lucca 18/10/2024
"É estranho descrever a leitura de um livro como uma experiência maravilhosa, mas foi o que eu senti."
quotes:
Então, esta é a minha vida. E quero que você saiba que sou feliz e triste ao mesmo tempo, e ainda estou tentando entender como posso ser assim.
Agora é meu livro favorito, mas sempre acho que um livro é meu favorito até eu ler outro.
Ele não era o tipo de cara que bate em alguém. Era o cara que gravava fitas com temas e fazia capas coloridas, até que bateu na minha irmã e ela parou de chorar.
Seria muito legal ter um amigo novamente. Gostaria disso mais do que de uma namorada.
? Você sempre pensa muito nisso, Charlie?
? Isso é ruim? ? Eu só queria que alguém me dissesse a verdade.
? Não necessariamente. É só que às vezes as pessoas usam o pensamento para não participar da vida.
? Isso é ruim?
? É.
? Charlie, a gente aceita o amor que acha que merece.
? Eu odeio você.
Minha irmã disse isso de uma forma diferente da que falou com meu pai. Ela quis dizer isso para mim. Quis mesmo.
? Eu te amo ? foi o que consegui responder.
? Você é um anormal, sabia? Sempre foi anormal. Todo mundo diz isso. Sempre disseram.
? Estou tentando não ser assim.
?Nem todo mundo tem uma história triste, Charlie, e mesmo que tivesse, isso não é desculpa.?
O bom a respeito da Sam é que ela não me acha maluco por fingir essas coisas.
"Eu me sinto infinito.?
? Ele é invisível.
E Bob assentiu com a cabeça. E todos no porão fizeram o mesmo. E comecei a ficar nervoso como Bob, mas Patrick não me deixou ficar nervoso demais. Sentou-se do meu lado.
? Você vê as coisas. Você guarda silêncio sobre elas. E você compreende.
Sam se sentou e começou a rir. Patrick também riu. Eu comecei a rir.
E naquele momento eu seria capaz de jurar que éramos infinitos.
Mary Elizabeth me disse que uma coisa sobre o zen é que ele faz com que você se conecte com tudo no mundo. Você é parte das árvores, da relva e dos cães. Coisas assim. [...] Então, acho que o zen é um dia como esse, quando você é parte do ar e se lembra de coisas.
Perguntei a Patrick se ele ficou triste de ter de guardar segredo, e Patrick só disse que ele não ficou triste porque pelo menos agora Brad não tinha de beber ou ficar doidão para fazer amor com ele.
Decidi que talvez eu queira escrever quando crescer. Só não sei o que eu escreveria.
Eu só olho para ela às vezes e acho que ela é a pessoa mais bonita e mais legal em todo o mundo.
É como se ele tirasse uma foto da Sam e a foto saísse linda. E ele pensasse que o motivo para a foto sair bonita fosse ele fotografar bem. Se eu fizesse a foto, saberia que o único motivo da beleza é a própria Sam.
Eu estou mesmo apaixonado pela Sam e isso dói muito.
Quando estávamos prontos para ir embora, fui até meu avô e lhe dei um abraço e um beijo na testa. Ele limpou a testa com a palma da mão e olhou para mim. Ele não gostava que os rapazes da família tocassem nele. Mas eu estava muito contente de ter feito isso, para o caso de ele morrer. Nunca fiz o mesmo com minha tia Helen.
Tive uma sensação maravilhosa quando finalmente segurei a fita. Achei que tinha a mim mesmo na palma da mão, era uma fita que continha todas aquelas lembranças e sentimentos e grandes alegrias e tristezas. Bem na palma da minha mão.
As luzes do lado de fora estavam acesas, estava nevando e o momento parecia mágico. Como se estivéssemos em outro lugar. Como se estivéssemos em um lugar melhor.
Sam e Patrick olharam para mim. E eu olhei para eles. E acho que eles sabiam. Não alguma coisa específica. Apenas sabiam. E eu acho que é tudo o que você pode pedir de um amigo.
Acho que foi a primeira vez na minha vida em que senti que parecia ?perfeito?. Sabe o que eu quero dizer? É aquela sensação legal, quando você se olha no espelho e seu cabelo está ótimo pela primeira vez na sua vida? Não acho que deva me basear tanto em peso, músculos e um bom cabelo, mas quando acontece é legal. É legal mesmo.
Naquela folha de papel Sam escreveu: ?Escreva sobre mim de vez em quando.? E eu datilografei só isso para ela, de pé, ali no seu quarto:
"Vou escrever.?
E ela me beijou. Foi um tipo de beijo que eu nunca poderia contar a meus amigos como foi veemente. Foi o tipo de beijo que me fez saber que eu nunca seria tão feliz em toda a minha vida.
Eu só queria saber o que comprar para meu pai porque eu o amo. E eu não o conheço. E ele não gosta de falar de coisas como essas.
Queremos que ela saiba que não a esquecemos, que pensamos nela e que ela era especial. Ela não sabia disso o bastante quando estava viva, como minha mãe sempre diz. E, como meu pai, acho que minha mãe se sente culpada por isso. Tão culpada que, em vez de lhe dar dinheiro, ela lhe deu uma casa para morar.
Era um homem muito legal, porque quando minha mãe começou a chorar ele disse que tinha sido um acidente muito grave e que a tia Helen morreu instantaneamente. Em outras palavras, não sentiu dor. Nunca mais sentiu dor.
Lembro-me de um médico me fazendo perguntas. Lembro-me de dizer a ele que a tia Helen era a única pessoa que me abraçava. Lembro-me de ver minha família no Natal em uma sala de espera. Lembro-me de não ter tido permissão para ir ao enterro. Lembro que nunca disse adeus à tia Helen.
Apesar de tudo que minha mãe, meu pai e o médico me disseram sobre a culpa, não consigo parar de pensar no que eu sei. E eu sei que minha tia Helen ainda estaria viva hoje se tivesse me comprado um presente só como todo mundo fazia. Ela estaria viva se eu tivesse nascido em uma época em que não nevasse. Eu faria qualquer coisa para que fosse dessa forma. Sinto demais a falta dela. Tenho de parar de escrever agora, porque estou triste demais.
E porque eu não quero começar a pensar novamente. Não como eu fiz na semana passada, não posso pensar novamente. De novo, não.
E todos os livros que você leu foram lidos por outras pessoas. E todas as canções que você gostou foram ouvidas por outras pessoas. E aquela garota que é bonita para você é bonita para outras pessoas. E você sabe que, se enxergasse esses fatos quando era feliz, se sentiria ótimo, porque estaria descrevendo a ?união?.
Estou me sentindo um grande impostor porque deixei toda a minha vida para trás e ninguém sabe disso. É difícil sentar na minha cama e ler como eu sempre fiz.
Gostaria de deixar de ser apaixonado pela Sam. Eu gostaria muito.
Ela também disse que as pessoas que tentam controlar as situações todo o tempo temem que, se não o fizerem, nada vai funcionar da forma que querem.
Só queria que Deus, ou meus pais, ou minha irmã, ou alguém, me dissesse o que há de errado comigo. Que me dissesse como ser diferente de uma forma que faça sentido. Que fizesse tudo isso passar. E desaparecer.
Não sei quanto tempo eu posso continuar sem um amigo. Eu costumava ser capaz de fazer isso com muita facilidade, mas foi antes de eu saber como era ter um amigo. É muito mais fácil não saber das coisas de vez em quando.
Quando estava longe demais para poder me ver, eu comecei a chorar novamente. Porque ela era minha amiga de novo. E isso era o bastante para mim.
Não há nada como a respiração profunda depois de dar uma gargalhada. Nada no mundo se compara à barriga dolorida pelas razões certas. E essa era ótima.
?Seja cético a respeito deste aqui. É um grande livro. Mas procure ser um filtro e não uma esponja.?
Nunca me passou pela cabeça que isso poderia significar a Sam começando a gostar de mim. Eu só me preocupava com o fato de que Sam estava muito magoada. E acho que percebi, naquele momento, que eu realmente a amava. Porque não havia nada a ganhar, mas isso não importava.
? Charlie ? disse ele. ? Você sabe por que eu lhe dei tanto trabalho extra?
Sacudi a cabeça em negativa. Era a expressão em seu rosto. Aquilo me silenciou.
? Charlie, você sabe o quanto é inteligente?
Sacudi a cabeça novamente. Ele estava falando a sério. Foi estranho.
? Charlie, você é uma das pessoas mais dotadas que já conheci. E não digo isso em relação aos outros alunos. Quero dizer em relação a qualquer pessoa que eu tenha conhecido. É por isso que eu lhe dei tanto trabalho extra. E me pergunto se você teve consciência disso.
? Então, quando o ano letivo terminar, e eu não estiver mais dando aulas a você, quero que saiba que, se precisar de alguma coisa, ou quiser conhecer outros livros, ou quiser me mostrar qualquer coisa que tenha escrito, ou outra coisa qualquer, você sempre poderá me procurar como amigo. Eu o considero um amigo, Charlie.
Quando estava indo para casa, só conseguia pensar na palavra ?especial?. E pensei que a última pessoa que me disse isso foi a tia Helen. Foi muito bom ter ouvido isso novamente. Porque eu acho que todos nós nos esquecemos às vezes. E eu acho que todo mundo é especial à sua própria maneira. É o que eu penso.
É estranho que as pessoas às vezes escolham ser generosas.
? Você não pode se limitar a se sentar lá, colocar a vida de todos à frente da sua e pensar que o que importa é o amor. Não pode fazer isso. Você tem que fazer coisas.
? É só que eu não quero ser a paixonite de ninguém. Se alguém gosta de mim, eu quero que goste de mim de verdade, e não pelo que pensam que eu sou. E não quero que carreguem isso preso por dentro. Quero que mostrem para mim, para que eu possa sentir também. E se fazem alguma coisa de que eu não gosto, eu digo.
Então, acho que somos quem somos por várias razões. E talvez nunca conheçamos a maior parte delas. Mas mesmo que não tenhamos o poder de escolher quem vamos ser, ainda podemos escolher aonde iremos a partir daqui. Ainda podemos fazer coisas. E podemos tentar ficar bem com elas.
Mas, principalmente, eu estava chorando, porque, de repente, tive consciência do fato de que eu estava de pé em um túnel, com o vento batendo no meu rosto. Não importava que eu visse a cidade. Nem mesmo que pensasse nisso. Porque eu estava de pé no túnel. E eu realmente estava ali. E foi o suficiente para que eu me sentisse infinito.