Resenhas - O Imperador de Todos os Males

Rafael 14/03/2021

Fantástico

Em muitas pessoas, o Câncer desperta um misto de medo e pavor. Em outras, curiosidade. Inúmeras pessoas faleceram em decorrência dessa enfermidade, famosas como o ator Chadwick Boseman (Câncer colorretal) e o baterista da banda Kiss Erick Carr (Câncer cardíaco), ou anônimas. Contudo, milhões venceram a batalha contra esse distúrbio celular e conseguem ter uma vida nova após o tratamento. Ou seja, é inegável que o Câncer desperte um misto de sentimentos em todas as pessoas.

No livro O imperador de todos os males, o médico Indiano/Americano Siddharta Mukherjee se porpõe a escrever a biografia dessa temida moléstia. Levantando dados desde o antigo Egito, passando pelo Karkarinos Grego, a Bile Negra de Galeno, Siddharta vem nos revelando como a doença era diagnosticada e possíveis tratamentos (desde alguns bem peculiares eu diria).

Contudo, o foco central do livro, e o que consome boa parte de suas mais de 600 páginas, é o século XX, onde o Câncer passou a ser amplamente estudado e novas técnicas de tratamento surgiram, sendo muitas dessas utilizadas até hoje. Outro ponto que merece destaque são as “batalhas” travadas com vistas de arrecadar fundos para pesquisas, bem como obrigar o governo e planos de saúde nos EUA a oferecerem e cobrirem novos tratamentos. Eu tive o grato prazer de ler a obra enquanto cursava a disciplina de Proliferação Celular na minha universidade e devo dizer que o autor tem uma didática excepcional para explicar os intricados processos pelos quais uma célula perde o controle de suas mitoses (divisão celular) e acaba por crescer indefinidamente, podendo espalhar-se para outros locais do corpo além da sua origem (metástase).
A obra é simplesmente deliciosa de se ler. Seu ritmo de “thriller” acaba por deixar o leitor fissurado, ansioso para saber a próxima página/capítulo. Quando terminei a obra ficou aquele gostinho de quero mais, tanto que já estou ansioso para ler outras obras do autor, sem dúvidas. Uma leitura essencial para profissionais e estudantes da área da saúde, bem como para todos que se interessam pelos mistérios do corpo humano.

Quanto a edição, impressa pela Companhia das Letras, é de boa qualidade, possui um encarte com ilustrações no meio do livro, contudo senti que merecia uma edição mais “especial” em capa dura (assim como ocorre com a edição americana).

site: https://rafafelsantos7.wixsite.com/medbooksplanes

Ana Carolina 11/03/2021

Ótima leitura!
Excelente livro não somente de divulgação cientifica, mas com uma ótima narrativa.

Luiza 27/12/2020

Leitura muito válida para quem gosta do assunto
Livro extremamente rico em informações que ampliou muito meu conhecimento sobre o tratamento dos cânceres, suas limitações, dificuldades e tentativas históricas de aprimorá-las.

Deixei de enxergar os múltiplos tipos de câncer como a "mesma coisa" e a complexidade da oncologia se tornou ainda maior em minha cabeça.

Gostei muito de conhecer nomes de pessoas que dedicaram suas vidas ao estudo da oncologia, suas batalhas e um pouco de suas biografias. O livro fica muito dinâmico porque parece que você passa a conhecer um pouco a pessoa.
A única observação aqui é que em sua maioria as histórias contadas são de pesquisadores estadunidenses (mas claro, o autor não conseguiria escrever sobre trajetória do câncer e as pesquisas de todos os países).

Outro ponto que me chamou atenção foi a dificuldade de se fazer um estudo clínico e aprendi também algumas de suas limitações.

Achei algumas partes um pouco repetitivas e essa é minha única crítica ao livro, mas a maior parte da leitura é fluída e se consegue acabar o livro de forma rápida.

Por fim, o que ficou bastante claro pra mim foi que se avançou muito em pesquisas em apenas 1 século, e que apesar dos inúmeros desafios e da necessidade de muito investimento para o entendimento da doença e de formas de tratá-la, o avanço foi grande.

sara.batalha 24/11/2020

O imperador de todos os males
Primeiramente, gostaria de enfatizar a mente brilhante que o autor têm. É incrível a forma que ele dispõe todo esse conteúdo científico nos fazendo levantar diversos tipos de pensamentos filosóficos sobre nossa vida. Foi muitíssimo interessante também a forma de como ele coloca um toque sentimental no decorrer de todo o relato da história do câncer.
Só não dei cinco estrelas, pois acho que a minha leitura teria sido muito mais proveitosa se eu tivesse um conhecimento prévio de alguns termos que o mesmo usa para falar sobre o câncer, não que ele não explique o que cada um é, mas eu levei isso como um ponto importante. Porém, acredito que alguns anos de amadurecimento mental e intelectual façam essa leitura ser muito mais proveitosa (talvez até mude para cinco estrelas).
Confesso que demorei um BOM tempo pra terminar esse livro. Me assustei um pouco com o tamanho dele e com os primeiros capítulos que li, meus pensamentos eram "pronto, é só em 2030 que eu acaba isso" porque, como dito antes, a utilização de termos na área, palavras que não sabia o significado, nomes de pessoas difíceis, mas, também como dito antes, nada que o autor não tenha dado uma explicação antes.
O livro trás atona diversas questões relaclonadas a evolução da medicina como um todo. Ao longo da minha leitura eu percebi uma coisa muito interessante, que os médicos, cientistas, biólogos, especialistas da área podem achar tudo o que fizeram no passado algo absurdo, caótico, engraçado dependendo do ponto de vista e tudo o que fizemos ou vamos fazer hoje vai também causar essas mesmas reações naqueles que viram o trabalho dos seus antepassados na área do câncer. Mas todas essas descobertas contribuíram para o que chamamos hoje de métodos de prevenção, drogas que curam e melhoram os sintomas e todas essas coisas mais que o livro trás.
Existem diversos outros pontos que eu gostaria de levantar também, mas isso está enorme ksksks.
Mas em suma é isso, Siddhartha Mukherjee ícone da oncologia.

Bruna 24/10/2020

Imperador de todos os livros
Esse livro é demais! Atual e muito bem escrito, tem um leitura fluida e que prende a atenção. Durante todo o tempo a narrativa vai e volta no tempo en
quanto o autor coloca histórias reais de pacientes no relato. É uma maneira incrível de escrever um assunto técnico. Recomendo muito!

Giulipédia 19/10/2020

Karkinos, o imperador das doenças!
Se preparem que vai ser textão!
O livro trás a história dessa doença como uma biografia, não de algo, mas alguém, uma entidade viva maligna, um conjunto de células que se auto replicam desenfreadamente, células malignas melhoradas derivadas de nossas células normais, apresento-lhe o Imperador de todos os males, o Câncer.

O autor trás relatos de pacientes que ele tratou, apresenta a história desses quase como um romance, não uma descrição clínica de divulgação científica. Ele rememora os primórdios da doença, seu mais remoto aparecimento possivelmente datado do império egípcio, na Pérsia e na Grécia. Aqui ele trás os primeiros conhecimentos médicos, a teoria dos quatro humores, e a tão famigerada bile negra, responsável, de acordo com Galeno, pela depressão e o câncer. Também trás uma curiosidade sobre o nome originário da doença, câncer, do termo karkinos, que quer dizer caranguejo, o câncer é representado como um caranguejo com suas pinças abertas na areia, um tumor expandido num corpo, e também o termo que originou a oncologia, estudo do câncer, onkos que significa massa, fardo ou carga, ou seja, a doença é uma carga, uma massa carregada pelo paciente.

Ele apresenta uma série de grandes nomes da história que foram essenciais para o conhecimento que temos hoje dessa doença tão maligna, nem todos dentro do ramo da ciência médica, personagens que contribuíram para o estudo do câncer, mesmo que suas pesquisas não tivesse nenhum objetivo dentro da área da oncologia, mas que ainda sim ajudou a molda-lá e revoluciona-lá.

Ele apresenta Versalius, o homem que revolucionou a anatomia, ao sistematizar esse conhecimento de forma tão meticulosa no séc. XIX, já que o conhecimento sistemático da anatomia é necessário para a cirurgia e possível remoção do câncer, quando este se encontra em forma de tumor móvel, e seguindo essa linha cirúrgica também apresenta o pai da mastectomia radical, Halsted, que acreditava que para erradicar a doença completamente do corpo era necessário não apenas a remoção do nódulo, mas de toda área ao redor do tumor, milhares de mulheres foram desfiguradas por esse procedimento utilizado por vários cirurgiões que seguiam a linha de pensamento de Halsted, antes dessa técnica macabra começar a ser contestada, por, o que podemos chamar de "feminismo médico" extremamente necessário para as mulheres, assim as técnicas da cirurgia radical deixaram de ser empregadas pois depois de estudos clínicos feitos por médicos progressistas viram que ela só ajudava a "desfigurar desnecessariamente" as pacientes vítimas de câncer mamário.

O livro logo no início nos apresenta também Sydney Farber, um patologista que se encarrega de estudar a leucemia, câncer dos glóbulos brancos, e tentar criar uma possível cura química para erradicar a doença de seu hospedeiro, aqui é nos mostrado os estágios iniciais de uma nova ciência, um tipo novo de tratamento que não envolve a cirurgia, a quimioterapia, o tratamento através de drogas químicas na esperança de atacar diretamente o câncer. Junto com ele se encontra Mary Lasker, uma socialite, considerada "fada madrinha" das causas médicas que usando de sua influência consegue criar uma lei do pesquisa para o câncer e construir o NCI, instituto nacional do câncer.

Também nos apresenta Wilhelm Roentgen, que faz a descoberta do raio-x. E do casal Curie pioneiros na descoberta do rádio, elemento químico que consequentemente abriu as portas para a oncologia radioativa, iniciada pelo médico Emil Grubbe, que seria mais uma arma na luta contra o câncer.

E também é discutido a prevenção contra o câncer, que foi sistematizada em duas formas, a primária e a secundária. A primária é quando a doença é evitada, atacando sua causa, no caso do câncer de pulmão, não fumar cigarros, já a forma secundária é através de exames, um exemplo é o exame papanicolau, que previne o câncer cervical, já que pela raspagem do muco cervical era possível detectar um estado pré-sintomático do câncer, onde mulheres ainda se encontravam em estado assintomático, mostrando assim como foi de grande importância a pesquisa sobre as causas do câncer para se fazer sua prevenção.

O livro apresenta também a importância do tratamento paliativo, quando já não se há mais jeito, quando o câncer volta mesmo depois de uma extensa quimioterapia, aqui o autor nos mostra que mais do que clínicos tratando pacientes, é preciso ser gentil e empático para com essas pessoas vítimas dessa doença tão terrível.

O livro trás muitos outros assuntos, pesquisas tanto dentro, como fora da área da oncologia, foram relatados mostrando a importância que tiveram para o conhecimento do câncer que a comunidade médica tem hoje. No mais, foi uma história extensa, difícil, triste, educativa e maravilhosa que tive contato aqui, não tenho conhecimento da área médica, então houve partes que eu fiquei confusa, mas grande parte do livro, a leitura foi muito fluída, agradeço ao autor, Siddhartha, por tornar a linguagem acessível para leigos como eu, que tem apenas curiosidade em saber um pouco mais da área, saí dessa leitura me sentindo bem mais humilde e olhando para pessoas que sofrem desse mal com um respeito ainda maior do que já tinha antes, são verdadeiros guerreiros, para aqueles que me acompanharam até aqui, os convido a conhecer de fato a doença Karkinos, o Imperador de Todos os Males!

Soraya 18/10/2020

Historia da evolução do tratamento do Cancer
Livro discorre de forma fluida a evolução do tratamento do câncer desde séculos atras ate os dias de hoje.
Livro para leigo e nao leigos. Cheio de historias curiosas, com relatos de brigas, tenacidade, nao reconhecimento, etc.

João 20/09/2020

?Ars longa, vita brevis?
Você leria a biografia de uma doença? Melhor, um conjunto de doenças, que mesmo guardando semelhanças, é tão heterogêneo em si quanto com as demais patologias do organismo.

Em O Imperador de todos os Males, o oncologista Sidhartha Mukherjee nos promete contar a história do seu biografado, mas ele vai muito além. O Imperador é um livro sobre a ciência. E em tempos em que estamos tão dependentes da nossa capacidade científica enquanto humanidade, ler sobre bastidores e avanços das técnicas científicas para diagnóstico, tratamento e alívio de uma doença reforça minha esperança no potencial humano.

Para um oncologista, imagino que escrever um livro jornalístico seja um desafio tão grande quanto o de efetivamente se tornar um médico. Neste livro, Mukherjee merece apreciação por sua capacidade de articular uma história tão longa quanto a humanidade em um livro relativamente curto. E a linha do tempo não é seu único desafio, pois o câncer é uma doença com uma base molecular muito importante para compreensão (e este é um livro pra o leitor leigo, que não conhece os conceitos básicos de genética e biologia celular).

O Imperador de todos os Males então é um livro que merece ser lido por todos que têm fascínio e curiosidade pelas grandes conquistas adquiridas através do pensamento humano (pois se hoje podemos ver, ser e conviver com sobreviventes do câncer, devemos isso a uma história secular de dedicação humana).

Nota: 9/10

Wedson 25/07/2020

Ótimo livro
Um apanhado de como tem sido difícil avançar em conhecimento e desenvolvimento de novos tratamentos para uma doença terrível. Não deixa de ficar claro que a guerra contra o câncer é um dever de toda a sociedade e quanto mais o público em geral souber sobre o assunto é melhor pra tudo mundo.

Ju 23/04/2020

Ars longa, vita brevis
Escrevi. Apaguei. Agora estou reescrevendo. Um livro tão bem escrito, organizado e fundamentado não poderia simplesmente acabar sem ao menos expor um pouco do mar de emoções que vivi ao ler.
Quando você lê a história, ou melhor, a biografia de algo que lhe assombrou pessoalmente acontece um misto de assombrosa expectativa e reverência. O câncer que introduziu o enredo foi o da “supuração” de Bennett, mas o que tomou a maior parte das minhas energias foi o encadeamento das histórias que levavam ao câncer de mama. Vi refletido na História o desenvolvimento do que veio a salvar maravilhosos anos adicionais à vida da minha mãe.
Quiça estivéssemos vivido 50 anos antes ela já teria partido. Mas hoje, a oportunidade de remissão graças a uma técnica durante séculos aperfeiçoada, permitindo que mesmo um estágio III entrasse em um período sem tumor.
Porém, o livro por vezes denso em suas explicações técnicas, é mais do que uma exposição de fatos. Como uma verdadeira obra de arte, consegue articular os acontecimentos com o toque de beleza da escrita e das inspirações em outras obras literárias, sendo elas biografias ou fictícias. Parece uma dança de palavras, por vezes ávida, áspera voluptuosa, por vezes suave, delicada, serena.
Aprendi mais do que nomes de pessoas que marcaram a história do Câncer, datas importantes e tipos de neoplasia. Vi vidas, encontrei-me de frente com diferentes perspectivas de um mesmo padecimento. Vivenciei por meio do livro uma espiral histórica, onde fatos antigos e novos se encontram para ao fim encarar a doença que talvez nos transmita mais sobre a humanidade do que gostaríamos de admitir: o karkinos de Imhotep.

Naty 09/04/2020

Um livro muito bem escrito, bem referenciado, bem poético. Merece o prêmio que recebeu.
Não tenho muito a falar sobre esse livro. De início, quero dizer que ele tem, no fim, 60 páginas só de referências. O autor procurou cartas, livros antigos, artigos de revistas e até mesmo arquivos de processos jurídicos.
Ele traça uma história do passado até o futuro, abordando as conquistas e derrotas no mundo da oncologia. A linguagem dele é bem acessível. Apesar de que acredito que quem possui uma formação médica tem uma melhor base para entender com maior profundidade muito do conteúdo abordado.
Ele aborda, desde os avanços na terapêutica medicamentosa até avanços na cirurgia e radioterapia. Fala também de como foi difícil comprovar que a prevenção pode nos ajudar na luta contra essa doença, dando exemplos como o fumo e sua relação com o câncer de pulmão.
Ele relata a história de muitos médicos e pesquisas científicas. Até para quem quer embarcar e entender melhor o mundo da epidemiologia, este é um livro interessante. Ele não traz de forma "congelada" o que ocorreu, mas dá valor sentimental a cada acontecimento. Ele faz você pensar em como você faria aquela pesquisa se estivesse no lugar daquele pesquisador. Dá para aprender bastante de forma mais divertida e imersiva.
Os personagens são etratados de maneira tão íntima que até parece que o autor os conhece a todos. Achei estranho de início, mas, pelo que me parece, ele pesquisou até como eram e se comportavam aquelas pessoas.
Ele retrata a história da medicina de maneira magestral. Desde Hipócrates e Galeno até os dias de hoje. Até os personagens menos conhecidos são abordados e tudo com um toque poético excepcional. Dá para perceber que ele tem uma base literária vasta, desde referências a Alice no País das Maravilhas até referências a outros tantos livros da literatura antiga e moderna. Ou seja, não é um livro puramente científico. Ele mistura em sua obra vários pontos da cultura de cada época. FANTÁSTICO.
Só tenho que dizer como dificuldade que é um livro um tanto lento. São tantas histórias que é cansativo ler às vezes. Apesar de que não dá vontade de parar em certas partes.
Recomendo demais!!!

Biblioteca Álvaro Guerra 18/02/2020

Um livro para o público em geral que represente qualquer área da ciência e da tecnologia moderna, escrito com inteligência e acessibilidade. Descrições vívidas e precisas dos processos biológicos fazem do câncer um personagem plenamente e assustadoramente familiar.

Empreste esse livro na biblioteca pública.

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. Basta reservar! De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788535920062

Fábio Valeta 28/12/2019

Anos atrás, ao conversar com uma biomédica, ela havia me dito que havia dois tipos de pessoas no mundo: As que terão câncer em algum momento de sua vida; e as que morrerão antes do câncer se manifestar. Que o câncer é uma falha que acontece durante as constantes reproduções das inúmeras células de nosso corpo e, considerando a quantidade de células e de multiplicações que ocorrem a todos os instantes, acontecer uma falha é apenas uma questão de tempo.

Encontrei essa mesma definição do livro de Siddhartha Mukherjee, médico especializado em oncologia e hematologia que nesse livro nos apresenta uma história da batalha da humanidade contra o câncer. Começando há mais de 4 mil anos atrás, quando pela primeira vez (que nós tenhamos conhecimento) o câncer foi citado em um papiro de um médico egípcio, passando pela Grécia, quando a doença finalmente ganhou o nome pelo qual é conhecida até hoje (o médico Hipócrates pensou em um caranguejo ao ver um tumor com vasos sanguíneos inchados ao redor), até os dias atuais, quando o conhecimento da genética trás a promessa de novas armas contra a doença e, quem sabe, a possibilidade de uma cura definitiva.

O autor descreve as várias tentativas de se combater os tumores através da história, dando ênfase principalmente no período que compreende o final do século XIX, quando a incidência do câncer na sociedade aumentou a ponto de começar a preocupar os médicos da época (embora o autor questione se o câncer realmente “aumentou” ou se a melhora nas condições de vida e aumento da longevidade simplesmente não fizeram com que mais pessoas vivessem até o momento em que o câncer se manifestaria) até 2010, quando o livro foi concluído.

É uma luta árdua e muitas vezes desesperada. A palavra “radical”, no sentido de “extremo” é usado várias vezes durante a obra, seja devido aos cirurgiões que removiam cada vez mais partes do corpo na tentativa de impedir o crescimento do câncer, ou mesmo os oncologistas convencidos de que uma quimioterapia quase letal era a única forma de matar o câncer (e com sorte, não matar o paciente junto). Teorias são criadas e destruídas a cada poucos anos. Médicos que tinham certeza absoluta nos resultados de seus tratamentos veem suas ideias serem destruídas por novos conhecimentos científicos e pacientes aos poucos vão perdendo as esperanças a cada nova reincidência, ganhando-a novamente a medida que novos tratamentos vão surgindo.

O livro é muito bem escrito e a maior parte dele de fácil leitura mesmo para os leigos na área biológica. Só nos capítulos finais, quando a genética surge como a nova fronteira contra essa e todas as doenças é que o livro se torna mais complicado e cansativo. E ele acaba repentinamente, uma vez que o “biografado ainda não morreu” e, portanto, ainda haverá mais batalhas pela frente.

Danilo 20/10/2018

Popular science
"O câncer não é um campo de concentração, mas partilha com ele a característica da aniquilação: nega a possibilidade de vida fora e além de si mesmo; engloba toda a vida. A rotina diária de um paciente torna-se tão intensamente dedicada à sua doença que o mundo desaparece de vista. Cada última gota de energia é consumida cuidando do câncer."
Um grande livro que consegue traduzir, apresentar e proporcionar uma leitura muito interessante e altamente explicativa até mesmo para leigos sobre a história da ciência do câncer com reflexões profundas; algumas esperançosas, outras recheadas de sofrimento. Gostaria que o autor tivesse incluído sua opinião e mais perspectivas futuras sobre tratamento e curas no cenário científico no momento que escrevia, apesar disso "datar" o livro daqui alguns anos.

Tina 23/01/2018

Uma jornada pela história do câncer
Com primazia, Siddhrtha Mikherjee mescla ciência e literatura em uma obra que vai te conquistar do início ao fim! A linguagem é acessível e a escrita é apaixonante. Como estudante da área biomédica, recomendo fortemente a leitura desse livro! Pra quem quiser um preview da obra, dá uma olhada no texto que fiz sobre o assunto: https://martinicando.wordpress.com/2018/01/23/o-imperador-de-todos-os-males-uma-jornada-pela-historia-do-cancer/
Cinco estrelas porque é deveras sensacional!