Laura 03/12/2014
O problema de não conseguir desapegar de seus personagens
Cidade do Fogo Celestial para mim coroou a sensação que eu tive desde Cidade dos Anjos Caídos, o 4o. livro da Série Instrumentos Mortais. No segunda parte da sexalogia, faltaram motivos razoáveis para se continuar escrevendo e sobraram aberturas para mais livros e crossovers com a outra série da autora, As Peças Infernais. Clare não precisava ter escrito mais que os três primeiros, principalmente por que não conseguiu arranjar um vilão suficientemente bom para a segunda parte. Sebastian é fraquíssimo, não tendo nem de longe a profundidade de motivos que Valentim possuía - e fico por aqui para não dar spoilers.
Além disso, Clare não tem coragem suficiente ou não tem ideia do que quer escrever, por que mata personagens que teoricamente eram importantes, para dar aquele impacto, para depois tentar amenizar a morte deles, tirando o peso da perda. Aplica sacrifícios a personagens importantes, de forma teoricamente irreversível, para depois aparecer uma solução mágica, literalmente, que salva tudo e deixa tudo bem. Não é assim que funciona. Se você quer deixar a história mais real, mais adulta, precisa ter alguns sacrifícios de verdade. Além disso, é preocupante quando personagens que tem vida sexual ativa mantém diálogos iguais ao do Percy Jackson quando tinha 12 anos, e olha que o Percy é o Percy em termos de infantilidade. Clare não consegue resolver o que quer, se um romance mais adulto ou mais infantil. É complicado. O que salva o livro, claro, são os personagens e a habilidade que Claro tem de deixar o ritmo eletrizante. Felizmente, nenhum personagem saiu muito prejudicado pelas indecisões da autora, embora eles estariam muito bem com apenas os três livros.
Mas o que é mais preocupante de tudo é a inserção deliberada de personagens desde o início do 6o. livro, os quais são praticamente desnecessários durante toda a história, e que ao fim desta fica claro que são apenas um gancho para as novas futuras histórias, além de outros ganchos que surgiram com o fim do problema do sexto livro. De toda forma, é desanimador ver que Clare não consegue largar de seus personagens. Claro que para alguns fãs isso tudo é ótimo, por que significa que não precisarão abandonar o Universo tão cedo. Mas para mim, que não me considero uma fã fervorosa, é apenas uma possibilidade enorme de estragar o universo muito bom que ela criou, simplesmente por que não consegue largar dele. Espero pelo menos que, se ela resolver continuar, não se utilize dos personagens antigos juntos com os novos, que use pelo menos um ou outro, por que não vejo como juntar adultos e crianças vá dar certo, a não ser que ela continue nessa indecisão sobre que tipo de literatura escreve, o que prejudica demais o livro. Enfim, que os personagens maravilhosos de Jace, Alec, Isabelle, Simon, Magnus e a boa personagem da Clare permaneçam a salvo.