Coruja 29/09/2015Trata-se de várias histórias dentro de uma história. O personagem principal, Sidney Orr é um escritor recuperando-se de alguma doença misteriosa (eu fui e voltei, mas não consegui descobrir que raio de doença ele teve... mas isso não é realmente importante para a história, só me deixou curiosa) que quase o matou. Um dia, numa de suas caminhadas, reacostumando-se com a ‘vida normal’, ele descobre uma pequena papelaria onde encontra um caderno azul de capa dura, produzido em Portugal.
Impulsivamente, ele compra o caderno e, quando chega em casa, começa a escrever – reencontrando aos poucos sua inspiração.
Ao mesmo tempo em que escreve a história de um homem que decidiu largar toda a sua existência para trás após escapar por um triz da morte por um raio, deixando para trás uma carreira de editor, mas levando consigo um manuscrito importante – cujo título é justamente Oráculo da Noite -, Sid tenta entender o que está acontecendo com sua esposa Grace, e se vê envolto nos dramas familiares do amigo, o também escritor John Trause. E ainda temos um roteiro de filme inspirado em A Máquina do Tempo, e mais outros tantos fios narrativos que se entrecruzam de forma quase alucinatória.
Sid por vezes perde a noção de realidade e nos carrega consigo de forma quase febril enquanto trabalha em todas essas histórias – aquelas em que é o autor e das quais é personagem. A cada página virada você entra mais fundo num mundo de ficção dentro da ficção, num torvelinho de metalínguistica.
É um livro sobre livros, sobre o poder da palavra. Há coincidências que por vezes nos fazem crer que o tal caderno azul seja algo sobrenatural. Mas a história é muito real – especialmente no final de tantas perdas sem sentido – para que vivamos essa ilusão por muito tempo.
Eu conhecia o nome do Paul Auster por causa de A Trilogia de Nova York que já vi indicado em várias listas de ‘clássicos contemporâneos’. Por algum motivo, a capa dessa série me fazia pensar em romances noir, e, como esse não é um gênero que me chama particular atenção, nunca cheguei a sequer ler a sinopse.
Confrontada com a chegada de Oráculo da Noite, o resumo do livro me fisgou de pronto e comecei a lê-lo no mesmo dia. Arrependo-me agora de não ter dado uma chance e me deixado levar pelas aparências. Auster é um autor a quem eu hei de retornar mais cedo ou mais tarde.
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