ntayar 16/01/2021
KNULP
TRES HISTÓRIAS DA VIDA DE UM ANDARILHO
Hermann Hesse
(1877 ? 1962)
Escrito em 1915, o livro conta a história de um andarilho que, após deixar tudo para trás, parte numa jornada de autoconhecimento.
Ele vai de cidade em cidade pelo interior da Alemanha, vive modestamente, encontra amigos que sempre oferecem abrigo e descanso.
Dividido em três partes, Hesse fala sobre religião, filosofia e sobre escolhas. O que é melhor: uma vida tranquila de burguês ou correr os riscos da liberdade material e espiritual?
Na primeira parte, Knulp acaba de sair do hospital e encontra um amigo que lhe oferece um quarto para que descanse o tempo que quiser. O andarilho recusa a ajuda pois sabia que o amigo era agora um homem casado e não queria ser um estorvo. Mas o amigo insiste e não foi possível recusar sem parecer grosseiro. Nessa época, Knulp era jovem e atraente e a esposa do rapaz começa a insinuar-se para ele. Com o máximo cuidado para não a ofender, ele repele a moça e começa a sair com a empregada da casa vizinha que, como ele, deixou sua cidade e veio trabalhar numa casa de família.
Como Knulp logo percebeu, o melhor era seguir em frente.
A segunda parte é narrada por um antigo companheiro de caminhadas. Depois de algum tempo, ele abandona esse amigo na floresta e vai embora. O amigo seria o alter ego de Knulp, que se desliga de uma parte de si mesmo.
E no terceiro capítulo Knulp está na faixa dos 40 anos, tuberculoso e miserável. Um antigo colega de infância o reconhece e o leva para casa. Esse homem era um médico, mas na infância tinha muita dificuldade em aprender latim e Knulp o ajudou a superar esse problema. Portanto ele lhe era muito grato.
Usando sua influência, esse amigo logo providenciou um leito no hospital da cidade para que Knulp pudesse se tratar. Mas ele preferia estar num hospital em sua cidade natal. O amigo então arrumou um transporte para leva-lo de volta. Porém, antes de entrar no hospital, ele sente que precisa andar um pouco pelos lugares que havia abandonado há tantos anos. Acaba encontrando um antigo morador que o repreende duramente por ter optado por essa vida miserável.
?Veja, disse Deus, eu não gostaria que você fosse de nenhum outro jeito além daquilo que é. Em meu nome você andou por aí e sempre levou um pouco da nostalgia da liberdade às pessoas sedentárias. Em meu nome você fez idiotices e se deixou ridicularizar; eu mesmo fui ridicularizado e amado em você. Você é meu filho, meu irmão e um pedaço de mim, e não desfrutou nem sofreu nada que eu também não tenha vivenciado com você?.