Quando descobri esse livro nos lançamentos da Novo Conceito na Bienal fique curiosa. Um livro que fala sobre o processo do luto e a aceitação da morte de um ente querido. Anne Tyler é uma autora famosa, vencedora do Pulitzer e que já teve quatro livros publicado no Brasil pela editora Record. Até então era uma autora que tinha vontade de conferir, mas sem ânimo isso nunca foi em frente. A despeito de todos os comentários maravilhados sobre a história de Aaron e Dorothy não foi tudo aquilo que prometeu.
Tudo começa quando Aaron sai do trabalho mais cedo por causa de uma gripe forte e sua secretária aparece em sua casa. Peggy faz chá e arruma toda a bagunça da cozinha. Quando Dorothy chega do hospital, cansada e com fome não consegue encontrar seus biscoitos no lugar de costume. Após uma breve, mas acalorada discussão com Aaron ela vai para o solário e é ai que a tragédia acontece. Uma árvore monstruosa cai sobre a casa e destrói todo o cômodo. Dorothy é levada ao hospital e após dias em coma morre. Aaron começa então a reviver as lembranças do passado, seu casamento e a importância de Dorothy em sua vida. Aaron sente falta de tudo e daria qualquer coisa para ter Dorothy de novo. Por isso quando começa a encontrar Dorothy nos lugares mais inusitados fica entusiasmado. Entusiasmo que é rapidamente substituído por frustração por não entender o que ela quer com seu retorno silencioso. A partir daí Aaron se auto conduz a respostas inesperadas e a enxergar detalhes da própria vida que ele sempre negou.
A premissa é boa, mas o ritmo que a história se desenvolve é um pouco lento demais. A narrativa é em primeira pessoa, com foco nos sentimentos e nas observações do personagem. Sua vida cotidiana como editor de livros e os sentimentos que a morte de Dorothy despertou. A relação com amigos e vizinhos. e principalmente os questionamentos que as lembranças de sua vida com Dorothy trazem. Seu casamento era mesmo a maravilha que sempre acreditou? O amor era suficiente ou ele passou por cima de muita coisa que não deveria? Anne Tyler discute as escolhas que quem ama faz e como que ao nos acomodar podemos descobrir que só o sentimento não é suficiente para a felicidade. Aaron passou a grande parte de seu casamento acomodado, levando em conta só o amor e agora que Dorothy morreu percebe que é tarde para consertar e se lamentar pelos seus erros.
Aaron é um bom personagem, apesar de ser um pouco lento quando se trata de perceber o ambiente em que vive. O tempo todo senti que a deficiência dele tem funcionou como uma metáfora para a situação toda. Peggy é muito adorável assim como Gil e Nandina. O único porém é a visão unilateral da situação. Gostaria que a autora tivesse alternado entre Aaron e Dorothy já que o livro fala do relacionamento entre os dois. Uma história sobre crescimento e aceitação pessoal. Amor, perda e como pequenos detalhes são imprescindíveis na hora de viver a dois. Que o amor é o começo e não tudo. O final surpreende um pouco e satisfaz na medida.
Leitura cadenciada, o ritmo da narração varia bastante entre as passagens e apesar de pequeno o livro pode não ser rápido de ler. Depende do quão a pessoa está gostando da história. Anne Tyler poderia ter escrito mais umas 150 páginas se tivesse elaborado mais algumas questões. A edição da (...)
Termine de ler o último parágrafo em: http://www.cultivandoaleitura.com/2012/10/resenha-o-comeco-do-adeus.html