O Homem Que Caiu na Terra

O Homem Que Caiu na Terra Walter Tevis




Resenhas - O Homem Que Caiu na Terra


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tiago 14/01/2017

"Não é preciso ser de Marte para se sentir sozinho."
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diegopds 10/01/2017

Quando o Messias vier nos salvar de nós mesmos, quem O salvará?
Thomas Jerome Newton é o nome adotado pelo visitante do espaço ao chegar à Terra. Para sua empreitada, treinou corpo e mente durante muitos anos, recebendo as informações, basicamente, através das transmissões de TV da Terra.

Ainda que os antheanos possuam maior inteligência e tecnologia mais avançada, devido a escassez de recursos naturais, tudo o que conseguem é o envio de apenas uma nave, com uma pessoa para a Terra, com combustível suficiente apenas para viagem de ida.

Newton tem o desafio de levantar tanto o capital financeiro quanto humano, para levar a cabo o projeto de construir uma nave espacial capaz de fazer uma viagem de ida e volta para Anthea, a fim de resgatar os últimos habitantes e salvar sua raça da extinção. Para tanto, irá utilizar seu conhecimento para criar patentes de tecnologia avançada para diversos setores. Tudo isso sem deixar, em momento algum, que a sua verdadeira identidade seja revelada.

***

Não me recordo, quando e como tomei conhecimento desta obra. Mas uma coisa é certa: foi a primeira vez que um livro da Darkside me chamou mais atenção pelo conteúdo do que pela forma.

Para quem não sabe, a editora é conhecida por dar atenção especial à apresentação de seus livros: capa dura, texturas, belas ilustrações, marcador de páginas em tecido/estilizado etc.

Contudo, o catálogo composto, basicamente, por novelizações e livros dos quais já havia assistido as respectivas adaptações para o cinema não me atraía muito.

Tudo mudou quando li sinopse de um livro de ficção científica que, apesar de contar com adaptação para o cinema, nem mesmo sabia da existência de ambos. Fiquei ainda mais intrigado com os comentários de que o protagonista carregava grandes semelhanças com David Bowie fazendo, inclusive, que sua escolha para o papel principal caísse como uma luva.

"o motorista era muito bom, foi escolhido por sua suavidade, sua habilidade de manter uma velocidade constante e por evitar movimentos bruscos".

Em outro capítulo, Newton se queixa dos solavancos: ele possui uma constituição física bem frágil, devido a baixa gravidade de seu planeta natal. É bem legal o tato que o autor possui para estes pequenos detalhes, que são pontuados ao longo da trama. Isso me faz lembrar do transporte público, mais especificamente dos ônibus.

Quem os utiliza sabe do problema dos solavancos causados pela aceleração e desaceleração repentinos (até mesmo o risco de se machucar por conta disso). Claro que há um conflito entre o conforto/segurança versus a velocidade que proporciona o menor tempo de chegada ao destino/compromisso.

Ao menos quando há uma gestante ou pessoa com criança de colo, costuma-se permanecer com o ônibus parado no ponto, até o momento em que a pessoa chega ao assento em segurança. A condição de Newton nos convida a um exercício de empatia, mostrando que algo banal para nós e para maioria das pessoas pode ser mais difícil e doloroso para outras.

"[…] hoje em dia, desde a época em que grande mudança de nomenclatura transformou todos os vendedores em representantes de campo e todos os faxineiros em zeladores. Essa mudança demorou um pouco mais para alcançar as universidades, mas o tempo chegou e hoje em dia não há mais secretárias, apenas assistentes e auxiliares administrativos; não existem mais chefes, apenas coordenadores".

Há mais de 50 anos, Walter Tevis já alfinetava o uso de eufemismos e o que viria a ser a chegada do "Raio Gourmetizador".

O homem que caiu na Terra traz uma perspectiva um pouco diferente da que estamos habituados: o ponto de vista de um extraterreno visitando um mundo que já conhecemos, tentando assimilar nossa cultura.

"Será que Newton estava procurando uma razão ─ procurando qualquer razão que fosse que desse a um homem são em um mundo insano uma razão para não estar bêbado pela manhã?"

Em determinados momentos, o autor parece usar Newton para questionar sobre a natureza humana, vícios, solidão, crise existencial etc. E, de maneira metafórica, como nós, humanos, usamos máscaras no convívio social, seja por necessidade ou conveniência. Mas chega uma hora em que precisamos encarar nós mesmos. Quando essa hora chegar, será que seremos capazes de reconhecer a imagem no espelho?

"Ele gostava dos felinos grandes e insolentes, em especial as panteras; ela gostava dos pássaros, principalmente os de cores fortes. Ele ficou agradecido e feliz que ela se importava tão pouco com os macacos quanto ele ─ que achava que eram criaturinhas obscenas ─, porque teria ficado decepcionado se ela, como muitas mulheres, os achasse bonitinhos e engraçados. Ele nunca tinha visto graça nenhuma em macacos. […] Viram os outros peixes, mas não houve nenhum de que gostaram mais do que o velho bagre".

De maneira sutil, o autor traz algumas metáforas que nos convida à reflexão. Da mesma que desdenhamos criaturas menos evoluídas, como os macacos, será que não estaríamos neste mesmo patamar aos olhos de uma raça alienígena mais avançada? E a preferência por algo fora dos moldes, fora dos padrões estabelecidos.

Claramente, a obra aprofunda-se nas questões de cunho psicológico, mas temos algumas pinceladas sobre astronomia e também interessantes descrições acerca dos produtos resultantes das patentes criadas por Newton. A exemplo de um filme para câmera fotográfica, que se revela automaticamente, dentro de seu próprio cilindro.

Tal invento, desperta atenção de um engenheiro químico, que fica intrigado com a tecnologia utilizada e inicia uma busca obstinada pelo seu criador, enquanto presencia o lançamento de outros produtos: TVs 3-D, álbuns musicais armazenados em esferas metálicas, etc.

"foi ao refrigerador e pegou um pouco de gelo da cesta. Por uma das poucas vezes em sua vida ele se sentiu grato pela tecnologia avançada; graças a Deus, não precisava mais lutar com o gelo emperrado em bandejas".

O livro foi escrito em 1963. Estou em 2017 e continuo tendo exatamente o mesmo problema! Brasil: país futuro, ou talvez eu seja apenas pobre demais para ter um refrigerador mais avançado :-)

O homem que caiu na Terra, escrito em plena Guerra Fria, traz uma reflexão sobre o universo individual, no âmbito psicológico, mas também na esfera coletiva, alertando sobre o uso de armas de destruição em massa e o esgotamento dos recursos naturais, por mais abundantes que sejam, um dia chegaremos (ou já chegamos?!) a um ponto sem retorno.

A humanidade precisa de um salvador? Ainda que necessite (será que ela quer um?), merece ser salva ou ser deixada à própria sorte, mesmo sob o risco da extinção, para que possa aprender com seus próprios erros e evoluir?

***

♫ Ouvindo:
The Rise and Fall of Ziggy Stardust (David Bowie,1972)
Space Oddity (David Bowie,1969)

*O título da resenha é uma alusão à música “Sorrow” da banda Bad Religion, que, de certa forma, sintetiza um pouco da mensagem que o livro passa.

site: https://medium.com/@7seconds_/quando-o-messias-vier-nos-salvar-de-n%C3%B3s-mesmos-quem-o-salvar%C3%A1-d793992a79f7#.oeg12iuk3
Guilherme 15/01/2017minha estante
Gostei da resenha! Pelo jeito é uma scifi com boas críticas, do jeito que curto. Em breve vou dar uma chance a esse livro.




Larissa 08/01/2017

O extraterrestre mais humano de todos os tempos...
A narrativa é muito lenta até a primeira metade. Já na segunda o livro surpreende.
Tiago Anselmo 06/09/2017minha estante
"O Homem que Caiu na Terra". Trata-se de um romance sci-fi publicado originalmente em 1963 de autoria de Walter Tevis. A edição que tenho é de 2016 publicada pela editora Darkside, por sinal, extremamente primorosa. A capa é uma montagem gráfica baseada no disco "Low" (1977) de David Bowie. Bowie foi também o protagonista do filme de mesmo nome, lançado em 1976, que não é tão legal quanto o livro, aliás, deixa muito a desejar. O livro conta a história de Newton ou Ruplestiltskin, um alienígena do planeta Anthea que vem parar na Terra. A trama se desenvolve a partir do plano ousado e ambicioso de Newton, o qual não contarei aqui! Vale muito a pena ler ouvindo "Starman", "Ziggy Stardust", "Space Oddity", entre outros clássicos do Bowie.




Lidiane 08/12/2016

Meu extraterreno preferido!
O homem que caiu na Terra é um livro de leitura rápida, com alguns questionamentos existenciais. Talvez uma analogia de um novo Cristo, um extraterrestre que vem com intenção de salvar seu povo e o nosso também. Mas o que o nosso povo sempre faz com quem tenta nos salvar??? --Cruzifica!
Mas esse nosso Salvador e benfeitor nos julga inferiores e que já estamos fadados ao fracasso...
A trama é uma sutil bem sutil ficção científica. Mas é de uma leitura bem fluída, gostosa. Quando vemos já acabou. O fim, bem o final, fica por conta do leitor. O que você faria se fosse Bryce?
luckmann2k 15/01/2017minha estante
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Lidiane 15/01/2017minha estante
Pois é




Literatura Policial 23/11/2016

Uma ficção científica sutil e reflexiva
“O homem que caiu na Terra” não é um livro alegórico de ficção científica. Não tem “aliens invadindo o mundo”, “terráqueos lutando para sobreviver”, “batalhas no espaço sideral” e etc e tal. É um livro diferente nesse aspecto, e o que o difere é o tom que adota, um tom por vezes filosófico e reflexivo. É uma história sobre a solidão e a fragilidade das pessoas, sobre a desorientação das pessoas na vida, sobre essa mesma fragilidade diante dos vícios que acabamos criando para nós mesmos e como lidamos (ou falhamos em lidar) com o nosso vazio existencial.

Leia a resenha no literaturapolicial.com

site: https://literaturapolicial.com/2016/11/23/o-homem-que-caiu-na-terra-de-walter-tevis/
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Alessandro460 19/11/2016

O mais humano dos extraterrestres
"O Homem que Caiu na Terra" foi lançado recentemente em uma bela edição da Darkside, com capa que faz um tributo a David Bowie - o protagonista de sua adaptação cinematográfica, um filme cult no gênero. Trata-se de uma obra de ficção científica, muito diferente de todas as outras, na qual você não vai encontrar batalhas intergaláticas e nem mesmo eventos extraordinários. Esse romance chama a atenção por sua originalidade. É uma ficção científica de cunho filosófico, que nos faz refletir sobre o que é ser humano no mundo atual. Apesar de "O Homem que Caiu na Terra" ter sido escrito nos anos sessenta, Walter Tevis trata de questões bastante atuais, tais como a necessidade de pouparmos a água no planeta, o perigo da destruição da Terra pela ação de armas nucleares, principalmente a exclusão social de todos aqueles que são considerados diferentes e excêntricos. "O homem que caiu na Terra" pode ser compreendido como uma parábola anti-bélica que faz duras críticas à sociedade americana imbecilizada que enxerga o protagonista de forma preconceituosa, como um perigo que precisa ser neutralizado, não importa quais meios sejam utilizados. No final da leitura, chamamos a conclusão que Thomas Newton é o mais humano de todos os ets de obras de ficção científica. É sua humanidade mais complexa e trágica que a dos outros seres humanos que nos comove e contribuiu para que o romance de Trevis seja um clássico da ficção científica.
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Andréia 11/11/2016

Porquê não li isso antes?
O homem que caiu na terra foi publicado originalmente em 1963 e teve adaptação cinematográfica em 1976 dirigido por Nicolas Roag.
O filme marcou a estréia no cinema de David Bowie interpretando o alienígena Thomas Jerome Newton.
A estória é sobre um alienígena que vem para a terra numa missão desesperada de salvar o restante do seu povo de (Anthea), com o conhecimento e a inteligente bem superiores a dos humanos ele começa a por em prática a ideia mirabolante de construir uma nave que sirva para trazer o restante dos antheanos' a terra.
Walter Tevis produziu umas das ficções científicas mais realistas sobre um alienígena que absorve o dia a dia, o jeito e os vícios humanos pouco a pouco.
Se tornando uma metáfora daquilo que nós carregamos: uma indescritível angústia e solidão existencial.
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Rafael Alves 10/11/2016

Existe alguma salvação para a raça humana?
Fazem pouquíssimos meses desde que o nosso camaleão, David Bowie, partiu da terra para virar uma estrela no céu. Todos nós sentimos com a perda que sofremos e celebramos com o retorno do nosso mestre das artes aos céus. Mas… e antes disso? Para um homem retornar aos céus, é necessário que primeiro ele caia na terra. E é justamente essa experiência da vida de David Bowie que vim trazer para os leitores que habitam a nossa nave-toca.

Thomas Jerome Newton é um antheano que veio de seu planeta, Anthea, com uma missão bem única, e, ao chegar em nosso planeta, vai precisar se adaptar ao mundo humano da década de 80. Seus objetivos, a princípio, não ficam bem claros, sua única intenção apresentada ao leitor é a de conseguir ficar milionário o mais rápido possível. Thomas começa vendendo pequenos anéis de pedras preciosas que trouxe consigo em sua viagem até ter o suficiente para se alimentar e arrumar um lugar para morar. Munido somente de sua inteligência superior a da raça humana, ele coloca seus planos em prática por intermédio do advogado Farnsworth e sua empregada Betty Jo, para que assim possa se distanciar o máximo possível de outras pessoas e agir por de baixo dos panos.

Por ser narrado em terceira pessoa, somos introduzidos também à vida do Dr. Bryce, um professor formado em química que, após encontrar uma máquina de revelação fotográfica e estudar a sua composição, percebe que a tecnologia usada para produzir aquele equipamento é muito avançada para a época em que esse se encontra. Não seria possível dar um salto cientifico como esse sem antes anunciar ao mundo da ciência tal feito extraordinário. Intrigado com tamanha façanha, o velho professor de faculdade passa a se dedicar a desvendar o que há por trás do produto comercializado pela World Enterprises. Teria essa tecnologia sido originada aqui na Terra ou é algo tão absurdo que só poderia ter vindo de outro planeta?

"É como se nós fôssemos… Como se fôssemos homens das cavernas, espantando moscas de nossas axilas e um de nós encontrasse um rolo de espoletas… e as jogasse no fogo. Pense na tradição, na tradição técnica que envolve montar uma tira de papel com pequenos montes de pólvora em uma fileira encadeada, para que possamos ouvir os pequenos pop, pop, pop! Ou, se desse um relógio de pulso a um romano na antiguidade e ele soubesse o que é um relógio de sol…"

Enquanto isso, Jerome fica a cada dia mais próximo de conseguir a fortuna que tanto almeja e anuncia seu próximo passo: a construção de uma espaço-nave. Só que, para isso, é preciso ficar ainda mais rico e para acelerar esse processo, entrega mais projetos de tecnologia ao Farnsworth, com o intuito que que essas fossem realizadas e comercializadas o quanto antes. O mais estranho é que todos esses avanços realmente aconteceram nas décadas anteriores a nossa e foram aperfeiçoados de forma bem progressiva, algo quase como que de fora desse planeta.

Em meio a isso, Bryce acaba sendo contratado para trabalhar diretamente no processo de construção da espaço-nave. Com o projeto sendo totalmente financiado pela World Enterprises, o químico se deleita no material que tem em suas mãos e se entrega avidamente para dar vida ao que poderia ser até então apenas uma nave que iria para o espaço fazer uma coleta de todo material existente depois da exosfera. Só que essas intenções da corporação o deixam inteiramente intrigado, seria mesmo somente para fins de coleta? Não seria, no fim, usada para incitar uma guerra mundial? Seus valores estão sendo colocados em jogo ao topar participar desse avanço histórico, mas seu amor pela ciência é bem maior.

Walter Tevis conseguiu reproduzir o processo de humanização do personagem sob uma perspectiva chocante, saímos do lugar comum ao percebermos o quão próximo de nós ele se torna e o quão triste isso é. É quase deprimente sentir-se humano. A crise existencial e o desespero do protagonista por não reconhecer sua própria identidade Antheana leva o leitor a pensar que estamos tão perdidos quanto ele está, por ter caído nas graças do pão e circo criado pela sociedade.

Sua fé na humanidade é pouca, sua essência se esvai e a única companhia para a solidão é, se não a Betty Jo, o seu copo de gim. A narrativa meio poética nos atinge com uma onda de melancolia no romance de Tevis e é transportada para o cinema com maestria por Bowie, sua excentricidade se casa tão bem com o papel designado a ele que é surreal a sua atuação no filme, ainda mais por ser sua estreia no cinema.

O clímax chega no momento em que a seguinte reflexão é feita por Jerome: A terra merece mesmo ser salva? Vale a pena ficar anos fora de sua terra natal, juntar uma fortuna, criar uma espaço-nave, viver se passando por humano, copiando o comportamento e sotaque americano só para concertar toda a bagunça que havíamos feito durante quase dois milênios? Dessa forma, o livro me lembrou muito O Fim da Infância, de Arthur C. Clarke (publicado pela Editora Aleph), cujo enredo também trata de alienígenas que vêm à Terra com o objetivo de ajudá-la a caminhar para uma era de ouro, só que as obras divergem em seus conteúdos e são únicas a sua maneira, fora o rumo que cada uma toma, ambas capazes de deixar o leitor boquiaberto.

O filme dirigido por Nicolas Roeg (também diretor de Cassino Royale e Dr. Jivago) é bem fiel a obra, contendo apenas algumas diferenças para enaltecer a humanização do personagem ao se perder na ambição e no alcoolismo. O filme foi reconhecido pela Academia de Filmes de Ficção Cientifica, Fantasia e Terror com o prêmio “Saturn Award” e elogiado pela crítica, até mesmo por fazer um trabalho classificado como digno de Stanley Kubrick.

David Bowie até produziu algumas músicas para o filme que não foram aproveitadas pelo diretor, sendo posteriormente lançadas no álbum Low que vocês podem ouvir abaixo, na playlist do Spotify. Starman, música de autoria do próprio Bowie, representa bem o sentimento passado pela obra ao decorrer da leitura. Afinal…

"There’s a starman waiting in the sky. He’d like to come and meet us… but he thinks he’d blow our minds."

A edição da Darkside Books deixaria Walter Tevis emocionado. Provavelmente ele sentiria a mesma sensação de Bryce ao encontrar algo fora do seu tempo, afinal, os livros não eram editados assim em sua época. O livro tem uma diagramação ótima e a leitura flui muito bem, mérito total da tradutora Taissa Reis que tornou o texto atemporal e de fácil compreensão. Com bordas das páginas laranja neon que também compõe a arte da capa, a edição ainda possui uma fita de cetim preta para marcar a página, um marcador de página lindíssimo com uma foto do Bowie e uma folha de guarda bem psicodélica. Sendo Bowie um dos meus artistas favoritos, laranja minha cor favorita e a Darkside uma das minhas editoras favoritas… essa é certamente umas das minhas edições preferidas.

Eu não sei dizer o que Walter Tevis diria da nossa época atual, mas se o Homem que Caiu na Terra fosse escrito no século XXI, gostaria muito de acreditar que o autor teria um pouco mais de fé na humanidade e daria um fim alternativo. Não que a natureza humana tenha mudado de forma relevante, mas sinto que se naquela época todos se distanciavam tanto de sua essência humana, a nossa geração é a que mais tem voltado a se aproximar dela.

http://www.pelatocadocoelho.com.br/resenha/resenha-o-homem-que-caiu-na-terra-de-walter-tevis/

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Cássia 02/11/2016

Quando um longínquo planeta tem seus recursos naturais cada vez mais escassos, e a sobrevivência daqueles habitantes cada vez mais difícil, uma missão é dada: vir à Terra e construir uma espaçonave para buscar os últimos sobreviventes de Anthea. E assim, Thomas Jerome Newton "caiu" na Terra com um plano exaustiva e meticulosamente elaborado. Passara anos a fio estudando os seres humanos e tudo o que havia neste planeta tão rico. Quando sai de sua nave, porém, não imaginava que a gravidade seria tão pesada e difícil de aguentar. Isso os livros não diziam, mas sabia que após anos, poderia se acostumar. Seu objetivo era simples, mas precisava enriquecer para coloca-lo em prática. Thomas Jerome Newton era um antheano e possuía muitas peculiaridades em sua aparência. Umas delas era pela sua altura, muito grande para os padrões dos Eua; bem como sua magreza, sua pele bronzeada e um cabelo tão branco quanto um algodão. Era fácil ser notado. Chegou de Anthea trazendo consigo vários projetos eletrônicos básicos, e precisava patenteá-los. Foi então que procurou Farnsworth, um advogado especialista em patentes. Tinha pressa em colocar o plano em prática, e principalmente, sede.

Seus projetos foram patenteados e então vem a fortuna tão esperada. Agora o senhor Newton é dono de uma das maiores corporativas de eletrônicos do mundo. Suas obras são dotadas de uma tecnologia bastante requintada e evoluída. Pudera, antheanos possuiam, no mínimo, o dobro da nossa inteligência. Até aí, anos já se passaram e agora o sr Newton conta com a ajuda de sua governanta (e também alcoólatra), Betty Jo. Porém, o que não esperava, e nem mesmo podia imaginar, é que também fosse gostar tanto do álcool.

A narrativa acontece sob o ponto de vista de dois personagens, basicamente. O protagonista, Thomas Jerome Newton e o outro, um engenheiro químico chamado Nathan Bryce, o qual iniciou uma busca incessante pelo sr Newton após descobrir alguns de seus feitos. Como se tratava de coisas muito modernas, como por exemplo, uma máquina fotográfica que se revela sozinha e ainda conseguia ser incrivelmente nítida, Nathan desconfiou que tal tecnologia vinha de outro mundo - literalmente. Tal desconfiança ganhou ainda mais forma depois de conhecer o seu ídolo, pois tratava-se de uma pessoa bastante reclusa, com hábitos peculiares e aparência distinta. Nathan Bryce sentia pelo sr Newton uma admiração muito grande, que inclusive beirava ao medo. Sentia-se desconfortável na presença dele, mas Newton logo viu em Bryce uma fagulha de esperança.

E então, completamente solitário neste mundo tão diferente, sr Newton encontrou na bebida algo muito maior do que apenas um vício. Encontrou também a fuga para a sua constante tristeza. Era a única coisa capaz de anestesiar a sua dor e entorpecer seus sentimentos. Sentia saudades de Anthea e de seus familiares e amigos mas, agora, algo maior o assombrava: a responsabilidade de sua missão. Via-se em um impasse. Já não sabia mais se era isso o que realmente queria fazer. Fora escolhido para desempenhar esta missão devido a sua capacidade física e facilidade em adaptação, mas não previra o que poderia lhe acontecer psico e emocionalmente. Tanto tempo vivendo como humano, passou a se sentir como um.

Depois de anos agindo como tal, falando sua língua com um sotaque exaustivamente ensaiado, é possível perceber que ao mesmo tempo que se sente deslocado, Newton sente que começa a perder a sua essência. Quando se depara com sua imagem nua e crua refletida no espelho, Newton não sabe mais quem ele de fato é. Pronuncia algumas palavras em antheano, e as palavras saem com dificuldade. E isso é triste, pois depois de todo esse tempo, Newton aprendera a pensar como humano: havia se tornado um homem muito ambicioso e se deixado levar até mesmo pelo vício; mas estava aprisionado em um corpo completamente diferente daquilo que (penso eu) gostaria de ter. Além do mais, sua desolação era algo muito maior do que sua sanidade conseguiria suportar.


Mesmo com toda a riqueza que tanto almejava e seu plano em andamento, Newton ainda se sente extremamente solitário e então, longas ondas de uma crise existencial começam a fazer parte de sua vida de forma cada vez mais contínua. Quando chegou de Anthea, sentia que podia salvar não só seus conterrâneos, mas também a nossa Terra do perigo iminente que a assolava. Sentia um apreço muito grande pelos humanos, mas depois de ter vivido uma experiência não muito agradável, seu mundo desmorona. Não sente raiva dos humanos, tampouco mágoa, mas sim, decepção. Ao mesmo tempo, uma angústia porque sabia que mais cedo ou mais tarde, eles acabariam destruindo este mundo tão lindo e com água tão abundante. E talvez agora seja isso mesmo o que ele deseja. Talvez a única maneira de acabar com a sua tristeza e solidão seja deixar se levar e morrer junto com os outros. Talvez aqueles da sua espécie estejam a salvo longe da Terra. Talvez...



É um livro bastante profundo e nos remete não só à solidão e a tristeza de um alienígena deslocado, mas também, à crise existencial de um homem prestes a perder a sua verdadeira identidade, devido a insanidade que um pesado fardo lhe proporcionara.

É um ótimo livro. Recomendo.
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Maravilhosas Descobertas 27/10/2016

{Especial Halloween Dark}: O Homem Que Caiu Na Terra, de Walter Tevis
Como bem sabemos, no dia 31 desse mês de outubro é comemorado o Dia das Bruxas, vulgo Halloween. E nós do MD não poderíamos deixar essa data tão obscura passar em branco, então vamos passar uma semana bem dark!

Do dia 23 ao dia 29, todos os dias iremos liberar uma resenha às 19 horas, com um conteúdo especial e bem dark. Podendo ser um Dark Romance, um Dark Horror, um Dark Para Gamers, um Dark Não Tão Dark, entre outros. O intuito dessas postagens, é fazer que você, nosso querido e amado leitor, tenha um pré-halloween literário bem especial. Sendo assim, sem mais delongas, vamos ao que interessa?

O Homem Que Caiu Na Terra é um mistério intergalático que faz você começar a duvidar das coisas. Será que existe vida em outros planetas? Extraterrestres? Óvinis? E se houvesse mesmo outras espécies entre nós? Será que um desses grandes bilionário não é de outro planeta?

Ele teve sua primeira publicação em 1963, mas foi altamente conhecido quando em 1976, a obra foi para as telonas. Mesmo anos depois, a obra continuou com muito sucesso, e foi aí que ganhou essa edição em capa dura pra lá de caprichada.

Uma edição linda e bem Dark. Com as laterais das páginas no mesmo tom de laranja dos detalhes da capa, ele tem um destaque impressionante.

Agora para entender um pouco sobre a história do livro, imagine que você é Bryce, um professor de química de mal com a vida. Imaginou? Agora entra aqui nessa espaçonave e vamos nessa!

Como disse, você é um professor de química que está de mal com a vida, descontente com tudo. Um dia, chega em uma lojinha e se depara com uma tecnologia nunca vista antes. Como químico, você logo se interessa em descobrir o que tem ali por trás, e é isso que você faz: vai atrás de respostas. Afinal, quem sabe não você não seja contratado pela WECorp.

Após pesquisas realizada por ti, e interessantes descobertas, você dá um jeito de conseguir uma entrevista com o criador da WECorp. Um "ermitão" que foram mínimas as pessoas que o viram. Um homem que dizem ser alto de mais, leve de mais, magro de mais, entranho de mais... Mas nada disso o impede de chegar à ele e o ver cara à cara. Agora lhe resta descobrir quem é esse ser, o que ele pretende, e como ele caiu aqui na Terra.

site: http://www.maravilhosasdescobertas.com.br/2016/10/especial-halloween-dark-o-homem-que.html
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DDF 18/10/2016

Massante
O livro se inicia de forma interessante, onde a óbvia curiosidade sobre a estória de um alienígena vivendo aqui na Terra nos prende e motiva para prosseguir com a leitura, entretanto, após poucas páginas o andamento do livro em relação à construção da estória começa a desacelerar, e o autor passa a se preocupar mais em detalhes irrelevantes do que com a própria estória, como por exemplo, a cada ação de cada personagem, descrever detalhadamente como o ambiente se encontra ao ponto de vista da realidade e do personagem.
Talvez eu tenha iniciado a leitura do livro com outra expectativa, por este motivo o meu desapontamento.
Resumidamente, o livro é filosófico demais, parado demais, isto é o que mais me incomodou.
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Camila(Aetria) 14/10/2016

Walter Tevis e minha tristeza
E só de sentar pra escrever a resenha já me bate uma tristezinha. HAHA

Aiai, comprei o livro numa promoção da Amazon LOKA (não assisti ao filme até hoje, então a resenha vai se centrar exclusivamente na trama do livro), mas admito que comprei porque o dyvo Bowie estava envolvido (e a capa é toda lindosa, né, com aquele laranja de deixar a gente meio tonto).

"O cargo do professor Canutti era de coordenador e conselheiro departamental, o que é mais ou menos o título da maioria dos chefes de departamento hoje em dia, desde a época em que a grande mudança de nomenclatura transformou todos os vendedores em representantes de campo e todos os faxineiros em zeladores. Essa mudança demorou um pouco mais para alcançar as universidades, mas o tempo chegou e hoje em dia não há mais secretárias, apenas assistentes e auxiliares administrativos; não existem mais chefes, apenas coordenadores."

O homem que caiu na Terra, Walter Tevis, p. 53
Demorei um pouco pra ler, a trama é toda meio deprê, com toques violentíssimos sobre como somos como humanidade, nossas falhas, nossos egoísmos, prepotências e aquela visão bem pessimista com a perspectiva da Guerra Fria e futuro (o livro é de 1963, então dá pra entender o porquê de tudo isso, as distopias mais incríveis e visionárias são dessa época, o pessoal devia ter um clima de "o mundo vai acabar" a todo instante, o medo de guerra química e assim vai).

"Quão sábias essas malditas crianças eram? Foi quando se lembrou do próprio papo-furado que declamava durante o ano em que tinha se formado em Literatura, quando tinha seus vinte e poucos anos: “níveis de significado”, “o problema semântico”, “o nível simbólico”. Bem, havia um monte de substitutos para o conhecimento e a sabedoria, metáforas falsas por todos os lados."

O Homem que caiu na Terra, Walter Tevis, p. 42
Tem trechos simplesmente excelentes, e Tommy vai ficando cada vez mais humano, cada vez mais suscetível às mazelas da humanidade. Eu não pude deixar de traçar um paralelo de como seria se o Doctor (de Doctor Who) não tivesse seus companions, a Tardis, as suas aventuras focadas na sua fuga constante (se bem que ele usa suas aventuras da mesma forma que Tommy acaba usando o álcool...). O quanto conseguimos tolerar antes de entrarmos em parafuso? Antes da depressão bater e compensarmos em algo?

"Uma espaçonave erguida em uma pastagem do Kentucky, cercada por montanhas outonais e cujo dono era um homem que escolhera viver em uma mansão com uma empregada bêbada, um secretário francês, papagaios, quadros e gatos. Entre a nave e a casa ficavam a água, as montanhas, o próprio Bryce e o céu."

O homem que caiu na terra, Walter Tevis, p. 100
O livro todo vai percorrendo essa vibe pessimista, essa desilusão com a humanidade, com os humanos, com o caminho que seguimos (ou deixamos de seguir). E no meio disso tudo, temos alguns humanos de destaque: Betty Jo e Dr. Bryce.

A Betty Jo é aquela figura americana que você desvia o olhar, aquela mulher quarentona, com problemas de alcoolismo, viúva, que não liga mais pra se cuidar e vive de pensão do governo. E se torna a melhor companheira pro Tommy.

"Se você fosse de Marte realmente estaria sozinho”, disse Bryce, observando os patos. Se ele fosse de lá, seria como um pato solitário no lago - um migrante cansado.
“Não é preciso.”
“O que não é preciso?”
“Ser de Marte para se sentir sozinho. Imagino que você já tenha se sentido sozinho muitas vezes, dr. Bryce. Se sentido alienado. Você veio de Marte?"

O homem que caiu na Terra, Walter Tevis, p. 106
E também temos o Bryce... eu honestamente vi muito do jeito que penso, ajo, no Bryce. HAHA Principalmente a desilusão dele com a Academia, essa vibe de ter de reestruturar a vida e tudo o mais. Bryce is my spirit animal. Tirando o alcoolismo, claro. HAHAHA

A leitura, mesmo me dando as bad vibes, é super fluida, a edição ficou uma beleza, as aberturas dos capítulos servindo como uma metáfora da nave saindo de Anthea e chegando na Terra, tudo com trechos da própria tipografia do título (os tizainer pira. HAHA). Ainda fico refletindo aqui quietinha, até enquanto escrevo essa resenha de como era o clima daquela época (já que o livro se passa no futuro idealizado do Tevis, um futuro onde existe um EUA praticamente totalitário, quase uma URSS, o que achei maravilhoso, aliás, um livro onde os EUA são o vilão, e não a URSS hahaha) e de como ele imaginava que tudo seguiria (o Brasil é até mencionado como fornecedor de café, e o que acontece quando essa parceria acaba). Minha única questão pra isso seria: leiam.

"(…) Às vezes, vocês nos parecem macacos soltos em um museu, correndo com facas, rasgando os quadros e quebrando as estátuas com martelos.”
Bryce não conseguiu falar imediatamente. “Mas foram os humanos que pintaram os quadros e fizeram as estátuas.”
“Apenas alguns humanos”, respondeu Newton. “Apenas alguns."

O homem que caiu na Terra, Walter Tevis, p. 162

site: http://www.castelodecartas.com.br/index.php/2016/10/14/homem-terra-ogs-141/
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Sandro 14/10/2016

É bem mais um livro sobre a solidão, o tédio e o vício em uma sociedade apática do que um livro de sci-fi. E também sobre a aversão e a crueldade com o que (ou quem) foge do convencional.
Os momentos finais do livro me fizeram lembrar de "Fluam, Minhas Lágrimas, Disse o Policial" do PKD.
Sandro 15/10/2016minha estante
Eu esqueci de por na resenha, mas acho importante pontuar que a solidão tratada no livro é tanto a imposta quanto a voluntária.


diegopds 08/01/2017minha estante
Interessante, também li o referido livro do PKD, não fiz esse link, mas realmente lembra.




Louie 21/08/2016

"Não é preciso ser de Marte para se sentir sozinho."
Em O Homem que Caiu na Terra, publicado originalmente em 1963, somos apresentados a Thomas Jerome Newton no momento em que este chega à Terra, atordoado e machucado. Seu objetivo: ganhar o máximo de dinheiro no menor tempo possível. Começa vendendo anéis de ouro à joalherias, e passa a vender patentes de equipamentos tecnológicos de seu planeta, Anthea. Rapidamente, ele se torna um dos homens mais ricos e bem sucedidos dos Estados Unidos. Newton tem como missão salvar seu planeta da destruição e também impedir a nossa própria, e para isso precisa aprender a se adaptar à vida terrestre e sobreviver aqui.

Com sua aparência andrógina, de pele quase transparente, muito alto (1,95m) e magro (40 quilos) para os padrões terrestres, a fragilidade do antheano foi representada nas telas por David Bowie, no filme homônimo de 1976, dirigido por Nicolas Roeg, e marcou a estréia do camaleão no cinema.

O livro é escrito de forma bem direta, sem floreios, e é bem curto (li em dois dias). O autor se utiliza da ideia de um visitante extraterrestre para analisar e questionar assuntos como política, religião e a ideia de uma guerra fria e iminente destruição do mundo por bombas e armas químicas. Apesar disso é uma leitura fácil, mas não por isso rasa.

Newton passa dez anos se preparando em seu planeta antes de vir para a Terra, estudando o comportamento humano através de programas de televisão. Ele e seus superiores fazem todos os preparativos necessários para sua chegada e posterior sobrevivência no planeta, até que tudo esteja pronto para que seu plano seja levado à cabo. Mas a vida humana não se resume à simples sobrevivência. Newton começa a sentir o peso da vida terrestre, e precisa conviver com a solidão, a insanidade, o alcoolismo... Quando as coisas não saem exatamente como o esperado, ele começa a questionar sua missão, e se tornar cada vez mais melancólico diante da impossibilidade de rever seu planeta.

Um livro sensível sobre solidão, melancolia, sobrevivência.

"Não é preciso."
"O que não é preciso?"
"Ser de Marte para se sentir sozinho. Imagino que você já tenha se sentido sozinho muitas vezes, Dr. Bryce. Se sentido alienado. Você veio de Marte?"

O Homem que Caiu na Terra, de Walter Tevis
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