@emedepaula 24/07/2023
Engano
Essa nova edição de Engano geográfico, reune ainda o avulso Paris não tem centro, sendo ambos trabalhos que falam do deslocamento geográfico que a poeta faz e que parece criar uma ideia de suspensão — como se o tempo fosse estendido e os espaço assumisse a característica de dois mapas sobrepostos um ao outro. Essa suspensão, qual eu chamo de ficção, permite retirar da realidade seu traço de poesia: a busca por um quadro que não está mais lá, o jogo entre o poema escrito na língua estrangeira e sua tradução literal. Esses gestos reais e poéticos de deslocamento, acontecem na suspensão e é ela que levanta a neblina da qual o leitor vai atravessar, esse é o engano geográfico, uma camada espessa de ruído visual e sonoro, captada com perspicácia pela poeta que transforma a sensação de se estar perdido em uma cidade que não é a sua, numa língua que não é a sua, em poesia da mais fina destreza com as palavras.