São Bernardo

São Bernardo Graciliano Ramos




Resenhas - São Bernardo


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Juliana Cardoso 27/05/2012

Indiferença, loucura e solidão.
Paulo Honório é o narrador de sua própria história. História de vida egoísta e mesquinha, pois a todo o tempo demonstra-se um homem preocupado somente com seus negócios, terras, empreendimentos; a política que melhor lhe aprovasse.
Homem vaidoso, toda sua vida resume-se nos negócios, até quando resolve se casar, não porque estava apaixonado, mas porque tinha o interesse de deixar um herdeiro para as terras de São Bernardo.
Casa-se com a professora Madalena que lhe dá um filho, porém o casamento não vai bem assim que a mulher começa a perceber quão egoísta era seu marido. A partir daí, Paulo Honório começa a entrar em crise consigo mesmo, a tal ponto de comparar sua aparência física com a de um monstro e pensar que suas mãos grandes e feias não poderiam acariciar uma fêmea. O ciúme passa a corroer o coração de Paulo. Ele que dominava a tudo e todos, não consegue dominar a si mesmo, e a seu ciúme.
Não consegue ter amor ao único filho, o casamento termina em tragédia, e seu fim é a solidão nas terras de São Bernardo.
No final, deu a impressão de que ele nunca soube o que era ser feliz, porque em toda a sua vida correu atrás das riquezas esquecendo-se de amar, não permitindo ser amado.
Típica história que dá aquele nó na garganta!
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Leonardo 19/04/2012

Rápido e rasteiro.
Rápido e rasteiro. É assim que vejo São Bernardo. Logo no primeiro capítulo já somos apresentados a uma série de personagens e o narrador, Paulo Honório, logo mostra sua face. Homem bom, mas de certa tendência violenta.
Gosto da falta de floreios dispensáveis: assassinatos em uma frase, política em duas, problemas em duas palavras.
São Bernardo dá gosto pela simplicidade. A mensagem é transmitida sem enfeites desnecessários.
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Heryck 16/02/2012

Lição de vida
Eu sempre tive preconceito para autor brasileiros, mas nesse livro eu aprendi a ver a importância que tem o passado, presente e futuro.
Me refiro ao cotidiano, antes de cada decição, lembrar o que me levou até ali, o aque faço nequele momento e aonde a minha decição vai me levar.
Quando li este livro perdi o conseito de "certo e errado" e sim tudo é uma questão de escolha e saber aonde te leva cada escolha.
Bruno Oliveira 08/01/2013minha estante
Acho isso interessante, acho muito legal como livros afetam as pessoas. Eu só faria uma observação.

No caso do Paulo Honório, ao contrário do seu, ele não perdeu o conceito de certo errado, bem dizendo, ele jamais o possuiu. Sempre foi uma pessoa sem consciencia moral. Só em alguns raros momentos, geralmente ligados à Madalena é que ele sente que está deixando algo escapar, embora não perceba bem o quê.

Não é algo apreendido pela vivência ou pela inteligência, mas era algo "dele", digamos, intrínseco.

Porém, ao contrário dele, que não conseguia lutar contra isso, nem controlar, você tem a possibilidade de realizar esse processo sem ser reduzido a um mero ser humano sendo jogado prum lado e pro outro da história conforme a circunstância o impelir, sendo ora violento, ora cimumento, sempre incontrolável. O fato de poder apreender esse processo te permite não ser controlado por ele. Faça bom uso disso.




Kennedy 09/01/2012

Romance desprovido de emoção e profundidade
“São Bernardo” faz parte da Segunda Geração do Modernismo brasileiro. Foi escrito pelo alagoano – meu conterrâneo – Graciliano Ramos.

O romance é narrado em primeira pessoa por Paulo Honório, o protagonista. Ele conta um pouco sobre sua juventude e como foi parar na prisão. Depois de passar um tempo considerável encarcerado, Paulo sai da prisão disposto a mudar de vida. Para isso pede dinheiro emprestado a um agiota. A partir daí ele muda completamente. Passa a vender objetos, gado etc. Aos poucos vai se tornando uma pessoa rica, e atinge o ápice quando seu antigo patrão morre, deixando a fazenda que era dele para seu filho, Luís Padilha.

Desde as primeiras páginas percebemos que Paulo Honório é um verdadeiro anti-herói. É o protagonista, mas apronta, apronta, até não querer mais. Tem um caráter completamente duvidoso. No decorrer da estória torna-se aquele típico coronel de interior – que é contra o comunismo e extremamente pão-duro.

Mas antes de tornar-se coronel, Paulo aproxima-se de Luís Padilha, filho de seu ex-patrão e começa a fazer com que o moço contraia dívidas, comprando seus produtos. Objetivo alcançado. Padilha fica atolado em dívidas e acaba vendendo-a a Paulo Honório, que acaba hospedando-o na agora sua casa, por consideração. O nome da fazenda é São Bernardo – nome que dá título à obra.

O tempo passa, e Paulo, montado em dinheiro, vê que precisa de um herdeiro, de uma pessoa que possa continuar a administrar seus negócios quando ele falecesse. Em pouco tempo casa-se com Madalena, uma professora, uma mulher instruída. Em igualmente pouco tempo, eles começam a brigar. Motivo: Madalena preocupa-se com a condição de vida dos funcionários que trabalham na fazenda, onde não têm salário suficiente e não têm nenhuma instrução educacional. Paulo Honório, vendo que sua esposa tem ideias comunistas, começa a se desentender com ela. E as brigas são umas piores do que as outras. Apesar de tudo, os dois acabam tendo um filho.

A estória é interessante, mas nada de original nem impactante. Impactante de forma alguma. Aqui temos um homem pobre que conseguiu ascender socialmente com muito esforço. Esse mesmo homem tornar-se um coronel influente na região de Viçosa/AL, e é aquele típico coronel que quer mandar em tudo e em todos, e é contra o Comunismo. Temos também aquele fiel amigo que sempre acompanha o coronel, o faz-tudo (Casimiro Lopes). Temos a esposa inconformada com a enorme fortuna do marido, enquanto seus empregados ganham pouco dinheiro para se sustentar e não têm nenhuma instrução intelectual (Madalena). Além disso, temos aquela sogra chata (Dona Glória), as brigas de genro e sogra. E mais uma pancada de tipos sociais que vemos em diversos livros, filmes, seriados, e principalmente, em telenovelas.

Os personagens de “São Bernardo”, com exceção, talvez, de Paulo Honório, são tipos sociais, personagens sem nenhuma profundidade psicológica. A relação pai-filho, entre Paulo Honório e seu filho, é completamente esquecida. Em diversos momentos esquecemos que Paulo tem um filho.

Graciliano Ramos, realmente, tem o poder de síntese. Em apenas duas páginas podem acontecer muita coisa. Até aí tudo bem. Mas o que não me agrada é sua narrativa. Ela é seca, sem graça, sem impacto algum. Aí você vem e me diz: mas ele é original, é a forma que ele tem em narrar, muito diferente do que estamos acostumados a ler. Eu respondo: original jamais, “São Bernardo” é a típica obra onde podemos ver a influência que ele recebeu de Machado de Assis, influência essa que às vezes chega a ser quase uma cópia. Há trechos que Graciliano, assim como Machado, conversa com o leitor. Está bem, isso é uma boa influência, mas o fato é que sua narrativa não tem emoção alguma, não tem impacto algum. É um tipo de narrativa que não me agrada.

Não consigo entender como a crítica considera Graciliano Ramos o maior nome da Segunda Geração do Modernismo. Para mim o maior é Jorge Amado, que consegue construir personagens profundos e atuais, tem uma narrativa agradável e consegue gerar impacto e emoção. Mas é o que sempre digo: a crítica ama o vocabulário rico e cheio de neologismos e outras frescuras que estão em Graciliano Ramos, que não consegue gerar impacto nem emoção alguma.

Assim como “Vidas Secas”, “São Bernardo” não passa de um livro bem razoável, ou seja, esquecível.
Bruno Oliveira 08/01/2013minha estante
Acho interessante como você avaliou o livro pelo aspecto da história. Talvez goste dos românticos que pegam bastante a literatura por esse lado, como o Hugo.

Agora comentando o que você colocou, tenho algumas objeções.

Acho que não dá para dizer que os personagens são tipos sociais na medida em que eles exercem importância na história por algo diverso de seus papéis sociais. Madalena, por exemplo, não é importante porque é a esposa ou porque é professora, na verdade, ela afeta Paulo Honório quando suas ações demonstram consciência e, sobretudo, quando se recusa a fazer parte do papel de propriedade a qual ele estende à tudo o que possui. A relação com o filho, aliás, é um pouco a extensão dos problemas que ele tinha com Madalena, já que conforme ele não conseguia entendê-la e tampouco "coisifica-la", não conseguia também manter uma relação de amor com ela, menos ainda com o filho fruto disso. Por isso, quando a criança nasce ela não é um sinal da vitória, do triunfo da continuidade do sangue de Paulo, mas de sua decadência; um apontamento de que em algum momento ele falhou como ser humano.

Eu achei legal você perceber essa similaridade com o Machado, ela é bem comentada pela crítica. Só que lhe escapou um detalhe: Graciliano não tinha lido Machado até o momento da composição do livro, logo, não há influência, mas alguma proximidade entre ambos. Diálogo com leitor, inclusive, nem é um elemento original na literatura por conta do Machado, mas pela maneira pela qual o Machado o utiliza. Não é essa similaridade entre ambos que faz de Graciliano tão original, mas outros elementos.

Agora "impacto" e "emoção", bom, por isso eu recomendo os românticos. Esses elementos são bem subjetivos, uma pessoa pode se emocionar com uma coisa e outra não, de modo que não são bons critérios para se avaliar uma obra de arte. Eu diria o seguinte, Jorge Amado é muito mais "fácil", muito mais próximo do nosso senso comum, e provavelmente atinge mais as pessoas com "emoção". Graciliano, por sua vez, escreve de um modo rude, sem muito conforto ao leitor com sequências bela e bem delineadas, particularmente, achei São Bernardo desagradável em muitos momentos, mas minha afeição com livro não tem nada que ver com a qualidade dele, que considero inegável.




Breno Melo 18/10/2011

São Bernardo - Graciliano Ramos

Paulo Honório nos conta, sobretudo, sobre a aquisição da fazenda São Bernardo, suas tentativas de fazê-la progredir e sobre seu casamento com Madalena, outra de suas aquisições. Em outras palavras, mais resumidas, ele conta-nos sobre sua ascensão social, cujo símbolo máximo é S. Bernardo.

"O meu fito na vida foi apossar-me das terras de S. Bernardo, construir esta casa, plantar algodão, plantar momona, levantar a serraria e o descaroçador, introduzir nestas brenhas a pomicultura e a avicultura, adquirir um rebanho bovino regular."

Para nos contar esses fatos e outros através de um romance, Paulo Honório recorre a amigos. O plano era este:

"Dirige-me a alguns amigos, e quase todos consentiram de boa vontade em contribuir para o desenvolvimento das letras nacionais. Padre Silvestre ficaria com a parte moral e as citações latinas; João Nogueira aceitou a pontuação, a ortografia e a sintaxe; prometi ao Arquimedes a composição tipográfica; para a composição literária convidei Lúcio Gomes de Azevedo Godim, redator e diretor do Cruzeiro. Eu traçaria o plano, introduziria na história rudimentos de agricultura e pecuária, faria as despesas e poria meu nome na capa."

Mas, depois de algumas tentativas, Paulo acaba só; e escreve ele mesmo o romance. Alguns amigos o abandonam; outros, embora também letrados, não servem para a tarefa de escrever. O serviço que Paulo esperava dos amigos não é muito diferente do oferecido hoje em dia pelos ghosts writers.

"Eu por mim, entusiasmado com o assunto, esquecia constantemente a natureza do Godim e chegava a considerá-lo uma espécie de folha de papel destinada a receber as ideias confusas que me fervilhavam na cabeça."

É um romance psicológico, ambientado no Nordeste, e Paulo Honório começa a nos narrar pouco depois do início da Revolução de 30. A linguagem é regional e muitos acontecimentos da juventude do narrador são contados por alto. As cenas aparecem, especialmente, quando ele fala de S. Bernardo e de Madalena.

"Tornei a encontrar a mocinha loura. Eu voltava da capital, aonde tinha ido por causa do sem-vergonha do Brito."

Aparentemente seco de sentimentos, Paulo Honório só vive um conflito interior ao tentar se relacionar com a esposa, que não era como ele esperava antes do casamento: vazia de ideias e de sentimentos, submissa. Madalena vai surpreendendo o marido, que, antes, não esperava muito dela.

"Com efeito, se me escapa o retrato moral de minha mulher, para que serve esta narrativa?" e, num capítulo anterior, "Imaginei-a uma boneca de escola normal. Engano."

Madalena interfere na vida da fazenda e interroga o marido sobre suas atitudes, fazendo-o pensar sobre elas, o que, em toda a sua vida, ele não foi acostumado a fazer. Paulo, habituado a bater em seu empregado Marciano como quem bate num filho ou espanca a esposa (três atitudes comuns até certo tempo atrás e que ainda não saíram totalmente de moda), é questionado por Madalena e se aborrece.

- "Fiz aquilo porque achei que devia fazer aquilo. E não estou habituado a justificar-me, está ouvindo?"

Nas relações de Paulo Honório na fazenda e na vida fora dela, veremos uma sociedade patriarcal. Na fazenda, Paulo agride Marciano; com outras pessoas, a amizade se resume a uma troca de favores, salvo com respeito a Casimiro Lopes, por quem Paulo demonstra simpatia ou afeto; mas a vida começa a mudar porque, nesse momento, no Brasil, já vamos passando de uma sociedade patriarcal para uma pré-capitalista.

"Os carros de bois deixaram de chiar nos caminhos estreitos. O automóvel, a gasolina, a eletricidade e o cinema. E impostos."

Tudo muda ou termina de mudar com a Revolução. Paulo acha-se só em sua fazenda, abandonado por quase todos, e escreve o romance. O final é um dos pontos altos da história, senão o mais alto, ao menos psicologicamente. Não esperemos grandes cenas, grandes ações externas. As melhores cenas e ações serão aquelas que nos mostrem Paulo Honório por dentro.

Indicado para quem aprecia romances psicológicos.
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Lara 24/09/2011

S. Bernardo - Graciliano Ramos
Escassez de adjetivos, profusão de verbos e sujeitos. Característica marcante de Graciliano Ramos, o relato direto constitui a narrativa de Paulo Honório, dono da fazenda S. Bernardo. Terminei de ler o livro sensibilizada com Honório, na minha visão e interpretação, as atitudes que ele tomou com as pessoas ao seu redor e para alcançar suas metas foram reflexo de ter sido uma vítima da vida.
Sartre dizia que não importa o que a vida fez de você mas o que você fez do que a vida fez de você. As ações de Honório a partir das circunstancias às quais a vida lhe submeteu só o deixaram mais embrutecido e acabaram, no final, desgostando ele próprio.
Madalena, a mulher com quem se casa, na minha opnião, é a voz de Graciliano falado mais alto, é o fator humanizador. Ela se revolta contra as atitudes dele para com seus empregados e acaba por imprimir na alma bruta de Honório certo sentimento. Os personagens secundários também são muito interessantes, Padilha, que perde S. Bernardo, o fiel Casimiro Lopes, tubarão a ladrar e até mesmo as corujas da torre da igreja. Eu gostei muito do livro e recomendo.
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Fabio Michelete 22/09/2011

Lógica da Experiência vs Livros
Me chamou a atenção o choque entre os aprendizados rudes e crus que a vida trouxe à personagem principal (Paulo Honório), e a arrogância (talvez apenas suposta por ele) das pessoas que trouxe para seu convívio e que tinham mais estudo do que ele.

Ao fugir de seu mundo prático, em que a sobrevivência é garantida pela garra e pelo trabalho - mesmo pela violência ao garantir posições - a personagem principal sofre por não ter elementos para transitar neste mundo novo, de palavras empoladas, politicas, letras. Assim, faz afundar seus relacionamentos em ciúmes e dúvidas, vitimando a esposa,a família e empregados mais estudados.

Tenho visto algo semelhante quando comparo as experiências de vida de pessoas realmente boas com as quais tenho sorte de conviver - e a arrogância daqueles que defendem posições políticas - em especial de esquerda, sem nunca ter conhecido nada além de sua vida de condomínio fechado e escolas particulares.
Bruno Oliveira 08/01/2013minha estante
Interessante, pois eu passei pelo mesmo percurso que você em termos de pensamento, mas lembrei do pessoal mais conservador.

Fiquei pensando no Paulo Honório e como encontro pessoas que pensam como ele de algum modo, sendo antiintelectuais, valorizando imensamente suas próprias biografias e se vendo como alguém apartado dos outros por ter conseguido mais dinheiro e inteligência na vida.


Fabio Michelete 08/01/2013minha estante
É mesmo Bruno. Pra qualquer lado dá pra exagerar, e é meio inevitável a gente tentar defender nossas fortalezas. É sempre a ação do ser humano buscando espaço entre seus pares.




Mateus 25/08/2011

Grande parte dos alunos das escolas brasileiras não gostam de ler e não sentem nenhuma atração pelos livros. Na verdade não grande parte, mas a maioria. E por que isso ocorre? A resposta está nos livros nacionais que os professores os obrigam a ler. O que era pra ser um estímulo à leitura, acaba se tornando um empecilho para os jovens.

Felizmente consegui perder meu preconceito por livros brasileiros há algum tempo atrás, após ler livros nacionais que acabei gostando bastante. Com São Bernardo, porém, me voltou o desânimo em relação a tais livros. Uma leitura nem um pouco atrativa, extremamente egocêntrica e de história vazia. Aí está um ótimo exemplo de porque os jovens não gostam de ler. Sendo obrigados a ler algo assim, é impossível pegar gosto pela leitura.

São Bernardo é narrado por Paulo Honório, um homem que carrega a angústia no coração e resolve contar sua história. Vai desde sua juventude pobre, passando pela conquista da fazenda São Bernardo, até chegar à grande fazendeiro, tudo isso marcado por grandes dificuldades. Uma história direta e nada mais. Sua importância histórica é indiscutível, pois foi uma das obras mais importantes do modernismo. Mas de resto não tem nada a acrescentar.

O que há de pior em São Bernardo são os personagens secundários quase sem característica alguma. Como é Paulo Honório quem conta a história, tudo no livro gira apenas em torno de suas opiniões e pensamentos. Sua personalidade sem dúvida é fascinante, e duvido que exista nos livros brasileiros alguém igual. Mas os outros personagens, que surgem no desenrolar do livro como peças quase imóveis do cenário, deveriam ganhar mais espaço, pois só assim a leitura se tornaria interessante. Ou não.

E quanto a sua história, tudo parece conspirar para que seja extremamente monótona e fácil de abandonar. Li cada página pensando em parar, e apenas cheguei ao fim porque precisava terminar um trabalho sobre ele. Mas é claro que o livro tem toda uma filosofia por trás de sua narrativa, pois se não não seria um clássico. Porém li, entendi e posso dizer que não gostei. Graciliano Ramos jamais.
Ariadne 29/08/2011minha estante
Querido, Modernismo é meio barra mesmo... Mas confesso que um representante do Romantismo em Portugal me deixou traumatizada... Fuja de "Amor de Perdição"... rsrs


Mateus 01/09/2011minha estante
Se nem os livros Modernistas brasileiros eu aguento, imagina os portugueses? Pode deixar que fico longe deles. Hehe' ;)


Bruna Britti 11/09/2011minha estante
Acho que estímulo a leitura é deixar cada um ler o que quiser, o que infelizmente isso está longe de acontecer nas escolas. Por isso os brasileiros logo cedo pegam o desgosto pela leitura. Existem livros maravilhosos de escritores brasileiros da atualidade que, infelizmente, não ganham tanto destaque porque estamos sempre valorizando apenas os clássicos. Enfim, tive a mesma sensação que vc. Li porque precisei, pra fazer uma prova da faculdade, mas minha vontade foi parar a cada página, rsrs.


Milena Karla - Mika 23/03/2012minha estante
Também estou tendo que fazer um trabalho sobre Graciliano Ramos. Uma chatice devo admitir. Até hoje não li nenhum livro brasileiro que realmente me fascinou.


Ana 02/06/2012minha estante
Não acho que a leitura de autores nacionais de outrora seja negativa. Certamente que o prestígio é merecido; São Bernardo é uma obra consagrada e merece respeito. Pode não ter sido, a meu ver, absolutamente fascinante, mas também não creio que seja motivo para desânimo. Graciliano Ramos não merece o preconceito que recebeu entre a juventude. Obviamente que deve se levar em consideração a época em que o livro foi escrito - os aspectos, já hoje não considerados inovadores, na época de publicação tiveram sua importância, até hoje reconhecida. A literatura do século passado tem seu valor. Uma pena que nem todos o reconheçam.


Milena Karla - Mika 15/06/2012minha estante
Concordo Mateus, sou louca para ler um Livro de Jô Soares. Soube que ele escreve muito bem. É realmente ruim ser obrigado a ler Livros tão chatos e monótonos.


Bruno Oliveira 08/01/2013minha estante
Acho esse debate muito legal porque vejo um problema real nele: as obras clássicas frequentemente são pesadas e difíceis de apreender sobretudo porque a educação geral das pessoas é medonha, por isso, são julgadas "chatas" ou qualquer bobagem assim, o que acaba fazendo com que as pessoas abandonem a leitura crendo que leitura se resume à isso. O ruim é que a escola é o espaço onde justamente o clássico deveria ser apresentado, onde as pessoas poderiam ser formadas com o que há de melhor na cultura de seu país, já que quando saírem não terão que ler esse tipo de obra e poderão ir, por exemplo, para literatura de massa que vocês citaram, Jô Soares, Paulo Coelho e qualquer coisa do tipo.

O ideal seria melhorar a educação das pessoas ao ponto que um clássico se torne uma coisa incrível independentemente de se gostar, achar chato ou qualquer avaliação subjetiva do tipo. Porém, dadas as condições brasileiras acho que isso não virá tão cedo. Particularmente, eu gostaria que quando jovem me tivessem apresentado outros clássicos os quais me motivariam mais a ler para que hoje, com mais cultura, eu pudesse voltar aqueles de difícil digestão, como Lima Barreto, São Bernardo e livros do tipo.


Caroline Gurgel 09/05/2013minha estante
Mateus, penso exatamente da mesma forma que você. Brasileiro não gosta de ler porque é obrigado a ler livros chatíssimos e rebuscados quando ainda não tem maturidade pra isso. Lembro de ter sido obrigada a ler livros como Vidas Secas, São Bernardo, entre outros, quando muito nova na escola e aquilo vira sinônimo de obrigação das mais insuportáveis. Está na hora disso mudar, os clássicos nacionais devem ser inseridos no nosso dia a dia aos poucos, misturados com livros divertidos, de autores contemporâneos, livros de fantasia... Enfim, esperamos que isso mude, não é?! :)


Sergio 11/08/2013minha estante
Se vc pensa isso desse livro então se vc leu algum do Jose de Alencar vc queimou ele na primeira pagina né? Pq o cara tem o tedio e a monotonia em cada ponto, e no caso do dom casmurro , por exemplo q tem uma tematica parecida vc tentou o suicidio


Sergio 11/08/2013minha estante
Na escola me pediram pra ler um livro pra fazer trabalho pela primeira vez em 1986, tava na terceira serie, a professora pediu Vinda Com a Neve, é livro infantil, próprio pra alguem q tem 9 anos, depois ela foi pedindo os do Pedro Bloch, tudo livro infantil, como eu já lia quadrinhos foi tranquilo, agora na 8 serie a professora pediu pra ler Senhora, eu desejei q ela queimasse no inferno, e hj com 36 anos se vc falar em José de Alencar perto de mim vc esta tentando fazer um inimigo


Mizael 21/09/2013minha estante
Sinceramente não compartilho nem um pouquinho que seja de sua opinião. Primeiro, não acho nem um pouco chata e monótona a leitura de S. Bernardo nem muito menos Graciliano Ramos, ao que me parece é "chato e monótona' pra quem não entende o por que do livro ser feito dessa forma. Segundo, para Tuila Ziliotto, acho, sinceramente, que leituras como Graciliano divertem muito, e mais tem uma significação diferente a cada vez que leio. Não é à toa que tenho um cachorra chamada Baleia. Terceiro, me desculpe a sinceridade Matheus, você leu S. Bernardo obrigado, e diferindo do que você disse, VOCÊ NÃO ENTENDEU O LIVRO, vc o leu apenas pelo simples (des)prazer da obrigação, o que a meu ver, lhe bota uma venda nos olhos impedindo de ver o além-horizonte desse livro. Adoro esse livro, assim como Vidas Secas, sou fã de Graciliano e acredito que suas obras além de divertir bastante nos fazem pensar, são livros que não acabam quando acabam. Provocam, como li um dia desses, um êxtase literário, um ótimo indicador de um bom livro. PS. Nicholas Sparks é sim uma "literatura de papel higiênico".


Mateus 29/09/2013minha estante
Acho que o mais fascinante das pessoas é que cada uma possui uma opinião diferente, né Mizael? Achei bem legal tudo o que você disse em relação a São Bernardo, e é bem perceptível em suas palavras o quanto você gosta das obras do Graciliano Ramos. Mas minha opinião está expressa no que eu disse aí em cima, e nada mais. Achei chato mesmo, monótono e super cansativo, e ponto final. Ter lido obrigado para a escola pode ter contribuído para isso, mas já li outros livros na mesma situação, como Iracema e Memórias de um Sargento de Milícias, e que eu acabei gostando muito. Dizer que não entendi ou que não estava no momento certo para a leitura são só desculpas esfarrapadas para um livro que eu não gostei de verdade. Tenho um respeito enorme pelo Graciliano Ramos, e sei bem o quanto o autor contribuiu para enriquecer a literatura brasileira, mas infelizmente os livros dele não são do meu agrado e pronto. A Tuila disse certo aí embaixo, existem a "literatura de papel higiênico", que é a que todo mundo lê e é só para diversão (estilo Nicholas Sparks), e os livros clássicos, que são pra instruir, despertar nosso senso crítico. Com sinceridade, eu gosto muito de livros clássicos, mas se for pra ler algum, eu fico com os clássicos mundiais ou até mesmo com José de Alencar, que acho bem mais agradável e com uma narrativa mais bela do que o Graciliano. Pelo menos tenho a honra de ter lido e dado minha opinião, ao contrário de tanta gente que diz que odeia literatura brasileira mas não sabe quase nada a respeito. O importante é tentarmos diversificar nossas leituras, criar um senso crítico e respeitar a opinião de cada um como estamos fazendo.


Muan Murt 07/10/2013minha estante
E um livro não monótono para você é exatamente o que? Dragões cuspindo jetskis em anões assassinos de golfinhos? Ou as trapalhadas do "50 tons de cinza"? Ou as terríveis aventuras de "Eu Sou o Numero Quatro"? São Bernardo traz consigo dezenas de criticas sociais e analises possíveis que provavelmente você não captou. Impossível uma obra como essa ser considerada monótona. Sua opinião é superficial e não me instiga nem um pouco.


Arsenio Meira 14/01/2014minha estante
Olá Mateus,
Respeito sua opinião (é, aliás, a obrigação de todos respeitar o pensamento divergente); porém não concordo com sua análise. "São Bernardo", de fato, requer um pouco de maturidade, e essa maturidade pode ser trabalhada com o pessoal mais novo. É um romance pleno. Um joia rara. O fato de o Narrador centrar suas opiniões não justifica o vazio do enredo; Paulo Honório exteriorizou as suas reflexões; a partir delas, as denúncias sociais são explicitamente grafadas pelo gênio do escritor alagoano. Até mesmo Graciliano, que escreveu o romance em 1934 (!!) entendeu o absurdo que é, quando um ser humano tenta anular o outro. Naquela época a coisa mais comum entre as gentes, era subjugar a mulher. Quando o homem, fosse da cidade ou do campo, pisava nas mulheres, ficava tudo por isso mesmo. Fosse em São Paulo, no Rio ou no sertão de Pernambuco. Até nisso, é um livro pioneiro. Pouca gente no Braisl olhava para tal questão. Outro ponto: o livro foi escrito em plena ditadura Vargas, e mostra como a ambição é capaz de matar um ser humano. É um petardo contra o próprio Getúlio, que de político bonachão, passou a torturar, prender e matar quem estivesse pelo meio do caminho. A garotada precisa conhecer isso, e também, como nem tudo são cinzas, a face iluminada da personagem Madalena. E, por fim, Graciliano escrevia em dois parágrafos o que muita gente graúda por aí não consegue escrever em 5 páginas. E isso, definitivamente, não é para qualquer um. Mas o seu ponto de vista, assim como o de outros que concordaram, precisa ser preservado ao máximo, de modo que a minha discordância é meramente isso: uma questão, cujo meu ponto de vista é diferente do seu. E nada mais. Nem eu sou mais inteligente que você e vice-versa. O importante é o diálogo. Abraços.


Júlia da Mata 13/02/2014minha estante
Gostei bastante da sua resenha, mantendo a sua opinião sem se importar se as pessoas não concordam. Concordo contigo quando diz sobre os jovens brasileiros não lerem por conta da maneira que os professores nos obrigam a ler livros chatos. Até hoje, mesmo sendo uma leitora avida, sofro com isso, mas sobre o que diz sobre o livro, vou me abster até ter lido o livro e ter uma opinião própria.

Além disso, parabéns pela boa resenha.


Thiago Ernesto 07/03/2014minha estante
Mateus, devo discordar da sua análise. São Bernardo é escrito de acordo com a visão de Paulo Honório, de modo que a falta de descrição dos personagens seja uma marca de seu egocentrismo. Creio que este romance é ainda melhor que Vidas Secas também de Graciliano. Graciliano Ramos escreve com um pessimismo em relação aos humanos e é um mestre nas palavras. Na minha humilde opinião, logo após Machado, excluindo a genialidade de Guimarães Rosa com seu neologismo, é o escritor que mais bem domina nossa língua e sabe construir uma história. Graciliano sempre!


Ed Ribeiro 03/03/2015minha estante
São Bernardo é top! O que tu gosta de ler Mateus?


Ana 20/07/2015minha estante
Pouco atrativo para a juventude brasileira? Com certeza. Chato? Talvez. Agora, HISTÓRIA VAZIA? JAMAAAAAIS!!!


relamounier 23/11/2015minha estante
Engraçado que eu sempre fui uma leitora voraz, aprendi a ler pouco antes dos 4 anos, antes mesmo de ir para escola, de pura curiosidade - minha mãe era professora e eu ficava o tempo todo prestando atenção quando ela estava preparando aula.
E desde os 11 anos, quando li Memórias Póstumas de Brás Cubas com acompanhamento de uma tia que era professora de português, tenho profundo carinho pela literatura clássica brasileira.
Estou relendo S. Bernardo agora e me surgem novos questionamentos acerca da reitificação, da maneira genial como o livro é todo estruturado na divisão do trabalho, na maneira como foi escrito na língua coloquial sem que isso comprometesse a qualidade literária.
Tenho muita dificuldade em ler são esses livros escritos em massa, que até bastante gente gosta. Escritores como "Nicholas Sparks", "John Green", "Stephanie Meyer", "Dan Brown" não me descem com facilidade, principalmente quando tento ler um segundo livro deles e vejo que é praticamente igual na estrutura ao anterior.
Às vezes noto muita gente com dificuldade de sair da zona de conforto, taxam um livro como ruim ou enfadonho porque o mesmo possui palavras que não conhecem ou porque têm informações que precisam ser digeridas, analisadas, repensadas. Sempre gostei daquilo que me fazia procurar o dicionário, me gerava perguntas e até uma certa dificuldade, misturando lazer e conhecimento.
Não gosto de livros "Sessão da Tarde", mas claro, isso é uma questão pessoal.


mpin 27/08/2017minha estante
Verdade. A forma como literatura é ensinada no Brasil ainda é muuuuuuito canônica. Li esse livro na faculdade, também. Não me marcou pelos motivos que você cita. Hoje em dia a faculdade mudou bastante a forma de se ensinar literatura, mas essa abordagem canônica ainda resiste. Eu sou formado em Letras, mas só me reconciliei com a literatura depois de velho, escolhendo minhas próprias leituras, sem preconceitos. Vou da literatura mais pop à de mais alto nível. Mas os professores insistem em se refugiar apenas nos clássicos e se sentem inseguros de abordar com mais seriedade os aspectos técnicos que fazem uma história funcionar desse ou daquele jeito. Pena.


Maleno Maia 06/12/2017minha estante
Devido a sua resenha negativa vou correr para ler avidamente, pois eu adoro clássicos brasileiros. Já li muitos e todas as escolas literárias. Nunca tive problemas com clássicos; aliás, sempre me instigaram e dou graças a Deus que a escola me os ofereceu (eu não via como obrigação) e assim aumentei minha paixão por eles. Meu gosto pelos livros nacionais foi por conta da escola. Como sou grato a ela.


Jeze 13/12/2018minha estante
Discordo de sua opinião.


Caio 25/12/2018minha estante
Discordo. Para mim a literatura brasileira é ótima, no meu caso, sempre tive dificuldade em Machade de Assis mas APRENDI a ler e agora entendo a sua mensagem. O problema tbm é que as pessoas só querem ler coisas fáceis, simples de acordo com ela sabe, dificil as pessoas pegar um livro dificil pq tem preguiça ou nao tem vontade de aprender algo mais dificil e novo. Eça de Queirós outro exemplo de leitura realista detalhista, alguns não gostam pela linguagem, estilo mas adoro e já li 3 livros dele. Eu gosto e prefiro livros dificeis e que tenha muitas citações.


Caio 25/12/2018minha estante
Graciliano é um grande representante e gosto muito li tres livros dele (Vidas Secas terminando), Caetes e São Bernardo e falo para vc: Vlw mt a pena.


Elomar 27/05/2019minha estante
É por causa de pessoas como essa que as embalagens de xampu vem com manual de uso, pois se não elas são capazes de ingerir o conteúdo do frasco.


strangrish 16/07/2019minha estante
eu gosto muito da literatura brasileira mas graciliano ramos é um caso a parte, um absurdo de chato...


Ednaldo 03/10/2020minha estante
Cada um tem seu próprio mundo na cabeça, por isso há muitas visões. Já li São Bernardo há muitos anos atrás, e para mim foi emocionante, vivi ao lado de Paulo Honório sentimentos fortes que só quem pode sentir é quem desenvolve uma sensibilidade de sentir a dor do outro. Talvez não seja a leitura desses clássicos que seja chata ou monótona, os mundos de hoje parecem serem muito pequenos para abraçar a profundidade de um universo tão rico e vasto, menos chato...


Anderson 27/10/2020minha estante
Que discussão incrivel nos comentarios, haha. Acho que depende bastante do modo em que o conhecimento da literatura é apresentado, pois foi justamente na escola através de um seminário dessa obra que eu me apaixonei por Graciliano Ramos, modernismo melhor movimento literário junto com o realismo


Thales.Santos 05/11/2020minha estante
A primeira coisa a se considerar é o caráter político de Graciliano, q inclusive foi preso na era Vargas por ser comunista. Suas impressões políticas estão impressas no romance.

O livro começa com Paulo citando os personagens pela divisão do trabalho. N sabemos quase nada sobre eles, apenas suas profissões. N sabemos nada tmbm sobre o próprio Paulo, q só é revelado o nome pro final do primeiro capítulo e suas características no segundo capítulo. Mas ainda assim já fica claro como o Paulo é o catalisador daquele universo. Ele é um homem de ações e todas as ações é deflagrada por ele.

Tmbm fica claro como o Paulo vê TD como uma propriedade a ser conquistada. Até msm suas relações. Por isso msm os personagens n são tão explorados, pq eles estão ali para serem manipulados conforme a necessidade do narrador. Pra ele é tudo lucro ou prejuízo. Vale lembrar a forma como ele narra sobre o incidente na pedreira, como se a morte de homens se resumisse a prejuízos e ND mais. o pode diminuir os prejuízos.

A única que foge disso é Madalena, q n aceita ser apenas um objeto a ser possuído e q não aceita a forma bruta e desumana que ele trata os trabalhadores. O primeiro desentendimento entre eles, após 8 dias de casado, é sobre questões financeiras, pois ela acha injusto o salário do Ribeiro. Os outros dois desentendimentos , advinha? Questões financeiras tmbm

Outro ponto é o contexto histórico. É uma época marcada por banditismo, disputas por terras e coronelismo. Disputas de terras marcadas por bala e sangue, como fica evidente com o assassinato de Mendonça. Outro era a "ameaça comunista", q aterrorizava os cidadãos (como até hj). Isso tmbm fica evidente em diversas partes. As conversas entre o Paulo, Gondim e Nogueira me pareceu uma forma do Graciliano mostrar como as pessoas eram desinformadas sobre o assunto e suscetíveis a propagandas anticomunistas das mais bizarras.

Enfim, vc n gostar da obra é compreensível. Mas dizer q a "história é vazia" e "nada a acrescentar" é um total absurdo. Espero q um dia vc pegue o livre para uma releitura e veja o quão enganado vc estava.


Milena Karla - Mika 12/11/2020minha estante
Gente, essa resenha é de 9 anos atrás, acalmem-se.


Eduardo 23/11/2020minha estante
O enredo de S.Bernardo é muito simples, é verdade. Porém, Paulo Honório não destaca os outros personagens porque, para ele, eles são irrelevantes, são meras criaturas para obedecer a ele, indivíduo extremamente egocêntrico. A linguagem de Graciliano é bem objetiva. Não acho ele chato de ler.


Ariadne 31/01/2021minha estante
Hahaha. Vivi para ver os comentários (que eu iniciei) durar nada menos que 09 anos e o fluxo ainda tá seguindo. Seguinte: não mexam com o meu Teteus hahaha. Abraços, pessoal!


Mateus 01/02/2021minha estante
Ariadne, rindo muito do seu comentário hahaha meu eu de 26 anos de hoje se sente envergonhado pelos comentários do Mateus de 16 anos, mas vida que segue. Minha cabeça e meus gostos mudaram totalmente e, hoje, sempre pego algo da literatura brasileira para ler. Até pensei em apagar essa resenha, mas acho que vale para ver meu amadurecimento. Quando reler o livro, o que pretendo fazer em breve, volto aqui para atualizar a resenha.


Ariadne 03/02/2021minha estante
Apague não. Minha visão de mundo hoje também é diferente.


Vitor 26/03/2021minha estante
Esse comentário é antigo, não sei se o autor dele ainda pensa do mesmo jeito. Mas, assim... jamais poderia estar mais longe da razão. Com todo o respeito. Graciliano foi um gênio. São Bernardo é uma obra-prima, um mergulho nas trevas do coração de um homem atormentado, um triunfo literário de rara composição, geometricamente pensada. Um livro maravilhoso. Leiam.




Luis Netto 04/07/2011

São Bernardo
Na publicação de hoje vou escrever sobre o livro “São Bernardo” de Graciliano Ramos. Este livro é um clássico da literatura brasileira e esta sempre caindo nas provas de literatura nas escolas. Antes de comentar sobre o livro vou contar sobre o autor. Graciliano Ramos nasceu no dia 27 de outubro de 1892, na cidade de Quebrangulo, sertão de Alagoas, filho de Sebastião Ramos de Oliveira e Maria Amélia Ferro Ramos. Viveu sua infância nas cidades de Viçosa, Palmeira dos Índios (AL) e Buíque (PE). Apesar de ter nascido em Alagoas, constrói sua carreira na cidade do Rio de Janeiro
Mesmo morando no Rio de Janeiro Graciliano Ramos nunca esqueceu a sua terra natal. Aquele sertão pobre onde viveu com sua família boa parte de sua vida. Como escritor e jornalista. Graciliano escreveu durante sua vida inúmeros livros, sempre contando momentos que vivenciou ou que tomou ciência. Entre esses livros escreveu “São Bernardo”, um clássico da literatura brasileira, no qual ele conta a história de Paulo Honório, um homem dinâmico, empreendedor, dominador, obstinado com a vontade de se tornar fazendeiro. Com instinto para negócios, Paulo Honório viveu de pequenos biscates pelo sertão até se aproveitar das fraquezas de Luís Padilha - jogador compulsivo. Comprou-lhe a fazenda São Bernardo onde trabalhara anos antes.
Paulo Honório não sabia muito de seus pais nem de sua infância. Lembrava-se apenas de uma mulher que vendia doces, de nome Margarida, a quem agora ele sustentava.
Em uma de suas viagens a Maceió, encontrou um velho simpático chamado Ribeiro, guarda-livros da Gazeta. Resolveu levá-lo para a fazenda para que ele pudesse regularizar toda a documentação e lentamente tudo foi se organizando.
Com a posse da Fazenda São Bernardo, tudo começou a funcionar como Paulo Honório previa e ele se tornava cada vez mais importante e respeitado na região. Alguns o criticavam, pois alegavam que desejava possuir o mundo todo, com suas espertezas.
Paulo Honório mandou construir uma estrada, uma escola e uma igreja na Fazenda São Bernardo. Recebeu visita até do Governador do Estado e mandou buscar Luís Padilha, o antigo dono da fazenda, para lecionar na escola construída.
Tinha uma idéia perseguia e martelava a cabeça de Paulo Honório: a de se casar. Queria um herdeiro para sua fazenda, garantindo assim o futuro de São Bernardo
Numa noite, foi visitar o juiz Dr. Magalhães com a desculpa de um processo que estava em suas mãos, mas na verdade tinha interesse na filha do magistrado, D. Marcela. Chegando à casa do juiz encontrou muita gente e, entre outras pessoas, uma loirinha chamada Madalena, uma professora da escola normal, que o deixou impressionado, Tempos depois pediu Madalena em casamento e o Padre Silvestre os casou. O inicio foi tudo bem, como Paulo imaginava que seria.
Com o passar do tempo, a relação entre eles começa ficar alterada. Madalena por não concordar com os modos que o marido trata os funcionários tem com ele várias discussões, o que desperta em Paulo um ciúme intenso da esposa. A partir daí passa a maltratá-la com ofensas e humilhações e nem o nascimento de um filho do casal altera a situação.
Paulo observava o filho que nada tinha de parecido com ele. Ele passa a duvidar da fidelidade da esposa. A situação foi-se agravando. Paulo Honório desconfiava até do padre e dos caboclos. Estava quase louco. À noite, ouvia passos e assobios que acreditava serem sinais. Não dormia. Madalena, nas conversas, mantinha-se serena. Só dizia que caso morresse de repente queria que dessem seus vestidos à família do Mestre Caetano e a Rosa; e os seus livros ao seu Ribeiro, Padilha e Gondim. A vida angustiada e o ciúme exagerado de Paulo Honório acabam desesperando Madalena, levando-a ao suicídio.
Após a morte da esposa, Paulo Honório parecia não se incomodar mais com nada.
Então, pouco a pouco, os empregados abandonam a Fazenda São Bernardo. Os amigos já não freqüentam mais a casa. Uma queda nos negócios leva à fazenda a ruína. Sozinho, Paulo Honório vê tudo destruído e, na solidão, procura escrever a história da sua vida.

Um livro fantástico.

Recomendo a todos.
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erika 25/05/2011

Esta foi uma releitura muito reveladora. Entrou na lista deste ano por causa da última disciplina do mestrado e foi algo muito bom, um excelente exercício de leitura. A primeira vez que me dediquei ao texto de S.Bernardo foi durante a minha adolescência e, diga-se de passagem, fiz uma leitura muito malfeita naquela época e pouco me lembrava da talentosa prosa de Graciliano. Agora esse mal-entendido foi desfeito. Um livro nota 1000.
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Flaus 06/05/2011

O início do livro me desestimulou um pouco, mas li da metade em diante com muito prazer e curiosidade.
Sorte minha ter sido de certa forma obrigada a ler isso, senão poderia ter abandonado por preguiça passageira e não teria concluído essa ótima obra.
A história de Paulo Honório nos faz refletir sobre o que é mais importante na vida: a busca pelo deturpado sucesso ou as nossas relações pessoais.
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Bruna 25/04/2011

Enxuto, cru e brutal. É o que resume São Bernardo, um romance rápido e forte, rígido.

Paulo Honório escreve sobre sua vida de maneira seca, quase que indiferente, sem se prender a detalhes e descrições. Entretanto, em alguns momentos, ele nos surpreende com digressões e desequilíbrios. Nem dá pra dizer qual das duas posturas do narrador é a melhor.

E o final, bem... é espetacular.

Leiam.
Pedróviz 08/05/2011minha estante
Fiquei com vontade de reler.




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