Leticia_gg 16/11/2022
Curto, denso e indigesto
Curto e denso, Castelo de Areia é uma leitura que se devora rápido - e tal refeição vertiginosa não se dá sem certa indigestão.
Como eu já tinha assistido à adaptação antes, fui com certas expectativas para a leitura. Elas não foram atendidas, mas isso não foi negativo. Filme e GN tem propostas diferentes, no fim, e não acho justo julgar um pelo outro.
O filme foca mais no suspense, no horror e na ficção científica, suscitando discussões ligadas não só à metafísica, mas à bioética.
Enquanto isso, a GN se concentra no huis-clos e no metafísico, privilegiando a discussão sobre a inescapabilidade da morte e a efemeridade da vida humana.
Nos dois casos, tenho minhas críticas. Falando especialmente sobre a GN, que é o que está em questão aqui, gostei da decisão de não dar explicações ao final, mas acredito que algumas ocorrências ficaram sem qualquer função na trama, não acrescentando nada. Parecem ser elementos que conduziam ao final original e a impressão que fica é que, quando os autores decidiram mudar o desfecho, não tomaram o cuidado de apagar seus traços anteriores.
De resto, é uma leitura que vale a pena porque, embora curta, levanta questões pertinentes a todos os seres humanos. Questões sobre as quais vale a pena refletir de vez em quando pra evitar que o meio homem chegue de repente, ao fim de sete anos, e a gente não tenha nada a fazer a não ser se arrepender e fechar os olhos.