Beamoreirazz 17/11/2024
Reflexivo
Terminei este livro com uma mistura de sentimentos e reflexões, foram meses lendo, eu que nunca havia lido nenhum livro da Clarice, não estava habituada à sua escrita, mas, mesmo assim, insisti nesta obra tão infeliz e miserável, assim como a vida de Macabéa, uma mulher pobre, alagoana, que se muda para o Rio de Janeiro após a morte de sua tia.
Nesta obra, conhecemos a protagonista através de Rodrigo S.M., um narrador que, enquanto nos conta a história de Macabéa, fala também sobre as suas próprias frustrações. Mas não é apenas um narrador, também um personagem que reflete sobre o ato de contar histórias e sua própria impotência diante da tragédia de Macabéa. Essa camada extra torna a obra ainda mais impactante, pois não é apenas sobre a vida da protagonista é também sobre como lidamos com a dor e a tragédia das outras pessoas.
Para mim, a história de Macabéa nos faz refletir sobre a vida: como é louco viver, estar vivo, querer viver e sonhar, mesmo com os problemas que surgem ao longo do caminho, e como lidamos com tudo isso. A personagem, uma mulher ingênua, pobre e infeliz, criou a ilusão de que era feliz. Ela representa não apenas uma pessoa, mas toda uma multidão de vidas marginalizadas, pessoas invisíveis para a sociedade, que muitas vezes criam ilusões para suportar as dificuldades do dia a dia.
O título da obra, A Hora da Estrela, também traz uma forte ironia. A ?hora da estrela? de Macabéa acontece justamente no momento de sua tragédia, quando ela finalmente se torna protagonista ? ainda que por um motivo cruel. Isso nos faz refletir sobre o que significa ser visto ou ter protagonismo em uma sociedade que apaga tantas existências.
Após sair da cartomante, cheia de esperança e com vontade de viver, Macabéa é a mesma que disse: ?Já que sou, o jeito é ser?. O desfecho dessa história é de embrulhar o estômago e nos faz pensar por um bom tempo sobre o significado da vida, dos sonhos e da condição humana. Clarice não oferece respostas fáceis, mas convida o leitor a mergulhar em questões existenciais e a refletir sobre o absurdo de viver.