Marina 27/10/2009"Antes de mais nada. Fique calmo."Quando comecei a ler este livro, achei que seria muito parecido com o filme Amnésia: um cara sem memória que tenta descobrir sobre sua própria vida, seu passado, as pessoas com quem se relaciona, etc. Mas depois percebi que era muito, muito mais que isso.
Se você é uma pessoa que gosta das coisas "preto no branco", que curte aquele final onde o destino de cada personagem é devidamente explicado, e todos os fatos vêm às claras, então Cabeça Tubarão não é um livro para você. Muito pelo contrário, o final do livro é apenas o começo do entendimento de um enredo muito mais complexo do que aparenta ser.
O livro está repleto de códigos, referências explícitas e implícitas a músicas, TV, literatura, cinema (que vão desde o personagem Buzz lightyear ao escritor Paul Auster), e complementos que vão muito além do papel. Cada capítulo do livro tem o seu negativo ou "não capítulo", que saíram exclusivamente em um país. O Brasil, por exemplo, ficou com o negativo número 8. Há diversos vídeos, textos adicionais, pistas espalhadas e fóruns de discussão sobre o livro, onde cada leitor pode apresentar sua teoria sobre a história.
Neste site você pode achar informações e debater suas idéias:
http://forums.steven-hall.org/
Fora essa pesquisa que o leitor pode fazer, o livro também tem outro diferencial: há imagens tipográficas e outras ilustrações que permitem uma certa interatividade e deixa tudo mais interessante. Um ponto ruim é que essas pistas e códigos que o autor criou são difíceis, muuuuito difíceis de achar. Isso desanima a maior parte das pessoas, que não terão acesso a 100% do conteúdo relativo ao livro.
Bom, se você é do tipo de pessoa que tem preguiça de correr atrás dos extras e/ou não gosta de ficar pesquisando muito, não se preocupe. Os fragmentos adicionais não são essenciais para você curtir e entender a história.
Eis uma informação relevante: o título original do livro é chamado "The Raw Shark Texts", um trocadilho com "Rorschach Tests", que são aqueles testes de psicólogo com borrões de tinta e o paciente diz o que enxerga neles. O autor quis com isso dizer que assim como nos testes Rorschach, pessoas diferentes podem ter interpretações diferentes para o livro. Ele pode ser enxergado de ângulos distintos por ser muito subjetivo e, por isso, possui multi significados que podem assumir diversas formas. E é aí que está a grande sacada.