Thaís | @analiseliteraria 09/05/2020Excelente...Escrito pelo russo Liev Tolstói, A Morte de Ivan Ilitch trata-se de uma novela publicada em 1886, cujo o protagonista, Ivan Ilitch, é um burocrata de 45 anos, juiz de Direito, que pautou sua vida de acordo com a moral da alta sociedade russa e, ao sofrer um acidente doméstico, começa a sentir dor sistematicamente. Desenganado, a consciência da morte o assola.
Os médicos, seus amigos e sua família, não se compadecem dele verdadeiramente, porque se recusam a pensar na situação, vendo Ivan como uma pessoa doente a ser evitada. O protagonista é então confrontado com a morte como possibilidade, cai em profunda solidão e desamparo.
Toda a vida, Ivan Ilitch passou alienado da morte, aos poucos, começa a ter consciência de sua própria finitude. Certifica-se de súbito de que todos vão morrer, mas que todos também se esquecem disso. Para ele, a constatação de que outras pessoas morriam era óbvia, mas a possibilidade de que a doença e a morte também aconteceriam para ele era irreal, achava-se especial. Nessa percepção de Ivan, nota-se como aqueles próximos a ele, das classes mais altas, tinham também essa ideia naturalizada. O personagem toma para si, então, o enigma da vida e da morte. Começa o questionamento sobre como viveu a vida.
Durante essa leitura, eu me senti muito angustiada diante o sofrimento de Ivan, imaginando como deve ser viver assim, sentindo dor todo o tempo. Em alguns momentos, senti certa pena dele, um homem que colocou as convenções sociais acima de tudo, achando que isso era o que dava sentido a sua existência. Foi um homem que obedeceu a lei, alcançou um alto nível de respeitabilidade, mas o quanto isso foi suficiente quando se vê de frente com o fim?
Será que Ivan Ilitch se arrependeu de algo? Ou será que ele morre reafirmando sua vida? Para descobrir qual conclusão chega o protagonista, você terá que ler A Morte de Ivan Ilitch.
Vocês costumam parar para pensar o que dá sentido à vida que vivem? Essa é uma ótima reflexão a ser proposta por essa leitura. Sempre me proponho a pensar sobre isso para evitar automatismo e, quem sabe, possibilitar uma transvaloração dos valores.
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