Rita 02/01/2022
Tudo bem, eu jamais teria a ousadia de classificar qualquer livro de Machado de Assis com menos que 5 estrelas, mas prometo que, de fato, classifique-o com a minha opinião mais sincera e verdadeira.
Anos atrás eu vi uma frase desse livro e me identifiquei, acabei comprando por 6 ou 8 reais. Já havia feito uma tentativa de lê-lo na época e acabei deixando-o de lado. Isso me fez chegar a conclusão que os livros nos afeta da mesma forma que o mundo na época que o lemos nos afeta. Refletimos um pouco de nós e, esperamos que, como um espelho, o livro nos confirme a imagem que vemos de nós mesmos. Depois de ver uma live que tratava um pouco desse livro, resolvi dar mais uma chance e cá estou: impactada.
O livro gira em torno de 6 personagens. Aborda um pouco das suas personalidades. Mostrando, em uma visão inicial e simplória, muito mais defeitos que qualidades. Luís Alves é ambicioso. Estevão sentimental. Jorge é preguiçoso. Mrs Oswald é intrometida. Guiomar é exigente demais. A baronesa é um tanto altiva. Todos estão de alguma forma interligados, seja por laços familiares, por laços de amizade, por laços profissionais, por laços de vizinhança..., enfim, Machado de Assis trata, mais uma vez, o seu enredo e os seus personagens de maneira nua e crua, como lhe é característico.
Mais que isso, ele trata nesse livro do amor. Mas do amor verdadeiro. O amor que é fruto de uma escolha racional baseada em interesses comuns. Se o senhor Machado de Assis escutasse a afirmação de que "o amor é cego", esse livro seria a forma mais evidente de contestar essa afirmação. Ele concordaria, por sua vez, que a paixão é cega. Não escolhe, apenas invade. O amor, porém, transcende os limites do sentimentalismo e decide. É impossível se relacionar com uma pessoa com interesses tão díspares porque de alguma forma a paixão do começo jamais sustentará o amor ao longo dos anos, por isso, os interesses devem concorrer em umas mesma direção.
Apesar disso, eu discordo do Senhor Machado de Assis (quem sou eu na fila do pão?) quando ele trata a ambição como qualidade apenas. Acredito que a ambição possa ser uma qualidade quando, conforme o dicionário, você tem um "anseio veemente de alcançar um objetivo", saber quem é e o que quer jamais poderia ser considerado um defeito. Porém, quando essa ambição se dar a qualquer custo, atropelando os seus valores e princípios, e mais, machucando, seja de que forma for, pessoas no processo, passa, então, a ser defeito.
De toda forma, podemos aprender um pouquinho com cada personagem e acredito que essa leitura é, como todo livro de Machado de Assis, genial.