Cristiana Ferreira 09/12/2021
Qual é a lição que se deve retirar?
Um livro maravilhoso é aquele que me faz sentir (felicidade, tristeza, curiosidade, animação, tesao, etc.).
E, para começo da conversa, a Canção de Aquiles deixou-me com um gosto de revolta, de inconformismo e apenas uma pitada de tristeza.
Outro ?critério?, por assim dizer, é se o livro ensinou alguma coisa. E, obviamente, que a canção de Aquiles ensina. Afinal, quem não conhece a expressão ?o calcanhar de Aquiles??
As primeiras páginas do livro encantaram-me, tanto pela escrita da autora, que tornou tudo leve, simples e atrativo de se ler, como o romance ingénuo e puro entre Patroclus e Aquiles. Conquistou-me logo!
Quando passamos para o momento da guerra e conhecer todos os outros reis, o meu ritmo desacelerou consideravelmente.
Sabia que o encanto ia acabar. E achava que as próximas cenas seriam chatas (devido a ser guerra detalha) ou tristes (porque não se iria concentrar na guerra, mas nas perdas).
O que aconteceu?
Não achei um massacre ler, um massacre foi o que aconteceu na guerra.
No entanto, foi triste.
Porquê? Porque tivemos a oportunidade de ver um protagonista (Aquiles) digno de ser o herói que ele o próprio queria ser, para se virar vilão ou um anti herói.
O orgulho dele, a necessidade de ser mitificado, apresenta-se durante o decorrer da guerra, desde o início, onde ele teve que ser o primeiro a fazer um troiano sangrar, porque assim iria começar a sua história memorável.
Alem disso, vemos que ele cruza uma linha.
Qual linha, vocês se questionam.
Ele ficou horrorizado quando o Rei sacrificou a sua própria filha.
No entanto, após esse episódio, as vidas que ele ceifava começaram a perder significado quando começavam a aumentar.
Ao ponto que, combinado com o seu orgulho, ele não se importou que homens do exército do qual ele lutava morressem.
Devido ao desrespeito que o Rei lhe desmontrou, ele decidiu ficar sentado e observar quando milhares morriam, porque Aquiles, aquele que ia salvar todos, não conseguia engolir o orgulho.
Patroclus disse-lhe, avisou-o, ?You?re destroying yourself. You will not be loved for this, you will be hated, and cursed.?
De o herói, da sua fama que não teria precedentes pelo seu feito que os Deuses prometeram, Aquiles começou a virar o anti herói, um homem demasiado orgulhoso ao ponto de deixar milhares pessoas morrerem.
E é aqui que entra Patroclus, que o ama mais que tudo, que vê o seu amado virar alguém que será objeto de ódio. Patroclus decide usar a armadura de Aquiles, com a sua aprovação, para levantar o espírito do exército, que a muito definhava-se de peste, e afugentar o exército inimigo.
Patroclus conseguiu isso.
Mas também atraiu a atenção dos inimigos.
E?
(Spoiler alert)
Morreu.
Morreu pelo orgulho de Aquiles.
Não, por amor.
Não.
Pelo orgulho da pessoa que mais amava.
Morreu pela pessoa que Aquiles outrora fora.
E, por isso, a minha revolta com Aquiles e a sua história.
E agora Aquiles? O teu melhor amigo, o teu amor, está morto por tua causa.
Ele vingou a morte, de modo muito atroz.
Enfim.
Ainda assim, realmente cumpriu com o seu destino. Milhares de anos, histórias suas ainda são repassadas.
Mas são contadas com o intuito de o glorificar?
Eu não sinto isso.
?Calcanhar de Aquiles?
O seu ponto fraco.
Apenas relembra-me que o orgulho, a inveja, a necessidade de ser superior, será e é a condenação do Homem.
Nada em excesso faz mal. Eu sou orgulhosa, mas não ao ponto de deixar milhares de pessoas morrerem, porque alguém não me é capaz de pedir desculpas.
Cuidado com o vosso orgulho. Ele mata.
Aprendam qual é o vosso calcanhar de Aquiles e tentem sempre manter em controlo.
Lutem pelas vossas crenças, mas não pisem os outros por elas.
Sejam felizes, não importa o quê.