Beatriz3345 02/09/2024
A imperfeição do homem.
O livro de Dostoiévski traz uma reflexão acerca do estado natural do homem, tratado como mau e imperfeito. O autor se propõe a explorar profundamente como a natureza humana se comporta em sociedade, ao mesmo tempo que trabalha sentimentos e emoções intrapessoais.
Repleto de uma ideologia complexa, Dostoiévski é capaz de ressignificar diferentes abordagens como o caráter e o amor, debatendo diversas perspectivas de seu entendimento.
Através de uma escrita irônica e sarcástica, a primeira parte do livro é composta por uma espécie de prefácio e diálogo sobre sua filosofia, conduzindo a segunda parte como lapsos de memórias e acontecimentos de seu passado, a fim de trazer o leitor a compreender de forma mais intrínseca o que foi apresentado previamente.
Dostoiévski traz em sua obra o lado mais humano e desumano do homem. Uma oscilação entre o paradoxo da existência e da destruição. O autor trata o que há de mais desagradável e desesperançoso sobre a humanidade.
O livro abrange a verdadeira essência do russo e explora uma leitura demasiadamente incomôda e de difícil compreensão, mas que, todavia, se mostra fiel ao retratar e refletir acerca da realidade.
Uma obra repugnante, desconfortável e extraordinária.
?Não apenas não consegui tornar-me cruel, como também não consegui me tornar nada: nem mau, nem bom, nem canalha, nem homem honrado, nem herói, nem inseto. Agora vivo no meu canto, provocando a mim mesmo com a desculpa rancorosa e inútil de que o homem inteligente não pode seriamente se tornar nada, apenas o tolo o faz.? (Dostoiévski, p. 13).