Noite do oráculo

Noite do oráculo Paul Auster




Resenhas - Noite do Oráculo


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Otávio - @vendavaldelivros 20/06/2021

?Agora que cessou de existir, parece adequado usar o guarda-roupa de um homem que igualmente deixou de existir ? como se essa dupla negação fizesse o apagamento do seu passado mais total, mais permanente.?

Existe uma categoria de autores que conseguem nos transportar para lugares que nunca pisamos com nossos próprios pés. Zafón, por exemplo, tinha o dom de fazer Barcelona parecer um lugar familiar e conhecido. Paul Auster também é assim, é impossível ler o que ele escreve sem se sentir completamente imerso em Nova York. Ouso dizer que Auster consegue retratar Nova York nos livros mais claramente do que muitos filmes gravados na cidade.

Minha primeira experiência com o autor havia sido com o famoso Trilogia de Nova York, que contém três histórias distintas (à príncipio) e que se passam todas na cidade referência dos Estados Unidos. A experiência foi diferente e boa, então tinha altas expectativas sobre Noite do Oráculo, obra lançada em 2003 pelo autor.

É difícil descrever Noite do Oráculo sem fugir do senso comum: Um livro, dentro de um livro, dentro de outro livro. Aqui conhecemos Sidney Orr, um autor à beira da falência e recém-saído do hospital. Orr acaba entrando em uma loja recém-inaugurada de um chinês que acreditou no ?american dream?. Ali, compra um caderno português de capa azul e utiliza o caderno para iniciar seu novo projeto. É nesse ponto que se inicia a história de Nick Bowen, um editor também de Nova York.

Nick tem contato com o livro, de uma autora obscura, chamado Noite do Oráculo. E em meio a essa descoberta, após um quase-acidente fatal, resolve abandonar toda sua vida pregressa e começar uma nova vida, do nada. Sim, é confuso, mas é incrivelmente compreensível graças à escrita de Paul Auster, que prende o leitor e cria a ansiedade para o próximo ato de todas as histórias.

Por sinal, talvez seja aí o grande defeito do livro. Ele se encerra sem resoluções, sem explicações, sem aprofundamentos. Três grandes histórias potenciais que infelizmente se encerram, como uma janela que se abre por apenas um momento e torna-se a fechar. Ainda assim, um livro e uma experiência diferente, reflexo do talento de Paul Auster.
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stopmakingsense 07/08/2024

??Pensamentos são reais?, disse ele. ?Palavras são reais. Tudo que é humano é real, e às vezes sabemos coisas antes que aconteçam, mesmo sem ter consciência disso. Vivemos no presente, mas o futuro está dentro de nós a todo momento. Talvez seja isso escrever, Sid. Não registrar eventos do passado, mas fazer as coisas acontecerem no futuro??
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Lori 12/04/2010

Como quase todos os livros modernos que eu leio, esse é mais um que entra na lista de que foi indicação. Normalmente quando meus amigos falam que o livro é a minha cara e eu vou gostar, chego a nem ler o resumo. Mais uma vez, minha amiga acertou e tive uma ótima experiência pelas ruas nova-iorquinas com Sidney Orr através dos olhos de Paul Auster.

Estava um pouco apreensiva quando li o resumo na contra capa antes de iniciar a leitura, demora um pouco para eu acostumar com textos menos convencionais, Murakami que o diga. E não saber o que era presente, passado e futuro, parecia um pouco demais. Mas a escrita de Auster é tão viciante que qualquer medo que você tenha dele perder a história se dissipa em poucas páginas. Você embarca com ele para conhecer a vida de Sid e em poucas linhas você torce para que ele consiga de novo escrever, compreende o amor dele por Grace e gosta da amizade dele com John. Talvez o fato de ser em primeira pessoa ajude, mas a facilidade que Auster consegue fazer você entrar na vida dele é rara.

Tem dois diferenciais no livro que são interessantes: o fato de que você acompanha a criação dele de um conto e a forma que ele coloca referências. A primeira me atraiu logo, por que passa de uma forma rápida o que vai acontecendo com o personagem Nick e você quer continuar sabendo a história dele. Ao mesmo tempo em que vai conhecendo outros personagens que não são tão aprofundados, mesmo assim você já sente algo por eles. Simpatizei-me por Rose e Ed Victory, e compreendi a dor de Eva. Já a segunda demorou mais para eu compreender e gostar, que eram as referências no final da página. Quando havia algo que precisasse ser explicado, como ele e a mulher se conheceram ou outra lembrança, ele colocava uma referência lá embaixo e explicava, chegando a ocupar páginas. Era confuso às vezes, não sabia se interrompia a leitura ou continuava e depois voltava. Mas depois de acostumar, eu ficava esperando por elas, queria conhecer mais um pouco do passado de Sid. E o interessante dessa forma de explicar é que não interrompe a leitura, por que o personagem do nada resolveu lembrar de algo passado e não precisa de uma linha reta na narração.

Provavelmente o que mais me encantou, fora a forma de escrita, foram as perguntas que ele deixa no ar. E o fato delas não serem soltar do nada só para encher lingüiça melhora consideravelmente aliás. Ele coloca através dos trabalhos do protagonista, uma forma de trazer tópicos diferentes sem pesar ou sair do foco. A que mais me interessou foi a questão de que se você pudesse ir para o futuro ou passado o que você escolheria. E ele não escolhe o caminho fácil e fala o futuro, ele vai pelo caminho oposto e dá um ótimo motivo. Por que você preferiria conhecer algo que não entende do que reviver momentos significantes? A questão da sobrevivência e vivência também aparece com Nick, afinal a idéia é que ele passa por uma experiência de quase morte e larga tudo para viver uma nova vida, por que ali ele estava acomodado e só sobrevivendo. Outra muito é boa pelo conto de John, que fala sobre a necessidade dos países de terem um inimigo para controlarem a população. Isso lembra facilmente a situação dos EUA no século XX, onde troca de inimigos, uma hora é o fascismo, depois o socialismo e em seguida o islamismo. Repare como três questões de debates foram tragas por trabalhos dele durante o livro – um é conto, outro roteiro para cinema e outro é conto de outro autor.

Há outras questões do livro que podem ser debatidas, como o caderno português, o chinês maluco, ou a questão de escritores saberem o futuro sem saberem desse fato. Mas a beleza da literatura é que ela encanta cada um de uma forma diferente, esses assuntos embora interessantes se perdem, para mim, frente a outros. Prefiro falar dos trabalhos dele (a idéia de um livro dentro de um livro, dentro de outro livro é totalmente nova), do relacionamento dele com Gracie, da sua escrita.

O livro tem passagens ótimas, mas uma que me interessou foi: “Mas eu estava errado. Fico contente de contar que estava errado. Acho sempre estimulante descobrir novos exemplos de meus próprios preconceitos e bobagens. De entender que não sei nem metade do que acho que sei.” (Pag. 37, 3º parágrafo, 5ª linha)

Uma professora disse recentemente que havia dois tipos de textos, aqueles que te respondiam e fechavam assuntos e havia outros, aqueles que abriam sua cabeça para novas perguntas. Ela falava sobre textos de História, mas acho que serve perfeitamente para a Literatura. E Paul Auster definitivamente faz parte desse segundo grupo.

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http://depoisdaultimapagina.wordpress.com/
Day 18/05/2018minha estante
adorei o que vc escreveu! Me vi em várias passagens! Eu ainda não sei se gosto ou não desse livro, queria muito saber o que aconteceu ao Nick.. puxa vida, não saber me deixou bem angustiada! Na maioria das vezes eu consigo imaginar e adoro quando isso acontece.. nesse caso queria muito uma saída.. hauhuahuaha Vou conhecer seu blog! Beijão




Candido Neto 21/05/2020

Que livro bom.
A escrita é estilística esteticamente exemplar.
Não segue a óbvia jornada do herói, mas não a descarta.
Aprofunda na vulgaridade da vida do narrador (sem nem de longe isso ser algo depreciativo, vulgar aqui como sinônimo de mediano) e mostra questões filosóficas com as quais nos deparamos nós mesmos com o nosso dia-a-dia.
Meu silêncio é traição?
Devo achar que isso é traição?
As palavras tem o poder de alterar as coisas ou o futuro?
Até onde devemos apoiar alguém?
Trabalhar com o que não quero só pelo dinheiro é demérito?
Enfim um livro enorme de poucas páginas.
Por enquanto o melhor do ano.
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Mahfud, Fábio 24/08/2011

Inception
Quando uma amiga deixou esse livro aqui em casa, sugerindo que eu lesse, quase achei que iria devolver sem nem sequer abrir. Não gosto muito de ler livros que me emprestem sem eu conhecer nada sobre eles. Mas resolvi dar uma chance ao sr. Paul Auster após uma olhada rápida nas (3) resenhas aqui do skoob. E (nossa!!), como eu teria perdido uma ótima estória se tivesse devolvido sem ler.
A trama sobre o escritor Sidney Orr começa já misteriosa com ele se recuperando de uma longa passagem pelo hospital, mas sem maiores explicações. Somos apresentados à sua esposa Grace e ao amigo e também escritor, John, e começamos a receber pouco a pouco informações sobre a maneira com que os personagens se relacionam.
E tudo fica ainda melhor quando ele encontra em uma pequena lojinha um caderno português azul e lá começa a escrever um conto novo, após tempos de recesso devido a sua saúde. Logo nos prendemos a estória dentro da estória (lembrei logo do filme 'A Origem').
Auster consegue criar ótimos personagens, seja na trama principal ou nas do caderno azul, e quando os problemas na vida de Sid começam a pipocar por todos os lados, não há como desgrudar do livro.
O clímax é muito tenso e muito bom. Pra ficar melhor, só se eu encontrasse um caderno azul com a estória completa de Nick.
Day 18/05/2018minha estante
Se vc achar esse caderno azul, vc me empresta!!?? Quero muitoo! hauhauha




Carol 13/09/2015

Matrioska
Em “Se um viajante numa noite de inverno”, Calvino brinca com a ideia de um leitor que adquire um livro cuja história está inacabada e ansiando por descobrir como ela termina, envolve-se em outras obras incompletas, uma mais interessante que a outra. Ficções dentro da ficção.

Da pele de um leitor para a de escritor. É esta a premissa de Noite do Oráculo, de Paul Auster, livro publicado no Brasil, em 2004, pela Companhia das Letras.

Sidney Orr é um escritor que se recupera de um longo período de convalescença e, ao comprar um caderno azul português, recobra sua inspiração. Começa a escrever o romance sobre Nick Bowen, um editor de livros que recebe o manuscrito de Noite de Oráculo, escrito por Sylvia Maxwell. O manuscrito conta a história de Lemuel Flagg, um soldado que possui o dom de prever o futuro. Como a boneca russa Matrioska, ficções dentro da ficção.

Sidney é parecido com o autor. Ambos são escritores, moram no Brooklyn e são casados. John Trause, amigo do protagonista, também é escritor e, assim como Auster, morou um tempo na França. Se olharmos bem, Trause é um anagrama para Auster.

Nesta mistura de ficção e realidade, o personagem principal lidará com fatos e acontecimentos os quais vinha evitando, talvez, inconscientemente.

Um livro escrito por um amante da literatura para o deleite de pessoas que amam ler. Uma grata surpresa pra mim, pois ainda não havia lido nada do autor.
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Rodrigo Brasil 26/05/2020

A segunda vida de Sid
Foi meu primeiro contato com Auster.
Uma leitura super fluída e interessante.
3 histórias dentro de um só livro, elas se cruzam e criam um jogo de espelhos maravilhoso.
Adoro o uso da metaliteratura no texto.
O protagonista principal, Sid, é um sujeito curioso, que renasceu após um grave acidente, mas tem que conviver agora com a vida.
Uma vida dura, com dívidas, segredos e ócio criativo.
É uma pena que não deu para sabermos como terminou a históriade Nick Bowen, preso embaixo da terra, uma história não finalizada por Sid.
Um livro super rápido e delicioso de ser lido.
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KIKA BUTTERFLY 23/02/2023

Diferente
Este livro vai desafiar a preguiça mental de alguns pois ele uma história dentro de outra, dentro de mais uma e não possui nada além de um espaço maior para separar estas quebras e é possível se perder facilmente sem saber em qual das histórias se está. O enredo em si não é nada demais: você vai acompanhando o cotidiano da vida deste escritor após um longa estadia no hospital por um problema de saúde e que não consegue mais escrever até que compra, numa papelaria, um caderno de capa azul e volta a escrever loucamente e a história que ele escreve por sua vez também envolve um livro. A narrativa intercala cada uma dessas histórias e aos poucos você percebe que "realidade" e "ficção" começam a se confundir.
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Coruja 29/09/2015

Trata-se de várias histórias dentro de uma história. O personagem principal, Sidney Orr é um escritor recuperando-se de alguma doença misteriosa (eu fui e voltei, mas não consegui descobrir que raio de doença ele teve... mas isso não é realmente importante para a história, só me deixou curiosa) que quase o matou. Um dia, numa de suas caminhadas, reacostumando-se com a ‘vida normal’, ele descobre uma pequena papelaria onde encontra um caderno azul de capa dura, produzido em Portugal.

Impulsivamente, ele compra o caderno e, quando chega em casa, começa a escrever – reencontrando aos poucos sua inspiração.

Ao mesmo tempo em que escreve a história de um homem que decidiu largar toda a sua existência para trás após escapar por um triz da morte por um raio, deixando para trás uma carreira de editor, mas levando consigo um manuscrito importante – cujo título é justamente Oráculo da Noite -, Sid tenta entender o que está acontecendo com sua esposa Grace, e se vê envolto nos dramas familiares do amigo, o também escritor John Trause. E ainda temos um roteiro de filme inspirado em A Máquina do Tempo, e mais outros tantos fios narrativos que se entrecruzam de forma quase alucinatória.

Sid por vezes perde a noção de realidade e nos carrega consigo de forma quase febril enquanto trabalha em todas essas histórias – aquelas em que é o autor e das quais é personagem. A cada página virada você entra mais fundo num mundo de ficção dentro da ficção, num torvelinho de metalínguistica.

É um livro sobre livros, sobre o poder da palavra. Há coincidências que por vezes nos fazem crer que o tal caderno azul seja algo sobrenatural. Mas a história é muito real – especialmente no final de tantas perdas sem sentido – para que vivamos essa ilusão por muito tempo.

Eu conhecia o nome do Paul Auster por causa de A Trilogia de Nova York que já vi indicado em várias listas de ‘clássicos contemporâneos’. Por algum motivo, a capa dessa série me fazia pensar em romances noir, e, como esse não é um gênero que me chama particular atenção, nunca cheguei a sequer ler a sinopse.

Confrontada com a chegada de Oráculo da Noite, o resumo do livro me fisgou de pronto e comecei a lê-lo no mesmo dia. Arrependo-me agora de não ter dado uma chance e me deixado levar pelas aparências. Auster é um autor a quem eu hei de retornar mais cedo ou mais tarde.

site: http://owlsroof.blogspot.com.br/2015/09/meu-primeiro-mes-experimentando-tag.html
Beth 30/09/2015minha estante
Depois dessa resenha, vou ler com certeza!




Gláucia 27/10/2015

Noite do Oráculo - Paul Auster
Publicado em 2003, foi o livro do mês de setembro/2015 de minha assinatura trimestral da TAG - Experiências Literárias.
O protagonista, Sidney Orr, um escritor, esteve alguns meses entre a vida e a morte e após sua recuperação entra numa estranha papelaria, propriedade de um estranho chinês e se vê impelido a comprar um caderno português de capa azul de fabricação esgotada. O caderno o leva a voltar a escrever de forma meio compulsiva, uma espécie de conto inspirado numa história de Dashiel Hammet sobre um homem que, após quase ter morrido, passa a rever sua vida. O conto tem como protagonista Nick Bowen e à medida que essa história se desenrola percebemos seu paralelismo com a vida de Sid, vivendo uma crise em seu casamento com Grace.
A narrativa é bem divertida, com um leve toque de absurdo kafkiano pois as situações vividas pelos personagens são bem estranhas, um tantinho surreais. Traz histórias dentro da história, elas vão se entrelaçando e chegamos num ponto onde passamos a confundi-las, sem saber qual a principal. Mesmo assim não chega a ser confuso e apesar de nem conseguir definir direito a trama adorei a leitura. Rápida, leve e cheia de um tipo peculiar de humor.
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Our Brave New Blog 17/05/2016

RESENHA NOITE DO ORÁCULO - OUR BRAVE NEW BLOG
“Meu deus, lá vem o Victor destilar mais um pouco de ódio sobre os americanos”. É eu sei que todos os quatro americanos que eu falei aqui levaram sopapo (ainda não estamos contando o Bukowski), mas isso não ia acontecer o tempo todo, para isso eu teria que trair os meus feels e nem com todo o ódio antiamericano dá para não gostar de Paul Auster.

Ele é um daqueles caras que está entre os dois mundos: não faz best-sellers a cada livro que escreve, mas tem seu público relativamente grande (entre eles uma das “caras” do blog, Lourenço Mutarelli) e a crítica também gosta do que ele escreve, não chega a revolucionar a arte de colocar uma palavra na frente da outra, porém sempre é gratificante estar em contato com o que ele tem para contar. Ah, e também é diretor de cinema, esse sabe viver a vida.

O que ele tem para contar em Noite do Oráculo então? Sidney Orr está se recuperando de sua experiência de quase morte, depois de ter sido atropelado por um carro e ficado meses internado, e agora tenta voltar a escrever e arrumar uma grana para conseguir pagar o plano médico. Em uma de suas caminhadas matinais, ele encontra uma pequena papelaria comandada por um chinês e lá fica apaixonado por um caderno português de capa dura e sente que nele vai conseguir retomar sua carreira. Compra o da cor azul e sente a mágica fluir assim que começa a escrever nele, só que coisas estranhas também chegam junto com esse caderno.

Metalinguagem é a palavra do livro, e por ser um tema que eu não tinha muita experiência em livros, fui surpreendido demais com as ideias do Paul. Sidney começa a escrever uma história que se parece com a sua, e o Auster te mantém colado na cadeira querendo saber o desenrolar das duas, fazendo jogos com a sua mente e cortando de um lado para o outro rapidamente, fazendo esse livro ficar muito ágil. Outra característica marcante do livro foram as notas de rodapé que o autor colocou, uma delas, por exemplo, ocupa várias paginas e conta um detalhe extra da vida dos personagens, seja o nosso heroi escritor, sua esposa ou o amigo do casal, o famoso escritor John Trause. Dica: as notas são acessórios da narrativa, se você quiser pode não lê-las e acabar a obra mais rápido, mas vai perder um pouco da profundidade dos personagens.

Tempo também é outra palavra importante. A relação que o escritor expõe no livro das pessoas com o tempo é incrível...

RESENHA COMPLETA NO SITE: http://ourbravenewblog.weebly.com/home/a-noite-do-oraculo-por-paul-auster

site: http://ourbravenewblog.weebly.com/home/a-noite-do-oraculo-por-paul-auster
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Jamyle Dionísio 07/12/2021

Quebra-cabeças
Li Paul Auster pela primeira vez quando soube que me mudaria para Nova York. ?A Trilogia de Nova York? me pareceu uma escolha óbvia, mas em vez de mergulhar numa narrativa pela cidade, descobri também um dos meus escritores favoritos.

?A Noite do Oráculo? não foge ao estilo do autor, em que a realidade é atravessada pelo fantástico mais tétrico do que mágico. Personagens duplos, histórias paralelas que, no fim, espelham-se. Inícios que são fins e vice-versa.

Sidney Orr, escritor que se recupera de uma grave doença, compra um curioso caderno azul, que encontra numa papelaria recém inaugurada no bairro. E as palavras brotam numa escrita quase automática quando ele começa a escrever nesse caderno, como se o objeto mesmo lhe soprasse a narrativa de Nick Bowen, um editor que, quase atingido por um raio quando sai de casa para botar algumas cartas na caixa de correio, dá-se conta de que ganhou uma nova vida. Decide, então, começar do zero: dali mesmo vai direto para o aeroporto, pega o primeiro voo disponível e dispõe-se a viver o que quer que a vida lhe apresente dali em diante.

Sidney também escapou à morte, e os paralelos entre a vida do escritor e do personagem se ampliam à medida em que a história vai sendo escrita. Mas será que Sidney escreve no caderno azul ou o caderno azul começa a escrever a vida de Sidney? Até onde escritor e personagem determinam um ao outro?

Ler Paul Auster é conhecer histórias com um maquinário preciso, mecânica bem ajustada e lubrificada, que não só funciona como apresenta possibilidades de outros funcionamentos. Os sentidos não se esgotam no livro: aliás, conversam com seus outros livros (como o cabalístico final do número de telefone que Nick usa, 4321, e que é justamente o título de seu livro mais recente). Paul Auster une, como ninguém, uma escrita de primeira com uma boa história. Casamento que, convenhamos, é raro no mundo da literatura.



@chadepalavra
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VG 05/12/2016

Bonecas Russas
Esse livro me encantou por alguns motivos.

O primeiro aspecto que me chamou a atenção é mais subjetivo... Foi o primeiro livro de Auster que li e fiquei positivamente surpresa com a fluidez de sua narrativa e com a precisão de muitas das frases que compõem o livro. Há passagens belas e estranhas, que nos convidam e nos forçam a pensar.

O enredo é bem construído, sendo envolvente. Ficamos sempre com a sensação de que algo está por vir, algum mistério vai se revelar. Qual o segredo do caderno azul português? Qual o segredo de M.R. Chan? Qual o segredo de Sylvia Maxwell? O que se passa na relação de Gracie e Nick Bowen? São muitos os suspenses levantados pela escrita de Auster - nem todos serão respondidos, no entanto, é impossível negar a curiosidade que eles suscitam.


O segundo motivo de encantamento é mais técnico. Auster usa com maestria a técnica das Bonecas Russas, encaixando uma história dentro da outra, dentro da outra. Temos a história "grande" de Syd Orr, escritor acidentado, e Gracie, sua esposa. Logo começa uma outra história ("média"), a que Orr está escrevendo: esta é a história de Nick Bowen, um editor de livros que decide largar o emprego. E dentro dessa história, uma terceira ("pequena"), a história da Noite de Oraculo, livro escrito pela autora Sylvia Maxewll, autora fictícia inventada por Orr. Várias outras narrativas curtas permeiam este livro... A relação de M.R. Chang com Orr, a história de Jacob. A profusão de histórias é tão grande que o livro causa um estranhamento por lembrar, talvez demais, a vida real: cheia de pedaços desconexos de narrativas de vidas distintas, das quais tentamos tirar algum sentido. E que, no entanto, na maior parte das vezes não têm sentido algum. São apenas coisas que acontecem e passam.

Ainda com relação ao aspecto técnico, o uso extensivo das notas de rodapé me provocou um estranhamento. Não sei se gostei, mas definitivamente produz um efeitos diferente na leitura. Talvez seja um recurso importante para tratar dessas micro-histórias que se infiltram constantemente na história principal, além de serem uma forma de demarcar a fala do personagem Orr ao descrever a história secundária, de Nick Bowen. As notas são, ao menos, uma ferramente para nos lembrar de que tudo o que está escrito é ficção, que tudo não passa de histórias dentro de histórias dentro de histórias.

Em suma, esse livro foi uma agradável surpresa.

site: https://movimentosliterais.wordpress.com/2016/12/05/resenha-de-noite-do-oraculo-de-paul-auster/
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Ana 28/04/2018

Uma coisa leva a outra
Comecei lendo esse livro de Paul Auster com grande expectativa. A sinopse me empolgou muito, me interessei sobre a história de um escritor que estava sofrendo um bloqueio após um acidente e que consegue superá-lo nas linhas de um caderno azul português, comprado numa papelaria de bairro um tanto quanto peculiar. Porém, a historia não é tudo aquilo que eu esperava. Claro, a capacidade narrativa do autor é magistral, não conseguimos desgrudar do livro pois ele nos leva junto, sempre queremos saber o que acontece em seguida. A força do livro está nisso, em sempre nos deixar curiosos sobre qual será o próximo capítulo, o que acontecerá em seguida, mas a história em si não é aquele mistério todo que eu imaginei a princípio, é mais um cotidiano narrado de forma misteriosa, nos levando a crer que exista algo por trás, mas não consegui ver nada além do que nos narrou o personagem. Enfim, foi o primeiro que li do autor, espero ler outros, ótima leitura, instigante, gostei muito.
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