Resenhas - São Bernardo

Jessé 25/08/2024

Enfim, chegou ao fim...
Mais um ou mais dois de Graciliano Ramos. São Bernardo de Paulo Honório e Caetés de João Valério...
Olhei os astros. Não conheço nenhum,mas precisei comunicar com eles, repartir com a imensidade uma aventura que me esmagava. Bradei:"Luiza me ama! Estrelas do céu, Luiza me ama! "Imaginei que as estrelas do céu ficavam cientes e isto me deu satisfação. Uma delas tremeluziu mais que as outras, respondeu-me de lá, vermelha e grande. Desejei saber o nome daquele sol complacente. Beatriz? Altair? Aldebarã? Não conheço nenhum. Se eu fosse selvagem, mete-lo-ia entre os meus deuses. Não estava ali ninguém que me pudesse informar.

Luma.Peroba 24/08/2024

Não sou acostumada com clássicos, mas muito bom
Um livro que me fez pensar bastante, principalmente pelo fato do Paulo Honório não ser um narrador confiável. Ao mesmo tempo que a gente tenta entender o Paulo, a gente fica surpreso com os absurdos que ele faz, principalmente com a Madalena. Uma história bem real, com situações que acontecem até hoje, leitura obrigatória.

J_Piexak 19/08/2024

Então tá...
Em junho deste ano reli "Vidas secas", um dos melhores livros nacionais.

A forma como o Graciliano utiliza o regionalismo e debate temas tão atuais pelo ponto de vista de pessoas humildes e iletradas me encantou mais uma vez. Isso sem falar na habilidade dele em nos colocar na pele da cachorra Baleia.

Assim, pensei: por que não ler esse que é considerado por muitos a sua obra prima? O fiz mas não rolou sentimento algum.

Pra mim, o grande problema desse livro é que ele bebe muito da fonte de duas outras obras escritas anteriormente mas não chega nem perto delas: Dom Casmurro, de Machado de Assis e O grande Gatsby, de F. Scott Fitzgerald.

"Gatsby" pela figura do Paulo Honório, um self made man alagoano que veio do nada e hoje possui tudo, menos amor. "Dom Casmurro" pelo ciúme doentio que ele nutre pela esposa e que a leva a ter o mesmo destino que Capitu.

S. Bernardo funciona como uma duologia com Vidas secas: enquanto lá acompanhamos a vida no sertão pela visão do oprimido, aqui a gente tem a visão do opressor já que o livro é narrado em primeira pessoa.

Só isso eu tenho pra falar. Desta vez você falhou, Graça.

gabi!¡ 18/08/2024

LINDO LINDO LINDO!!!

eu sou simplesmente apaixonada pela graciosa escrita do Graciliano Ramos... A forma que ele aborda temas pesados de uma forma crua, direita e reflexiva, com personagens muito bem construídos junto com a narrativa. Um livro que todo brasileiro devia ter a oportunidade de ler!!!

rafadaluz 15/08/2024

Talvez em outro momento
Admito que com esse não consegui me conectar muito e enrolei pra 🤬 #$%!& nessa leitura. É um livro bom, mas talvez para outro momento.

Ricardo743 15/08/2024

Foi minha primeira experiência com Graciliano Ramos, e que experiência! Esse livro carrega muitas mágoas e arrependimentos, arrependimentos esses que não podem ser contornados, já foram marcados na vida e sempre estarão lá... Uma obra que mostra o que a frieza emocional pode fazer na vida de uma pessoa, como nossas próprias escolhas podem nos arruinar.

Pierre15 12/08/2024

Obra curta e impactante
52ª Leitura do Ano

Paulo Honório, de início, parece ser apenas um homem prático e calculista. Porém, conforme a história avança, percebemos que ele é muito mais complexo, carregando uma angústia que o consome. Sua busca incansável por poder e riqueza, longe de lhe trazer a paz que tanto almeja, apenas aumenta seu sofrimento, prendendo-o em um ciclo de autodestruição. A fazenda São Bernardo, que deveria ser um símbolo de sucesso, acaba refletindo sua alma seca e carente, um lugar onde ele tenta, inutilmente, se esconder de seus próprios demônios.

Paulo Honório nos faz lembrar do conceito junguiano da sombra ? aquela parte de nós que preferimos ignorar e esconder, mas que, na verdade, carrega os aspectos mais sombrios de nossa personalidade. Na sua tentativa de se mostrar como um homem de sucesso e poder, Paulo acaba projetando essa sombra nos outros, manipulando-os e explorando-os para atingir seus objetivos. Ele valoriza tanto a racionalidade que ela se torna uma máscara, escondendo as profundezas de sua alma e protegendo-o da dor de encarar a própria consciência.

A entrada de Madalena em sua vida, sua esposa, traz uma chance de redenção. A pureza e a sensibilidade de Madalena despertam em Paulo sentimentos que ele pensava ter enterrado há muito tempo. No entanto, ele não consegue se abrir verdadeiramente, e sua incapacidade de se conectar, de baixar suas defesas e permitir-se amar, acaba selando o destino do casal em uma vida de solidão e sofrimento.

Madalena, com sua busca por um propósito e sua compaixão pelos menos favorecidos, contrasta fortemente com o egoísmo e a frieza de Paulo. Ela representa tudo o que ele reprime ? intuição, emoção, o lado feminino de sua própria alma. Sua morte, trágica e inevitável, é o símbolo da incapacidade de Paulo de integrar todas essas partes de si, deixando-o preso em uma vida vazia e sem sentido.

Graciliano Ramos, com sua escrita direta e intensa, nos presenteia em São Bernardo com uma reflexão profunda sobre a ambição, a solidão e a busca por sentido na vida. É uma obra curta, mas que deixa marcas profundas, e eu recomendo fortemente a sua leitural.

carlosmanoelt 05/08/2024

Rememoração de uma vida agreste
Situado na segunda etapa do modernismo brasileiro, ?S. Bernardo é exemplo marcante do realismo social e psicológico, explorando temas como a ambição, a opressão e a desilusão. Narrado por Paulo Honório, um homem que, a partir de origens humildes, consegue construir uma grande fortuna no sertão nordestino. A história começa com sua decisão de comprar uma fazenda, S. Bernardo, e segue sua trajetória de ascensão social e suas interações com outras figuras chave, como a esposa Madalena, amigos e funcionários.

Paulo Honório é um personagem que encarna a ambição e a dureza, revelando um lado cruel e calculista em sua busca por poder e prestígio. Sua visão de mundo é marcada por um cinismo que reflete as realidades implacáveis de seu ambiente. A narrativa revela, através de uma introspecção crítica, o impacto da ambição desmedida na moralidade e nas relações pessoais. Graciliano Ramos utiliza uma prosa direta e seca, característica do seu estilo, para retratar a realidade dura e impiedosa do sertão nordestino. O autor destaca a crueldade e a moralidade relativa das ações humanas, mostrando um retrato cru e sem adornos da condição social e psicológica dos personagens.

É um romance complexo quanto à progressão de suas ações, e, completo em relação às representações efetivadas por meio dos personagens. As ações são, algumas vezes, abruptamente interrompidas pelo tempo, o passado retorna para explicar o presente, e, no presente, narra-se o passado. Os personagens, por sua vez, são constituídos de muita personalidade, em especial, Madalena e Paulo Honório, que permitem ao leitor conhecê-los intimamente, e assim, compreender os dois extremos que eles representam dentro da narrativa.

Se Paulo Honório, por abraçar caminhos individuais, sem se entrosar nos movimentos coletivos, foi punido, resta ao se terminar a leitura de ?S. Bernardo a sensação de que o homem, ser político, não pode aspirar à absoluta isenção e à racionalidade. Traz com ele um emaranhado de conflitos internos que lhe turvam necessariamente a razão.

Brenno.Garcia 03/08/2024

Amargura sem rodeios
Com uma escrita direta e concisa, Graciliano nos apresenta Paulo com todos seus anseios e inquietações.

Uma história sobre como o ciúme e as ?vozes? da cabeça de alguém podem levar ao seu declínio.

Boa leitura.

Victória P Aguiar 31/07/2024

Maravilhoso!
É simplesmente impossível não mergulhar na história e nos pensamentos desse personagem que é o Paulo Honório!

Ed Souza 27/07/2024

São Bernardo
Comecei a ler este livro assim que terminei a grande obra de Graciliano - Vidas secas, que eu particularmente achei insuportável.

Comecei então São Bernardo e fui envolvido totalmente pela história de um homem de 50 anos, que só queria construir sua vida....e assim o fez...

Conheceu a riqueza, o respeito, a amizade... Só não conheceu o amor... E o sentimento maior que ele viveu foi o ciúmes.

Ciúmes que lhe levou ao fim.

Uma história rápida, uma história limpa, uma boa história

Sabrina 26/07/2024

Graciliano ramos né, não tem muito o que dizer
De início tava achando que era só um homem muito xulo para uma mulher muito foda (terminei passando mal

miguelswt 26/07/2024

Amargura que transborda!
"O que estou é velho. Cinquenta anos pelo S. Pedro. Cinquenta anos perdidos, cinquenta anos gastos sem objetivo, a maltratar-me e a maltratar outros. O resultado é que endureci, calejei, e não é um arranhão que penetra essa casca espessa e vem ferir cá dentro a sensibilidade embotada."

Graciliano mais uma vez nos afunda na angústia humana.

Nesse livro fui fisgado pelo sentimento desolador de uma existência "jogada" ao lixo. Uma vida amarga causada por um ambiente amargo e que transborda amarguras àqueles ao redor.

O personagem é áspero, impenetrável, inflexível. Isso faz com que ele se sufoque em egoísmos e grosserias. No fim da vida não lhe sobra nenhum amor, só a matéria pela qual, com tanta garra, ele lutou durante a vida toda.

Talvez tenha se tornado o meu livro favorito desse autor até esse momento. Desejo ler "Memórias do Cárcere" em breve!

Maria 24/07/2024

A princípio achei que seria um livro difícil de ler por causa da escrita, porém foi um livro de fácil entendimento. O personagem principal, Paulo Honório é maldoso, e na minha opinião ele nao é grato por nada que tem, nem gentil com as pessoas ao seu redor, além de ser um grosso e acha que todos tem que fazer sua vontade, era muito ciumento com a esposa, e mesmo depois das coisas que conquistou nunca estava satisfeoto e só pensava no trabalho.

Marcelo 22/07/2024

Boa leitura
Primeira obra de Graciliano Ramos que leio e gostei muito. Narrativa que prende a atenção e personagens bem interessantes. Mostra uma dura realidade do Brasil rural. Narrativa, crua e chocante em muitos momentos, mas muito autêntica.