Telma 11/01/2016Interessantíssimo!!! (diferente do trivial)Oi queridões!!!!
Essa é minha primeira resenha do ano!
Nada como começar com vampiros, não é? (sim, sou maluca por eles!)
Pois bem. Já havia conhecido Ju Lund em sua contribuiçao no sensacional livro VAMPIROS (clique aqui e veja resenha detalha, conto a conto), com o conto Anunciação (pelo qual me apaixonei!), então sabia que coisa boa vinha por aí.
Esse livro me chamou atenção, por além de ser um romance vampiresco, ter como tema central a homossexualidade e que foi abordada de forma fantástica pela Ju Lund.
Num futuro, onde vampiros convivem com humanos "pacificamente" (as aspas é por conta do preconceito nem sempre velado), Esther, uma vampira secular, transformada no início da vida adulta, se apaixona por Duda (Eduarda) e ambas decidem superar toda a discriminação para viver esse romance. Qual discriminação? A de uma vampira e uma humana se relacionando e a de duas mulheres se relacionando.
Assim que Duda completa 18 anos decide fugir com Esther para viverem esse amor e é quando nos é apresentado o universo fantástico da obra.
Os vampiros, apesar de gostarem de sangue, alimentam-se também de frutas e legumes/vegetais/verduras, o que achei pitoresco e o que conhecemos como mitologia, é mitologia também para os vampiros na época.
A abordagem social me deixou boquiaberta! Muito sutil mas muito bem embasada.
Veja nas palavras de Duda:
Os vampiros "saíram de seus caixões", como dizem as pessoas mais maldosas como minha mãe. Na verdade, todos sabiam que existiam pessoas um pouco diferentes e talvez estranhas. Essas pessoas possuem um tipo de sociedade unida e que por muito tempo, articulou-se junto aos governantes a fim de se mostrar à população. (...) O que importa é que eles vivem em harmonia conosco, devem ser respeitados, possuem direitos e deveres e não saem mordendo as pessoas para se alimentar. Longe disso, possuem alimentação controlada pelo Estado. O problema não é ser diferente, na verdade, a questão toda está na cabeça fechada de algumas pessoas. Desde quando ser diferente é ruim?
(o negrito foi por minha conta)
As duas terão que enfrentar um duplo preconceito juntas. Conseguirão permanecer juntas apesar das muitas diferenças e de todos os que não querem essa união?
Só lendo para saber, né?
Amei a diagramação da Editora, na verdade, amei todo o acabamento... todo o trabalho da Editora.
Duas coisas me deixaram levemente irritada (se podemos dizer assim):
O romance das duas é, em muitos momentos, clichê... mas não um clichê dos bons... algo um tanto forçado. Por vezes com diálogos pueris/infantis demais. Com um floreado desnecessário, enfim...
A outra coisa foram as notas de rodapé. Eu costumo adorá-las, mas achei muitas explicações longas e desnecessárias. Gostei de haver a explicação mas achei que poderia ter ido direto ao ponto pra se fazer entender.
De qualquer forma, se você é romântica(o) e tá a fim de um clima diferente, distópico, esse livro é para você!
Há continuação e já está disponível dentre outros locais, na loja da própria Editora (clique aqui).
Se desejar ler o primeiro capítulo e perceber a escrita gostosa de Ju Lund, a Editora também disponibiliza o primeiro capítulo.
(imagem para clique)
Coincidentemente, tempos atrás fiz esta arte em Photoshop que ilustra muito bem o livro:
(imagem)
O que é Literatura Queer Chic?
Adorei essa explicação dada por Ana Lúcia. Veja link original na Info Escola!
"O termo ‘queer’ significa a princípio algo exótico, excêntrico. Nos anos 20, porém, ingressou na fala do dia-a-dia como um sinônimo de homossexual. Na boca de outras pessoas, é considerado quase sempre um insulto, mas quando utilizado no interior dos grupos gays é visto como algo politicamente correto.
No âmbito da literatura o ‘queer’ está disseminado em todos os gêneros: no romance, na poesia, na esfera teatral e nos ensaios. E também nos subgêneros. É uma espécie de ramificação literária que se diferencia apenas pelo tema abordado, sempre do interesse do público homossexual, e é elaborada por escritores que assumem essa opção sexual.
Esta modalidade literária é significativa por focar em tópicos singulares, próprios de um segmento nada irrelevante da raça humana. Na literatura a sutil e intrincada vida emocional dos homossexuais é traduzida perfeitamente. Nela é possível exprimir e compartilhar emoções em código. De outra forma seria quase sempre complicado ou até mesmo impossível expressar esses sentimentos.
No campo da literatura infanto-juvenil homossexual estes temas são particularmente abordados de forma espontânea, como um incentivo à aceitação do diferente e à negação dos clichês vinculados a qualquer tipo de preconceito sexual. Apesar disso, os escritores deste gênero são algumas vezes questionados, especialmente pelas instituições eclesiais, por medo de que seus livros despertem comportamentos nocivos no seu público. Ou até mesmo que estejam ligados a casos de pedofilia.
Por outro lado, outro público segmentado gera uma literatura específica, a chick-lit, um caminho próprio seguido pelas autoras femininas quando optaram por adotar um padrão distinto do masculino. Este também é um subgênero controvertido na esfera literária, distante da unanimidade. Há quem adore, e os que odeiam.
Dele saem várias vertentes, e uma delas está hoje em voga, o estilo erótico, do qual a escritora mais aclamada pelos fãs desta modalidade é E. L. James, autora do célebre 50 tons de cinza. Assim como os homossexuais, as mulheres constituem também uma fração importante da humanidade, mas ambos são considerados minorias, já que predomina em nossa sociedade o paradigma masculino e heterossexual.
Portanto, não é surpresa alguma que os gêneros Queer e Chick sejam muitas vezes discriminados e marginalizados. Quando, então, aliam-se ambos à Literatura Fantástica, também alvo de muitos preconceitos, a aceitação do leitor se torna crítica. É o que sente na pele autoras como Ju Lund, que teve a coragem de ligar estes três ramos em seu livro Doce Vampira, nele compondo o que se pode chamar de Literatura Queer Chick.
Ela é uma mescla de Literatura Fantástica com tópicos contemporâneos, tais como a discriminação ao homossexualismo, o preconceito racial e o extremismo religioso. Ju canaliza a sua narrativa fantástica toques de emotividade e romantismo, lemas da literatura Chick, e uma história de amor homossexual. E com essa decisão ousada enfrenta muitas vezes críticas desfavoráveis."
PS.: Possíveis erros gramaticais ou ortográficos serão corrigidos em minha releitura
Se quiserem ver as imagens, dirijam-se ao link abaixo:
site:
http://surtosliterarios.blogspot.com.br/2016/01/doce-vampira.html