Hannabianca0 19/01/2024
O clássico romance de Louisa May may Alcott é realmente bom
Mulherzinhas foi um livro que me fez pensar por muito tempo em como eu iria escrever sobre, e o que eu ia escrever. Ainda acho que nada que eu diga aqui vai poder expressar tão puramente o que esse livro fez comigo. Porque essa é uma história que você demora a ler, mesmo tendo uma escrita leve e bem simples pra um clássico ainda acho que é um livro denso, eu demorei a terminar mesmo quando só faltavam dois capítulos.
Quando comecei a ler, há um mês atrás foi difícil pra mim. O primeiro capítulo não me puxou, o segundo também não, tive dificuldade para me conectar com as personagens, a história parecia lenta demais, nada me empolgava, nada me fazia querer continuar. Estava intragável. E eu fiquei triste, claro, minhas expectativas estavam muito altas porque esse é um livro que tem todos os elementos que eu amo numa história. E foi isso que me fez continuar.
O enredo é simples, nada de muito extraordinário acontece, são apenas aventuras cotidianas e domésticas, e no início me pareceu cansativo. E eu acredito que, para muitas pessoas que leram também.
Acho que, quando eu tinha lido mais ou menos um quarto do livro, uma chavinha começou a girar na minha cabeça. E de repente todas as irmãs pareciam reais, como se eu as conhecesse profundamente, e eu não parava de pensar nessa história, queria discutir sobre, e queria ler cada vez mais pra saber o que ia acontecer.
Ainda sim foi uma montanha russa, alguns capítulos eu simplesmente engolia rapidamente como se eu precisasse deles para viver, outros, eu demorava dias para terminar.
Sei que muitos podem dizer que esse é um livro didático e moralista, escrito para vender e agradar um público específico da época, e ele é mesmo. Mas a Louisa é uma autora tão fenomenal que te envolve na história de um modo que você simplesmente não consegue esquecer.
A segunda parte da história para mim foi impecável, mesmo com o final meio desmotivante que me jogou um balde de água fria, me fazendo esquecer da morte da minha personagem favorita e me fazendo espumar de raiva pela criação de um casal sem fundamento. Me doeu ver a Jo se casar, entendo que tem muitos motivos que envolvem esse final, uma decisão editorial da época. Mas com o tempo você aprende a aceitar.
Mesmo assim me doeu um pouco, a Jo foi levada a um lado que eu nunca a imaginei tendo, mesmo que isso envolva umas camadas interessantes da personagem, ainda assim não me agradou.
Apenas achei que o final foi incoerente com aquilo que guiava a personagem. Mas eu preciso admitir, o pedido de casamento foi tão fofo, e o capítulo final foi tão aconchegante que eu simplesmente aceitei tudo e amei com toda a minha alma.
Falando sobre a escrita, como eu já disse no início, ela é muito simples para um livro clássico. Mas eu senti um disparate de descrições detalhadas aumentando na segunda parte em comparação de que a primeira era bem simples, de modo que a escrita da segunda parte do livro era mais de meu agrado.
Agora falando dos personagens, que são simplesmente a alma dessa história, aquilo que a fez e ainda faz ser lembrada por décadas.
Minha irmã March favorita era a Beth, eu acho que depois que publicar essa resenha eu vou pesquisar todos os artigos de estudo de personagem que eu puder sobre ela. Uma personagem tão pura, tímida, calada, que vive sua vida totalmente para os outros, que nunca teve importância para ninguém além daqueles do seu nicho familiar. Personagem que na minha opinião, teve um final que não lhe fez jus, mas ao mesmo tempo, era o único que ela poderia ter. A Beth é uma personagem criada exclusivamente para a morte. Ao meu ver, seu parágrafo de apresentação no início do livro deixa isso implícito. Quando ela diz para Jo que sempre sentiu que foi feita para viver pouco, porque nunca pensou em se casar, nunca almejou um futuro concreto, nunca teve grandes ambições, que ainda achou que sua vida não valia de nada, mas no fim, notou que valia porque ela era importante para Jo, me fez chorar. E eu simplesmente não sou uma pessoa que chora com livros.
Eu amo todos os embates que envolvem a personagem da Amy, mesmo achando ela na primeira parte um poço de chatice. Meg é centrada, elegante, é aquela que tem a maior chance de se ?dar bem? na família, ao meu ver, claro.
Depois de Beth minha favorita é Jo, sinto que não consigo falar com tanta devoção sobre nossas outras personagens tanto quanto falei de Beth, mas queria deixar claro que Jo é a alma dessa história, é aquela que destoa do restante, que ama tanto as irmãs que poderia fazer qualquer coisa para que todas alcançassem seus desejos fundados nos castelos das nuvens. Jo, é uma personagem que explicita muito o que é ser uma irmã mais velha, mas eu não vou começar a divagar sobre isso aqui.
Tendo falado das Irmãs gostaria de dizer que eu AMO o Laurie. No início da história me sentia um pouco alheia a ele, por conta dos problemas que eu retratei no início do texto, mas depois eu me apaixonei perdidamente por ele.
Mulherzinhas é uma história inesquecível, o que é estranho já que é um livro que nenhuma coisa mirabolante acontece. Mesmo com um final meio morno e algumas ressalvas a respeito de algumas conclusões finais e ritmo, eu ainda amo essa história. Amo falar sobre ela e pensar sobre. Amo a atmosfera do livro, a vibe, talvez eu comece a considerar como um dos meus favoritos da vida.