Doidinho

Doidinho José Lins do Rego
José Lins do Rego




Resenhas - Doidinho


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Betânia 11/08/2024

Doidinho
Simples, bonito, de escrita fácil, com uma profundidade sutil sobre as dores, o sofrimento e o desenrolar da vida do menino Carlos de Melo no colégio, uma obra que carrega também os problemas da época e da região com a beleza que os autores clássicos são capazes de imprimir. É uma continuação do livro ?Meninos de Engenho? mas um pode ser lido sem necessariamente ler o outro.
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estevesandre 09/08/2024

Os contrastes sociais para além do engenho
Sequência direta de “Menino de engenho”, “Doidinho” extrapola os cercados do engenho de açúcar da Fazenda Santa Rosa, no interior paraibano, para acompanhar a vida de Carlinhos, agora Carlos de Melo, em um internato em Itabaiana. O romance delineia a transição da vida livre no campo para a rotina de reclusão numa escola administrada por um diretor implacável e autoritário, que se vale de castigos corporais como prática disciplinadora.

É nesse ambiente de privação e punições que Carlos passa a adquirir novas perspectivas sobre o meio do qual faz parte. Enquanto no engenho ele convivia sem barreiras com os filhos dos trabalhadores, apesar do contraste social entre eles, os dias no colégio são compartilhados com rapazes vindos de famílias que podem custear sua educação. É esta a situação decisiva que coloca Carlos num patamar ainda mais elevado em relação àqueles com quem dividiu os primeiros anos da infância.

Uma passagem emblemática nesse sentido se dá no retorno do garoto ao engenho para as férias de junho, quando ele, agora de modo intencional, enxerga as condições desiguais que o afastam dos “moleques da bagaceira”. Carlos não é mais o menino ingênuo do primeiro romance. O período no internato torna o rapaz consciente das disparidades que norteiam a ordem social.

“Doidinho”, cujo título despretensioso inclusive promove uma discussão sutil sobre a estigmatização da loucura, continua a jogar luz sobre questões políticas sob a ótica de um garoto em processo de amadurecimento, cujas compreensões acompanham as transformações de um Nordeste colonial e patriarcal. Enquanto a fazenda de “Menino de engenho” evidencia um Brasil em miniatura, “Doidinho” oferece ao leitor um binóculo para ampliar a visão desse país.

Encontrei neste livro uma narrativa cativante e encantadora, que dá contornos ainda mais nítidos para o personagem principal, também em conflito com matérias de cunho existencial. Carlos reflete sobre vida, morte, sanidade, liberdade e solidão. Com sua escrita sonora e imagética, Lins do Rego nos convida para um retorno à infância e adolescência, com todas as suas inseguranças, medos e descobertas.

| Resenha originalmente publicada na minha conta no Instagram: @memorialdeumleitor |
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Thiago275 10/07/2024

Interessante
Publicado pela primeira vez em 1933, Doidinho é o segundo livro do chamado “Ciclo da Cana-de-Açúcar”, série de cinco livros em que José Lins do Rego mostra o declínio e o fim de um modo de vida que perdurou por séculos nos engenhos do Nordeste, através da história de Carlinhos, neto do Coronel José Paulino.

A obra é uma continuação direta de Menino de Engenho, publicado em 1932, e aqui vemos Carlinhos indo para o colégio interno e percebendo que o mundo pode ser mais complexo e muitas vezes mais cruel do que era enquanto ele vivia na propriedade do avô.

E essas mudanças são simbolizadas pelo nome do menino: enquanto no engenho, ele era Carlinhos, no colégio ele é o Sr. Carlos de Melo, que não está imune aos castigos físicos que eram o método corrente na época para “educar” as crianças.

Nesse livro, José Lins continua com o tom memorialista da obra anterior. O protagonista vai nos contando diversos eventos que se passaram nos primeiros meses em que chegou ao colégio, desde a primeira surra, as desavenças com colegas, a primeira comunhão, as descobertas sexuais, etc.

É muito interessante notar que a natureza do menino, agora adolescente, vai ficando mais complexa conforme sua idade vai avançando. São lições duras, mas necessárias: um amigo em posição de poder não vai te proteger da punição por uma falta cometida; o Diretor severo do colégio pode ser objeto de admiração e ódio no mesmo dia. As relações humanas vão ficando mais profundas e intricadas conforme crescemos e é isso que Carlinhos vai aprender no decorrer do livro.

A tragédia familiar de Carlinhos é pouco explorada aqui. Os momentos em que ele reflete sobre o triste destino de seus pais são raros, o que é uma pena, pois são os mais belos trechos, em minha opinião. Apesar disso, Doidinho é uma obra com escrita fácil, que traz uma crítica social sutil, mas certeira. Uma leitura indispensável para quem quer conhecer mais da literatura brasileira.
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Márcia 08/05/2024

Doidinho é o apelido que Carlos de Melo,narra as experiências do personagem como interno em um colégio severo e suas lembranças no engenho do avô.
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Aline221 15/03/2024

É uma crueldade chamar de Doidinho quem teme tanto a loucura.
Nesse segundo volume do ciclo da cana-de-açúcar, acompanhamos Carlinhos, agora Carlos de Melo, deixar o engenho do avô para estudar em um Colégio interno em Itabaiana. O proprietário e professor do lugar, seu Maciel, é um homem rigoroso, que aplica castigos físicos aos alunos, pois entende que assim eles aprendem melhor não apenas o conteúdo das matérias, mas a ter disciplina. Essa é uma mudança traumática para Carlos, pois embora já com 12 anos e iniciado nos prazeres da vida, ainda não sabe lidar com um terreno desconhecido e hostil. Já sabemos que ele é um menino sensível, muito suscetível a reações diversas e extremadas, o que somado à história já conhecida pelos outros alunos sobre a loucura de seu pai, acaba lhe rendendo o apelido de “Doidinho”. Carlos odeia o apelido, pois o vê como um mau agouro e também porque sente muito medo de duas coisas: de enlouquecer e da morte. Como um romance de formação, a narrativa vai focar nas novas experiências do personagem e seu aprendizado a partir delas. A escola vai funcionar como um microcosmo, onde diferentes arquétipos vão transitar e interagir de modo a permitir que Carlos vá conhecendo a dinâmica social, a complexidade dos relacionamentos, a arte, a literatura, os mais variados sentimentos e a vastidão do mundo descrita nos livros, tudo dentro dos limites da escola. Em raros momentos ele volta para a casa do avô e, nessas oportunidades, sempre o vemos transformado, mais consciente de sua posição privilegiada e da situação precária dos trabalhadores do engenho, o que até então sempre julgou natural, como um fato da natureza. Se alguém pensa que não há muito o que acontecer dentro de uma escola, aqui isso não é verdade. Eu poderia falar mais, porém o melhor é ir lá no livro e conferir. Boa leitura para quem for!
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Cris SP 12/03/2024

12.03.2024
Continuação de Menino de Engenho, narra o período em que Doidinho ficou no Internato. Conhecemos um pouco sobre a cultura da época, quando para se educar, os professores batiam na criança e os pais/tutores concordavam. Sobre os privilégios que a classe abastada tinham e os mais pobres, não. O abuso das mulheres que, naquele tempo não tinham voz.
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Suênya lopes 24/10/2023

"Parecia que era outra pessoa que eu criara de repente. Ficara um homem. Assinava o meu nome, mas aquele Carlos de Melo não tinha realidade. Era como se eu me sentisse um estranho para mim mesmo. Foi uma cousa que me chocou esse primeiro contato com o mundo, esse dístico que o mundo me
dava. A gente, quando se sente fora dos limites da casa paterna, que é toda a nossa sociedade, parece que uma outra personalidade se incorpora à nossa existência."

Se eu pudesse ser um escritor, eu queria ser José Lins do Rego. Se eu pudesse ter escrito algo, eu gostaria de ter escrito qualquer livro que ele escreveu.
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Marcelo217 01/09/2023

"O Ateneu" de José Lins do Rego
Continuando a história iniciada em "O menino de Engenho", o autor traz o ingresso à vida acadelêmica da personagem no internato. Me surpreendi! A história se desenvolve de forma muito melhor do que imaginei.

A narrativa sequencial é muito divertida, cheia de alívio cômico nas desventuras de Carlinhos, agora Carlos de Melo, em sua jornada escolar. Semelhante a dinâmica do Ateneu (livro que inspirou o autor), a história retrata um internato menos fantasioso, com menos pompa, de forma mais simples e popular. Elementos como a punição e o regime restrito são muito bem pronunciados na vivência da personagem e desencadeiam grande parte do desenvolvimento da história. Carlos experimenta a desilusão do sistema educacional. Às vezes motivado, outras vezes revoltado e desiludido, o dilema entre viver uma vida simples no engenho e a instrução escolar longe de casa fazem a personagem questionar-se várias vezes sobre a realização pessoal prevista pela familia e a perspectiva de vida do próprio estudante.

Através de seu relato, é possível perceber o amadurecimento do menino que, nesse momento, reflete sobre a vida, valores sociais, religião, justiça e a própria morte. Seu caráter volúvel, impulsivo e imaturo mostra a transitoriedade e o momento de autoconhecimento através das experiências e sensações vivenciadas pela primeira vez. O internato Nossa Senhora do Carmo se apresenta como uma prisão. Maciel, diretor, juntamente com sua família, tem uma conotação que oscila entre o positivo e o negativo. A cidade de Itabaiana também expande a sua visão de mundo e faz Carlos entender a sua realidade e sua posição no mundo. A convivência social hierárquica, a desilusão amorosa, as experiências sexuais e os embates travados pelo seu temperamento elencam a transição da infância para a adolescência.

"Doidinho" é um livro simples e muito agradável de se ler. O cotidiano do jovem escrito por José Lins do Rego traz além de uma nuance vista no livro de Raul Pompeia, uma descrição semelhante à de Rachel de Queiroz e uma vivência também vista em Graciliano Ramos. A simplicidade na narrativa, a escrita polida na medida certa, fazem o entremeio de história dessa ficção autobiográfica, uma experiência de leitura imersiva e comovente. Apesar da interrupção com um final abrupto, o livro me deixou com muita vontade de continuar a acompanhar a saga de Carlos e descobrir qual caminho ele irá trilhar. E já estou convencido de que também seguirei lendo a obra do autor.
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Elber.Joaquim 21/07/2023

Leitura boa
Muito legal, principalmente pra quem é do nordeste ou quem admira a cultura nordestina.

É o segundo livro de uma trilogia
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Daniel.Ribeiro 10/07/2023

Doidinho. José Lins do Rego. Características do regionalismo da Literatura
Desde o ano passado, quando decidi aprender mais sobre a literatura nacional, que sou um adepto da literatura regionalista. Na literatura regionalista, as principais características são focalizar traços de uma região especifica. Dentre os autores brasileiros está José Lins do Rego.
Depois do lançamento de Menino de Engenho, Doidinho é praticamente uma continuação. A história mostra o menino Carlos de Melo, em suas incursões pelo colégio interno a que é submetido. Inscrito pelo seu avô materno Coronel Zé Paulino, tinha esperanças que o menino se tornasse um pessoa de estudo. Mas, na verdade, Carlos de Melo, ou Carlinhos, vai compreender outra visão de mundo, numa época que os estudos eram tidos como obrigatórios, haja vista, o dono do colégio, Seu Maciel, tinha uma linha punitiva, para educar seus alunos.
Carlinhos, dentro do colégio, vai ser conhecido como Doidinho, devido a um triste fato sobre seu pai, que perdeu a vida. Enfrentando diversas adversidades, confrontando sentimentos de amizades, amores, raivas com amigos e pessoas, e também desavenças entre o diretor do colégio, o que ele mais deseja é uma vida de liberdade, poder nadar no riacho, andar a cavalo.
A liberdade roubada pela prisão do colégio, a vontade de voltar a fazenda do avô, toda a narrativa regionalista que transcreve José Lins do Rego, mostra sua característica em transportar memórias da própria infância do autor para o mundo literário.

site: https://pontoscriticos-danielribeiro.blogspot.com/2023/07/resenha-doidinho-jose-lins-do-rego.html
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leiturasdaursula 11/05/2023

Gostei demais
Doidinho é um livro do autor brasileiro José Lins do Rego, publicado pela primeira vez em 1933 e faz parte do Ciclo Cana de açúcar, cujo primeiro livro é "Menino de Engenho" e que retrata a vida de uma família de engenho de açúcar no Nordeste brasileiro, do início do século XX.

Assim como Menino de Engenho, este livro também é narrado em primeira pessoa e seguimos acompanhando Carlos, agora com 13 anos, que foi matriculado em um internato e vai narrar suas angústias e lutas neste colégio. Carlos,é apelidado de "Doidinho" por sua personalidade peculiar e pela dificuldade que ele tem em se adaptar às convenções sociais impostas pela sociedade em que vive. O avô toma essa decisão de levá-lo ao internato porque Carlos não consegue se encaixar nas expectativas da família e dos amigos, e vive em constante conflito interno.

O livro é uma reflexão sobre as relações humanas e sociais, e sobre a pressão que as normas sociais podem exercer sobre os indivíduos. José Lins do Rego retrata de forma sensível e realista a vida no Nordeste brasileiro, e cria personagens complexos e humanos, que lutam para encontrar seu lugar no mundo.

A escrita de José Lins do Rego é poética e envolvente, com descrições vívidas e detalhadas da paisagem e da cultura do Nordeste brasileiro. O autor também aborda temas como a desigualdade social, a exploração dos trabalhadores rurais e a influência da religião na vida cotidiana das pessoas.

Uma das minhas passagens favoritas foi: "O meu amor era puro de outras coisas. Gostava, porém, de se mostrar, não sabia se encolher, nem se ver pequeno diante de sua eleita".
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Thais645 16/04/2023

Livro II ciclo da cana-de-açúcar
Este livro continuação direta de menino do engenho. Livro dois do ciclo da cana de açúcar. Dele Carlos está no colégio e vai contar suas desventuras por lar, Veremos as relações com os amigos, professores e funcionários do colégio também tomar ciência do método do ensino. O clássico da literatura brasileira. Estou gostando muito de fazer a leitura desta série, este livro é um pouco mais parado do que o anterior mais super vale a leitura. Recomendo.
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Peter.Molina 20/01/2023

Tempos de escola
O segundo volume do ciclo da cana de açúcar narra os tempos passados por Carlinhos na escola, relacionamento com os colegas, o primeiro amor e temas afins. Muito superior ao primeiro,tem uma narrativa fluida,muito sensível e tocante em diversos pontos. Pessoalmente não vivi na época dele, mas a gente vai se enchendo de saudade dos nossos tempos de ensino e do que vivemos. Muito bom!
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Diego 10/09/2022

Leitura agradável
Com passagens muito poéticas, o livro conta as experiências de Carlinhos, Carlos de Melo, o ?Doidinho? do título.
Continuação de Menino de Engenho, ao qual faz diversas citações, é um livro que nos conta a história do Brasil açucareiro pelos olhos do menino que já entra na adolescência.
Eu não tinha vontade de parar de ler. Li em praticamente 2 dias (úteis).
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Wagner47 05/09/2022

Um curso doloroso contra a ignorância
A escrita e a fluidez de Zé Lins continuam as mesmas, porém dessa vez senti que certos desdobramentos foram bem enrolativos.

Carlinhos, agora conhecido como Doidinho, ingressa no colégio interno e, bem atrasado dos demais, encara novas dificuldades no seu cotidiano.

Não é mais aquela criança que brincava no engenho, então o autor passa a construir novos sentimentos e dar mais ares aos antigos. Carlinhos se apaixona, sente ódios imensuráveis, tristezas e até a sensação de abandono. Não é um período só de mazelas, já que consegue fazer um novo amigo (ou certo respeito pelo colegas) e de fato se dedica aos estudos, onde qualquer erro era justificativa para um bolo (ou seja, a famosa palmatória).

Acho que o livro traz um erro muito grave. É dito já no primeiro parágrafo que Doidinho tem 12 anos (é praticamente sequência do livro anterior), e em seis meses (período que é citado vários vezes) ele já está com 14. Acredito que o autor fez esse erro propositalmente, uma vez que no livro anterior inicia a "doença" de Carlinhos e talvez tenha julgado que 12 anos seria muito novo para esse tipo de coisa.

Apesar dos percalços e desenvolvimentos levemente trabalhados, esse volume faz questão de frisar os pensamentos de Carlinhos e que há alguma coisa muito errada nele, seja por seu comportamento violento certas vezes ou por não distinguir direita de esquerda.

A obra termina com uma decisão bem forte para o protagonista e aguardo pelos desdobramentos da mesma.
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