Paloma 14/11/2016
Sangue, sedução e muita dor
Eu sou A LOKA da história, desde as oficiais, como a Grécia Antiga, os Vikings, Guerra Mundial, aos clássicos do imaginário da humanidade, como Vampiros, Lobisomens, espíritos e etc.
Portanto, não que eu seja a manjadora dos contos clássicos de terror, mãããs, vampiro que brilha na luz do sol É UM PORRE! NÃO DÁ! NO MORE! HAHAHA. Por isso, quando comecei ler O Andarilho das Sombras e saquei mesmo que Harold Stonecross era um vampiro, confesso que fiquei meio aflita porque #ComClássicosNãoSeMexe e fiquei com muito medo dele sair voando por aí, radiante em pleno sol do meio-dia. Mas, quero aqui agradecer ao autor Eduardo Kasse, que fortaleceu o bonde e fez uma história pra lá de boa, numa ambientação incrível, seguindo as características fundamentais e biológicas de um vampiro.
Harold Stonecross, não teve uma vida muito fácil nem antes e nem depois de ser amaldiçoado. Sua família era um tanto disfuncional, seu pai era um babaca e isso o fez fugir de casa ainda muito criança. Os anos passam, ele vai crescendo e aprendendo alguns ofícios e trabalhos, até que pela graça dos céus, ele conhece Edred e seu pai Eofwine que o acolhem em sua casa e por consequência, acabam se tornando a família de Harold.
Edred, é daqueles personagens icônicos, que fazem total diferença nas histórias. Ele me fez rir por várias vezes e na minha opinião, ele foi peça chave pra narrativa ser atrativa e nos prender absurdamente. Aliás, a construção de todos os personagens foi muito boa, porque eu sei que conheci mesmo um personagem, quando há uma fala sem identificação e eu já sei quem foi que disse aquilo mesmo com um monte de personagem na mesma cena. Isso é hilário.
A história é narrada pelo próprio Harold e os acontecimentos atuais da sua vida são narrados em paralelo com o seu passado. Por conta disso, em alguns momentos nos identificamos muito com ele e isso vai transformando a forma como o enxergamos. Porque de início vemos um monstro que “saiu da jaula” e já tá causando o terror nos vilarejos, mas a cada página, vemos quem é Harold Stonecross num todo, suas dores, temores, amores… Well, o que seria do mundo sem o Romantismo, né?
O Andarilho das Sombras é uma história rica em detalhes, cheia de tramas e mistérios. E eu gostei demais de toda a sedução do Harold, me lembrou muito a Entrevista com o Vampiro em alguns momentos de festas e libertinagem do personagem. A descrição do ambiente, época e cultura são muito bons e a inserção de alguns acontecimentos históricos na narrativa foi DEMAIS.
Um ponto que me incomodou na leitura foi a repetição durante todo o livro de uma determinada opinião do personagem a respeito das crenças. E como o mesmo tem um vocabulário um tanto sujo, foi um tanto desconfortável, o bom é que o autor sabe escrever de uma forma que te prende a ponto de você ignorar isso e prosseguir a leitura.
Por fim, o primeiro volume da série Tempos de Sangue é intenso e provocante. A leitura é um pouco densa, afinal, temos lutas, sangue e mortes com frequência mas, se você gosta de história medievais com guerreiros e toda a fascinação que os deuses causam, é um bom livro para se ler.
Ps. Não sei como será a continuação, mas preciso dizer: Loki realmente não é um deus confiável.
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