Sibery 13/02/2024
Essa é a resenha mais difícil que eu já escrevi.
Porque não tenho como explicar meus sentimentos ambíguos sobre a história sem dar spoilers.
Mas vou começar dizendo que esse livro me fez perceber que estou me afastando da literatura americana. Quando adolescente e jovem adulta, livros americanos era tudo o que eu amava. Os clássicos, os modernos. Mas eu comecei a expandir e compreender a literatura do mundo. E uma coisa que me falta na grande maioria dos livros americanos recentes... É a construção da moral, da honra e do amor.
A narrativa americana adulta é focada na criação de personagens ambíguos, os sociopatas carismáticos, os psicopatas brilhantes, os narcisistas injustiçados. A maioria dos livros americanos que eu leio, tenho a impressão de que não existe felicidade genuína em nenhum deles. Os casamentos são todos ferrados. As mulheres são infelizes. Os homens são ruins. Os vizinhos são idiotas. O dinheiro é sujo. O passado sempre foi errado. O futuro vai continuar errado. O fim vai ser anti-climático. Tudo é destruição moderna. Na literatura americana, eu sinto que falta variedade. Eu sinto falta de moral, de coragem, de amor genuíno de vez em quando. É uma coleção de 'não tenha filhos, são todos imperfeitos', 'não tenha família, são pessoas tolas/cruéis', 'não tenha ninguém, seja uma sombra em Nova Iorque, tomando vinho e se relacionando com outras sombras, sem nome e sem compromisso'. Um tipo de anti sonho americano. O pesadelo americano.
Enquanto eu lia Garota Exemplar, me lembrava de Verity, Redoma de Vidro, Matadouro Cinco, Nado Livre, Baby Teeth, e me sentia lendo em círculo.
Pronto, desabafei.
Mas, a respeito de Garota Exemplar, o suspense da primeira parte foi o ponto alto. Gostei das cartas e do diário de Amy. Gostei dos detalhes do plano que Amy criou, mas acho que, por ser uma mulher tão brilhante, ela cometeu erros graves e deixou muitos buracos abertos. Sobre Nick, achei a conclusão de seu personagem um pouco morna. Seria legal se ele tivesse se elevado ao nível dela, como uma segunda revelação de personalidade.
Infelizmente, não se encaixou tão bem em mim, mas é uma narrativa fluida e uma escrita magnífica.