Wolney Fernandes 04/05/2015O Zen e a arte da decepçãoRay Bradbury é autor de "Farinheit 451" e talvez por isso a minha decepção com a leitura de "Zen e a arte da escrita" tenha tomado contornos tão grandes. O livro é uma reunião de ensaios escritos em décadas diferentes onde Bradbury vai refletir sobre o ato de escrever, mas o modo como ele faz isso é tão enfadonho e raso que foi difícil não abandonar a leitura no meio do caminho. Além de não se aprofundar em nenhum aspecto da escrita, o autor ainda espalha noções, a meu ver, bem perigosas sobre os processos de criação:
"A autoconsciência é inimiga de toda a arte, seja encenação, escrita, pinitura ou o próprio viver, que é a maior de todas as artes." (Hã?!)
Ou ainda:
"Não pense! Resulta em mais relaxamento, em mais não pensamento e mais criatividade."
Como assim, Bradbury? Desassociar o pensamento do ato criativo não é coisa que se faça.
Pra mim, o livro parece uma fraude dessas que vem embaladas por conselhos motivacionais da mais rasa autoajuda que se tem notícia:
"Apenas isto: se você estiver escrevendo sem entusiasmo, sem prazer, sem amor, sem alegria, você é apenas meio autor. (...) A primeira coisa que um escritor deve ser é animado. Deve ser uma coisa de febres e entusiasmos. Sem esse vigor, seria melhor ele colher pêssegos ou cavar buracos; Deus sabe que isso seria melhor para a sua saúde."
Chatoooooooooooooo!