Cisnes selvagens

Cisnes selvagens Jung Chang




Resenhas - Cisnes selvagens


69 encontrados | exibindo 31 a 46
1 | 2 | 3 | 4 | 5


Roberta Silva 23/01/2021

Cisnes selvagens
Nosso desconhecimento da China é tão vasto quanto as dimensões desse país, onde vive nada menos que um quarto da humanidade. Neste livro, Jung Chang resgata a saga de sua família, que reflete as turbulências da história chinesa recente. O relato retrocede ao início do século XX, quando sua avó é oferecida como concubina a um poderoso militar. Depois acompanha a história da mãe da autora, que viveu a ocupação japonesa na Manchúria, o governo do Kuomintang, a queda de Chang Kai-chek, a guerra civil e a vitória de Mao.

Mas, Cisnes Selvagens é, acima de tudo, uma narrativa fascinante e um modelo de pesquisa histórica. 

Por outro lado, a quantidade de detalhes, dados e nomes em mais de seiscentas páginas tornam a leitura um tanto difícil em alguns momentos. Um defeito a se perdoar pela grandiosidade da proposta.

Em um momento em que o extremismo anda tanto em voga, a leitura de Cisnes Selvagens: Três Filhas da China pode ser não apenas recomendável, mas obrigatória.
comentários(0)comente



Garcia 21/10/2020

"Não queria missão grandiosa, ‘causas', só uma vida — uma vida tranquila, talvez frívola — própria."

A saga de uma família chinesa que reflete as turbulências da história recente em seu país. Três gerações de mulheres, cada uma nascida numa época de grande mudança política e econômica na China:
Yu-fang nasceu em 1909 e aos dois anos foi obrigada pela mãe a seguir a tradição dos “pés de lótus”, que consistia em quebrar os ossos dos pés e enfaixá-los para não ultrapassarem o tamanho de oito centímetros. Aos quinze anos tornou-se concubina de um general-caudilho e apenas com a morte deste, conseguiu sua liberdade e o casamento com quem amava. Viveu o fim da Dinastia Qing e o início da República.
Bao Qin/De-hong nasceu em 1931 e viveu a dominação japonesa na China, o declínio do Kuomintang e a ascensão do comunismo culminando na República Popular da China. Junto do marido (pai da autora), tornou-se filiada ao Partido Comunista e se beneficiou dos privilégios do regime, porém, também sofreu as perseguições com as políticas de Mao Tsé-Tung como a campanha antidireitista, campanhas antis e a Revolução Cultural.
Jung Chang nasceu em 1952 e desde pequena foi ensinada a idolatrar as ideias de Mao e não questionar a situação vigente. Presenciou as perseguições e prisões de seus pais, como ambos viraram bodes expiatórios do regime, acompanhou as mudanças sociopolíticas em seu país, iniciou seus estudos em inglês e, com a Abertura Econômica da China, conseguiu uma bolsa para estudar na Inglaterra.
A autora narra a história da sua família enquanto expõe momentos marcantes de sua terra natal. O texto é fluído, cheio de detalhes e mostra um lado da China que é desconhecido ou ignorado pelo mundo ocidental. Chang tece suas críticas ao cenário político de Mao, relatando que, de início, o governo até podia ter ideias que beneficiavam os cidadãos, porém, a partir de determinado momento, começou a se tornar tirano. Por suas críticas ao maoismo, esse livro é proibido de ser publicado na China. 4,5/5.

site: https://www.instagram.com/p/CGnseqZDBAu/
comentários(0)comente



Tatiana Brandão 25/05/2020

Uma aula de história
O livro se trata de uma autobiografia, onde a autora conta história de 3 gerações de mulheres da sua família, juntamente com a história da China nesse período. Uma verdadeira aula de história da China comunista!!!
comentários(0)comente



Sandro 20/02/2020

Leitura densa, mas interessantíssima. É uma viagem microscópica na vida cotidiana chinesa no último século, mas acompanhada de uma descrição da estrutura política do país e de suas modificações ao longo desse período. Impressionante como a autora conseguiu recuperar tantos detalhes da vida familiar por várias gerações.
comentários(0)comente



- J 03/02/2020

Uma aula de história da China
Perpassando a época de Mao Tsé-tung no poder, esse livro conta a história de três gerações de mulheres na China do século XX.


Mesclando fatos históricos e outros mais íntimos de sua família, a autora Jung Chang certamente me cativou. Já quero ler outros de seus livros, como a biografia de Mao.


Além disso, ler sobre a história de um país que ainda mantém obscuras suas origens foi uma experiência bastante devastadora e que, só entrando em contato com tais obras, evitaremos de acontecer novamente.


Mesmo assim, muitas vezes o livro me pareceu comprido demais, e só por isso minha nota não foi total.


Enfim, cabe ressaltar, por último, que este não é um livro para pessoas muito sensíveis, pois aquelas que têm aversão a algumas estórias de ficção podem não conseguir ler esta, pois tudo no livro é real. E isso traz um peso a mais para os acontecimentos.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Larissa 28/08/2018

Repetitivo
Bom, sinto contrariar tantas resenhas positivas... Na minha ótica o livro foi de uma leitura muito arrastada. Muitos dados se repetindo faziam com que tivesse vontade de largar. Pessoalmente não tive conexão com personagem algum também, o que agravou o meu desinteresse pela obra. Se alguém tiver sugestão de livros sobre a cultura chinesa, sou ouvidos!
Jessé 13/08/2020minha estante
A estação liberdade recentemente lançou o livro Na terra do cervo branco. Excelente livro. Candidato forte a melhor leitura que fiz esse ano. Recomendo muito e olha que falta 100 páginas ainda para eu finaliza-lo.




Nanda 11/08/2018

Gostei mto
Retrata bem a cultura chinesa desde os tempos antigos, antes da entrada do comunismo até a sua chegada, e os efeitos disso na sociedade. Recomendo ler.
comentários(0)comente



Jaqueline.Ferraz 10/07/2018

Um livro visceral
Um livro biográfico de três mulheres, aliás de uma geração, principalmente de mulheres que sofreram por serem mulheres, por regimes políticos e por costumes culturais. Foi livro angustiante de ser lido, doloroso e que pior de tudo, foi uma história verídica.
Me dói saber que o ser humano é destrutivel. Nas piores situações, ele ainda consegue pensar em si, na vingança e ignorar a fome e a dor do outro.
Foi um livro difícil de se ler.
comentários(0)comente



Zezinho 01/02/2018

Cisnes Selvagens
"Mas também falávamos de esperança, e esperávamos dias mais felizes à frente."

Não se trata de uma obra que irá te dar um farto conhecimento sobre o regime comunista na China, autoritarismo, influência da Direita no mundo oriental ou outro tópico que claramente deve existir em vários artigos mundo afora, mas de como o Partido Comunista foi instaurado e decaiu na visão de 3 gerações de mulheres que lutaram bravamente. Caso um dia esse livro passe pelas suas mãos, procure ler imaginando um camponês que teve sua vida comandada por Mao (líder comunista por mais de 20 anos na China), alguém privado de informação e utilizado como marionete por um grupo de poucas pessoas que alienou de forma injusta e desproporcional centenas de milhões.

"Tinha atraído o apoio de milhões de pessoas prometendo governo limpo, mas alguns funcionários começaram a aceitar subornos ou a conceder favores às suas famílias e amigos. Outros davam banquetes extravagantes, o que é uma fraqueza tradicional chinesa, quase uma doença, e uma maneira ao mesmo tempo de receber e exibir-se ? tudo às custas e em nome do Estado, numa época em que o governo se achava extremamente desprovido de fundos."

Você por acaso recordou atitudes semelhantes entre os políticos brasileiros? Cisnes Selvagens trata a corrupção, troca de favores e demagogia tão próxima da realidade que é inevitável não assemelhar a realidade brasileira que se repete e se reforma a cada golpe e estratégia covarde dos poderes que regem a nação. É curioso de se pensar que tanta corrupção que inunda o nosso país se multiplique e se repita em diversas nações ao redor do mundo e ao longo da história.
-
" Um dia camponês invadiu sua sala e jogou-se no chão, gritando que tinha cometido um crime terrível e pedindo para ser punido. Acabaram sabendo que ele matara e comera seu próprio bebê. A fome agira como uma força incontrolável, que o levara a pegar a faca. Com lágrimas escorrendo pelas faces, a autoridade mandou prender o camponês. Depois fuzilaram-no como uma advertência aos matadores de bebês."
A fome é algo presente em quase todas as páginas do livro. A China comunista foi construída sob um povo subnutrido, pobre, alienado e sem educação alguma, o único acesso a palavras escritas se dava nos livros vermelhos que citavam as frases de Mao - que eram interpretadas ao bel prazer dos aplicadores da lei -, e nas placas vexatórias que se multiplicava na China. Era comum encontrar uma placa em sua casa com os dizeres: ?inimigo de classe?, sem motivo algum, por mera vingança. Os líderes do Partido Comunista não passavam fome e moravam em casas luxuosas, assim como os seus filhos.
A Revolução Cultural é um dos fatores mais deprimentes de todo o legado de Mao. Com seu pensamento degradante destruiu vestígios da China milenar, queimou livros, reprimiu pessoas, matou centenas de milhões e prosseguiu com seu objetivo de destruir qualquer pensamento capitalista, comandando os meios de comunicação e proibindo qualquer influência ocidental.
"
Tinha alimentado o privilégio e a denúncia, a coragem e o medo, vira bondade e lealdade, e as profundezas da feiúra humana. Em meio ao sofrimento, ruína e morte, tinha acima de tudo conhecido amor e a indestrutível capacidade humana para sobreviver e buscar a felicidade."
A magnitude da história ultrapassa gerações e sua escrita é de uma riqueza cultural e humana formidável. Analisa-se como um povo se curva de todo o coração para um líder que promete salva-los, o salvador Mao.
A liberdade que possuímos hoje é algo que precisamos preservar e proteger. Há um poder de transformação social gigantesco em nossas mãos, mas o curioso é que parece que temos um Mao sobre nós (brasileiros) que nos deixa inerte em meio a tantas injustiças sociais e jurídicas, só que não há. Seria então interesse? Com certeza.
Foram 648 páginas de tortura, lágrimas, injustiças, demagogias, mas também as mesmas páginas eram recheadas de atitudes honrosas de humanidade, solidariedade e harmonia. Cisnes Selvagens me fez compreender como se deu todo o processo de instauração do regime comunista e como a estratégia do líder Mao se fez pilar no sofrimento de um povo simples e intimamente esperançoso.

Recomendo você à ler, por mais piegas que isso possa parecer, se deseja um mundo mais equânime e justo. É difícil pensar em escala global se a prefeitura da minha cidade desvia dinheiro público e na escola do meu filho não há aula por faltar merenda, mas sejamos fortes como os chineses que lutaram até a morte de Mao e não vamos desistir até que exista uma centelha de esperança. Uni-vos!
comentários(0)comente



Valério 08/08/2017

A intimidade de uma ditadura
Jung Chang, de forma concisa (sim, concisa, apesar das 647 páginas) conta a história de 3 gerações de mulheres assoladas pelo totalitarismo e pelos desmandos.
Embora a maior parte do livro se passa durante o regime comunista de Mao Tse Tung, não há especial condescendência com qualquer regime. Ou maior carga de ataque contra qualquer dos três regimes em que sua família padeceu.
Desde o domínio dos japoneses, passando pelo exército do Kuomitang e, finalmente, chegando ao comunismo de Mao Tse Tung, o que podemos ver é que todos os regimes ditatoriais trazem a tragédia.
Contudo, o regime é o pano de fundo. Pode até ser o causador de quase todas as tristes histórias do livro.
Mas o que é relatado é o dia a dia de três mulheres: A avó, a mãe a filha/neta(esta última a autora).
Vemos como qualquer totalitarismo, seja ele de direita ou de esquerda, são sempre em detrimento da população.
O livro mostra como o comunismo adotou modos mais sofisticados de dominação, apoderando-se até do pensamento dos indivíduos.
Políticas equivocadas e deificação de um líder (Mao Tse Tung) ocasionaram a morte de estimados 20 milhões de habitantes (mas há quem diga que o número ainda seja muito maior).
Jung Chang viveu de perto e nos conta como foi a vida de sua família. Desde sua avó, que tinha os pés quebrados e amarrados para não crescerem (só se casavam mulheres com pés até 10 a 12 centímetros), passando por sua mãe, que caminhou mais de mil quilômetros em trilhas e matagais grávidas, chegando a perder um bebê, até a autora, criada como filha de um importante líder comunista, que viveu no luxo enquanto via o restante da população na miséria, morrendo de fome.
A situação peculiar de Jung Chang torna o livro ainda mais interessante, pois fazia parte da aristocracia comunista. Assim, seu ponto de vista é bem diferente de outros relatos de vítimas de ditaduras, geralmente parte do povo mais simples e esmagado.

Até que seu pai cai (como acontece com a maioria dos comunistas. São acusados pelos seus próprios colegas). E é acusado de ser um "porco capitalista" após ter dedicado toda sua alma ao comunismo (a ponto de trazer enormes sofrimentos e privações à sua família em nome da causa do martelo e da foice).
Um livro que nos deixa antever como era a vida em um dos mais cruéis regimes ditatoriais da história da humanidade, que matou mais de 3 vezes mais que o nazismo. Mas que, apesar disso, não é proibido.
Que a história seja plenamente divulgada. E que pelos olhos de Jung Chang, o mundo saiba reconhecer as atrocidades que a humanidade é capaz em nome de cegueira ideológica.
Flávia 09/08/2017minha estante
está na minha lista. não vou ler sua resenha pq gosto de sb o menos possível sobre o enredo qdo me proponho indubitavelmente a ler uma obra. qria sb apenas se gostaste ou não (não vi sua avaliação).


Valério 09/08/2017minha estante
Oi, Flávia. Gostei bastante. Dá uma visão muito legal de como era a vida na China. E por três gerações. Desde quando a China era dominada pelos "malvados" japoneses. Depois pelos "malvados" do kuomitang. E, finalmente, pelos "malvados" comunistas.
A autora foca em mostrar o dia a dia e as dificuldades de sua avó, sua mãe e ela própria sob esses regimes.
É comovente. E bem escrito. Bom proveito.




Artax 21/05/2017

É fácil reclamar da vida quando a gente se vê numa situação difícil. É fácil praguejar, xingar, achar que tudo é injusto com você…Mas não é nada fácil levar um tapa na cara e ver que tem gente por aí que já passou por coisas que você sequer poderia imaginar que pudessem acontecer com uma pessoa.

Foi esse o sentimento que tomou conta de mim enquanto lia Cisnes Selvagens. Nele, Jung Chang, uma chinesa que hoje mora na Inglaterra, conta a história de três gerações da família: a dela, a da mãe, e a da avó. As três presenciaram grandes fatos históricos do país, desde a queda de Chang Kai-Chek, passando pelo Grande Salto Para Frente e pela Revolução Cultural. Como se tudo isso não fosse bastante, são mulheres, o que acrescentou uma dose a mais de sofrimento e dificuldade em suas vidas.

Apenas de ter tido uma vida relativamente fácil comparada ao restante das crianças do regime de Mao, Jung Chang sofreu emocionalmente e psicologicamente com o terrorismo de uma ditadura, que, entre outras tragédias, culminou com a loucura e morte de seu pai, fiel servidor de Mao e do regime. Nesse ponto, o livro consegue passar o clima de tensão e desconfiança que dominava a China, e não há como evitar se sentir afetado.

Há quem diga que o relato de Chang não é 100% fiel, sendo permeado por visões romantizadas, dando um toque ficcional ao livro. Se isso aconteceu, eu não me importei. Não duvido da veracidade dos fatos, nem me incomodou o tom dramático. É difícil falar da própria vida de forma impessoal e insensível, portanto incorrer a uma narração dramática é mais do que justificado. Talvez isso dê um tom muito maior de humanidade ao relato, aproximando o leitor mais do que se ela tivesse simplesmente elencado fatos históricos sem nenhuma carga sentimental atrelada a eles.

Não preciso dizer que Cisnes Selvagens choca, deprime e faz chorar. Mas é um tapa na cara necessário para que a gente possa, pelo menos por um momento, sair do nosso casulo de draminhas da vida moderna, e enxergar a contradição desse mundo, no qual ainda é possível encontrar relatos como esses.
comentários(0)comente



27/03/2017

Fiquei perplexa com a minha quase total ignorância a respeito da história da China enquanto lia esse livro. Felizmente, ao fechar o livro senti que isso não era mais uma verdade. Obviamente não terminei a leitura e me transformei numa perita no assunto, mas completa ignorante, não sou mais.

A autora fez um belíssimo trabalho, narrando detalhadamente a vida de três gerações de mulheres – sua avó, sua mãe e a dela mesma - vivendo sob as várias mudanças políticas ocorridas nos últimos 100 anos na China. Quando eu digo detalhadamente é detalhadamente mesmo. Iremos acompanhar ano a ano tudo o que ocorreu com elas – na verdade não somente com elas, mas tendo elas como foco -, o que ás vezes era um pouco cansativo, confesso, mas nunca tedioso. Não iremos somente ler sobre a vida desses personagens, como também ganharemos de brinde uma excelente aula de história sobre a China.

Cada uma dessas mulheres é utilizada mais para representar um período político/histórico na China. Começando com a avó, que foi uma das últimas de sua geração a praticar a amarração dos pés – Pés de Lótus – algo muito comum entre as mulheres que começou a ser abolido a partir do século XX. Além disso, era concubina - outra prática que viria a ser abolida com a ascensão do comunismo - de um general caudilho, com quem teve sua filha, a mãe da autora.

A mãe dela era bastante engajada politicamente e se identificou com a proposta comunista. No Partido conheceu o marido e pai da autora, e devo confessar que como leitora, surgiram sentimentos mistos em relação a ele. Como ele lutava por uma China incorruptível – exatamente o oposto do que era o país até então – ele jamais usufruía de suas regalias por ser membro do Partido de forma indevida. Quer um exemplo? Ele tinha direito a um carro, mas sua esposa não, e quando ela estava passando por uma gravidez complicada, em nenhum momento ele ofereceu carona para a esposa, fazendo com que ela fosse a pé ou de bicicleta ao trabalho. Ele defendia que essas corrupções pequenas estragavam o país, e ele como membro do Partido tinha que servir de exemplo para todos ao redor. E realmente, até o fim ele foi conhecido por ser uma pessoa de princípios, até mesmo quando deveria ter jogado tudo para o alto, não só para o próprio bem, como o de sua família. Se no início eu tinha ódio das passagens dele, da metade em diante, ele foi de longe o meu personagem preferido, e foi com muita tristeza que fui lendo a sua derrocada.

A autora por sua vez, nasce sob o domínio do comunismo, mas como filha de membros de alto escalão do Partido, tem muitos privilégios que a grande maioria da população não tem. É interessantíssimo o seu relato sobre o dia a dia sob esse regime. Ela fala, entre outras coisas, sobre as lavagens cerebrais para deificar Mao – chegam a ser cômicas de tão absurdas! - e os vários estágios da Revolução Cultural.

Seus pais, comunistas fervorosos até então, começam a se desanimar com a situação caótica em que vivia o país, principalmente quando se iniciou O Grande Salto Para Frente, na qual toda produção agrícola foi suspensa para produzir aço, que resultou na Grande Fome Chinesa. Sua família passa a perder prestígio com o desenvolvimento da Revolução Cultural, que nada mais era do que uma desculpa para invejosos caírem em cima de suas vítimas. A família dela, por ter gozado de muito privilégio, era uma das perseguidas e os relatos de sofrimento pela qual sua família passava são de cortar o coração.

Mas o mais interessante mesmo é adentrar na cabeça dela, na qual ela suprimia qualquer tipo de pensamento contrário a todos esses “ensinamentos” e se sentia muito culpada ao tê-los. É aí que a gente percebe duas coisas: esse negócio de lavagem cerebral existe mesmo, sendo muito difícil se libertar já que está incutido no subconsciente das pessoas, e exatamente por isso, requer uma ação do individuo para mudar sua situação. No caso da autora, essa ação foi ler. Graças ao mercado negro, ela teve acesso a muitos livros. Na época, buscar qualquer tipo de incentivo à educação era visto como antirrevolucionário. As escolas pararam de funcionar por 6 anos. Médicos se tornavam médicos pela prática. Intelectuais eram sempre denunciados. Num mundo assim, quem correria atrás de educação quando isso significaria mais problemas? O governo claramente queria sua população o mais burra possível, e quanto mais burra a população, mais fácil sua manipulação.

Posteriormente, a educação foi reaberta e as escolas passaram a ensinar de fato. A autora agarra a oportunidade de estudar fora, e no fim do livro encontramos uma China bem mais aberta e tolerante, contando até com um protesto – o da Praça da Paz Celestial -, algo totalmente impensável até uns anos antes.

No fim da leitura percebi que aquela frase “conhecimento é poder” nunca fez tanto sentido quanto neste livro. O conhecimento é libertador mesmo.
appolination 31/03/2017minha estante
Fiquei com vontade de ler. Está em minha longa fila de leitura.


03/04/2017minha estante
Então corta essa fila porque esse livro é maravilhoso!!! =)




Sannie.Brum 07/09/2016

Aula sobre a China
Foi realmente uma aula sobre a China, explicou muita coisa se você já teve algum contato com chineses e mostra fatos históricos sobre certo ponto de vista
comentários(0)comente



Celaro 13/07/2016

Três gerações de mulheres chinesas
A narrativa da vida de três gerações de mulheres chinesas serve como guia para uma viagem pela China pré-independência até os dias de hoje.
comentários(0)comente



69 encontrados | exibindo 31 a 46
1 | 2 | 3 | 4 | 5


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR