Rafael 07/02/2022
Perspectiva de um ?cavalheiro de fortuna?
Ano passado, durante as férias, lembro-me de ter escolhido, para leitura, livros que pudessem me transportar para um ambiente lúdico, distante do caos cotidiano e das restrições impostas por uma pandemia em curso.
Foi na "A Ilha do Tesouro" (1883), de Robert Louis Stevenson, que me vi na pele do jovem Jim Hawkins, vivendo aventuras que apenas tinha visto em filmes e desenhos, até então.
"Tendo o fidalgo Trelawney, o dr. Livesey e os demais cavalheiros me solicitado que escrevesse todos os detalhes sobre a Ilha do Tesouro, do começo ao fim, sem deixar nada de fora senão a localização da ilha, e isso apenas porque ainda há tesouros que não foram trazidos, pego da pena neste Ano da Graça de mil setecentos e..." (p. 24), atenção! Prepare-se! Uma incrível jornada começará!
Da estalagem da Almirante Benbow até o local onde estão os lendários tesouros, os tripulantes do Hispaniola experimentarão, entre traições e provas de lealdade, honra, alegria, sofrimento e gratidão.
Além dos personagens já mencionados, outros como o perna de pau Long John Silver, o papagaio Capitão Flint (em honra do famoso bucaneiro) e o cego Pew ajudaram a criar os estereótipos presentes em quase todas as histórias de piratas que hoje conhecemos.
É de se observar, porém, que as produções do gênero dificilmente trazem em seu bojo personagens mulheres. Quando muito, evidenciam-nas em papeis secundários ou subalternos, em total desconsideração aos seus anseios e próprias tramas. Como guinada positiva nesse cenário, vale destacar a série "Black Sails", cujo protagonismo feminino é bastante significativo!
Ah, confiram essa edição da Antofágica! Um recurso bem interessante que usaram é a alteração da diagramação do texto ou das suas cores, conforme a cena. As partes em que Jim está dentro de um barril e no navio inclinado, por exemplo, são demais!
Por fim, como "cavalheiro de fortuna" (p. 120) me despeço com uma velha canção do mar: "Quinze homens no Peito do Defunto.... Io-ho-ho e uma garrafa de rum!" (p. 25)