que o leitor reflita e interprete a sua maneira.

Rauta 25/07/2024

Decepcionada
Sinceramente? não sei nem o que dizer sobre.
achei chato do início ao fim. diversas vzs tentei voltar para a leitura mas em tds eu queria parar e ir ler qualquer outra coisa. o que me salvou foi o audiobook mesmo, pq não tinha nem coragem de perder meu tempo sentada lendo.

a edição da antofagica é maravilhosa (o que não é novidade nenhuma) e os textos de apoio no final me fizeram pensar na obra com outros olhos - capitu trair ou não bentinho, é apenas a ponta do iceberg, o livro é muito mais do que uma novela da globo.

muitas coisas nos são impostas de maneiras implícitas, o que já é de se esperar do autor, mas, mesmo assim, mesmo entendendo a grandiosidade da obra e suas minuciosidades, não gostei.

me foi chato acompanhar todo esse dramalhão, ainda mais tentando enxergar nas entrelinhas (que são muitas!).

segunda vez da minha vida que tento ler esse livro e ele não me desce (e nessa segunda vez demorei apenas um ano, coisa pouca!). talvez eu não esteja pronta ainda para essa obra? talvez. mas tenho certeza que irei esperar uns bons anos até querer me meter com isso de novo.

isa ððð 25/07/2024

Os "foi ou não foi" nas concepções humanas ?
"Dom Casmurro" faz parte da fase realista de Machado de Assis. Lançado, pela primeira vez, em 1899, no final do século xix, a obra traz a marca mais conhecida do Machado: a ironia machadiana. Uma coisa que abrilhantou meus olhos à escrita foi a sutileza na construção dessas ironias e contradições; um exemplo, na minha perspectiva e em minhas glosas: o próprio título constitui um certo escárnio, tendo em vista que casmurro significa alguém fechado em si e calado (além de possuir um segundo significado no dicionário, que o Bento pede para o leitor não consultar e confiar apenas nele), na minha ideia, quando nos fechamos em nós os panoramas, nos diferentes aspectos da vida, incidem no - eu - e no outro. Esse ponto que coloquei também pode fazer referente ao segundo significado da palavra e nos dá a ideia do quão confiável essa personagem é.
Amei a forma que o narrador-personagem constrói e vai emendando a narrativa: ele (Bento), como um injustiçado, já no primeiro capítulo, com o presenteado apelido.
Sobre se houve traição ou não: eu não me preocupei muito com isso e olhei para o
romance mais como um "estudo de personagem" e vejo o Bento como único personagem principal. Eu conjectuo que Bento tenha começado seu livro com o desígnio de escapismo da sua consciência, tendo em vista que ele já teve olhares maliciosos para outras mulheres; mas não há nada além de subjetividade.
Incrível as metáforas usadas e a forma conduzente que nos leva aos olhos das personagens (deixando-nos intrigados e envolventes à narrativa).

Eu poderia escrever mais e mais aqui mas é isso ???. Amei! a leitura foi super fluida, leve e divertida (pra mim foi a mais fluida do Machado inclusive); então recomendo muito pra vc entrar em surtos, fofocar com amigos ou com seu guarda roupa e/ou se tá começando no clássicos ?

laramartinssr 25/07/2024

Esse livro é simplesmente incrível, a narrativa, o detalhamento de tudo que é possível, é perfeito!
esse final realmente me deixou triste e abalado, acredito que Capitu tenha o traído, mas como Bentinho tem uma boa parcialidade de culpa em vários aspectos do livro e desse final.
realmente, incrível! chorei muito no final dele?

Alice 25/07/2024

Que canetada!
Machado de Assis deu seu nome nesse. narrativa muito bem construída e deliciosa de acompanhar. Dom Casmurro é sim uma obra prima da literatura brasileira.

eloise25 25/07/2024

Traiu ou não traiu?
Como exposto no título, esse é o pensamento que me veio na cabeça assim que terminei esse livro, esse grandioso enigma.
Ao meu ver não é Capitu quem trai, mesmo com todas as pistas deixadas pelo Bentinho indicando ser ela a traidora e dissimulada, mas e se na verdade for ele o traidor? Um tremendo manipulador, ciumento, possessivo e tóxico.
Capitu foi uma mulher citada no livro como uma mulher extrovertida, ela era diferente das mulheres daquela época, por querer essa tal liberdade que tanto ansiava, e com o passar do tempo e com a maturidade alcançada, deixou essa liberdade tomar conta de seu ser, o que acabou sendo uma ameaça para o manipulador Bentinho, o qual era muito inteligente e teimoso para saber que sua mulher não aceitaria ser tratada da tal forma como era vista comum naquela época.
E termino essa resenha com o meu ponto de vista alcançado, Bentinho traiu nós leitores com suas pistas manipuláveis, se fazendo de vítima e coitado, para colocar a culpa em Capitu.

Samara886 25/07/2024

Esse livro é muito bom, mas também é muito, mais muito muito confusooo
Uma hora acreditava em Capitu, outra hora não kkkkk

Tay ð· 25/07/2024

Tão equivocado quanto presumir que Capitu traiu Bentinho, é presumir que ela não o traiu.
Até que enfim, tirei "Dom Casmurro" da minha lista de leituras pendentes! Por anos, o livro ficou ali, sempre adiado, por medo de me decepcionar com uma leitura difícil. Porém, tive a grata surpresa de encontrar uma leitura fácil e envolvente, desmistificando a ideia de que os livros de Machado de Assis são complicados.

Assim como muitos, eu tinha certo receio de enfrentar "Dom Casmurro", devido à fama de ser uma obra de compreensão difícil. No entanto, encontrei um texto fluido e acessível, com uma linguagem que, apesar de algumas palavras desatualizadas ou pouco comuns hoje em dia, não atrapalha a leitura. A escrita de Machado é sim um pouco floreada, até poética, mas nada que torne a compreensão impossível; pelo contrário, enriquece a experiência.

Para aqueles que ainda não conhecem a obra, "Dom Casmurro" é um romance de Machado de Assis, publicado em 1899, que se passa no Rio de Janeiro do século XIX. O livro é narrado por Bento Santiago, o Bentinho, que, ao relembrar sua vida, levanta a dúvida sobre a fidelidade de sua esposa Capitulina, a Capitu. A trama se desenrola a partir da infância dos personagens, narrando a promessa de Bentinho de se tornar padre, a paixão entre ele e Capitu e o posterior casamento, marcado pela dúvida e ciúme.

Por trás da trama principal, o livro explora temas como a traição, a dúvida, a influência da educação e da sociedade, e até a natureza da verdade e da memória. Questões políticas também são abordadas de maneira sutil e indireta, refletindo as estruturas de poder e as hierarquias sociais da época. Machado de Assis utiliza a narrativa de Bentinho para explorar temas como dissimulação e manipulação, que são relevantes tanto em contextos pessoais quanto sociais e políticos.

Minha experiência com esta leitura foi extremamente positiva. A livro me prendeu do início ao fim, sempre me deixando curiosa para descobrir o desfecho. E que desfecho! A ambiguidade do final é uma das marcas registradas do livro, deixando o leitor a se perguntar não só sobre a fidelidade de Capitu, mas também sobre a veracidade dos relatos de Bentinho. Ao longo da leitura, percebi que a grande questão poderia não ser "Afinal, Capitu traiu ou não traiu Bentinho?", mas sim "Bentinho traiu o leitor?". Isso porque ele nos conduz através de sua narrativa, levantando suspeitas, mas sem jamais oferecer uma resposta definitiva. E a minha conclusão é que tão equivocado quanto presumir que Capitu traiu Bentinho, é presumir que ela não o traiu.

Assim que finalizei o livro, senti uma vontade imediata de recomeçá-lo, agora com um olhar mais atento a cada nuance e detalhe, buscando desvendar o mistério. Contudo, "Dom Casmurro" é uma obra que não nos permite conclusões absolutas; até mesmo as teorias mais bem fundamentadas podem ser questionadas pelas ambiguidades presentes no texto.

Deixo aqui a minha recomendação: leia "Dom Casmurro". É um dos melhores livros que já li, certamente está no meu top 10 de melhores livros. E se você já leu ou está lendo, por favor, compartilhe seus pensamentos comigo! Sinto a necessidade de discutir essa obra fascinante, que tomou um espaço permanente na minha mente. "Dom Casmurro" é um daqueles livros que você não consegue parar de pensar, refletindo sobre diferentes aspectos todos os dias.