Resenhas - Todos os Nomes

umafacasolamina 30/09/2024

O Sr. José abriu pela primeira vez a porta proibida, o calafrio que o fez deter-se à entrada, como se tivesse posto o pé no limiar duma câmara onde se encontrasse sepultado um deus cujo poder, ao contrário do que é tradicional, não lhe adviesse da ressurreição, mas de tê-la recusado. só os deuses mortos são deuses sempre.

Aline.Cervellini 19/08/2024

Não ia dar 5 estrelas, mas depois me peguei tentando achar algum motivo pra isso e não achei, então acho q a leitura merece a nota máxima. É isso, nunca sei explicar o pq q gostei mais ou menos de cada livro, mas foi bem gostoso de ler esse. Podemos dizer que o livro se trata da história de um funcionário da Conservatória Geral que após ler o arquivo de uma mulher registrada na Conservatória, se interessa por sua vida e passa a investigá-la. Porém, apesar do livro ser realmente sobre isso, não é bem essa a narrativa que te conquista. A gente vai ficando curioso, até chega a imaginar se vão chegar revelações sobre essa mulher misteriosa, meio esperando por uma história no estilo de ?suspense? e ?mistério?. Mas dai vamos percebendo que o livro não precisa disso pra ser interessante, até pq o interesse fica na própria leitura, de cada página e cada frase, e não no que a gente vai descobrir no final.

beatrzzz 29/07/2024

José, um senhor de vida monótona com uma curiosidade pelas vidas de celebridades e que um dia se vê tomado pela necessidade de conhecer os detalhes da vida de uma mulher aleatória e totalmente desconhecida pra ele. Como escrivão de um cartório, o que ele pode fazer para saber e descobrir mais e mais? Em Todos os Nomes, o único nome que conhecemos é o do José e acompanhamos ele nessa busca que encontra questionamentos sobre vida e morte.

A tensão construída ao longo do livro não correspondeu ao final - senti que levei um banho de água fria. Saramago brinca com as pontuações e você, se quiser ler, vai ter que participar da narrativa. Muitas vezes, eu não queria participar, achava lento e arrastado, outras vezes, me sentia engajada e tensionada. Ainda, uma das coisas que mais gostei foi a representação do diálogo interno da personagem.

Se você já leu outra(s) obra(s) e gostou, também deverá gostar dessa.

carol1201 29/07/2024

Ele sabe criar um clima de tensão, mas achei o final meio frustrante - quando comparado ao resto da escrita. todos os personagens são ótimos, na medida. sempre quis concluir um do saramago então talvez o gostar tenha ficado um pouco condicionado a isso.

joaoggur 12/07/2024

Todos os Josés, todos os Saramagos.
Há um José, um José qualquer, um José que está aí na vida, não um José a lá Domingo no Parque, digo um José Drummondiano, sem nenhuma característica memorável ou digna de nota, - este José, escriturário da imponente e labiríntica Conservatória Geral do Registro Civil, além da estranha mania de colecionar recortes de jornais de celebridades nacionais, adquire uma estranha obsessão; após resgatar os verbetes de algumas celebridades, despretensiosamente pega um registro avulso, de uma desconhecida mulher perdida entre tantos famosos; esta mulher, da qual o nome não é revelado, é fruto da intensa obsessão de José.

E, falando de José?s, não posso ignorar o José principal; Saramago era um contador de histórias nato. Sua habilidade perpassava o simples ofício de romancista; conseguiu canalizar sua própria voz em seus narradores, que em terceira pessoa, divagam prolixamente. Muito além dos diálogos, Serem, Demarcados, Desta, Forma, Saramago tem narrações únicas, torrenciais, exacerbando informações na cara do leitor, - informações que talvez não tenham apelo narrativo, mas são fundamentais para imbuir o leitor na história narrada.

Talvez o que chamamos coloquialmente de ?história? não seja o ponto alto do livro, - com exceção da ?normal anormalidade? de seus inomináveis personagens, Kafkianos natos, não há nenhum apelo para que julguemos a tal da história como ?genial?, - e aí é que está a magia da literatura: há certos livros, e, neste caso, autores, que são impossíveis de serem adaptados as telas ou ao teatro, ou a qualquer outra mídia.

A magia deste livro, e/ou de bons livros, e/ou de bons autores, está na unicidade do meio em que as histórias são contatas; Saramago só dá para se ler. Kubrick só poderia ser cineasta, Shakespeare só poderia ser dramaturgo, Picasso só poderia ser pintor, - e Saramago só poderia ser escritor. Cada um acha a sua própria arte.

Mc Brendinha Carvalhão 28/06/2024

É o que dá não ter nada pra fazer né, José.
Às vezes ficava meio confusa, muito por causa da pontuação já característica de Saramago, mas foi bacana acompanhar até onde essa maluquice de José ia chegar

Marcelo.Alencar 27/06/2024

Este romance conta-nos a história do Sr. José, empregado da mais baixa categoria de uma fictícia conservatória do Registo Civil. A vida do Sr. José é monótona e medíocre, mas esta personagem tem um passatempo curioso: coleccionar tudo o que na imprensa é publicado sobre personalidades famosas ou conhecidas.

Vivi 07/05/2024

Conta a história de um escriturário da Conservatória Geral do Registo Civil, que tem hobby de colecionar recortes de jornal sobre pessoas famosas. Contudo, um dia ele se interessa por um recorte de uma mulher e ele começa a fazer tudo para saber sua história de vida.

Fernando.Hasil 24/03/2024

Stalker do cartório
Escrivão curioso que como hobbie gosta de conhecer detalhes das pessoas, e com o material do cartório em mãos mais sua vontade, vai além do seu trabalho e se coloca em situação complexa.

MathFeitosa 06/03/2024

A obra conta a história de Sr. José, um trabalhador da Conservatória Geral do Registro Civil. Colecionador de recortes de pessoas famosas, certo dia se depara com uma fotografia de uma desconhecida, que o faz sentir um desejo de conhecê-la a todo custo.

Tenho o exemplar português das primeiras edições, não sei realmente como chegou na minha família, mas fui bem instigando para a leitura. Talvez alguns achem uma passagem ou outra do livro um pouco lenta, mas acho que tudo se faz necessário para a construção do enredo.

Beatriz Vital 22/02/2024

Não é uma obra prima, mas é quase.
A história é muito bem construída e eu gostei dos temas tratados, mas não dei 5 estrelas porque achei deveras prolixo e repetitivo, o que causa tédio. Se isso foi intencional, brilhante! Mas me fez pensar diversas vezes nas frases "resume, por favor" e "já falou isso mais de uma vez".

Vic 18/02/2024

Que jornada!
Um livro extraordinário que ao mesmo tempo não tem nada de surreal ou mágico, é incrível a forma como Saramago escreve de maneira a tornar o mais burocrático dos trabalhos e o mais metódico dos funcionários algo que te motiva a ler sem parar. Aqui conhecemos Sr. José, um senhor funcionário da Conservatória Geral do Registro Civil que sai de sua rotina em busca de uma mulher desconhecida, sensacional! Gostei desde o chefe até a ideia do fio de Ariadne e dos questionamentos com relação ao mundo dos vivos e dos mortos.

diegoviegasss 09/02/2024

Bom!
Uma boa introdução para as obras do Saramago. Uma história muito bem escrita, os cenários são ótimos e o desenvolvimento é muito bom. Demorei um pouco para terminar, mas com certeza valeu a pena.

alicefnevs 25/01/2024

Fio de ariadne
Sou totalmente rendida a esse autor não dá.
amei a metáfora do fio de ariadne (principalmente depois de ouvir a história do centauro no labirinto) porque ele faz uma coisa super simples se relacionar a mitologia grega. não dá pra mim
apenas ele

Ricardo.Borges 21/01/2024

Ficção burocrática
Imagine um cartório, um cartório surreal, em q todas as pessoas estivessem com seus documentos de nascimento, casamento, divórcio e morte registrados lá. Essa é a Conservatória.
Agora imagine um regime de trabalho também surreal, onde os funcionários são quase como robôs, cumprindo determinações em uma cadeia hierárquica absurda, com normas inimagináveis. Esse é o cenário em que o Sr. José, um destes funcionários de baixa escala, subverte seus próprios comportamentos e a cultura organizacional para buscar um documento de uma pessoa desconhecida e assim conhecer (e talvez se apropriar um pouco) sua vida.
Narrada com muitas descrições e detalhes, as aventuras do Sr. José dentro e fora da Conservatória enchem as quase 300 páginas do livro com momentos de suspense, tédio (pq não?), vergonha, ansiedade e indignação.
Teria valido a pena?