Fabio Martins 07/08/2015
O mistério de Marie Rogêt
A primeira vez que ouvi falar de Edgar Allan Poe foi em um episódio especial de Dia das Bruxas de Os Simpsons. Nele, Homer e Bart interpretam seu famoso poema O Corvo, clássico da literatura gótica americana, publicado em 1845. Anos depois estudei um pouco sua história e suas obras na escola, mas de forma bem superficial.
Eis que, anos depois, me deparo com um livro de bolso bem fino, com 60 páginas, sobre um conto escrito pelo autor em 1842, intitulado de O mistério de Marie Rogêt. Interessado em conhecer um pouco mais da vasta e rica carreira dele, decidi comprá-lo.
Hoje em dia, todo mundo conhece muito bem e se encanta com as histórias policiais tão famosas e intrigantes do detetive Sherlock Holmes, de Sir Arthur Conan Doyle, e de Hercule Pairot, de escritora Agatha Christie. Porém, o que poucos sabem é que foi Edgar Allan Poe o precursor desse gênero com três contos que revolucionaram a literatura em apenas quatro anos. Além de O mistério de Marie Rogêt, foi lançado em 1841 o livro Assassinatos na Rua Morgue e em 1844 foi fechada a trilogia com A carta roubada.
O livro que dá origem à resenha de hoje é baseado na história verídica do assassinato da jovem Mary Cecilia Rogers, ocorrida um ano antes em Nova Iorque. Na ficção, Marie Rogêt é encontrada morta boiando no rio Sena, em Paris, após ficar alguns dias desaparecida. No dia do ocorrido, a jovem saiu de casa cedo dizendo que ia visitar uma tia e que só iria voltar à noite. Ao encontrarem seu corpo a principal suspeita recai sobre seu noivo, porém ele também é encontrado morto dias depois.
Para ajudar a solucionar o caso, o delegado da cidade convida o detetive Dupin a fazer suas investigações. Utilizando as matérias que saíram em diferentes jornais de Paris, Dupin traça uma história completamente diferente das que haviam sido publicadas nos veículos, baseando-se em detalhes e pontos pouco abordados – mas de suma importância – para traçar um perfil novo e mais plausível sobre o que aconteceu à jovem.
Ao terminar a obra, tive duas sensações contraditórias: ligeira decepção e grande satisfação. Decepção porque quando se pensa em história de suspense, imagina-se um enredo engenhoso, detalhista e surpreendente, ao contrário do que ocorre nesse conto de Poe. É uma obra muito “crua”, com pouca intriga. Uma espécie de suspense superficial. Claro, deve-se lembrar que é apenas um conto de 60 páginas.
A satisfação deve-se ao fato de conhecer um pouco mais sobre as obras do grande Edgar Allan Poe. O autor escreve de forma refinada, porém clara e de fácil entendimento. É uma narrativa atraente, apesar de rápida. Vale a pena a leitura pela experiência de conhecer um pouco mais um dos ícones da literatura mundial.
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