Carol 27/10/2020Impressões da CarolE-book: Elogio da Loucura {1509}
Autor: Erasmo de Roterdã {Holanda, 1466-1536}
Tradução: Paulo Neves
Editora: L & PM
144p.
Disponível no Kindle Unlimited
Há uma tirinha famosa na qual um menino diz "aos 12 anos de idade eu já lia Dostoiévski e não entendia porra nenhuma". Este foi o exato sentimento da pequena Carol lendo Erasmo de Roterdã e compreendendo uns 30% do que lia. Por questões de afeto e porque o texto merece, "Elogio da Loucura" é um livro a que sempre retorno.
Erasmo foi um dos maiores humanistas do século XVI e um dos expoentes do Renascimento. Era crítico do pensamento aristotélico/escolástico centrado, essencialmente, na metafísica e defendia, em contrapartida, uma filosofia da prática cristã, seguindo os ensinamentos de Cristo da fé e da caridade.
Erasmo foi crítico do clero e da igreja católica apostólica romana e é visto como um dos precursores da reforma protestante. No entanto, é importante salientar que ele, diferentemente de Lutero, não rompe com o catolicismo. Na verdade, anos depois, Erasmo escreve "Sobre o livre-arbítrio" para criticar a reforma.
Contextualizado o autor, vamos à obra. Em "O Elogio da Loucura", o narrador em primeira pessoa é ela, a Loucura, nos apresentada como Deusa. Assim, ela anda descontente com a humanidade, que lhe é ingrata, pois, como afirma, "somente eu, por minhas influências divinas, que espalho a alegria sobre os deuses e sobre os homens".
O texto de Erasmo é satírico e repleto de ironias, sobrando farpas para todos os lados. A Loucura analisa a sociedade e vai apontando cada uma de suas influências - que, pra ela, são verdadeiras dádivas aos homens.
Sem a loucura, ora bolas, não haveria guerra, não haveria casamentos, não haveria filhos, não haveria o orgulho tolo de reis, nobres, religiosos, intelectuais, artistas. Não haveria a busca insensata pelo dinheiro ou pelo poder.? Em suma, todas as vantagens, todas as satisfações dessa vida devem-se à sua beneficência.
"O Elogio da Loucura" é uma obra fundamental e um dos livros mais influentes do Ocidente. Além disso, é engraçado demais. Não o indico caso você tenha 12 anos, mas com 16, quem sabe?