Alan Martins 31/07/2018
A busca pela Segunda Fundação
Título: Segunda Fundação
Autor: Isaac Asimov
Editora: Aleph
Ano: 2009
Páginas: 240
Tradução: Marcelo Barbão
“O homem mais estúpido é o que não sabe o quanto é sábio.” (ASIMOV, Isaac. Segunda Fundação. Aleph, 2009, p. 108)
Hari Seldon foi um cara muito esperto e não estabeleceu apenas uma Fundação, mas sim duas. Seu Plano, baseado em sua psico-história, levava as duas Fundações em consideração, cada uma com um importante papel na criação de um novo Império Galáctico.
A MÁQUINA DE ESCREVER ASIMOV
Isaac Asimov nasceu na Rússia, mas cresceu nos Estados Unidos, onde, aos oito anos de idade, conseguiu naturalizar-se. Além de escritor, o Bom Doutor, como era carinhosamente conhecido, foi também um professor de Bioquímica.
Trabalhou como uma máquina. Ao longo de sua carreira, editou e escreveu mais de quinhentos livros e recebeu inúmeros prêmios. Tanto trabalho foi merecidamente reconhecimento, pois Asimov é considerado um dos pilares da ficção científica.
Na década de 1950 escreveu os livros que compõem a ‘Trilogia da Fundação’. Essa trilogia lhe rendeu o Prêmio Hugo de melhor série de ficção científica e fantasia de todos os tempos, em 1966. Por insistência dos fãs e de seus editores, na década de 1980, Asimov expandiu essa trilogia em uma série. Foram publicados mais quatro livros, dois deles se passam após os acontecimentos de ‘Segunda Fundação’, os outros dois são prelúdios. Quem é fã do autor terá muito para ler, após concluir a trilogia!
“[…] somente uma mentira que não tem vergonha de si mesma poderia ser bem-sucedida.” p. 102
UMA SEGUNDA FUNDAÇÃO
Novos detalhes sobre o Plano Seldon foram descobertos. Ele não estabeleceu apenas uma Fundação, mas sim duas. Ambas seriam de grande importância para a formação de um novo Império Galáctico.
Entretanto, há algumas diferenças entre cada uma. A Primeira Fundação, do planeta Terminus, desenvolveu-se baseada nas Ciências Exatas, as Ciências Humanas não foram muito desenvolvidas por lá. Nessa Fundação, a psico-história é apenas uma ciência esquecida, um grande enigma. Já na Segunda Fundação, a ciência de Hari Seldon foi desenvolvida com força total.
Com o eminente perigo do Mulo, personagem que apareceu em ‘Fundação e império’, o apoio dessa Segunda Fundação é essencial para o povo de Terminus. Todavia, ninguém conhece sua localização, e esse é um mistério que todos querem desvendar, em especial os inimigos, que pretendem acabar com o Plano Seldon. Nesse livro, vamos embarcar na busca pela Segunda Fundação. Quais serão os mistérios que sua população guarda?
“Todo ser humano vive por trás de uma parede impenetrável de névoa asfixiante dentro da qual só ele existe.” p. 106
MAIS DO MESMO, MAS CONTINUA BOM
O estilo de Asimov não mudou, continua direto, cheio de diálogos e sempre apresentando algo novo, uma surpresa a cada capítulo. Apesar de apresentar novos personagens e novas aventuras, o que se vê em ‘Segunda Fundação’ não é tão diferente assim, a mesma fórmula foi seguida. O livro anterior foi bom, e esse continua sendo, mas são bem semelhantes em estilo.
Leitura fluída, gostosa e descomplicada. Muitas revelações serão feitas, o clima de mistério é bacana. Como um livro de Harlan Coben, uma surpresa aguarda o leitor na última página. Asimov montou seu enredo de forma sagaz e inteligente.
Baseando-se na ideia do “Destino Manifesto”, o autor criou o Plano Seldon. Os Estados Unidos seriam predestinados por Deus a conquistar o Oeste, a expandir-se — é o que essa doutrina pregava (ou ainda prega?) —, da mesma forma que a Fundação, predestinada essa missão de criar um novo império. Também há referências à Segunda Guerra Mundial, no modus operandi de determinados exércitos, guerras comerciais ( a conquista econômica). A trilogia toda não é apenas ficção científica, é, ao mesmo tempo, uma análise social e econômica. Um único indivíduo determinado pode causar um alvoroço, mas uma multidão é capaz de fazer muita diferença.
“Quando um homem pode saber com certeza que não é uma marionete? Como um homem pode saber que não é uma marionete?” p. 228
SOBRE A EDIÇÃO
Acompanhando o projeto gráfico dos demais livros da série, que são publicados pela Editora Aleph, temos uma edição brochura, capa comum, com orelhas, miolo em papel Pólen Soft 80g/m². A diagramação poderia ser um pouco melhor, mas a leitura não fica prejudicada.
Dessa fez o tradutor foi Marcelo Barbão, que tem experiência na profissão e possui alguns livros autorais publicados. Seria interessante se toda a trilogia tivesse sido traduzida pela mesma pessoa, entretanto, por se tratar de um livro de linguagem simples, não dá para reclamar muito. Essa é uma boa tradução.
“Por vinte e cinco anos, ele e seu governo vinham tentando forçar uma Galáxia de seres humanos cabeças-duras e estúpidos a voltar ao caminho… Era uma tarefa difícil.” p. 105
CONCLUSÃO
Seguindo a mesma receita dos livros anteriores, ‘Segunda Fundação’ encerra a ‘Trilogia da Fundação’ de forma empolgante e surpreendente. Espere mais daquilo que foi visto ao longo da trilogia: mistérios, guerras, surpresas, questões políticas, só que dessa vez com novos personagens. Leitura fácil, sem pesar nos detalhes, com foco maior nos diálogos e acontecimentos, a história é sempre empurrada para frente. Não espere encontrar vida extraterrestre, essa série trata sobre humanos, no fundo temos uma análise social do ser humano. Vale destacar, também, um foco maior na ação e aventura, com poucas cenas de romance ou algo do tipo. Asimov queria empolgar, deixar o leitor grudado ao livro. Bem, isso ele conseguiu, e muito bem. Todo fã de ficção científica deveria conhecer essa trilogia, tenho certeza que não haverá arrependimento. Se o leitor gostar mesmo, poderá ler os demais livros, que expandiram o universo da trilogia e reservam novos segredos a serem desvendados.
“A mente humana ressente o controle.” p. 22
Minha nota (de 0 a 5): 4,5
Alan Martins
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