Fernando1853 14/10/2024
Amor ou ilusão?
"Não sei me calar quando o coração fala."
Esse livro é uma experiência que simplesmente não consigo descrever. Noites Brancas é um romance lindo, mas, ao mesmo tempo, um romance desesperançoso, um romance que te destrói ao fazer você, leitor, sentir na pele o que as linhas passam a ti.
Dostoiévski mostra como o amor é, muitas vezes, tão real e intenso que você não sabe como direciona-lo e controla-lo, ele apenas toma posse de todos os seus sentimentos, angústias e verdades, fazendo-o se tornar parte daquela sensação como um todo, e é possível perceber isso na visão de ambos os personagens da obra.
A relação entre paixão e amor é descrita em todos os diálogos, voltando os meus pensamentos a apenas uma coisa: "Como eles não percebem suas verdadeiras emoções?".
E, após uma reflexão, entendi que é justamente isso que o autor passa para nós. A obra nos mostra como o amor desgasta a nós mesmos, nos fazendo pensar e pensar incansavelmente, sentir comoções nunca sentidas, chorar ininterruptamente, e, enfim, perceber que, mesmo com todos os fatores, é imperscrutável, inexplicável e incompreensível como esses sentimentos são bons, como nos fazem sentir vivos.
E, em oposição, podemos ver como a vida se torna monótona e enfadonha quando perdemos aquele amor, quando perdemos todos os significados que demos à palavra amor. Tudo aquilo que descrevemos ser gostoso de sentir, de repente, se torna uma angústia incessante, nos lembrando incansavelmente daquilo que não temos mais.