Resenhas - Dom Casmurro

BeaFCC 25/08/2024

Traiu ou não traiu?
Dom Casmurro é uma obra-prima da literatura brasileira e um dos livros mais fascinantes que já li. Esta releitura só confirmou o quanto essa história é envolvente e instigante e ao mesmo tempo me trouxe uma nova percepção sobre a trama. O livro é narrado por Bentinho, que relembra seu passado e conta sobre sua amizade de infância com Capitu, sua vizinha e grande amor.

O romance é marcado pela dúvida e pela desconfiança. Bentinho se casa com Capitu, mas com o tempo começa a suspeitar que ela o traiu com seu melhor amigo, Escobar. A grande questão do livro é se Capitu realmente foi infiel ou se tudo não passou de ciúmes e paranoia da parte de Bentinho. Machado de Assis constrói a narrativa de forma tão habilidosa que deixa o leitor sempre na dúvida, o que torna a leitura ainda mais fascinante.

O livro também explora temas como o ciúme, o amor e a fragilidade das relações humanas. A escrita de Machado é clara e direta, mas cheia de ironia e sutilezas, o que faz com que cada releitura traga novas descobertas.

Dom Casmurro é um livro que merece ser lido por todos. É uma história envolvente, com personagens memoráveis e um final que deixa muito para se pensar. Mesmo sendo escrito há tanto tempo, a obra continua atual e impactante. Com certeza, é um dos grandes clássicos da nossa literatura merecidamente, e essa releitura só reforçou minha admiração por ele.

RaquelLimaaaa 09/08/2024

Clássico brasileiro!
Um clássico com todas as suas peculiaridades. A escrita e a narrativa realista impecáveis de Machado anuem o porquê desse livro ser um clássico.
Na releitura mudei de ideia quanto a famosa polêmica traiu ou não traiu? Acredito que não. Capitu desde o início mostrou-se apaixonada e segura por Bentinho, palavras do próprio. Já ele,altamente ciumento e paranóico. Não falo só quanto a Capitu, mas em todas as suas relações. Que mente perturbada!
Triste fim de todos.
Enfim, acredito que a obra vai muito além da popular questão. Há várias camadas para serem analisadas pelo leitor. A obra por inteiro é esplêndida.
Recomendo.

fani 15/02/2024

Traiu ou não traiu?
Não é atoa que Machado de Assis é um dos maiores nomes da nossa literatura brasileira, a escrita de Dom Casmurro é muito interessante, cheia de ironias e referências a outras obras, alguns capítulos introduziam o que iria ser falado no próximo fazendo uma interação com o leitor. Os personagens são muito bem estruturados, cheio de nuances, e são claramente montados e expostos a partir de uma visão do Bentinho que é o narrador. E ai que fica muito claro(na minha opinião) que não houve traição da parte de Capitu, Bentinho como um bom manipulador nos leva a acreditar que sim porque era o que ele acreditava. Mas durante todo o livro a partir da sua própria narração fica muito nítido o quanto ele é um homem ciumento, inseguro e neurótico, e toda beleza e personalidade de Capitu sempre o deixou com pulgas atrás da orelha. Além disso, várias vezes é exposto o machismo da época(não só de Bentinho, mas como de José Dias e Escobar). No fim a verdadeira traição é de Bento por ter dado as costas para um amor tão bonito construído desde a infância.
Enfim, leiam e tirem suas próprias conclusões! Vale muito a pena. E também gostaria de indicar a edição do livro da Antofagica que facilita a bastante a leitura(por ser um clássico muito antigo, tem uma escrita difícil), a editora define vários termos e referências nas notas do rodapé o que ajuda muito no entendimento. Leiamm e valorizem nossos clássicos.

Flávio 12/11/2021

Clássico é clássico.
Se não traiu, deveria ter traído, kkkkkk. O que torna tão espetacular as obras de Machado e sua contemporaneidade, clássico é clássico.

camila 09/01/2023

capitu nao traiu!
MACHADAO VOCÊ É FODA. Não houve traição e ponto, bentinho é um desmiolado inseguro e paranóico. Com certeza uma leitura obrigatória e me deu muita vontade de mergulhar nos clássicos.

Ysabella.Pinheiro 20/04/2021

não traiu

Mirela Ugioni 01/07/2022

Li esse livro na época da escola (acho difícil quem não leu né?) como leitura obrigatória, depois vi a minissérie quando estava na faculdade, e agora reli, porque quis, porque é bom reler em diferentes épocas da nossa vida, isso nos dá perspectivas diferentes da história. Sobre "traiu ou não traiu": na escola eu só vi a história como incrível, não analisei, só me apeguei aos fatos do narrador. A minissérie era tão linda, lembro que ficava até tarde vendo, e como boa estudante de psicologia, analisei meio sem técnica ainda e achei Bentinho com um comportamento bem problemático. Agora percebo que realmente ele tinha problemas sérios com ciúmes, paranoias, uma forte inclinação a pensamentos delirantes e alucinações, e após a morte do amigo, visivelmente deprimido, é possível ver que sua condição emocional pode ter piorado em 100% esses pensamentos, além de fortes tendências a comportamentos de condutas duvidosos. Logo, Bentinho não era confiável em sua narrativa. E Machado de Assis era um gênio das palavras.

Dhany.Reis 23/05/2021

Quem narra escreve da forma que quer.
Não achei o livro maravilhoso , mas também não é um dos piores.
Gostei da forma que Machado de Assis narra o romance. A história é contada pelo personagem principal, apelidado como Bentinho e o nome do romance é Dom Casmurro por causa do apelido que lhe deram por ele ser calado e metido consigo.
Machado de Assis escreve Bentinho narrando sua história com Capitu e interagindo com o leitor.
Conta seu romance com Capitu, como fez pra se livrar da promessa da mãe de ser padre e relata sua forte amizade com Escobar, amizade que nasceu quando estava no seminário, por coincidência nenhum dos dois queria ser padre.
A preocupação maior de Bentinho era casar com Capitu. Era Deus no Céu é Capitu na terra. ??
Segundo Bentinho Capitu o traiu.
Já li o romance pensando nesse fato , quem não pensa? ?. Outra aspecto que fiquei tentando observar era a possibilidade de Bentinho ser Gay , pois foi o que me disseram antes de iniciar a leitura . Detalhe: quem disse isso foi uma estudante de Letras.
Aí meu Deus! Já li pensando nessas duas coisas. Traiu ou não traiu é gay ou não é gay.
Analisando a Obra.
Quem narrou a história foi Bentinho. Sabe aquele ditado: "Quem tem boca fala o que quer " , pois bem, quem escreve também escreve o que quer.
Bentinho passa uma imagem de Capitu nada boa, no tempo de hoje diria que Capitu era periguete, assanhada, pra frente. Era a visão dele e de José, um empregado da família. Bentinho descreve várias vezes cenas de ciúme por causa do comportamento de Capitu. Tudo bem que as mulheres daquela época eram bem discretas , mas mesmo assim não vi nada demais para Bentinho passar essa imagem de Capitu. Ele sempre foi muito ciumento e tudo desconfiava da moça. Bentinho tinha um ciúme doentio e forma que ele descreveu sua relação com Capitu só foi uma forma de justificar seu ciúme .Até ele relata que Capitu evitava fazer coisas que o deixava com ciúmes. Sempre que resolvia um intriga de ciúme tinha outra. E a última foi que seu filho não era era seu.
Coitada de Capitu que não pode nem se defender! Pois quem escreveu o livro foi Bentinho e lógico que ele vai dizer que ele é um santo. Não tão santo assim porque suspirou pela mulher do seu melhor amigo. Deve ser por isso que ficou doido achando que tinha sido traído, pois a pessoa encherga nos outros a partir de suas próprias atitudes. Se ele se balançou pela mulher do amigo , Capitu poderia ter feito o mesmo segundo os pensamentos de Bentinho.
Pra mim Capitu não traiu e talvez Bentinho tenha sido mesmo Gay
Recomendo a leitura e que cada um tire sua conclusão!

gui almeida 25/07/2012

Viva Machado!
Dom Casmurro é meu livro favorito. E sempre que eu digo isso algum pseudo-cult me pergunta “ah, então qual a sua opinião sobre Capitu? Traiu ou não?”. Invariavelmente gera-se uma discussão, pois acho que sou a única pessoa na face da Terra que acredita que Capitu era uma sem vergonha.

Invariavelmente eu apresento argumentos que desmontam completamente qualquer teoria da pessoa, e invariavelmente a discussão termina-se com a pessoa me ignorando. Pois bem, visto que hoje é dia do Escritor, homenagearei o maior escritor de todos os tempos com um texto sobre sua maior obra.

Capitu traiu Bentinho.

I mean, é o que o narrador diz, e eu acho inconcebível você negar o que um narrador diz.

Pra mim, é a mesma coisa de dizer que não, o Harry Potter nunca foi pra Hogwarts, na real o Harry Potter é um esquizofrênico que ficava tendo ilusões embaixo da escada dos tios. Se o narrador tá dizendo e você se propôs a entrar no universo de um livro, porra, aquela é a verdade! Capitu é safada por que Bentinho assim disse! Qual o sentido de contestar o que é dito com todas as palavras pelo narrador que te acompanha desde o princípio? Narrador esse que te mostra passo a passo todos os ocorridos que o fizeram chegar nessa constatação?

O Machado explorava os personagens profundamente. Lembro muito de Memórias Póstumas, quando o Brás Cubas diz “eu gostava dela, mas ela era coxa, então nada podíamos ter”. Isso, pra mim, fala bastante sobre o estilo Machadiano. Não por causa de ser direto – muito pelo contrário, o Machado era sempre subjetivo e raramente direto assim -, mas pelo fato de que o Machado sempre criava personagens profundos. São pessoas comuns, que poderiam ser eu ou tu, mas que o autor dá tamanha profundidade aos sentimentos e pensamentos que fazem com que cada um torne-se único. E o Machado, no decorrer do livro, faz você conhecer até o mais profundo e obscuro sentimento dessa pessoa, aquela opinião que tu guarda tão escondida que tu mal percebe que a tem, e aí entra a questão do “eu gostava dela, mas ela era coxa”.

Nós conhecemos os personagens do Machado tão profundamente quanto eles mesmos. E, conhecendo Bentinho, pela minha interpretação, por ter lido Dom Casmurro 3 vezes, eu chego às minhas conclusões.

Eu as baseio na história inteira, mas tenho dois pontos que acho primordiais:

a) Bentinho não era ESQUIZOFRÊNICO, ele apenas tinha uns devaneios. I mean, ele por vezes ouvia vozes, como “tu serás feliz, Bentinho”, mas não significa que ele vai destruir um casamento por causa de um devaneio de insanidade. Até por que ele não chegou à conclusão de que Capitu o traíra de um dia pro outro. Foram vários anos, vendo a proximidade dela com Escobar, vendo o filho dele crescer e se parecer com o amigo e tal. Foram diversos fatores que somaram a um denominador comum. Não creio que ele tenha conseguido viver em um mundo completamente imaginário por tanto tempo, afinal, ele era uma pessoa comum, um advogado respeitado, plenamente aceito em sociedade. Não dá pra ser completamente insano e ter uma vida assim!

b) A resignação de Capitu.

“Capitu, tu me traíste!” “Ok, Bentinho, não vou discutir contigo” “Mas, mas…” “Ok, ó, vou ali na igreja, quando eu voltar a gente se separa, blz? Fmz então, abs é nóix”

É tudo uma forma de interpretação. Até por que o Bentinho raramente dizia que Capitu o traiu com todas as palavras. Deve ter dito umas duas vezes, apenas. Mas durante toda a história ele dá sinais de que Capitu era meio assanhada. Não só Bentinho, mas o próprio agregado já dizia isso. Inclusive, o primeiro diálogo do livro é justamente o agregado falando mal dos costumes de Capitu e “daquela gente do Pádua”.

E Machado fazia muito isso – pelas entrelinhas, pelas minúcias, pelas coisas subentendidas, passar a ideia.

Por fim, creio que ela ter traído não era NEM DE LONGE o que Machado queria que nós estivéssemos discutindo aqui. Em fato, acho uma grande falta de profundidade literária discutir se ela traiu ou não. Até por que Capitu foi apenas mais uma perda na vida de Bentinho. O Machado, em Dom Casmurro, queria mesmo é ilustrar o sentimento mais mórbido e nauseante que alguém pode sentir em vida – a solidão. A melancolia. O desapego.

Na vida dele houve pessoas muito importantes e Capitu foi apenas mais uma delas. Houve sua mãe, houve Escobar, houve o agregado, houve diversos. E cada um vai sumindo, um a um.

A grande ironia é que ninguém para pra se perguntar “Ué, Escobar realmente se afogou? Ué, a mãe dele morreu de doença ou de velhice?”. E ninguém pergunta isso por que é CLARAMENTE OBSOLETO. Saber isso não muda a ideia principal – era uma parte da vida de Bentinho o deixando.

Da mesma forma é Capitu. Trair ou não, não muda o fato de que contribuiu para uma vida plenamente destruída de Bentinho, e é a isso que Machado se referia. Imagino que ele ficasse indignado das pessoas não perceberem isso. Tanto que, assistindo à série, na última cena, não fica-se triste por vê-lo chorando. Fica-se triste por ver as pessoas indo embora, uma a uma, e restando apenas Bentinho em uma sala grande e vazia.

Enfim, esse livro é uma obra de arte. Da mesma forma como não se pode dizer que Mona Lisa está sorrindo, não se pode tomar uma conclusão sobre Dom Casmurro. São tudo hipóteses, opiniões, interpretações. Nos resta apenas prestigiar a maior história, feita pelo maior escritor do mundo.

Tori 18/08/2020

Obra incrível
Primeiramente, eu tô de cara com esse livro, é de uma maestria tamanha, não esperava, nem estava preparada para o rumo que tomou! Vale 5 estrelas pela genialidade de Machado de Assis, Dom Casmurro é uma obra incrível, e é bem complexo também.

Acredito que a jogada principal aqui nem seja se Capitu o traiu ou não, de fato, mas o que Bentinho queria que os leitores achassem, entende? Afinal, ele é um narrador-protagonista, consequentemente ele é parcial, ele está narrando suas lembranças lógico que através de sua própria perspectiva, ele conversa com o leitor, com sua carisma ele tenta influenciar o leitor.

Mas, voltando para a história, que começa com a explicação do seu apelido Dom Casmurro, Dom por ser fidalgo e Casmurro por ser teimoso e fechado em si mesmo que é exatamente o que ele se tornou. No início Bentinho, aos 14 anos, era bem bobinho, sempre fez tudo o que a mãe queria, já Capitu era mais esperta e sagaz, quando ele se descobriu apaixonado por ela, os dois fizeram de tudo para ele não ir ao seminário, e sim Capitu era bem persuasiva se ela queria algo.

Capitu era Capitu, isto é, uma criatura muito particular, mais mulher do que eu era homem. Pág 94

Porém, nada deu certo, ele foi pro seminário, mas fez uma promessa a Capitu de que eles se casariam e ele não iria virar padre, nos conta da sua adolescência, vida adulta e seu amor por Capitu, que só aumentou com o tempo junto com seu ciúme.

Em vários momentos da leitura nós vemos o quanto o ciúme de bentinho se torna obsessivo, algo doentio, que surge de suposições e enche sua mente a ponto dele afirmar com convicção que está certo, daí já dá para desconfiarmos dele. O que eu percebi é que ele tenta manipular o leitor, se fazendo de coitado, o sofredor, mas na real é ele que tem atitudes estúpidas, é egoísta, tem ações e pensamentos de dar nojo e para explicar isso vou por alguns trechos do livro, o que significa spoiler, se você ainda não leu seria bom parar por aqui kkk E lembrando, minha verdade não é absoluta.

Agora lembrava-me que alguns olhavam para Capitu ? e tão senhor me sentia dela que era como se olhassem para mim, um simples dever de admiração e de inveja.... E a alegria de Capitu confirmava a suspeita; se ela vivia alegre é que já namorava outro... Pág 143

Nesse trecho já se vê como bentinho aos 15 anos já era bem ciumento, ele já tá supondo coisas que nem sabe!
Tem uma cena, já depois de casados, em que Capitu está concentrada no mar e ele fica com ciúmes disso, logo depois explica que não estava com ciúmes do mar, mas sim do pensamento da esposa, o que é bem descabido né, fora as outras vezes que ele supôs algo, não vou citar todas aqui.

Bentinho e Capitu demoraram a ter filhos, e quando tiveram foi só um, Ezequiel, foi a maior felicidade, um momento bonito da história deles, ambos protegiam e amavam o filho, mas a desconfiança e paranóia de bentinho destruiu isso.

Na morte de Escobar, seu melhor amigo, foi onde tudo desandou de vez, bentinho começou a achar que Ezequiel na verdade era filho de Escobar, ou seja, ele estava convicto de que Capitu o traiu com seu melhor amigo e de fato ele nos faz começar a acreditar nisso, pois Ezequiel tem uma semelhança absurda com Escobar, juntando ao fato de que ele e Capitu demoraram pra ter um filho e Bentinho SEMPRE fala que Capitu tinha os olhos de cigana, oblíqua e dissimulada, o que eu vejo disso?? Que ele queria deixar gravado na nossa mente que ela era assim, toda hora ele reafirma isso, enquanto ele se denomina como alguém que não é capaz de ser assim, sendo que ele está sendo dissimulado com os leitores!!

Em nenhum momento ele tem prova de que realmente foi traído, é tudo suposições, em relação a Ezequiel e Escobar, pode sim ser somente semelhança, afinal, a Capitu também tinha grande semelhança com a finada mãe de Sancha, sua melhor amiga, esposa do Escobar e no capítulo CXL/VOLTA DA IGREJA, página 237 o próprio bentinho relembra isso, apesar da desconfiança dele.

E tem mais, Ezequiel desde pequeno tinha o custume de imitar os outros, Capitu e Bentinho sempre mandavam ele parar, mas o menino não parava, talvez essa semelhança toda com Escobar venha dessa mania da criança.

Quatro capítulos antes da morte de Escobar, em uma reunião dos quatro amigos (Bento, Capitu, Escobar e Sancha) tem um acontecimento que nos faz duvidar ainda mais dele, afinal, nesse capitulo bentinho relembra que teve atração pela mulher de Escobar, simm ele é um safado hipócrita, tem tanto ciúme da Capitu e tá desejando a amiga dela, o que me leva a pensar que a desconfiança dele seja peso na consciência, afinal ele meio que traiu a esposa e o amigo, mas pra não se sentir culpado, pra se safar ele tenta colocar os dois como os errados, entende?

Ciúme obsessivo é doença, da pra perceber que isso vai deixando ele louco, paranóico, ele se sentiu atraído pela esposa do melhor amigo, depois esse mesmo amigo morre, a culpa que ele sente se junta ao seu excesso de ciúme, uma pessoa assim quando coloca algo na cabeça fica convicto de que o que ela pensa é a única verdade, aí ele começa querer colocar a esposa como errada também, por que se ele fez algo assim, ela também pode fazer né, e depois da ideia de que a esposa o traiu ele não pensa que pode haver outra explicação. Começa a comparar e enxergar o filho como o amigo falecido. No dia do enterro de Escobar, Capitu ta chorando o que é algo normal, eles foram amigos a muitos anos, a melhor amiga dela ficou viúva e com uma filha, mas na visão de Bentinho ela age assim porque tinha um caso com Escobar, vê se pode isso, até o fato dela estar de luto é motivo de desconfiança.

E agora vou chegar na pior parte, tudo isso fez ele querer se matar, mas o que mais me deixou chocada foi que ele desiste da primeira ideia e em vez disso tenta matar o próprio filho envenenado, o amor que ele sentia pela criança se esvaiu, ele não chegou a matar o filho, mas ele cogitou fazer, o que é extramame problemático e horrível, ele ainda disse pro menino que não era seu pai, Ezequiel cresce, Bentinho envelhece e ainda assim deseja o mal para o filho, o fim de Ezequiel me deixou bem triste.

Depois de tudo que falei, acho que já deu pra perceber minha resposta a grande questão do livro, o que todos perguntam, Capitu traiu ou não traiu? Não, ela não traiu. Lógico que o único que pode responder isso com certeza absoluta é Machado de Assis, mas depois de tudo que li pra mim ficou claro que ela não traiu.

O ciúme, a desconfiança, os pensamentos de matar a mulher e o filho, são coisas tão terríveis que ele tenta justificar botando culpa nos outros, querendo que o leitor sempre concorde com ele, e é tão habilidosos ao fazer isso, se usando do carisma, da ironia, da melancolia para nos convencer de que está certo.

Quando mãe nem filho estavam comigo o meu desespero era grande, e eu jurava mata-lós a ambos, ora de golpe, ora devagar, para dividir pelo tempo da morte todos os minutos da vida embaçada e agoniada. - Pág 228


Voialà mes gestes, voialà mon essence
Eis meus gestos, eis minha essência - pág 153

Através dos gestos de Bento Santiago, da pra saber a essência dele. Ele é Dom Casmurro.


Ahhhh e o Bentinho é um advogado, isso me leva a crer que Dom Casmurro é tipo uma peça de defesa dele hehe

Hamilton_L97 11/07/2021

Desculpa professora por não ter lido na escola S2
O livro todo tem uma dinâmica fluída, com capítulos pequenos e genialmente bem distintos. O terço final é a parte mais dinâmica e acelerada (de início estranhei isso, mas logo percebi o sentido que tinha dentro da trama psicológica do narrador), então devorei o restante em tempo mais curto. Em resumo, amei a obra e o final chocante. Essa edição da Antofágica tem posfácios maravilhosos (bem fundamentados e muito atentos, aliás!) e as ilustrações delicadas em nanquim representam muito bem a narrativa aberta, nostálgica, romântica e duvidosa S2

mias0 26/04/2021

Não traiu, mas deveria!
Demorei um pouco a ter contato com a escrita de Machado de Assis. Apesar de se tratar de um clássico, não havia me despertado interesse até estudar literatura na faculdade. É inegável que Machado de Assis foi (e continua sendo) um dos grandes nomes da Literatura Brasileira. Em "Dom Casmurro" a escrita é envolvente até certo ponto, e instiga o leitor a procurar saber mais.

Porém, Bentinho é um tanto quanto chato. Ao meu ver, trata-se de um homem cheio de paranoias que as acaba jogando-as em quem está ao seu redor - principalmente em sua esposa, Capitu. A sua desconfiança me parece um tanto infundada. Segundo ele, Ezequiel possui as mesmas feições que Escobar, mas o leitor só tem como garantia sua palavra já que nenhum outro personagem demonstra essa percepção.

Acredito que toda a desconfiança em cima da paternidade de Ezequiel parte das inseguranças do próprio Bentinho, ou até mesmo pela falta que esse sente do seu amigo Escobar. Seja como for, a forma como ele age a respeito disso me parece um tanto descabida. Gostaria de saber mais a respeito do que se passou com Capitu e Ezequiel, mas infelizmente não é possível visto que toda a narração se passa pelo ponto de vista de Bentinho.

De modo geral, a leitura me pareceu bastante proveitosa. Conhecer mais sobre a Literatura Brasileira me parece muito importante para leitores brasileiros - claro, se isso lhes parecer interessante. Pretendo me aproximar de outras obras de Machado de Assis e de outros escritores para aumentar meu conhecimento e contato com essa literatura.

Sagan 01/09/2021

Meu livro favorito de Machado de Assis.
Eu iria dizer apenas algumas poucas palavras à respeito de Dom Casmurro, mas (felizmente ou infelizmente) o Skoob possui um mínimo de caracteres para uma resenha - algo que me irrita mesmo entendendo o porquê de existir.

Mas agora que já alcancei o mínimo, vamos às palavras: não, ela não traiu.

Rodrigo Silvestre 26/04/2020

Achei o começo chato.
No meio parecia que estava no começo.
Perto do final melhorou
O final me deixou com raiva (positivamente)
30 minutos depois de finalizar a leitura já peguei 3 brigas na internet com gente que acha que Capitu traiu bentinho.

Acho que vale a pena

Ivan 04/06/2021

Uma traição? Ou não?
Publicado pela primeira vez em 1899, Dom Casmurro é uma das grandes obras de Machado de Assis. Esse romance é narrado por Bento Santiago (Bentinho), que recebeu mais tarde o apelido de Dom Casmurro, que se tornou o título da obra.
É um relato. São memórias do passado do protagonista Bentinho. Ele relata a vida desde sua adolescência, aos quinze anos de idade, quando conheceu Capitu, até se tornar o “ensimesmado e sorumbático” Dom Casmurro, quando ficou velho.
Dom Casmurro apresenta a versão de somente um dos personagens, Bentinho, que narra a história em primeira pessoa. Não sabemos o que Capitu pensa ou fez, somente pelo ponto de vista de um marido ciumento, inseguro e reprimido.
O livro traz uma questão de interpretação que instiga os leitores: Capitu traiu ou não traiu Bentinho? É toda uma subjetividade em crise, adoecida, de um homem que transformou o romance da infância em possessividade pelo resto da vida. Fica o questionamento: um homem atormentado pelo ciúme possui uma narrativa confiável?
Mais que uma experiência literária, este livro permite uma experiência reflexiva sobre como uma história pode ter versões diferentes se contada por pessoas diferentes. Bento, acredita fielmente em sua versão, chegando a levar esse problema até mesmo para a relação com seu filho e para o resto de sua vida. Todavia, só poderíamos saber como as coisas realmente ocorreram, se tivéssemos também a versão de Capitu e de Escobar.
Machado de Assis trabalha primorosamente a questão da culpa, capaz de distorcer a realidade e projetar fisionomias em seus afetos mal resolvidos.
Este é um romance interessante em vários aspectos: a trama é envolvente, há citações memoráveis (Bíblicas, Shakespeare, Homero etc.) e transporta o leitor para Rio de Janeiro do final do século XIX com menções as ruas, bairros, linguajar e costumes da época.
Achei a obra muito boa, recomendo a leitura.