Wall-e 29/06/2009
Triste, realista, comovente e perturbador...
Este livro deveria ser lido por todos, digo todos porque provavelmente cada um de nós já teve contato com alguém próximo ou familiar que sofre ou sofreu deste mal. Alzheimer é sem dúvida uma das doenças mais cruéis que conhecemos porque representa a morte do nosso eu, da nossa própria consciência.
Ter consciência de si é uma das características da inteligência humana. Nos questionamos muitas vezes o que somos afinal. Somos um corpo físico, uma consciência, uma alma? Ou seria a combinação de tudo isso? O que acontecerá quando tivermos a consciência de que nosso corpo não funcionará mais e estivermos na eminência de fazer a viagem final das nossas vidas? Pensamos isso porque sabemos que nosso 'eu' deve ir além da nossa existência física, ou pelo menos, é o que gostaríamos que fosse. Mas esse livro, essa doença, nos faz pensar algo diferente. O que acontece quando deixamos de ser nós mesmos, quando perdemos a consciência de existir, mesmo com um corpo sadio? Estaríamos da mesma forma mortos em um um corpo ainda pleno de vida? Eis a parte perturbadora desse livro.
A história fictícia de Alice é triste e comovente porque sentimos na pele o que significa a morte do nosso eu de forma lenta e gradual. A autora não apenas narra o processo degenerativo pelo qual esta brilhante professora de Harvard é submetida, mas nos coloca na 'pele' dela. Nos sentimos viajando pela mente cada vez mais perturbada e distante da personagem e vamos virando as páginas em direção ao desconhecido. Nos sentimos constrangidos pelas situações em que ela se envolve e tristes quando os resquícios de sua consciência percebem que, mais cedo ou mais tarde, ela não será mais ela mesma.
A história é uma ficção, mas não poderia ser mais real!
Uma ótima leitura.