São Jorge dos Ilhéus

São Jorge dos Ilhéus Jorge Amado




Resenhas - São Jorge dos Ilhéus


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Wislen.Silva 15/11/2024

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Uma história de paradoxos. Enquanto descreve a situação desoladora de trabalhadores da região cacaueira, numa era de forte aquecimento econômico desta cultura em território brasileiro, o escritor baiano Jorge Amado consegue mesclar o cenário de dor com a beleza e a poesia da palavra. Assim é a sua literatura: críticas sociais e encantos. Com o romance São Jorge dos Ilhéus, publicado em 1944, o autor desenvolve, ao longo das 300 páginas do livro, uma espécie de continuidade das situações descritas em Terras do Sem Fim, produção antecessora. Adaptado para a linguagem televisiva e com histórias desenvolvidas entre Ilhéus e Itabuna, aqui encontramos uma narrativa com os temas habituais da trajetória do escritor: um painel de personagens envoltos em situações de machismo, mergulhados em cenários de riqueza cultural, com muita musicalidade, ancestralidade e religiosidade, além do forte poder do coronelismo com elemento definidor das relações políticas e sociais.
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MarcosQz 11/09/2024

O que sobe, mais cedo ou mais tarde, tende a descer
São tantos os personagens em São Jorge dos Ilhéus, novos e antigos, como João Magalhães e Don’Ana, que tentam reconquistar a glória dos Badarós; Coronel Horácio, com seu poder e sua velhice solitária; Raimunda e Antônio Vítor, com suas terras e seu cacau.
Além disso, surgem novos personagens como o poeta Sérgio Moura, que é temido por muitos sem saber o motivo desse temor; Karbanks, um rico exportador e apoiador do nazifascismo; Rui Dantas, filho de Maneca Dantas, que esbanja o dinheiro do pai, mas é um bom filho; Lola e Pepe, um casal argentino que aplica golpes; Carlos e Julieta Zude, o rico exportador e sua bela esposa, que sofre, assim como Lola, de um terrível cansaço. O cansaço e a depressão são algo presente na narrativa, especialmente nas mulheres.

Trinta anos se passaram desde Terras do Sem-Fim e Ilhéus é a Rainha do Sul, uma cidade que cresceu muito e gloriosamente graças ao cacau, uma das cidades mais ricas do país, até melhor que a capital da Bahia. Mas ainda é a mesma cidade orgulhosa de seu poder, onde ouro dá em árvore.
A guerra sangrenta pelas terras acabou, a luta agora se dá nos escritórios, a briga pelas terras de ouro é ditada pelo mercado. Com a alta do cacau, o dinheiro jorra ainda mais, escândalos surgem por toda a cidade e arredores, até livro sobre Ilhéus é publicado fora do país. A cidade atrai todo tipo de gente, foram abertas até duas livrarias, para espanto de alguns. Mas tudo que sobe também pode cair; os preços altos do cacau caem até não valer praticamente nada e a desgraça recai sobre tudo.

O nazifascismo alemão está presente na história, uma presença marcante, que se fortalece, alemães e americanos quase do mesmo lado nas terras de Ilhéus. Jorge Amado narra de forma concisa, mas rica em detalhes, os períodos de alta e baixa do cacau, e nos dá espaço para preencher as lacunas, tarefa nem um pouco difícil, já que nós nos aproximamos tanto das personagens, característica única de Jorge Amado, que temos permissão para imaginar.

Os amores, as traições, as intrigas, as mortes, a luta partidária comunista, tudo presente na narrativa, presenças certas em todo ciclo do cacau. Além do amor, é claro, um amor forte e louco, mas também das traições mais profundas. As músicas também estão pela narrativa, outra marca de Jorge em seus livros, são músicas tristes também. São Jorge dos Ilhéus não é uma história feliz.

Cenas marcantes e fortes, o que tornou São Jorge dos Ilhéus melhor que Terras do Sem-Fim para mim. Antônio Vítor e Raimunda me pegaram de jeito, o final do capítulo 30 simplesmente me deixou decepcionado, frustrado, não pela narrativa, mas pelo casal e tudo que foi. Entre perdas, mortes e feridos, as coisas terminam até bem, pois como disse Coronel Frederico, “E quem fazia alguma coisa por gosto nas fazendas de cacau?”
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day 31/08/2024

Maravilhoso
Parece que estamos escutando causos de uma pessoa idosa,o livro é fascinante.
A vida nas terras do cacau, seus desafios e seus encantos.
Jorge amado sempre maravilhoso.
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MateusReis 02/02/2024

Terra de muita grandeza e Muita miséria!
A obra se passa na cidade de São Jorge dos Ilhéus - Bahia

Conta o relato de

? Donos de terras, produtores de Cacau, que foram pioneiros na construção da cidade e levantaram aquelas terras, com muito suor e sacrifício, com o sangue de muita gente (talvez inocente ou não), Horário Silveira, Rui Dantas, Entre outros...

?Lavradores: Povo da roça, trabalhador, que vivem nas terras dos donos das terras, sofridos e abandonados, se morrem, não importa aos donos das terras, que importa é que produzam o cacau, lavradores como - Antônio Vitor e Raimunda (Munda) Ritinha, Varapau entre outros...

Cada personagem, sejam lavradores ou donos de terras, tem suas histórias contadas pelo grandíssimo Jorge Amado, podemos nos emocionar com cada história, sentir um pouco do que está acontecendo naquele momento...

O enredo, desde a alta do Cacau, quando os lavradores passam a ter uma falsa segurança de poder, tudo tramado por Carlos Zude e Karbanks (Exportadores) que pretendem tomar a terra dos donos de Cacau, e gerar toda a renda de Ilhéus para si.

E acontece, com a baixa do cacau, onde muitos lavradores, donos de terras, perdem suas preciosas terras, gerando revoltas, como a Manoel Pinto, que mata um dos expertotadores que compra suas terras, logo em seguida vai preso, junto com o Pepe Espínola a qual tinha tanto ódio, dizem que se tornaram até amigos, após ele ter aplicado o golpe dos nove (quando lerem, vão entender, rsrs)

É um livro surpreendente em cada detalhe, em cada história, é emocionalmente!

Antônio Vítor se curvou sôbre ela, a mão se manchou de sangue:

-Munda!

Virou o rosto, ela sorria, sim, ela sorria! Da terra chegava um cheiro bom e forte, terra boa para cacau. Não ia entregar sua terra. Não, Munda, não entregaria!

Levantou-se, os homens estavam cercando a goiabeira. Apoiou a repetição, no ombro, firmou a pontaria e atirou o último tiro. Seu último tiro. ?

Periperi, Bahia, janeiro de 1944
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Lucas2086 23/10/2023

Excelente história.
O que esperar do nosso amado Jorge Amado ? Mais uma vez este autor ímpar nos presenteia com uma obra riquíssima,com personagens que são gente com a gente,super cativantes. Jorge Amado retrata com maestria o Sul Bahia e o seu ciclo do Cacau,as relações de poder existentes entre coronéis,exportadores,pequenos lavradores,trabalhadores,cáften e dentre outros. Sou suspeito para falar,sou fã desse autor.Jorge Amado é o cara ! Vale a pena a leitura.
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Rodrigo 22/02/2023

Suor e sangue
Jorge Amado consegue nos envolver em suas narrativas que trazem amor, poder, vingança, sofrimento e muita ação.
Conhecer mais sobre os tempos áureos do cacau na Bahia e entender que aquelas terras foram regadas com muito suor e sangue é extremamente forte.
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Vanessa.Lago 11/01/2023

Infelizmente uma história que se repete, com diferentes personagens. Hoje os coronéis são outros.
Jorge Amado crítico e certeiro como sempre ??
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Elaine Messias 22/08/2022

Independente, mas continuação
É um livro independente, mas também é a continuação de Terras do Sem Fim.
Jorge Amado disseca a Ilhéus ensandecida pela alta do preço do cacau, golpe armado pelos exportadores para tomar as terras dos coronéis.
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Raony 25/06/2022

Ainda bem que o design gráfico assumiu um papel cada vez mais importante nas edições de livros. Olha isso, nem nome tem na capa. Uma coleção inteira de livros com a mesma capa, sem nem o nome, mas que ideia genial. Enfim, é "São Jorge dos Ilhéus" do Jorge Amado, e quando Jorge Amado escreve sobre o cacau é o melhor Jorge Amado. Esse foi pro meu top 3 dele, junto com Terras do Sem Fim (do qual ele é uma espécie de continuação, inclusive) e Tocaia Grande, sendo esse último o melhor, sem dúvida. Ele tem todos aqueles pontos que ainda vão levar ao cancelamento póstumo do Jorge Amado. Não sei como não veio ainda, aliás. Mas é menos presente do que em Capitães de Areia, Mar Morto ou, deus me livre, Gabriela. E tem pitadas comunistas muito bem temperadas no meio. O que eu mais gostei foi essa mescla de continuação de Terras do Sem Fim com novas histórias. Os novos personagens são tão instigantes quanto os antigos, mas é muito bom poder acompanhar a decadência dos coronéis e o destino dos personagens lá do Terras. Como dizia nossa saudosa presidenta "nem quem ganhar, nem quem perder, vai ganhar ou vai perder, vai todo mundo perder". E é isso aí o livro. Outra coisa que se tira do livro e é bom de levar pra vida: ouça os comunistas, principalmente quando eles falam o que você não quer ouvir.
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Fernanda.Navarro 08/06/2022

Bahia
Me apaixonei pela escrita de Jorge Amado, me perdi em seus personagens. Quanta gente, que daria uma novela e quanta história! Eu não li o primeiro livro, mas nem precisou pelos detalhes que o autor dá ao romance e à cada acontecimento. Deu vontade de conhecer a Bahia.
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Luiz Pereira Júnior 04/05/2022

Ser fácil de ser lido, mas sem ser superficial em sua escrita...
Como é bom se perder em uma história, esquecer que o mundo existe e que os problemas podem aguardar um pouco para serem resolvidos... Foi assim que me senti ao ler “São Jorge dos Ilhéus”: fora do tempo e do espaço (o mesmo efeito que Gabriel Garcia Márquez produz em mim).

Ao contar as vidas de vários personagens da zona cacaueira baiana, seus sonhos, seus objetivos, seus métodos, enfim, sua trajetória de vida, Jorge Amado nos abre um portal no espaço-tempo. Como não se deixar levar pela beleza de Rita, pelas tradições folclóricas, pela decadência física do coronel Horácio mas com pouca diferença de seus tempos áureos de latifundiário, pela luta entre o pai dono de vastas terras e de seu filho comunista-idealista, pelas tramas dos exportadores estrangeiros que acabam por açambarcar todas as fazendas da região (sem spoiler, isso já é bem perceptível até mesmo nas primeiras páginas), pelo enorme sofrimento dos trabalhadores praticamente escravos que mal conseguem se alimentar quanto menos lutar pelos seus direitos, pelo poeta funcionário público, por um rico coronel e seu filho advogado fracassado (que consegue uma excelente causa, mas acaba escravo da cocaína), pelos tremendos gastos na época da alta do cacau e extrema miséria nos tempos da baixa... Resumindo: como não se deixar levar pelo universo criado por Jorge Amado?

E aí vem o que mais gosto em um livro: entretenimento, sim, mas que me faça repensar meu mundo, que me traga conhecimento, que não seja apenas um simples exercício de linguagem hermética para deixar boquiabertos os leitores. Sim, Jorge Amado pode até ser fácil de ser lido (e é mesmo), mas talvez justamente aí resida a razão de seu sucesso: ser fácil de ser lido, mas sem ser superficial em sua escrita
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Naiana 26/02/2022

Continuando com a história do Cacau no sul da Bahia
São Jorge dos Ilhéus é a continuação de Terras do Sem Fim, a continuação do ciclo do cacau na região sul da Bahia, o fruto de ouro que transformou uma pequena vila em várias cidades e em uma das maiores economias do Brasil.
São Jorge dos Ilhéus foi escrito simultaneamente a publicação de Terras do Sem Fim, e se no primeiro nos é contada a história do desbravamento da terra e cultivo do cacau, como os coronéis se estabeleceram e se fizeram donos da terra, da política e da religião locais, no segundo somos lançados 30 anos a frente, com o cacau já estabelecido como economia local, várias pequenas localidades e vilas são transformadas em cidades e Ilhéus aflora, Jorge descreve suas lindas praças e como a cidade tem crescido. Mas não apenas a cidade mudou e cresceu, mas também a política, não basta mais ser apenas o dono da terra, estamos em meados de 1940, o mundo está mudando, houve a crise de 1929 nos Estados Unidos, crises políticas no Brasil e agora há o nazismo e o comunismo que também chegaram a Ilhéus e vemos fazendeiros como o Coronel Horácio e Maneca Dantas tendo que aprender a viver nesse novo mundo, onde não basta apenas ter grandes fazendas de cacau, é preciso entender de política, saber lidar com as variações da economia, com a bolsa de valores. Nossos velhos conhecidos de Terras do Sem Fim retornam e descobrimos como lhe sucedeu a vida nesses 30 anos, além dos Coronéis citados, temos de volta o Capitão João Magalhães, Don'Ana Badaró, Munda e Antônio Vítor e somos apresentados a novos personagens, seus descendentes, Dr Rui Dantas, Silveirinha e Joaquim são os principais cernes da história, descendência de Maneca, Horácio e Munda e Antônio, respectivamente, junto a eles vemos os exportadores, meros coadjuvantes no primeiro livro querendo se elevar a protagonistas da história de Ilhéus. Junto a tudo isso, como sempre, Jorge recheia a história de intrigas familiares, tramas de poder, prostituição, religião e política, temas que não podem faltar em suas obras, e mesmo assim únicas em cada obra.

Resumindo a obra, São Jorge dos Ilhéus traz uma Ilhéus estável economicamente, mas os exportadores não querem mais figurarem como coadjuvantes na cidade, ele também querem ser donos da cidade, o tempo dos coronéis para eles acabou e com a perda da safra de cacau no Equador, abre a possibilidade de elevar o preço do cacau no Brasil, e assim se estabelece a alta, alta esta que trouxe tanto dinheiro e de forma tão rápida e fácil a Ilhéus que os grandes coronéis assim como os pequenos fazendeiros não souberam como investir seu dinheiro, esbanjando como se ela fosse durar eternamente, sem saber que tudo isso era um plano dos exportadores para lhes tomar suas fazendas. Os comunistas tentaram avisar, mas quem está ao céu mal quer ouvir falar da terra e assim os coronéis se deixam levar e se perder quando a baixa enfim vem, poucos conseguiram salvar algo de seu e com a baixa acaba a soberania dos coronéis na região e um novo tempo se inicia, a cidade quebrou, e posso dizer por experiência que até hoje tenta se reerguer, Jorge fala que om a baixa veio o tempo dos "milionários-mendigos", creio que esse tempo ainda persiste, com muitos ainda vivendo do sobrenome e prestígio daquela época, mas sem muito mais que a maioria da população... Ilhéus ainda é uma cidade orgulhosa do seu passado, mas que pouco vê do seu futuro.

Ler Jorge me fez querer conhecer mais dessa cidade onde vim parar há alguns anos, ainda sei muito pouco, mas sua obra é altamente histórica, e faz querer saber até que ponto a realidade se mescla com a ficção aqui presente. E essa obra em especial me fez lembrar fatos da infância, sou eu neta de donos de terras do cacau, não de Ilhéus, mas de Camamu, mas me lembrei muito nas palavras de Jorge de frases ouvidas de minha avó na época da baixa e suas histórias de desbravamento da terra. Foi uma leitura sentimental, e as mulheres fortes de Jorge também lembraram a guerreira que minha avó foi no seu tempo. A parte ficcional enfim traz um pouco da realidade também, as vezes de personagens que nem ali estão, mas que viveram em muitos outros lugares, na vida real.
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Rodolfo Vilar 26/12/2021

Como dito anteriormente, "Cacau" é uma continuação de "Terras do sem-fim". Enquanto no primeiro livro conhecemos a ascensão do império dos cacaueiros, nesse segundo sabemos do seu declínio, que mesmo não extinguindo o cacau, mas o tirou do título de fruta do ouro amarelo. Entre o desenrolar da história da História, Jorge Amado nos apresenta a novos personagens, enquanto que alguns, já conhecidos, são apenas fantasmas dos fantasmas do passado. Ilhéus agora é uma cidade desenvolvida, com seus portos, indústrias e alta cultura, o que evidenciou a entrada de estrangeiros no desenvolvimento da economia da cidade. É essa pluralidade de personagens que chama a atenção de Jorge Amado, construindo o retalho e o percurso da linha que une tantas pessoas em mistérios, conflitos políticos e até paixões. Mas agora há algo diferente, há uma nova percepção do mundo moderno que avança, há uma diferença entre gerações e entre o novo pensamento das décadas que avançam. E empenhado em mostrar essa evolução é que lemos páginas e mais páginas sobre algo tão prazeroso quanto a criação e evolução de uma cidade. Aqui Jorge Amado finaliza o início dos primeiros livros que tratam sobre o cacau, uma temática que ele ainda explorou em muitos outros que ainds leremos daqui pra frente. É um convite para conhecer mais sobre sua terra, a Bahia, e sobre o retrato político de nosso Brasil.
Naiana 26/02/2022minha estante
Só uma correção, a continuação de Terras do Sem Fim é São Jorge dos Ilhéus, Cacau foi um dos primeiros livros que Jorge Amado escreveu, 10 anos antes desses dois.




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