Maria19642 21/10/2023
Estraguei a minha vida, estraguei-a estupidamente
Eu não sei se foi percebido, mas eu mudei as classificações de alguns livros que li esse ano; outros deixei como estavam. O fato é o seguinte: vai ser difícil superar esse livro daqui.
Não que eu seja assujeitada ou coisa parecida e sempre prefira o próximo livro ao anterior, não, nunca. Se fosse assim, eu mudaria de livro favorito a cada par de meses e eu ainda continuo com a mesma opção de pouco tempo atrás. O caso é que eu nunca vi um homem tão frio, cru, miserável, idiota, estúpido, nojento e rídiculo se transformar em uma figura capaz de despertar pena, principalmente na literatura. Sim, sim, temos alguns casos, mas Paulo Honório é diferente.
Ele não é só sujo, mas é verdadeiro com a sua sujeira. O pior — ou o melhor — é que ele mesmo admite que é ruim, bruto, ignorante, feio e passa a se pintar como o monstro de uma maneira que faz com que o leitor não tenha nenhuma restrição moral de concordar com ele, afinal, é o que ele é!
É como se fosse um feitiço de mago, você vai se afeiçoando com a história, com um e outro personagem, desejando o bem a qualquer um e odiando a todos, mas não consegue parar de ler e de saber a história do Paulo Honório.
Estou com uma garrafinha de água ao meu lado, levanto-me para a encher novamente, volto e sento em meu computador e ofereço um brinde por Madalena, por mãe Margarida e Dona Glória, por Paulo Honório e, por fim, pelas corujas que moram em S. Bernardo. Afinal, foram elas que fizeram tudo aquilo acontecer.
Enfim, leiam este livro. Mas tomem o cuidado de se preparem contra eventos maus antes de abri-lo.