raquel1317 09/09/2024
Noites imersivas
"Noites brancas" foi meu primeiro contato com a literatura de Dostoiévsk. A narrativa inicial, em primeira pessoa, com trechinhos na segunda, cativa o leitor - pelo menos a mim.
Os pensamentos apresentados pelo protagonista, que não é nomeado, mas podemos chamá-lo de sonhador, instiga-nos a refletir junto a ele. A cunho de sinceridade, em dado momento da obra questionei a estrutura do personagem e o achei enfadonho, no entanto, isso pouco se estendeu. Ele tem um desenvolvimento psicológico interessante.
Acompanhar a construção da relação entre ele e Nástienhka aflora os nossos sentimentos, aguça a curiosidade e, assim, nos submerge no enredo. Acredito que justamente por essa imersão sentimental, é criada uma brecha para um breve desgosto quanto ao desfecho. No entanto, quando emergimos à realidade, concordamos que não havia de ter outro fim que não aquele.
Infere-se, portanto, que "Noites Brancas" é uma excelente leitura. Fez-me companhia nesse domingo e convidou-me à reflexão acerca de até qual linha é de bom tom deliciar-se nas ilusões oníricas. Por mais que eu saiba que essa obra dista do padrão de Dostoiévsk, anseio pelas próximas leituras do autor.