Genealogia da Moral

Genealogia da Moral Friedrich Nietzsche




Resenhas - Genealogia da Moral


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Carla.Floores 21/04/2024

Procuro respostas, encontro perguntas.
Para Nietzsche a moral no homem não passa de adestramento.
O que me leva a pensar no Anel de Giges e na música do Capital Inicial:
O que você faz quando ninguém te vê fazendo o que você queria fazer se ninguém pudesse te ver?
O homem não é bom por vontade própria, ele o é por medo do castigo. Pela culpa imputada nele através do cristianismo.
O sarcasmo de Nietzsche para como o Deus, sobretudo o deus cristão, é muito prazeroso de ler, do ponto de vista ateu.
O que entendi foi que para ele o ateísmo é liberdade.
A moral independente de dogmas é a verdadeira e pura moral.
Fazer o que é certo pelo ato em si, não por medo, influência ou ambição (vontade de poder).
O bom faz o bem o tempo todo? O ruim faz o mal? O bem é bom? Pra quem? O mal é ruim? Até onde?
Mas não medo do sofrimento, porque naturalmente, instintivamente, o homem gosta de sofrer.
É a partir do sofrer que o fortalecer acontece.
Vi também sobre a influência do casamento, da religião, do ideal ascético, dos sadios e dos enfermos.
“Estar doente é instrutivo, não temos dúvida, ainda mais instrutivo que
estar são.”
“O homem preferirá ainda querer o nada a nada querer…”
“tenho a coragem para o meu mau gosto”
“sim, quando ele se fere, esse mestre da
destruição, da autodestruição — é a própria ferida que em seguida o
faz viver...”
Regis2020 21/04/2024minha estante
Ainda não li nada de Nietzsche, mas gostei muito de sua resenha e deu vontade de começar por esse livro. ??


Carla.Floores 22/04/2024minha estante
Cuidado hein Regis, vicia.


Regis2020 22/04/2024minha estante
Pode deixar. ?




Kit 20/12/2022

Livro excelente, principalmente a segunda dissertação que fala sobre culpa e má consciência, a primeira dissertação tb foi muito boa, mas terceira achei cansativa e repetitiva, mas também tem boas passagens tb.

?O homem preferirá ainda querer o nada a nada querer??
Reeh 11/06/2023minha estante
Oi kit_teoria. Tudo bem? No Parágrafo 1 da 3° dissertação e no decorrer dos parágrafos posteriores, Nietzsche pretende explicar e apontar o ascetismo do filósofo, do artista e do religioso, também é onde surge a idéia e a máxima com a qual ele finaliza a obra, a de que o homem prefirirá o nada a nada querer. Para isso é preciso entender o conceito de niilismo passivo, e niilismo reativo, o primeiro relacionado ao niilismo mesmo, marcado pela negação dos valores e sobretudo da VIDA e o segundo marcado pela crença no futuro e na progresso o positivismo científico. Querer o nada é justamente esse niilismo passivo, marcado pela negação do corpo e suas pulsões - ele até menciona as mortificações do corpo, praticada por algumas religiões e que encontra razão até mesmo na doutrina de alguns filósofos, como é o caso de Arthur Schopenhauer na doutrina da vontade.


Reeh 11/06/2023minha estante
O niilismo prejudicial é aquele que barra a vontade de potência, é oq nega o corpo e suas instintos, ao invez de pegar a matéria da culpa e transforma-la o individuo decadent se torna ressentido ou seja não da vazão a seus instintos e se retraí pois não possui a força para sair daquela situação, para criar algo que de vazão a esses impulsos, não canaliza.




Lucas.Yoshiki 27/07/2023

Subestimei muito por sempre ver pessoas Enaltecendo Nietzsche e achei q não era nada disso, acabei quebrando a cara pq de vdd QUE LEITURA COMPLICADA. Eu pretendo futuramente ler outra vez, pois sinto q não consegui extrair ao máximo.
emanuelppolar 27/07/2023minha estante
KKKKKK todos passamos pela fase de achar nietzsche superestimado


Lucas.Yoshiki 27/07/2023minha estante
nem fala vei kskksks eu lia e ficava: "O QUE???"




Jogute 05/12/2022

Canetada do bigode
Sem duvida, uma "tour de force" do bigodudo, é fascinante, poderoso! Não é possivel vi(ver) o mundo à partir da mesma perspectiva depois de passar por suas ideias... E urge que assim seja! É válida essa forma de impulsionar o humano estagnado, ressentido, fruto podre que pende no galho seco da civilização cristã ocidental. Mesmo sem apreensão integral, concordo é um livro dificil, mas não é rebuscado, erudito, é difícil pois a má consciência age, resiste, os conceitos de Nietzsche à acossam e ferem; admito, exaure. É muita poesia escorrida em venenosa potência. Também preciso de mais leitura para destrinchar todas a dubias passagens, que polemizam, criam a imagem histórica distorcida desse filosofo, que é talvez o mais pop da atualidade.
Tenari 05/12/2022minha estante
Como saber se estou preparado pra ler Nietzsche?
Sempre tive curiosidade mas sempre falam da complexidade...


Jogute 09/12/2022minha estante
Tenta achar aquela coleção Os pensadores, com os textos imcompletos, são sempre os mais curtos, e anotações gerais dos maiores, estão em ordem cronologica, é excelente pra começar, mas n se preocupa com entender tudo, de ninguém, n faço isso e ajuda muito aliviar essa pressão pra poder começar




Lisboa Richthofen 10/06/2024

Uma Polêmica
Este é, até agora, o texto mais fechado-em-si que li de Nietzsche. No prólogo ele fornece uma possível causa para essa conclusão: é seu trabalho mais completo por ser uma reflexão oriunda da mais remota juventude do filósofo. A origem da moralidade e do que o homem toma por bem e mal, é o tema dissertado em Genealogia da Moral.


1. Bom e mau, bom e ruim.

Nietzsche argumenta que antes do advento da moral judaico-cristã, não existia bem e mal. O bom era determinado por aqueles que detinham força; o que eles faziam e a forma como eles faziam, era o bom. O forte era o bom, e o bom era o forte. Justamente a impotência dos fracos em relação a isso, deu luz ao ressentimento e ânsia por vingança: incapazes de alcançar o poderio da nobreza aristocrática romana, o povo judeu desdenha da existência terrena (na qual eles são plebe) em prol de uma existência póstuma "superior" e transvalora o conceito de poder em algo ruim e mau. Dessa forma, cria-se a moral de escravo: "? e a impotência que não acerta contas é mudada em ?bondade?; a baixeza medrosa, em ?humildade?; a submissão àqueles que se odeia em ?obediência? [...]".
O filósofo alemão infere que os fracos só agem em concordância com essa "virtude" por não terem a força necessária para serem "maus", e tudo isso é primorosamente sumarizado no aforismo de número 14.


2. Culpa, má consciência e coisas afins.

De acordo com Nietzche, a violência e o fazer-sofrer são intimamente atrelados ao indivíduo enquanto ser humano, e a má consciência deriva da humanidade que, com o passar do tempo, recalca esse seu ímpeto por crueldade: essa crueldade que não encontra meio de se manifestar externamente, passa a ser internalizada, e com isso o homem começa a martirizar a si próprio. Conclui-se que a vontade de potência reprimida dá origem à má consciência; a busca por resposta a esse sofrimento interno descamba na religião.
Ele diz ainda que nos primórdios, as comunidades tinham grande apreço pelo esforço das gerações passadas em consolidar o sistema vigente, e atribuiam a elas o sucesso da tribo. Ao passo em que uma comunidade ascende, o sentimento de dívida para com seus ancestrais cresce; essa adoração aumenta ao ponto em que a imagem desses ancestrais se transfiguram em deuses, e a culpa (sentimento de dívida) perante esses "deuses" se torna cada vez maior. Como mostra a história, a consciência de dívida para com a divindade não se extingue após o declínio dessas formas de organização, e a humanidade recebe como herança o peso das dívidas ainda não pagas: o advento do Deus cristão, o deus máximo até agora alcançado, com seu "olhar ruim" em relação às propensões naturais do homem, trás também ao mundo o máximo de sentimento de culpa (má consciência).
Nietzche diz que, se a fim de transpor essa condição, o homem tem de ser disruptivo. Zarathustra!


3. O que significam ideais ascéticos?

É o ensaio mais longo ? compreendendo cerca de metade do livro ? e o mais complicado. A ideia central consiste basicamente na investigação do ideal ascético e na conclusão de que este é filosofia niilista, que diz "não" à vida (a vida, que é justamente tudo o que temos de factível): é filosofia do nada. Todavía, por mais que seja um ideal que encerra no nada, ainda é algo; o homem da má-consciência, martirizado por um sofrimento para o qual não encontra razão, se agarrará a qualquer doutrina que torne esse sofrimento "inteligível" e "razoável".

O ascese é o nada, mas o homem preferirá querer o nada a nada querer.
Otávio Augusto 10/06/2024minha estante
Seus comentários de Nietzsche são ótimos e acessíveis. Um dia crio coragem pra ler.




Pedro 13/09/2021

?
Aaaaaaa vey q ódio,eu tinha feito uma resenha enorme pra esse livro,mas o skoob não salvou!!!!E agora não vou escrever de novo não ?
Margô 14/12/2021minha estante
Rssss... já aconteceu o mesmo comigo!???




Tarciano 24/08/2021

Impressões...
Quem percorre as páginas desta obra não pode deixar de se inquietar com o sistema de moralidade ainda vigente. “Se tal sistema melhorou o homem”, esse “melhorar” significa domesticado, doutrinado, enfraquecido, desencorajado... quase um lesado, diria Nietzsche. O autor faz isso na tentativa de tirar o leitor do lugar comum e levá-lo a questionar aquilo que considera verdadeiro. Nietzsche coloca em xeque os padrões estabelecidos pelos anos de dominação de uma moral cristã, seja com a ideia de um Deus único que só faz sentido porque é ele quem dá sentido a tudo, seja porque Ele trouxe ao mundo o máximo de sentimento de culpa e a herança de uma dívida eterna para com Ele mesmo.

Na obra também se faz presente a questão do niilismo, que surge como consequência do colapso dos valores tradicionais e da perda de sentido imposta pela moral cristã. Nietzsche argumenta que o niilismo é uma etapa necessária para a superação das velhas crenças e a criação de novos valores que afirmem a vida. A visão ateísta de Nietzsche desafia a noção de um propósito divino e propõe que os indivíduos criem seus próprios significados em um mundo desprovido de verdades absolutas.

Para resumir, pode-se dizer que as três dissertações traçam, respectivamente, uma crítica genealógica da oposição “bem/mal, bom/mau”, da culpa e da má consciência e, por fim, dos ideais ascéticos.

Portanto, diversos aspectos prenderão sua atenção na leitura e o inquietarão. Se algo não fez isso, pode ser por três razões: ou você não compreendeu o nível mais profundo dos sistemas de crueldade e doutrinação ideológica trazidos pelas religiões, sobretudo as de origem cristã; ou sua fé e moral estão fortemente doutrinadas, cristianizadas, ou seja, talvez você seja o homem doente, aquele que faz parte do rebanho, daquele grupo que se tornou inimigo da vida, um negador, etc.; ou você não entendeu só não entendeu mesmo a obra.
Andrei.Mazzola 24/08/2021minha estante
Ótima resenha




Daniel 12/12/2011

genealogia da moral
Em quais condições o homem inventou os juízos de valor expressos nas palavras bem e mal e que valor possuem tais juízos? Estimularam ou barraram o desenvolvimento até hoje? São signos de indigência, de empobrecimento, de degeneração da vida? Estas são as perguntas que norteiam todo livro deste pensador, considerado como um dos mestres das suspeitas, acompanhado por Freud e Marx.
Todos os conceitos são construídos socialmente num processo histórico. Sendo desta forma, Nietzsche procura em quais lugares históricos do pensamento da humanidade a moral e ética nasceram. Analisa a criação de conceitos fundamentais para a eticidade atual dentro do contexto em que foram criados.
A noção de conceitos criados humanamente é já, em si mesma, uma crítica à filosofia platônico-socrática, a qual ensina que os conceitos e idéias não podem pertencer ao mundo sensível, posto que os sentidos são enganosos, e por isso ficam “flutuando” no mundo das idéias...
Nietzsche não está preocupado em descobrir se foi alguma divindade que ordenou ou não quais preceitos morais deverá seguir a humanidade, pois já chegou à conclusão de que os preceitos morais dizem respeito aos homens e mulheres apenas, logo não são transcendentes, porém, imanentes à natureza.
O livro se divide em tratados, a saber:
1. A origem de “bem e mal” e “bom e mau”;
2. Falta, má consciência e fenômenos;
3. O que significam ideais ascéticos?

Não há como negar que Nietzsche seja polêmico, dada a forma como ele escreve seus textos, que sempre estão acompanhados de uma boa “pitada” de crítica apimentada. Entretanto, não se pode desprezar o pensamento de uma pessoa só por contrariar o pensamento de uma maioria, pois nem sempre a maioria fala a verdade. Em verdade, temos grandes exemplos de grandes maiorias cometendo graves equívocos.
Escreve em forma de aforismos, que segundo o próprio Nietzsche, requer uma arte de interpretar, isto é, aforismos são pedras a serem lapidadas com calma. Para compreender bem seus aforismos é preciso ser quase vaca, é preciso ruminar.
No primeiro tratado, o filósofo separa moral em duas espécies: a moral de escravos e a moral de senhores.
Ele entende por nobre aquele em quem há uma afirmação positiva de si-mesmo, aqueles que eram os dominadores, os poderosos, os senhores; nobre é aquele que age positivamente na construção de seu si-mesmo por meio de si-mesmo. Difere-se do ressentido na medida em que para sentir-se feliz e bom precisa partir de si mesmo para tal, não de outrem.
O ressentido, por sua vez, é aquele que para construir sua felicidade, precisa comparar-se a um outro que lhe é diferente, um não-mesmo (um que não seja si-mesmo); este outro a quem se compara lhe é superior. Desta comparação nasce a inversão de valor “bom” e “mau”: “Bom sou eu, que sou inferior ao nobre (aquele que age) e mau é o nobre que, por ser superior a mim, me inferioriza”. Note-se que o ressentido sofre nesta comparação que ele mesmo faz, sente-se retraído, ofende-se. Ao comparar-se culpa o nobre (que lhe é superior) como causador de sua inferioridade. O ressentido, portanto, é aquele que sofre uma ação, e apenas por meio desta ação sofrida é que age, isto é, reage.
Essa moral ressentida é a moral de escravos que cria valores negativos em relação ao outro e ao próprio sujeito ressentido.
O sim que o nobre diz, diz a si-mesmo; o não que o fraco (ressentido) diz, não diz a si-mesmo, mas a um que não é si-mesmo, a um não-mesmo, negativiza o superior e o diferente de si. É exatamente sob este aspecto que surge o niilismo, que nada mais é do que todo este processo do ressentimento em negar, em dizer não à vida, à vontade de potência que é inerente à vida e à natureza.
No segundo tratado, o autor descreve a origem da má consciência, que é exposta como os instintos reprimidos que não se exteriorizaram e então se voltam para dentro, contra o homem mesmo que possui esses instintos; e da noção de dívida, proveniente das relações entre credor e devedor, é que surge a idéia de culpa.
No último tratado, sobre o ideal ascético, o filósofo batalha contra os negadores compulsivos, ou seja, aqueles que negam a vida, a natureza, os princípios básicos de vida.
Para resumir de forma simples, porém, contundente o que significam os ideais ascéticos para este homem, que eu considero, um dos mais ousados filósofos, podemos usar uma frase do próprio livro:
“O ideal ascético tem sua origem no instinto de proteção e de salvação própria a uma vida em degenerescência.”
Há muito o que se aprofundar nesta pequena frase e podemos seguir os mesmos caminhos de Nietzsche para entende-la.
O ideal ascético professa, direta ou indiretamente (mais indiretamente do que diretamente – os leitores de Nietzsche entenderão bem se eu falar em becos, valados e lugares escuros), que a vida não é um fim em si mesmo, porém apenas um meio para se chegar a uma outra vida que estaria no além. Explicando de outra forma, a vida é enxergada como uma ponte, um teste, uma passagem... A vida ascética é vida post-mortem.
Nas palavras de Friedrich:
“Um modo monstruoso de apreciar a vida não é um caso excepcional na história humana; constitui um dos estados, de fato, dos mais gerais e mais duradouros”.
Este ideal, portanto, foi visto pela sociedade como o único ideal possível de ser vivido. Não houve nenhum outro ideal que lhe servisse de oposição (pelo menos os que tentaram não conseguiram).
Nietzsche também critica os cientistas modernos como aqueles que possuem em seu interior a força propulsora do ideal ascético, pois acreditam ainda na existência da verdade, são seus defensores.
A gênese do ideal ascético se encontra justamente no ponto em que o homem sentiu necessidade de dar sentido para o sofrimento, como vemos:
“O homem, o animal mais corajoso e mais acostumado ao sofrimento não diz não ao sofrimento em si; ele quer, ele até o procura, supondo que lhe seja indicado, um sentido de que seja portador, um para além do sofrimento. É o vazio de sentido do sofrimento, não o sofrimento, que constituía a maldição que pesava sobre a humanidade até hoje – e o ideal ascético lhe oferecia um sentido!”
Traduzamos isso: Contra a falta de sentido, contra a falta de certeza, contra a natureza da mudança, presente na vida, nasce o asceticismo, dando um sentido ao “por quê” do sofrimento, retirando do homem o perigo do niilismo. Entretanto, as conseqüências são bem piores do que se imaginava, criou-se um homem ressentido em relação à vida... Poderia parecer melo-dramático, mas podemos usar até a palavra mágoa neste contexto. Esta mágoa, porém, é reativa, pois se trata de estar magoado profundamente com a vida, de tal maneira que a ação do homem agora converge para nega-la, e, tendo reagido assim, construir todo um ideal pós-morte, onde exista uma outra vida, mais digna, mais aceitável e sem... Sofrimento!
Concluindo a resenha, sinto necessidade de acender uma lamparina nesta escuridão e trazer para mim os olhares de todos os que criticam Nietzsche (os que leram comentários sobre ele e não suas obras mesmo). Por meio do perspectivismo proposto pelo autor, devemos levar em consideração todos os pontos de vista... Entretanto, quais seriam os pontos de vista mais aceitáveis? Respondo: Aqueles que não denigrem, nem pretendem destruir a beleza da natureza e da vida no aqui e no agora!
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Iuri 18/02/2013

Esta obra de Friedrich Wilhelm Nietzsche detecta alguns pontos das origens dos valores morais. O autor ressalta a inversão sofrida por tais valores pelas influências que se prendem com força. Por isso, quase toda a obra girará em torno da questão do valor: o que é o bom?

Como filólogo de formação, Nietzsche aprofunda-se, justamente, no estudo da palavra bom e, conseqüentemente, da palavra mau. O gênio provocativo de Nietzsche traz, assim, um texto com certo teor de sarcasmo. Isso é facilmente verificado já na primeira das três partes da obra.

Todas as questões levantadas pelo homem da época de Nietzsche, principalmente os psicólogos ingleses, não levam a nada, não trazem a origem do bem e do mal. O que importa, na psicologia nietzschiana, é a busca da verdade de uma forma imparcial, conforme ele mesmo escreve no primeiro ensaio da obra: “(...) desejo que seja exatamente o contrário; desejo que estes investigadores, que estudam a alma ao microscópio, sejam criaturas generosas e dignas, que saibam refrear o coração e sacrificar os seus desejos à verdade (...) ainda que simples, suja, repugnante, anticristã e imortal... porque tais verdades existem”. O intuito de Nietzsche, contudo, é a construção de uma História da Moral.
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@KrolChacon 14/04/2014

Genealogia da Moral. Nietzsche - Sobre a origem do Estado.
A origem do Estado se deu em consequência da subjugação da maioria, desorganizada e por isso fraca, por senhores poderosos que se organizaram guerreiramente e politicamente lançando suas garras sobre eles, conquistando-os. Assim, surge o “Estado” como um meio utilizado por uma minoria a fim de dominar uma maioria desorganizada.

De acordo com Nietzsche, a Justiça é mais uma forma dos homens de poder entender-se, e desses mesmos homens forçarem aos menos poderosos a agirem de acordo com a vontade das estirpes dominantes, forçando-as á manterem um compromisso e sendo útil aos desejos nobres.

A relação entre a origem do Estado e a teoria nietzschiana é que as duas teorias tratam de demonstrar o poderio dos nobres sobre as estirpes inferiores. A minoria dominante utiliza seus poderes para o próprio beneficio não levando em conta as necessidades da população.
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Sofidajaca 13/10/2024

Isso é sobre leões ou cervos? ?
Fui influenciada a ler essa obra prima, por um post no Instagram "um cervo sendo caçado em um documentário de leões e um cervo sendo caçado em um documentário de cervos". Essa reflexão me impactou e foi impossível não buscar a leitura.
Nit não errou quando disse q a moral é dominada pelos que querem dominar e que os frágeis se orgulham de serem inferiores.
Simplesmente incrível...
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Filino 29/01/2016

Leitura instigante
Esta edição traz as dissertações que compõem a "Genealogia da moral", além de um texto de juventude do filósofo de proeminentes bigodes. Em relação à "Genealogia", cabe assinalar o caráter que Nietzsche confere à sua investigação: em diversos momentos ela assume não apenas um caráter histórico, mas também filológico e fisiológico. Em várias passagens deparamo-nos com grandes "sacadas" do filósofo que nos surpreendem um bocado!

Interessante notar que o texto "juvenil" que acompanha a edição também é um achado: mesmo naquelas linhas juvenis já se percebem muitos elementos que nortearão o Nietzsche mais maduro.
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RicardoDM 31/01/2016

Genealogia da moral
Em "Além do bem e do mal", Nietzsche escreve: "Gradualmente foi se revelando para mim o que toda grande filosofia foi até o momento: a confissão pessoal de seu autor, uma espécie de memórias involuntárias e inadvertidas." O mesmo se pode dizer da obra dele: seu intenso sofrimento corporal (foi vítima de inúmeros problemas de saúde) parece tê-lo feito olhar o sofrimento não mais do ponto de vista da filosofia idealista e do cristianismo, mas da fisiologia -- e aqui se mostra também a influência de ideias muito correntes na época, como a da hereditariedade.

Ao longo das três dissertações de "Genealogia da moral", ele levanta hipóteses para a origem das oposições "bom x ruim" e "bom x mau" (o primeiro par, de acordo com ele, seria a moral dos senhores e o segundo, a moral dos escravos), a origem das noções de "culpa", "castigo", "pecado", "má consciência"..., e o desenvolvimento do ideal de vida ascético (de negação da vida terrena) -- ideal que ele encontra vivo inclusive no espírito cientificista. Na conclusão da terceira dissertação, sobre o ascetismo, ele escreve: "O homem preferirá ainda querer o nada a nada querer."

Sem entrar na questão de concordar ou não com as proposições de Nietzsche, achei fascinante o "modus operandi" dele: a maneira como, ao propor outra leitura para o mundo, ele faz ver a artificialidade das demais leituras (que se querem como "a verdade em si") -- artificialidade que não significa irrealidade; as leituras são artificiais, mas, uma vez que regem um modo de vida, elas se tornam extremamente reais, sendo muito difícil conseguir se descolar delas.
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Paulo Silas 24/02/2016

Denso, complexo e muito profundo. Em que pese a aparente pequenez da obra, é um dos livros em que Nietzsche mais disseca os temas abordados. Para que a leitura possa fluir e ser melhor compreendida, é necessário que o leitor esteja habituado com os escritos do filósofo. O alerta em tal sentido é dado pelo próprio Nietzsche no prólogo do livro:

"Se este livro resultar incompreensível para alguém, ou dissonante aos seus ouvidos, a culpa, quero crer, não será necessariamente minha. Ele é bastante claro, supondo-se - e eu suponho - que se tenha lido minhas obras anteriores, com alguma aplicação na leitura: elas realmente não são fáceis."

O livro é dividido em três dissertações, cada qual com uma análise filosófica/psicológica/antropológica profunda de questões atreladas à moral e sua genealogia.

A primeira parte da obra (""Bom e mau", "bom e ruim"") se aprofunda em sobre como o ser humano chegou à sua condição atual, preso à moral arraigada na sociedade, de modo que o autor acaba buscando respostas na origem da cultura. A instituição de agrupamentos das pessoas (comunidades) ganha um respaldo na pesquisa do filósofo, a fim de constatar as origens das definições morais. É uma busca pela valoração dos valores. O que originou e definiu o bom como sendo bom e o mau ou ruim como sendo mau ou ruim? Não obstante a dissecação explorativa feita por Nietzsche, há conjuntamente a destruição dos valores constatados na pesquisa do autor.

A segunda dissertação (""Culpa", "má consciência" e coisas afins") demonstra que há um forte liame entre os impulsos do homem e as conquistas culturais. Os instintos produzem a consciência (ou má consciência), as quais são responsáveis pelas formalizações culturais das comunidades: direito, religião, trabalho e política. Nesta parte do livro há uma notória análise psicológica-antropológica da história da cultura e seus reflexos e consequências até hoje existentes.

Na terceira e última parte da obra ("O que significam ideais ascéticos?") está a conclusão que levam as duas primeiras dissertações do livro. O ideal ascético é destrinchado, exposto e novamente estruturado a fim de compreendê-lo integralmente. É a ânsia pelo nada, a necessidade de se criar algo para que possa haver um conforto e supressão dos instintos. O ideal ascético é personificado no sacerdote, o qual reúne e direciona todo o ressentimento dos fracos, dos escravos, do rebanho para dentro dos próprios, se insurgindo contra os dominantes e adotando os ideias da moral de acordo com a criação destes próprios. A profundidade da exposição feita em tal ponto é surpreendente.

"Genealogia da Moral: uma polêmica" foi escrito originalmente para complementar a obra anterior, "Além do Bem e do Mal", vez que Nietzsche retoma e cita inclusive passagens do outro livro. É uma escrita robusta, profunda, erudita e em vários pontos complicada. Cada parágrafo da obra gera muita reflexão e interessantes interpretações. É um livro que deve ser lido e relido, cada vez mais com o intuito de tentar melhor compreender o turbilhão de mensagens transmitidas pelo filósofo.

Recomendo!
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