spoiler visualizarCarol 05/07/2012
Bem, a resenha vai ser grande, e com spoiler, portanto se você ainda não leu o livro, não leia, pois não quero estragar o imenso prazer de ninguém, quero apenas compartilhar minhas dúvidas, para poder entender a última página do livro!
Primeiro me surpreendi por terem colocado este livro como o livro n° 3 do Cemitério dos Livros Esquecidos, como se fosse uma continuação de uma saga, ao meu ver O Jogo do Anjo não tem nada a ver com A Sombra do Vento e nem com O Prisioneiro do Céu, apenas os personagens que entram na trama, mas realmente todos os livros tem começo, meio, fim e são independentes.
Então tenho lido muita gente dizendo que lançaram no Brasil a sequência errada, pois O Jogo do Anjo deveria ser o último, já que O Prisioneiro do Céu termina com a Daniel achando o livro escrito a sangue e a beira da loucura de Martín, na minha concepção isso não é verdade.
Já li todos os livros lançados no Brasil do Zafón, me apaixonei pela A Sombra do Vento, e assim que saiu O Jogo do Anjo sai correndo para ler, o mesmo aconteceu com Marina e agora com O Prisioneiro do Céu.
Na verdade eu sou muito fã do Zafón e pretendo ler todos os livros da saga dos Sempere novamente, para conseguir entender de verdade.
O Jogo do Anjo quando li não soube interpretar se o anjo era morto ou vivo (terminei o livro sem saber), e agora ao ler O Prisioneiro do Céu, o Zafón interliga este livro com O Jogo do Anjo, fiquei mais perdida ainda, pois em O Jogo do Anjo o David Martin narra a história e ele é o escritor que entra no "Jogo" de Andreas Corelli, "O Anjo", ou seja, ele não é O Anjo.
Em O Prisioneiro do Céu deu a entender que "O Anjo" do "O Jogo do Anjo" era o Valls, pois em "O Jogo do Anjo" o Andreas promete muito dinheiro para o Martin escrever um livro (e neste Valls promete muita coisa para David), enfim, não sei se estou já maluca, mas o Zafón faz isso comigo! Me faz pensar em várias possibilidades e finais que ele não deixa beeeeem claro!
No final do livro fiquei com muita dúvida em relação a aquele anjo que o filho de Daniel quebrou na lápide da Isabella. Antes disso acontecer ele remete ao pedaço da carta que David escreveu para Daniel dizendo que aquela briga era dele e que na vida ele teve um anjo assim como na vida dele ele também tem um.
O Julian ao quebrar o anjo na lápide de Isabella, Daniel acha um pedaço de papel com o nome do Valls, e ai é que surge a minha MEGA dúvida: David matou Valls e por isso que ele nunca mais apareceu em lugar nenhum? Salvando assim o futuro de Daniel de ir atrás de Valls e fazer justiça com suas mãos e destruindo a sua vida, ou, Foi Valls que colocou aquele anjo ali provando que ele era a pessoa que estava na casa onde David iria ser morto e ter salvado sua vida? Este último para mim seria menos sem sentido, uma vez que foi ele mesmo que mandou matá-lo... enfim, peço encarecidamente que, se alguém tiver entendido, que me responda! POR FAVOR!
Vamos falar sobre o livro...
“Durante a guerra civil e graças aos sinistros préstimos do inspetor Fumero que, na época, antes de se juntar aos fascistas, atuou como matador profissional contratado pelos comunistas, meu amigo tinha ido parar na prisão, onde quase perdeu o juízo e a vida. Quando conseguiu sair, vivo por puro milagre, resolveu adotar outra identidade e apagar seu passado. Moribundo, pegou emprestado um nome num velho cartaz de uma tourada na Plaza Monumental. Assim nasceu Fermín Romero de Torres, um homem que inventava sua história dia após dia”.
O excêntrico e encantador personagem Fermín Romero de Torres reaparece no novo romance de Carlos Ruiz Zafón, intitulado O Prisioneiro do Céu e publicado pela Suma de Letras, com maior destaque. Os preparativos para seu casamento com Bernarda transcorrem, e em conjunto com a alegria do momento esperado, o estado de apreensão toma conta de Fermín enquanto os dias correm em direção ao matrimônio.
O motivo da preocupação está contido no seu passado nebuloso. Durante a guerra civil espanhola Fermín fora preso em uma prisão secreta, torturado e conseguira fugir em uma operação que envolveu outro preso e escritor chamado David Martín e um plano baseado no livro O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas.
A fuga bem sucedida acarretou a declaração de morte do fugitivo para salvar a honra do diretor do presídio em meio ao regime fascista instalado na Espanha.
Mas não é apenas o atestado de sua morte que o preocupa, mas o fato de ter que contar os fatos que transcorreram naquela prisão e que envolveram de certa forma o amigo Daniel Sempere. As lacunas deixadas no livro A Sombra do Vento sobre Isabella, a mãe de Daniel, são preenchidas e alarma-no quanto aos motivos de sua morte e outros fatos impactantes.
Apesar de todo o suspense e terror criado pelo relato de Fermín, o novo livro de Carlos Ruiz Zafón não contém a mesma magia enigmática da primeira obra. Enquanto em A Sombra do Vento o autor cria uma Barcelona hostil e sedutora, trançando os fatos para que o suspense decorra até o final da narrativa, em O Prisioneiro do Céu o auge do livro está no relato de Fermín para Daniel sobre o tempo de prisão.
As revelações para a vida do amigo Sempere até poderiam desenrolar novos aspectos na trama e levar a dupla a viverem novas aventuras, mas o fato é que nada acontece. Daniel desiste de qualquer tentativa em revirar o passado da mãe, dando a impressão que o próprio autor desistiu do livro no decorrer da escrita, e fora que muitas respostas para a trama contada por Fermín poderiam ter sido mais envolventes, com mais conteúdo, afinal, Zafón conseguiu colocar tanto suspense em toda a narração e que deixou o resultado um pouco "sem graça", até o fato de Fermín ao iniciar a narrativa de tudo que se passou para ele ter "morrido" na cela 13, quando ele diz para Daniel que fez uma coisa muito, muito ruim, eu pensei que ele tivesse matado, roubado, ou feito algo realmente de ser intragável, mas o pobrezinho só salvou a sua pele com lealdade aos amigos e devoção ao David, colocando toda a sua vida de lado para cumprir a promessa de que cuidaria de Daniel.
Apesar deste fato retirar um pouco do sabor da obra, deixando uma certa frustração pela brevidade da trama, um outro aspecto se sobressai. A amizade de Daniel e Fermín é abordada de maneira tocante. Ambos compartilham a miséria de vidas sem riquezas materiais, mas celebram a amizade com pequenas alegrias de encontros sinceros que se encerram no cemitério dos livros esquecidos.
No final ficamos com a sensação que um novo livro vem a caminho para encerrar a trama em volta do Cemitério dos Livros Esquecidos, composta, até agora, por A Sombra do Vento, O Jogo do Anjo e O Prisioneiro do Céu. Pesquisando sobre a saga, achei uma porta com quatro fechaduras, para 3 fechaduras existia o nome dos livros lançados e existia uma fechadura sem nome, ou seja, deu realmente a entender que mais um livro sairá.
Enfim, mesmo achando que poderia ser melhor, Zafón tem o domínio das palavras e de encantar leitores de uma forma apaixonante!