A Montanha Mágica

A Montanha Mágica Thomas Mann




Resenhas - A Montanha Mágica


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Luiz Pereira Júnior 30/06/2017

No avião...
Comecei a ler "A Montanha Mágica" em uma viagem. Ao me sentar na poltrona, um comissário de bordo olhou a capa do livro, perguntando-me, em seguida, com ar de espanto: "Você sabe que está lendo um clássico, não é?". Disse que sim e tive um tratamento bem melhor durante o voo... Vamos ao livro: primeiro, não farei o resumo da obra (fácil de ser encontrado em qualquer site). Vale a pena lê-lo? Sim, desde que seja sem pressa, imaginando-se no meio daqueles nobres decadentes (mas mergulhados no mais profundo charme) e recuperando-se de uma doença que pode matar a qualquer instante. Ao terminar, senti uma grande e tenebrosa vontade de conhecer a Suíça (mas depois passou, graças a Deus). Enfim, um romance enorme e lento, mas belo e profundo como um imenso rio ao entardecer...
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Marcia 26/06/2017

!Livro excelente!
O livro conta a história do jovem e recém formado engenheiro naval Hans Castorp que viaja até a cidade de Davos, na Suíça, para visitar seu primo Joaquim que esta doente, fazendo tratamento contra a tuberculose em um sanatório local. Hans Castorp foi com a intensão de ficar 3 meses ,apenas visitar seu primo e descansar um pouco antes de começar sua vida trabalhando como engenheiro. Mas o destino muda seus planos pois , próximo da data de seu regresso, ele descobre que esta doente e os 3 meses se transformam em sete anos.
Nesse período nosso personagem aprende muitas coisas e a gente com ele . Surge o amor,pois ele se apaixona e tambem faz amigos que o ajudam em crescimento moral e intelectual. Nesse aprendizado dele, a gente vai crescendo junto. Foram vários momentos que eu parava a leitura para meditar sobre o tema que estavam discutindo. Fantástico como o escritor nos coloca em cena, nos retira da cena, nos coloca na cabeça do personagem, depois retira e nos faz pensar sobre o personagem (s).
Esse livro foi escrito no período 1912 e 1924 e esta riquíssimo em detalhes que nos transporta a essa época.
Personagens que gostei muito, além do principal Hans Castorp , foram : o primo Joaquim e do italiano Ludovico Settembrini.
No decorrer da história surgem vários outros personagens , alguns saem , voltam, outros não e a gente se envolve tanto que chega a sentir falta de determinado personagem. Se alegra quando mandam notícias ou quando voltam.
Leitura , em alguns momentos, difícil, mas vale muito a pena
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Andreia759 06/06/2017

Leitura complexa, porém ótima
A Montanha Mágica com toda a certeza não é uma leitura fácil. Apesar de tê-la lido em pouco tempo, a obra é de grande complexidade e em vários momentos, de uma monotonia exagerada .
A vida, pois sim, considero os 7 anos como uma vida, de Hans Cartorp no Sanatório começa de forma excitante, o personagem passa a ver o ambiente como uma nova descoberta e vai se adaptando, porém, com o passar do tempo, nosso herói passa à rotina e monotonia do lugar.
Durante o correr da história, somos apresentados à vários temas (medicina, doença, filosofia, amor, idealismo, música, guerra, história, morte, tempo, religião e tantas outras), mas, desde o princípio nota-se que o autor dá ênfase ao tema "tempo × morte"... e nos obriga a pensar: qual nosso tempo na vida? Quando seremos esquecidos pelos demais? Pois, no livro, quando um dos "pencionistas" do Sanatório falecia, ele era simplesmente "desaparecido" e a partir de então não se tocava mais em seu nome.
Uma das passagens que mais me tocou, foi exatamente o gesto de Hans e seu primo, de visitarem os pensionistas que estavam sem esperanças de recuperação, a simples visita, ou mesmo a lembrança deixada, foi para mim uma forma de fazer-me refletir, um simples gesto de carinho ou conforto vale muito mais do que qualquer valor monetário.
Não é fácil resumir brevemente um livro tão longo e tão complexo, porém indico à leitura a todos, fará muita diferença no seu modo de lidar com alguns assuntos. Para os que irão ler,  aconselho paciência, em alguns momentos pensei em desistir, mas persisti e fico contente por isso, é uma leitura que realmente vale a pena .
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Luciane.Gunji 04/06/2017

Oitenta e nove dias. É isso mesmo. Precisei de exatamente 89 dias para finalizar a leitura da aclamada obra-prima da literatura universal, A Montanha Mágica, do escritor alemão Thomas Mann. Recebi a mais nova edição da Companhia das Letras em parceria com a editora e jamais pensei que precisaria de quase três meses para terminar um livro de 848 páginas. Densidade é a palavra que define esse romance.

No início, A Montanha Mágica parecia ser uma narrativa rápida. Logo nos primeiros capítulos, conhecemos o personagem principal de Mann: o jovem engenheiro Hans Castorp, que decide morar com o seu primo, Joaquim Ziemssen, em um sanatório para tuberculosos no alto de uma montanha dos Alpes Suíços. O que deveria ser uma simples visita, se transforma em uma estadia de sete anos. Dias, semanas e meses se passam quase com a mesma velocidade de leitura e, de repente, você até se perde e não sabe mais quanto tempo se passou.

É importante lembrar que assim como a quantidade de páginas, Mann não economiza na quantidade de personagens em A Montanha Mágica. Acima de tudo, a narrativa é uma história constante de vida e morte, além de acontecimentos que acontecem com Hans Castorp durante a sua estadia inesperada no Sanatório Internacional de Berghof que, infelizmente, existe apenas na literatura.

Gostaria de ter feito mais anotações durante a leitura, mas são poucas as coisas que consigo resumir dessa experiência única. Precisamos confessar que A Montanha Mágica é, sim, uma leitura para poucos, o que não significa que sou melhor do que os outros por tê-lo em minha lista. Mann é cansativo e a história de Hans Castorp nada mais é que um relato de poucos diálogos, com parágrafos densos e personagens com níveis de importância e desimportância no mesmo patamar.

Entretanto, é preciso admitir que a forma de Mann para relacionar a doença com outros temas, como a arte, o amor, o tempo e a morte, é realmente fascinante. Em contrapartida, confesso que A Montanha Mágica é uma obra que não me fez absorver muitos sentimentos, exceto o de cansaço e monotonia. Não consigo nem resumir a importância de cada um dos personagens que, por mais breves que sejam, marcaram a obra de alguma forma.

A verdade é que a rotina é a verdadeira companheira de Castorp e o autor peca pelo excesso. Acredito que nem mesmo a minha segunda experiência com Mann foi capaz de me fazer mudar de ideia sobre o vencedor do Nobel de Literatura em 1929. A complexidade realmente é uma marca do escritor, assim como em Morte Em Veneza. Teste sua paciência.

site: https://pitacosculturais.com.br/2017/05/25/a-montanha-magica-mann-thomas/
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Erika 10/05/2017

É quase impossível descrever a grandiosidade dessa obra prima. Como expressar em palavras o que esse livro significa? Não é uma tarefa nada fácil. Até agora não consegui definir, na minha cabeça, o que esse livro significa para mim em termos pessoais, e isso é algo fora do comum, nunca acontecido anteriormente.

Como experiência, é algo titânico, foge ao nosso patamar. Quem lê a obra, se depara com descobrimentos acerca de tudo. Sim, diversos assuntos (filosofia, medicina, morte, tempo, matéria, música, guerra, sociologia, história, política, religião, amor...) que são tratados ao longo da história, geralmente nos diálogos interessantes, algumas vezes difíceis de acompanhar.

O livro, em si, trata de três temas importantes: O Tempo, a morte e a vida do protagonista, o jovem alemão Hans Castorp. No início do livro somos apresentados a ele pelo narrador, que nos conta sobre aspectos da sua vida e características da sua personalidade. Feito isso, o Tempo avança.

Hans Castorp decide visitar seu primo, que está em um sanatório para tratar a tuberculose, no alto de uma Montanha. Lá, o Tempo passa de uma maneira muito diferente da que estamos acostumados; ele se expande e se contrai de forma impressionante, sentida no decorrer das páginas do livro.

Inicialmente, o intuito do protagonista é passar somente 3 semanas lá em cima. Porém, nem tudo acontece da maneira que queremos, não é? E Hans Castorp se vê coagido a permanecer por mais e mais tempo, conhecendo pessoas e descobrindo coisas incríveis, assim como é todo o Tempo que passamos junto a ele!

Nesse meio Tempo ele se apaixona, faz amizades maravilhosas, se depara com a morte ao lhe tomar pessoas queridas, descobre suas próprias ideias e aprende a expressá-las. Dessa forma, nos afeiçoamos a ele em todos os sentidos, e também aos personagens profundos que conhecemos, como o italiano Settembrini; seu primo, Joachim; seu amor, Clawdia Chauchat; o religioso Naphta; dentre outros.

Descubra essa experiência! É inesquecível e marcante! Suba a Montanha!

site: https://literaturativa.wixsite.com/blogfolheando
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Arnoldo 07/05/2017

Sem dúvida nenhuma, uma obra prima.
Uma das obras clássicas da literatura alemã, escrita pelo famoso escritor Thomas Mann.

O enredo consiste basicamente na história de um jovem recém formado em engenharia naval, órfão de pai e mãe, criado pelo avô, que também vem a falecer e por último pelo seu tio avô. Antes de assumir um emprego em uma firma de construção naval ele resolve passar um tempo junto ao seu primo que se encontra internado em um sanatório nos alpes suíços voltado para reabilitação de problemas pulmonares.

A permanência no sanatório exerce um forte influência sobre o rapaz e sua estada que era prevista para ser curta acaba por tornar-se permanente, acarretando uma forte mudança na sua maneira de perceber o mundo ao seu redor, a vida e seu enlaces.

O roteiro simples da obra é pano de fundo para uma imensa análise do Tempo, o autor se debruça inúmeras vezes sobre esse tema, em como o percebermos, da maneira como corre, célere ou vagarosamente, sobre suas unidades de medida, sua existência, relatividade e contradições. Não é uma análise científica do tempo e sim subjetiva, de nosso tempo interior, de como o afetamos e somos afetados, de como ele nos consome, de seu aspecto belo e singelo e também tirânico e inexorável. A dubiedade do autor com relação a esse objeto torna ainda mais bela a sua apreciação e talvez o permita ser extremamente acurado em suas assertivas.

A psique humana também é alvo de inúmeras análises, contendo uma vasta gama de personagens complexos e profundos em sua construção interior. Expondo sob crítica uma grande quantidade de costumes, sensos comuns, ideologias, comportamentos e vários outros elementos que compõem o espírito humano. Dentre os que mais se destacam estão a covardia moral perante a vida (pessoas insossas que fazem de tudo para fugir e evitar a realidade, que não querem se arrojar em nenhum projeto, que querem apenas se esconder e deixar o tempo escoar lentamente), a vulgaridade, superficialidade, bem como há presente no livro uma dialética fortíssima, representada na contenda entre duas personagens, entre a primazia da razão ou do espírito, uma contenda sem fim, interminável e sem solução a demonstrar o caráter oscilatório da própria condição humana em torno desse assunto.

A linguagem do autor é elegante e precisa e a narrativa se alterna conforme a intenção do autor e descrever a passagem do tempo, quando há necessidade de incutir no leitor uma sensação daquele tempo que se arrasta e teima em permanecer, a narrativa também tende a ser mais lenta e o contrário também ocorrendo, quando retrata-se àquela sensação de tempo galopante que vez ou outra nos assoma.

Enfim, é realmente uma grande obra, complexa, densa, profunda e acima de tudo, humana.
Gleydson 24/07/2017minha estante
Realmente




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Our Brave New Blog 05/04/2017

RESENHA A MONTANHA MÁGICA - OUR BRAVE NEW BLOG

Finalmente chegou a hora de sair essa resenha. Deus, acho que foi um dos livros que mais levei tempo para ler na vida, se não o mais (compete forte com Ulysses). Ler A Montanha Mágica, como muita gente já disse, é como escalar uma montanha. É normal que um livro que exija muito do leitor e cause cansaço seja considerado um clássico, mas a pergunta que rondou a minha leitura durante esses quatro meses foi basicamente: o livro não deveria entregar algo muito superior ao esforço que faço ao lê-lo?

Thomas Mann considerava Montanha seu melhor livro, mesmo tendo recebido o prêmio Nobel por outro, Os Buddenbrook. O motivo disso é um mistério para mim, que não gostei desse livro, mesmo com todo mundo na internet pirando horrores na história do “herói” Hans Castorp e seu asilo chique. Vamos chegar às impressões, mas primeiro deixa eu contar a sinopse.

Hans Castorp tem um tempinho de férias até começar o estágio como engenheiro naval e decide ir visitar seu primo Joaquim numa montanha dos alpes suíços, onde ele está há seis meses se recuperando de uma tuberculose em um lugar com médicos propícios para tal. Castorp passa um tempo com o primo até o momento que descobre também ter tuberculose. Assim, passa esses anos do pré primeira guerra mundial nesse asilo onde todos os tipos de pessoas da Europa estão, todos vivendo nessa estranha bolha do tempo que trata os assuntos do asilo como isolados do mundo “da Planície”.

Agora vamos às percepções: o meu problema principal com o livro é que ele é longo demais, e quando eu digo demais é porque não precisava de metade das páginas que o romance tem. Capítulos inteiros são inúteis na história. As primeiras 150 páginas são sobre o primeiro dia de Castorp no asilo, e é torturante passar por isso, porque é só sobre a rotina que ele vai ter lá dentro. Nada além de saber quantas vezes ele come e deita por dia. Só vai passar a ter algo de relevante na história lá para a página 300, quando Castorp se incomoda como a forma que a morte é tratada lá em cima. Aliás, se você viu o vídeo da Tati Feltrin sobre A Montanha Mágica, saiba que ela conta fatos muito espaçados do livro, basicamente fala só do que tem certa relevância (e nem todos os fatos do que ela conta no vídeo tem), e a coisa está tão espaçada na trama, que ela, para ter assunto, conta situações que acontecem lá para a página 800, e que, se tiradas, não fariam a menor diferença (sim, a história da médium).

É claro que a quantidade absurda de partes inúteis não teria problema se a escrita fosse ótima, afinal meio que todo calhamaço se força a encher linguiça para ficar grandinho (a única exceção que eu conheço é Irmãos, do Yu Hua, e é por isso que vocês deviam ler esse puta livro). O problema é que Mann é um péssimo escritor no quesito artístico. Sua linguagem é essencialmente acadêmica, o que faz ainda mais sentido quando você pensa que ele é um dos principais autores do gênero romance-ensaio, que é o caso aliás. Mas na área artística, esse tipo de escrita resulta numa linguagem que eu chamo de escrita tofu, sem gosto, sem cheiro, sem graça. Além disso, a encheção de linguiça caía nessa seção também, com descrições enormes de qualquer coisa que entrasse em cena, adjetivação de quase tudo, e, principalmente, o pior narrador que eu já tive o desprazer de ler na minha vida. Primeiro porque não era ele, e sim eles, narrava-se como se fosse praticamente um coro grego. Segundo que eles tinham que dar pitaco em tudo que acontecia na história, uma versão mil vezes piorada das transgressões de um narrador do Saramago resultando na página final, que me deu uma puta vergonha alheia quando eu li. Para completar eu ainda por cima odiei o Castorp, um mimado rico que se sentia superior a quase todo mundo no asilo e era chato para caralho quando abria a boca, mas isso eu não considero como problema, é só característica de um personagem que está lá para ser gostado ou não.

Porém nem tudo é tão ruim assim. O romance ainda tem coisas boas, que durante a leitura me faziam acreditar que o saldo ia virar e eu ia poder falar bem do livro no final, mas as coisas que me incomodaram falaram mais alto.

RESENHA COMPLETA NO BLOG: http://ourbravenewblog.weebly.com/home/resenha-a-montanha-magica-thomas-mann

site: http://ourbravenewblog.weebly.com/home/resenha-a-montanha-magica-thomas-mann
Deborah 05/04/2017minha estante
Eu tinha visto o video da Tati sobre esse livro e me interessei, mas agora que li sua resenha, me desanimei completamente rsrsrs... Ótima resenha!


Oz 17/08/2017minha estante
Minha impressão foi exatamente a mesma. Uma obra rebuscada, extremamente enfadonha e longa, com vestígios de grande potencial que foram mal aproveitados. Não entendo a babação de ovo generalizada nesse livro.


Erika Neves.1 26/12/2018minha estante
Eu tb me me interessei em ler esse livro por causa da resenha da Tatiana, ela fala com tanta empolgação que me forcei a tentar ler essa chatice 3x. Tb achei o Hans simplesmente intragável: um riquinho elitista, metido a besta, se achava melhor que todos no asilo,como alguém conseguiu se apegar a essa criatura insuportável sempre será um mistério pra mim.
Com todo respeito a quem gostou, mas a (minha) vida é curta demais pra perder tempo com A Montanha Mágica.




Ariana.Cunha 14/03/2017

Síntese de uma síntese
Gentee!! Que livro é esse?!! É a primeira obra que leio de Thomas Mann, e descobri que quero ler TUDO que ele escreveu. Admito ter sido para mim uma das leituras mais difíceis até hj... A cada "dez páginas" lidas era necessária uma boa pausa para reflexão. O livro tem como foco dois temas muito relevantes e complexos que são o TEMPO e a MORTE. A história se passa num sanatório que fica no topo de uma montanha. Ali temos pacientes tuberculosos da mais alta sociedade, indo da elite europeia a elite de todos os outros povos. Nosso personagem principal é o encantador Hans Castorp. Castorp é um jovem engenheiro com um futuro promissor. A influência de sua família proporciona a ele a oportunidade de um excelente trabalho, mas antes de começar a trabalhar, Hans Castorp decide ir passar três semanas no sanatório com único intuito de visitar seu primo, Joachim, que já se encontra ali há meses. Hans age e reafirma o tempo todo que está ali apenas a passeio, até que dias antes de partir, encontra-se febril. A partir de então teremos sua mudança de posição, deixando de ser visitante e assumindo o papel de paciente. Assim se inicia toda uma trajetória de dor, paixão, conhecimento, questionamentos... Teremos personagens marcantes e fundamentais como o italiano e humanista, Settembrini e o judeu, Naphta. Esses dois vão travar discussões inenarráveis... Discussões que nos levam ao ápice da dúvida sobre o sentido da vida, da política, dos sentimentos etc. Ambos serão importantes e fundamentais na vida de Hans...
O desfecho ainda não me foi digerido... Realmente não sei o que dizer... Só digo que me surpreendeu de forma assustadora... Não vou falar muito aqui... É preciso que cada um tenha sua leitura. É um livro que deve e merece ser lido, inclusive é uma obra que merece releitura. Se o que eu disse não for o suficiente para despertar a curiosidade de vcs, tenho outra carta na manga. O autor Thomas Mann é filho de uma brasileira com um alemão. Em uma entrevista dada a Sérgio Buarque de Holanda, Mann diz que estudou diversos tipos de literatura, inclusive a literatura inglesa, mas afirma que a influência decisiva sobre sua obra resulta do sangue brasileiro herdado de sua mãe...
PH 14/03/2017minha estante
Tenho muita vontade de começar. Essas edições da Companhia para os livros dele são belíssimas também.


Ariana.Cunha 14/03/2017minha estante
Lindíssima!!! Comece logo... Não vai se arrepender... rs


Fabíola 14/03/2017minha estante
Adorei.


Ariana.Cunha 14/03/2017minha estante
:)


Cesar270 12/08/2017minha estante
Pesquise os artigos sobre o Thommy (íntimo já) feitas pelo sociólogo Richard Miskolci ! =)


Gustavo 05/01/2018minha estante
Ótima resenha. Estou lendo, magnífico, adentrando na pg 190 e totalmente estupefato com essa obra. Quer ler tudo dele tbm!!




José Carlos 02/03/2017

Comentário à Montanha Mágica
“A Montanha Mágica” de Thomas Mann, um senhor calhamaço, narra a estória do singelo Hans Cartop ou, como diz o narrador, a estória onde Hans Castorp está inserido. Jovem, de modos acanhados e civilizados, o herói deste romance sai de Hamburgo, sua cidade natal, em visita supostamente temporária ao seu primo, Joachim Ziemssem, que está internado no Sanatório Berghof para tuberculosos, situado em Davos, nos Alpes Suíços. A ascensão e a chegada ao sanatório são o ponto de partida da narrativa.
Lá somos apresentados a inúmeros personagens que, pela lista que fiz, são mais de quarenta. Mas não se assustem com a quantidade de personagens, muitos deles perpassam pela narrativa discreta e passageiramente, deixando pequenas marcas. Dentre estes personagens, alguns se destacam, como é o caso do primo Joachim Ziemssem, Lodovico Settembrini, Naphta, Pribislav Hippe, Clawdia Chauchat, Mynheer Peeperkorn, Ellen Brand, Dr. Behrens, Dr. Krokowski.
Mas antes de falarmos deles, voltemos ao Hans. Desde muito novo acostumou-se com a doença e a morte, já na infância tornou-se órfão de pai e mãe. Depois dessas mortes, viveu com o avó, até que este, apresentando problemas de saúde, morresse com também. Logo passou a morar com o Tio, o Cônsul Tienappel, que tornou seu padrasto e que cuidava de suas finanças. A propósito, foi o médico da família quem sugeriu a viagem a Hans, por este ser de compleição frágil e de aparência anêmica. Como percebe-se, Hans teve contato direto com a morte desde muito cedo, o que explica sua atração por tal temática, interesse que lhe acompanha por determinado período dentro do Sanatório Berghof.
De modos civilizados, Hans é acanhado e, conforme sua criação, evita demonstrar seus sentimentos. Um exemplo é quando chega à Estação próxima ao Sanatório e encontra o primo. Ambos tratam-se friamente e sem exagero em seus modos. Vejamos: “A seguir percorreu o estreito corredor do vagão e saltou para a plataforma, a fim de trocar com o primo saudações pessoais, que entretanto se deram sem exuberância, como convém a pessoas de modos frios e reservados.” (pág. 16). Uma personagem que contrapõe essa civilidade e abala Hans é Clawdia Chauchat, que sempre ao entrar na sala de refeições bate a porta, causando um barulho irritante ao herói do romance. Porém, esta frieza cederá espaço para o interesse, para a curiosidade e, paulatinamente, para o amor. Hans apaixona-se por Clawdia. Melhor: apaixona-se por aquilo que ela lembra. Explicarei.
No início do livro, o narrador nos apresenta Prisbislav Hippe. Em um passeio realizado sozinho, ao sentar-se num banco, próximo a uma cachoeira, Hans percebe que seu nariz está sangrando. Envolvido pelo atmosfera da constante da queda d’agua e da sua sangria, ele começa a devanear, a sonhar. Sonha com a infância, com Prisbislav Hippe. Somos colocados diante do amor platônico, do amor pueril. Hans nutre por esse menino um interesse além do comum, observa-o nos intervalos de aula, porém nunca conversa com ele. Até que um dia, numa atitude de estranha ousadia, pede emprestado um lápis do garoto. Hans, em nome do seu amor, ao apontar o lápis, guarda as lasquinhas para si. Um capítulo de lindíssima tensão homoerótica que talvez converse com a própria tendência bissexual do autor.
Hans vê em Clawdia a imagem de Pribislav, projeta o amor por ele, nela. É pelo amor não consumado do passado que Hans se enamora, numa tentativa de resolvê-lo agora, na vida adulta. Amor que nos presenteará com uma conversa de várias páginas em frânces, a língua dos sonhos, como sugere Hans. Mas deixemos os amantes de lado...
Outros personagens que por si só valem o livro são apresentados. [...]

continua no blog:
http://antologiadosdias.blogspot.com.br/2017/03/comentario-ao-livro-montanha-magica.html

site: http://antologiadosdias.blogspot.com.br/2017/03/comentario-ao-livro-montanha-magica.html
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Natalie Lagedo 29/01/2017

A Montanha Mágica é uma estória que se passa em um sanatório, no início do século XX. Procura contar o período da vida de Hans Castorp passado nesse lugar. Sua aclimatação à vida horizontal após descobrir a doença e a constatação de ser ele "um filho enfermiço da vida."

A rotina do sanatório é invariável e traz consigo uma resignação à maioria dos moradores que os torna alheios a tudo o que não diga respeito àquela realidade. Para o protagonista, o que aconteceu antes da sua chegada era como uma nuvem, pois o melhor meio de viver é como prescrito pelos médicos locais.

Não há muita ação nas quase mil páginas. A monotonia, no entanto, passa longe. São discutidos os mais variados temas, seja sob o ponto de vista humanístico do italiano Settembrini, do posicionamento cristão do jesuíta Naphta ou na imparcialidade tranquila de Castorp. A clareza de ideias e a construção de parágrafos longos mas sem artificialismos na linguagem são extraordinárias.

História, Filosofia, Arte. Literatura. O tempo. Ah, o tempo! Corpo e espírito. Vida, morte e estética. Guerra e ruptura. Tudo no alto da montanha, na criatividade de Mann.
Emmerson 29/01/2017minha estante
Querendo muito ler este livro. Mann me surpreendeu bastante com as novelas A Morte em Veneza e Tonio Kroger.
Muito boa resenha, como de costume, Natalie :)


Natalie Lagedo 29/01/2017minha estante
Obrigada, Emmerson!
Assisti ao vídeo do Literatura Fundamental em que o professor Jorge de Almeida tece alguns comentários sobre A Montanha Mágica. Ele disse que foi escrita como uma ironia antagônica à Morte em Veneza. Fiquei ainda mais curiosa. :)


Wagner 29/01/2017minha estante
Parabéns.


Natalie Lagedo 29/01/2017minha estante
Obrigada!


Débora 08/02/2017minha estante
Quero ler, são tantos bons rsrs


Lidos e Curtidos 10/02/2017minha estante
Batalie otima resenha! To na pag 299 e amando o livro. Já comprei os outros 3 livros lançados pela Cia das Letras do Thomas Mann. Virei fã! Já leu os outros dele? Qual gostou mais?


Lidos e Curtidos 10/02/2017minha estante
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Natalie Lagedo 10/02/2017minha estante
Até agora só li este mesmo, mas os outros já estão na lista. :)




Alessandro460 23/01/2017

Um clássico que comprova a genialidade de Thomas Mann
"A Montanha Mágica" é considerado por muitos estudiosos de literatura a principal obra de Thomas Mann. Após ler o romance é possível constatar por que este tem o status de clássico da literatura mundial. "A Montanha Mágica" é o tipo de livro que deixa mais dúvidas no ar após seu término do que respostas. Não espere um romance convencional, uma vez que Mann é um autor que mais sugere do que mostra. A obra começa com a chegada do protagonista, o jovem e melancólico Hans Castorp em sanatório para tratamento de tuberculose, localizado em uma região montanhosa da Suíça. Lá, ele toma contato com várias pessoas de diferentes nacionalidades, costumes e com visões antagônicas sobre a realidade. Mann é notável na composição de personagens. Em "A Montanha Mágica", ele cria uma galeria deles, com destaque para o italiano Lodovico Setembrini, que se define como humanista e defende o progresso e a ciência.É também nesse local que aos poucos adquire um aspecto "mágico" aos olhos do protagonista, em que predomina a presença da morte e que em alguns momentos, se assemelha a uma colônia de férias, e até mesmo um hospício, que Castorp irá conhecer e se apaixonar pela misteriosa russa Clawdia Chauchat, que desperta intensas paixões em outros homens.
Nessa obra de Mann também chama a atenção a maneira como o autor descreve o percurso do tempo. A partir do momento em que Catorp chega ao asilo, a dimensão temporal se torna flexível; ora ela se estende ou diminui. Assim, temos um único dia na vida do protagonista, no qual ocorre uma série de acontecimentos e que são narrados em duzentas páginas do romance. Essa passagem temporal também é marcada por mudanças abrutas nas estações climáticas, o que reforçam a sensação de estranhamento do leitor.
"A Montanha Mágica" pode ser compreendido como uma espécie de romance de formação. Durante o período de sua estadia no asilo, Castorp recebe uma educação filosófica, intelectual e artística que faz ter uma nova visão de mundo e o prepara para as mudanças radicais dentro do cenário europeu, marcado pelo início da Primeira Guerra Mundial. Dessa forma, Mann faz em seu romance uma verdadeiro compêndio da cultura européia, visando preservá-la e evitando assim seu desaparecimento. De forma semelhante ao protagonista, o leitor tem acesso a conhecimentos em diferentes àreas, destacando-se a Filosofia e a Literatura.
Seja pela forma de narração peculiar do autor, ou pela maneira como o autor recria com riquezas de detalhes uma época em seu apogeu, "A Montanha Mágica" é um grande clássico da literatura, que mesmo após o termino não se esgota e nos faz pensar sobre questões que continuam bastante atuais, tais como o nacionalismo e a identidade cultural europeia. Sem dúvida, trata-se de uma obra que precisa ser lida mais de uma vez e que demonstra a genialidade de Thomas Mann, um dos autores mais importantes da literatura mundial.
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Luísa Coquemala 19/12/2016

www.velhocriticismo.com
Já faz tempo que eu ensaio escrever algo sobre A montanha mágica. Minha história e minha relação com o livro me incitam e, ao mesmo tempo, me impedem de escrever sobre ele. O desejo de falar sobre A montanha mágica vem desde a primeira vez em que li a obra, de cabo a rabo e quase sem pausa, em questão de dias. Isso se deu em janeiro de 2014. Desde então, sempre que encontro um tempo nas férias volto ao livro. E é justamente esse o motivo pelo qual também me sinto incapaz. Terminada a quarta leitura do livro e depois de estudar três anos sobre ele e seu autor para escrever minha monografia, vejo o quanto ele é magistral, universal e sublime. Até hoje, li e me contentei com toda a alegria e prazer que sinto, mas só.

Contudo, me formei neste ano e, então, fecho um ciclo em relação ao meu aprendizado pessoal e ao livro. Com a nova edição do livro publicada pela Companhia das Letras e com a atual situação do mundo, a coragem de falar vence o receio de tentar colocar em palavras meu amor pelo que considero o melhor livro de Thomas Mann.

A montanha mágica não é um livro qualquer. Percebi isso quando terminei de lê-lo, em um fim de tarde quente de janeiro, sentada na poltrona da casa da minha avó, completamente absorvida e estarrecida com o final de um livro que eu já havia julgado não poder ficar melhor – sempre me enganando, sempre me surpreendendo de novo e de novo. Terminada a última frase, encarei o livro por alguns segundos e, então, em um gesto espontâneo (e, reconheço, esquisito), o abracei. Fiquei abraçando o livro, com os olhos marejados de lágrimas, pensando na mensagem final que ele passava, na vista proporcionada depois da escalada, no poder, vigor e sabedoria da escrita de Thomas Mann. Foi por isso que decidi escrever minha monografia sobre A montanha mágica: eu queria entender mais daquele mundo, dos longos diálogos, das personagens e da experiência de Hans Castorp. Eu sabia que, ao me debruçar sobre o livro, eu não aprenderia apenas história, filosofia e literatura: eu aprenderia um pouco mais sobre a natureza humana.

O LIVRO

Em poucas palavras, eis o enredo do livro: Hans Castorp é um jovem burguês, cresceu órfão e tem uma vida abastada. Acostumado com ótimas refeições, charutos caros e boas maneiras, Hans cursa engenharia e, recém formado, sobe para o sanatório Berghof visitar o primo, Joachim, cujo estado de saúde não é bom. Em um primeiro momento, Hans Castorp estranha a atmosfera do sanatório, demora a se adaptar ao estilo de vida do local e deseja partir antes das três semanas que planejava passar no local.

Contudo, com o passar dos dias, Hans começa a gostar da vida do Berghof, onde pode ler, descansar e, basicamente, se afastar de uma vida que talvez não seja a ideal: a vida da planície, frenética e corrida. Afinal, Hans não gosta do curso que fez, não se sente entusiasmado com as futuras possibilidades de trabalho. Aparentemente sem intenção alguma, faz a conta: com sua herança e os juros proporcionados por esta, é possível pagar a mensalidade do sanatório, onde se vive muito bem. Há, porém, uma condição: estar doente. Não demora muito, o jovem burguês começa a se sentir mal, com febre. Aceita fazer um exame com Dr. Behrens e o resultado é chocante (porém, em certa medida, acredito que desejado): Hans está doente e vai ter que passar algum tempo no Berghof.

É justamente a experiência de Hans no sanatório que traz a possibilidade do jovem viver momentos difíceis de se encontrar na planície: leituras, estudos sobres os mais variados temas, questionamentos sobre a vida e a morte, discussões filosóficas longas e o conhecimento das mais variadas pessoas e ideias. É importante ressaltar: as pessoas com as quais Hans trava conhecimento não são pessoas quaisquer, são personagens típicas, representantes sobretudo de ideias – as ideias em circulação e debate no mundo burguês do começo do século XX, antes do explodir da Grande Guerra. Assim, Thomas Mann consegue construir um panorama dos vários tipos e pensamentos em conflito no mundo da época. Para isso, utiliza-se da elevação proporcionada pela montanha e por uma mensagem clara: o mundo está doente. Já dizia Krokowski, um dos médicos do sanatório: “Nunca conheci uma pessoa perfeitamente saudável”. Em um mundo de paz aparente, onde ferve uma irritação latente no subterrâneo, o advento da guerra é indicativo do explodir dos conflitos de ideias então em vigor – da mistura de tédio e irritação sinalizada pelo narrador.

Para além disso, há também a questão do tempo, fundamental para se pensar o livro – principalmente em termos de relatividade. Segundo o narrador, quando chegamos em um novo local com uma nova rotina, acontece uma dilatação temporal, o tempo passa “mais devagar”. Quando começamos a nos acostumar com o novo local, o tempo também passa a fluir normalmente. Hans sente essa relatividade na pele e o leitor o acompanha tal sensação: afinal, o primeiro dia de Hans na montanha demora em torno de 110 páginas para terminar, enquanto os outros 7 anos na montanha se passam nas 700 páginas restantes.

Mas a questão da relatividade se mostra igualmente importante para uma outra questão: o deslocamento histórico. O narrador, logo no Propósito do livro, já anuncia: a história fala de um mundo não mais existente, o mundo de antes da Primeira Guerra Mundial. Contudo, para o autor, essa é uma história “mais velha que seus anos” e “recoberta pela pátina do tempo”. Ora, A montanha mágica foi publicado apenas dez anos após o fim da guerra. Seriam 10 anos tanto tempo? Relativamente, sim. A Grande Guerra caracteriza um sulco enorme no mundo e os que sobreviveram à guerra ficam, então, com essa sensação: o mundo que ficou para traz é outro, completamente diferente, não mais passível de existir depois da guerra, depois do conhecimento de nossa capacidade de destruição. Trazer a experiência da relatividade do tempo para a experiência pessoal de Hans é, ao mesmo tempo, dar margem para uma visão histórica do romance. História não mais significa um passado necessariamente distante e afastado no tempo. História também pode ser algo próximo e marcante.

A GRANDE MENSAGEM

Os aspectos dos quais falei acima, acredito, serão cansativamente explorados com o lançamento do livro pela Companhia das Letras. Afinal de contas, são aspectos fascinantes quando se lê a obra e tópicos para discussões sem fim. Portanto, com receio de que alguém se esqueça ou deixe passar, falo do que mais gosto no livro: sua mensagem final, com a qual nos deparamos com surpresa e comoção.

Como anunciado no Propósito do livro, a Grande Guerra explode no final e, com seu advento, acaba com a montanha. Não é mais possível viver em um sanatório internacional, despreocupado com a planície, quando uma guerra começa. Todos precisam descer e lutar uns contra os outros.

A mensagem final tem uma relação com toda a história e, claro, com o eclodir da guerra. Thomas Mann, em 1914, foi um incentivador e apoiador da Primeira Guerra Mundial. Ao final desta, contudo, o autor mostra ter mudado completamente suas ideias – e, de um texto assombroso como Pensamentos na guerra, passamos a uma defesa democrática em Da república.

Com sua posição equivocada, Thomas Mann aprendeu algo e, penso, talvez seja sua intenção, com o final do romance, comunicar ao leitor um pouco do seu próprio aprendizado. Em um subcapítulo intitulado Neve, Hans, após alguns devaneios, chega à conclusão posteriormente esquecida: “Em consideração à bondade e ao amor, o homem não deve conceder à morte nenhum poder sobre os seus pensamentos”. E, ouvindo Der Lindenbaum, pensa em morte e amor.

A morte pode ser reverenciada e respeitada, mas ela nunca deve ultrapassar nosso amor pela vida. Finalmente, em meio ao campo de batalha, a música volta à cabeça de Hans. Não sabemos se sairá vivo. E então, o narrador finaliza: “Momentos houve em que, cheio de pressentimentos e absorto na tua obra de “rei”, viste brotar da festa universal da morte e da luxúria carnal um sonho de amor. Será que também da festa universal da morte, da perniciosa febre que ao nosso redor inflama o céu desta noite chuvosa, surgirá um dia o amor?”

Será que um dia, passada a guerra e sua destruição, refletiremos e, criado o sonho de amor, viveremos em paz? Thomas Mann escreve seu livro entre as duas guerras mundiais e, nós, leitores do século XXI, sabemos que, naquele momento, o sonho final do narrador de A montanha mágica ainda não se concretizaria. E, acredito eu, ainda não se concretizou.

Quando vejo notícias sobre a situação na Síria, a vitória de Donald Trump como presidente, o ódio de nosso país entre dois campos polarizados e muitas vezes cegos, penso, com tristeza, que o sonho final de Mann ainda não se realizou. Ainda não se realizou porque deveríamos partir de ideias e de leituras para discutirmos racionalmente – e não de achismos e de verdades aparentes e agressivas; ainda não se realizou porque um povo é morto e massacrado, em última instância, por causa de poder; ainda não se realizou porque há ódio a quem é diferente, há fundamentalismo religioso.

Mesmo assim – e, talvez, justamente por isso – é importante ler A montanha mágica. A estadia e descobertas de Hans são também as nossas descobertas, sua conclusão de que vale mais o amor à morte também é a nossa conclusão e a sensação de que da guerra e do ódio deveriam surgir tempos melhores, também deve ser a nossa. Diante das catástrofes contemporâneas, o livro de Mann traz a esperança e a força para lutar por um mundo melhor, mais justo e pacífico. Thomas Mann se foi, mas sua obra e sua mensagem permanecem, vivas, em nós. Vale a pena perseverar.
Elizangela 28/12/2016minha estante
Estou lendo A montanha mágica. Obrigada por sua resenha. Perfeita.


Debora.Goncalves 03/01/2017minha estante
Estou lendo esse livro. Era louca por ele e enfim foi relançado. Meu maior sonho tê-lo. Sua resenha está excelente. Parabéns




Elizandra 02/12/2016

A mágica do tempo
Este livro foi publicado no ano de 1924. É um romance sem ação, demonstrando a rotina do sanatório, onde só se come repousa e faz leves caminhadas e todos os intervalos são entremeados por conversas; sendo estas muitas vezes divertidas, outras vezes interessante e claro que as vezes enfadonha. Este livro trata-se do tempo. Tempo este que foi descrito de forma formidável no capitulo Passeio pela praia: " Pode- se narrar o tempo, o próprio tempo, o tempo como tal e em si? Seria como se alguém tivesse a idéia maluca de manter durante uma hora um mesmo tom ou acorde e afirmasse ser isso música. Pois a narrativa se parece com a música no sentido de que ambas dão um conteúdo ao tempo; “enchem- no de uma forma decente”, “assinalam- no” e fazem com que ele “tenha algum valor próprio” e que “nele aconteça alguma coisa”. Nem sabemos se o leitor é capaz de dizer claramente quanto tempo se passou. O tempo é o elemento da narrativa, assim como é o elemento da vida; está inseparavelmente ligado a ela, como aos corpos no espaço".
O sanatório era um microcosmo onde as questões sociedade da época vão aparecer. Demonstra a contraposição do mundo lá de cima e o mundo da planície. No mundo lá de cima o tempo está suspenso; sem competições da industria, do comercio e do trabalho. A Europa prestes a entrar na primeira guerra mundial.
Existe também um rico diálogo entre Settembrini (filósofo, humanista, literato, iluminista e maçon) com Naphta que era um reacionário que defende a aristocracia.
Thomas Mann descreve de forma incrível o corpo humano e sua fisiologia. Tão bem quanto fez em Doutor Fausto quando descreve um caracol. Isso demonstra a riqueza de conhecimento na área das ciências da natureza.
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Amisterdan 24/09/2016

Mágico.
A montanha mágica - Thomas Mann

Existem alguns livros que quando o leitor termina a leitura tem a impressão que a experiência foi edificante. Isso foi o que aconteceu quando terminei de ler esse que é um dos livros mais importantes da literatura Alemã e mundial, a obra predileta de Thomas Maan.
Tenho que admitir que não foi uma leitura fácil, pois solicita muito do leitor, e no meu caso a internet foi uma parceira valiosíssima par a compreensão da obra, e mesmo com todos os dias em que passei mais tempo lendo material de apoio ou pesquisando sobre alguma referência do livro, não tenho a ilusão de ter entendido toda a genialidade da obra. Gastei mais de dois meses lendo A montanha Mágica, que apesar de ser um calhamaço, não foi pelos números de páginas que demorei para findar a leitura, mas sim, pela densidade dos assuntos elaborados pelo autor em seus fantásticos personagens. Mas logo no prólogo da obra nós já sabemos que será uma leitura que ira demandar tempo, porque nos deparamos com o seguinte aviso, ?Não lhe bastarão para isso os sete dias de uma semana, nem tampouco sete meses. Melhor será que ele desista de computar o tempo que decorrerá sobre a Terra, enquanto esta tarefa o mantiver enredado. Decerto não chegará - Deus me livre - a sete anos?.
Nosso herói faz uma viajem de visita para o primo que está internado em um sanatório para tuberculosos, e lá que ele se encontra com questões incríveis, questões de saúde, questões mórbidas, de valoração do tempo, questões filosóficas, teológicas, amorosas, questões do seu ser.
Obra quase perfeita, tive apenas um problema com a obra, como Mann levou muito tempo para terminar o livro, e nesse tempo ele viu sua Alemanha entrar na primeira guerra mundial, eu acabei notando uma mudança na forma de narrativa dentro da obra, nada que chegue a atrapalha, mas no fim do livro me parece que um Mann diferente do que começou o livro, nem melhor nem pior, apenas diferente. Tirando isso, é sim uma obra fantástica, e indico a leitura para quem já tem uma bagagem literária.
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