Marcela Pires 24/02/2013RecomendoEla era única entre as mulheres. Não havia ninguém como ela.
Meu Deus, ela deixou um enorme vazio! Eu me senti como se tivesse
sido apagado, como se tivesse sido rasgado em dois.
Então olhei para a rua e a vi de pé, na calçada." p. 19
Aaron é um homem de 36 anos, que na infância sofreu uma espécie de AVC o que lhe causou alguns danos físicos, como não ter muitos movimentos do lado direito do corpo. Por conta dessa deficiência, sua mãe e sua irmã sempre tiveram muito cuidado com ele, porem a seus olhos, toda essa "generosidade" sempre foi vista com piedade, e isso é a coisa que Aaron mais odeia: ser alvo da piedade alheia.
Todas as mulheres que ele se relaciona, tinham um tipo de insitinto protetor e maternal, até que nosso protagonista-narrador conhece Dorothy, na época ele tinha 24 anos e ela 36.
Dorothy é médica e um tanto distraída, desorganizada, uma mulher sem muitas delicadezas, e isso faz com que Aaron se apaixone por ela, e após 4 meses de namoro, os dois se casam.
Após 12 anos, num dia como outro qualquer, um carvalho do quintal da casa dos dois cai sobre a casa e mata Dorothy!
Nesse momento Aaron é invadido por uma grande tristeza e nostalgia. Em um dos momentos de mais saudosismo ele vê Dorothy em frente a casa que pertencera a ambos.
Essas aparições acalentam a alma de Aaron e o leva a uma série de reflexos e talvez, recomeços.
O livro é lindo! É narrado em primeira pessoa (Aaron), o nosso narrador é um sujeito meio antisocial, meio ranzinza, um tanto solitário, muito preocupado com suas próprias deficiências, mesmo sem se dar conta disso e de como vive apenas em seu mundo, deixando passar tantas coisas tão mais importantes e que realmente fazem a vida valer a pena.
Aaron parece mesmo estar contando a sua história para a gente, ele interage com o leitor, o que é muito interessante no livro! A escrita é sensível e dinâmica. O leitor se apega a estória e até os personagens secundários são muito bem construídos pela escritora.
Uma coisa que eu adorei no livro é que as personagens são pessoas "reais", não são lindas e magras, nâo são super inteligentes e tudo mais...o casamento deles era feliz, mas não era perfeito, Dorothy tinha vários defeitos, era bagunceira, relaxada...Aaron é meio chato...eles brigavam, tudo como na vida normal! A escritora fez com que a estória pudesse se parecer com a vida de qualquer pessoa...e também nos faz pensar sobre a morte: ela pode acontecer em qualquer momento! Você não precisa estar doente ou qualquer coisa assim...basta estar vivo! E a maior lição que tiramos é: viva o máximo possível, aproveito o máximo possível das pessoas enquanto elas estão aqui com você!
Sobre o título:
Quem lê minhas resenhas sabe que eu tenho que sempre ter um porque para o título! No caso de "O Começo Do Adeus", o título em inglês faz mais sentindo: "The Beginner´s goodbye".
Aaron tem uma editora, onde o carro chefe são os livros para "iniciantes", como: "Jantares para Iniciantes", "Imposto de renda para Iniciantes", "Como comprar uma casa para Iniciantes"...então o título nada mais é "Adeus para iniciantes".
Vale muito a pena! Recomendo!
TYLER, Anne
O Começo do Adeus/ Anne Tyler; tradução Ana Paula Corradini. Ribeirão Preto, SP: Novo Conceito Editora, 2012.
ISBN 978-858163-039-7
Paguei R$19,90 na Fnac.
http://www.mulhericesecialtda.com/2012/09/resenha-o-comeco-do-adeus-anne-tyler.html