Amanda 16/11/2015PS: eu li o livro em inglês, portanto, alguns nomes vão estar em Inglês por eu não saber como foi traduzido.
Morte Súbita é a estreia de Jk Rowling no mundo literário adulto. Então, é óbvio que nem todo mundo vai gostar do livro. É algo completamente diferente de Harry Potter, portanto não comprem o livro achando que será mais uma bela e feliz história.
Bary Fairbrother é um cidadão distinto e muito querido na cidadezinha de Pagford, no interior da Inglaterra, e o livro começa com a sua trágica e inesperada morte no dia de seu aniversário de casamento.
Com sua morte, seu assento no Conselho da cidade (que é muito pequena para ter um prefeito) tornar-se vago, e muito cobiçado. O Conselho está divido em duas facções quando o assunto é um bairro pobre chamado Fields. Apesar de estar mais próximo da cidade de Yarvil, Fields faz parte de Pagford e, logo, é de sua responsabilidade desde que as terras foram vendidas ‘sem querer’ por um homem rico e importante da cidadezinha. Barry Fairbrother nasceu no Fields, um lugar de casas baratas e famílias cuja renda principal é o auxílio do governo. Ele é o principal defensor do local, e que acha que deve permanecer como responsabilidade de Pagford – assim como eles devem manter aberta a Clínica Bellchapel, uma clínica de reabilitação de viciados que fica no bairro, e que está com o contrato do prédio quase vencido. Prédio que pertence ao conselho. Do outro lado – que quer acabar com o contrato e se livrar dos viciados que não trabalham do bairro Fields – está Howard Mollison, um homem velho e o ‘primeiro cidadão de Pagford’.
Muitas pessoas reclamam que este livro é maçante e difícil. De fato, o começo do livro é muito denso e ele é cheio de detalhes. Por ter MUITOS personagens, pontos de vistas e enredos entrelaçados, as primeiras 100 páginas do livro é mais para você conhecer todos os personagens e histórias.
Apesar do principal do livro ser a eleição para o Conselho e a luta pelo Fields, vemos muitas histórias paralelas. Como a vida das pessoas podem ser influenciadas pela morte de uma pessoa? Isso é o que J.K. mostra tão bem nas 500 páginas do livro.
Com a morte de Barry, vemos Mary tendo que lidar com o fato de que seu marido apenas estava se importando com seu antigo bairro no dia de seu aniversário de casamento e nem se importou com uma dor de cabeça que ele tinha há 2 dias. Que, no fim, era causada pelo seu aneurisma, que a deixou viúva com seus 4 filhos. Gavin, um de seus amigos mais próximos, tenta ajudar de todas as maneiras possíveis com seu testamento e seguro de vida – enquanto ele tenta ignorar o fato de que sua namorada Kay e sua filha Gaia se mudaram de Londres, sem ele ter pedido, apenas para ficarem mais perto dele.
Com o assento do conselho vago, Howard e Shirley Mollison colocam em prática a campanha de seu filho prodígio, Milles, para que ele possa ajudá-los na sua missão para se livrar de Fields. Enquanto isso, Samantha, mulher de Milles, vê seu marido sem graça ser manipulado pelos seus pais, como de costume.
Collin Wall, melhor amigo de Barry, vê como seu dever conseguir o lugar de seu falecido amigo, apesar dos protestos silenciosos de sua esposa, Tessa, que não acha que ele fará um bom trabalho.
Simon Price é um homem violento, mesquinho e rabugento que, vendo essa oportunidade aberta, vê-se também concorrendo ao lugar de Barry – apenas visando tornar-se mais um político corrupto -, apesar de ninguém conhecê-lo além de sua mulher Ruth.
A doutora Parminder Jawanda também faz parte do conselho, e a morte de seu amigo a deixa devastada e mais decidida em ajudar na campanha de Collin, para que eles juntos consigam finalmente derrotar Howard Mollison.
Adoro essa capa
Barry também era o treinador do time de remo feminino da escola local. Nele participam além de suas duas filhas gêmeas, Krystal Weedon, uma adolescente nascida em Fields, cuja mãe é uma viciada em heroina. Kay é a nova assistente social que cuida do caso de sua família e de seu irmãozinho Robbie, de três anos. Uma garota cuja vida inteira foi submetida a maus tratos, drogados, mortes e sexo, vivendo sua vida da melhor maneira que ela pode, sem ter ninguém que acredite em seu potencial. Suhkvinder Jawanda também faz parte da equipe. Filha mais nova disléxa de Parminder, ela sempre é comparada pela sua mãe aos seus irmãos mais velhos, que tem notas perfeitas e são populares, enquanto ela é um fracasso e sofre bullying de Stuart Wall, também conhecido por Fats (em português acho que é Bola). Fats é daqueles adolescentes que odeia os pais, principalmente por eles serem figuras de autoridade e motivos de chacota em sua escola, onde trabalham como conselheira e diretor. Seu melhor amigo é Andrew Price, um garoto com muita acne e que se encontra constantemente agredido, tanto verbalmente quando fisicamente, por seu pai, Simon, pelo simples fato de existir.
Ufa, parece que não ia acabar a lista de personagens, não é mesmo?
Muita gente reclama de como o livro é parado, de como ele não tem um ‘objetivo’ e não vai a lugar nenhum. Não é uma história de fantasia, não é uma aventura. Não tem monstros nem pessoas fazendo nada de emocionante. Essa é uma história sobre uma pequena vila na Inglaterra. Se você não tem interesse pelo comportamento humano ou por histórias que são REAIS (no sentido de expor a realidade, e não ficção), sinto dizer que esse livro magnífico não é para você.
De uma modo rebuscado e detalhado, Rowling mostra o dia-a-dia das pessoas de Pagford. A melhor coisa, para mim, é como nós conhecemos Barry Fairbrother através dos olhos de várias pessoas e das histórias sobre ele que elas contam e, assim, nós mesmos podemos tirar nossas conclusões sobre o homem que nunca aparece no livro. Outra característica do livro é como ele é narrado. Através de um ponto de vista de um determinado personagem, o livro não é narrado por um narrador distante e a parte da história, mas sim literalmente pelos olhos deste personagem. Não sei como explicar isso de uma maneira melhor, mas, apesar de ser em terceira pessoa a narração, vemos os sentimentos (e o que o personagem do ponto de vista acredita) sendo transmitido no texto, o que eu achei espetacular. Porque, por mais absurdo que o personagem possa achar, é transmitido como se fosse uma verdade concreta, e isso me fez rir várias vezes.
O livro trata vários assuntos polêmicos como sexo, drogas, prostituição, bullying, estupro e pedofilia, assim como um tema muito importante é a relação entre pais e filhos. Ou seja, tudo que existe no mundo real. Pode ser comparado a uma novela brasileira. São vários personagens, várias histórias diferentes, mas de um modo todos eles estão entrelaçados por parentesco ou amizade, e tudo gira em torno de um grande acontecimento. Só que ao invés de ser uma história sensacionalista para o povão, é uma história com linguagem difícil e enredo forte e real, que incomoda e abre os olhos.
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http://escritoseestorias.blogspot.com.br/2015/11/resenha-120-morte-subita.html