HeLe 17/12/2017
Os rios e nós morremos/morreremos de sede
Piroli, escritor mineiro, (1931-2006) Nasceu na Lagoinha, Belo Horizonte. Um dos bairros mais boêmios de Beagá, reduto de famílias italianas - como a do escritor -, local com forte herança rural. O escritor faz referência desse território com emoção, amor, pureza, tristeza dos momentos vividos e descreve com beleza as memórias.
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"A Lagoinha está em tudo. A minha visão do mundo é a visão da Lagoinha." __
João Antônio, também escritor e amigo de Piroli, disse: "Direto, incisivo [...] incapaz de cultivar aflições estéticas nem existenciais, Piroli pertence ao que está mais embaixo, junto com os outros, preocupado com os problemas rasteiros da sobrevivência."
O livro é narrado pelo pai, que deseja reviver com o filho (Bumba), uma aventura que fez há 40 anos com o seu pai. .
O pai do narrador, levava o filho para pescar no farto Rio das Velhas, ( o maior afluente em extensão do Rio São Francisco) de trem.
Bumba, o filho, que tem sete anos ao descobrir o dia de aventura fica todo entusiasmado. A mãe, contesta o passeio com o marido, pois ambos serão frustados com o que verá. Mas mesmo sabendo da situação atual do Rio, o pai afirma que fará o passeio com o filho, igual o pai fazia, com direito a café, pão com salame, cachaça e frutas, tudo no embornal. .
A descrição das cenas, paisagens e diálogo do pai com o filho são lindas e doloridas. Como diz um poeta, o belo também dói.
Uma leitura para refletirmos sobre nossa relação com o ambiente, a consciência e uso racional da água. Ensinarmos às nossas crianças o respeito, preservação e equilíbrio com a Natureza.
A leitura proporcionou-me grande emoção, pois quando criança, o trem que ainda fazia o percurso para outras cidades da região metropolitana de BH, como Rio Acima, cidade da maior parte dos meus familiares, eu também fazia essa viagem. Lá do trem avistava o Rio, que passa e resiste no centro da cidade ainda.
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Os rios morrem de sede [1976], rendeu ao escritor o prêmio Jabuti de Melhor Livro Infantil.