Gabriel.Maia 19/09/2022
Amo vocês, mulheres!
Henry Chinaski é o estereótipo de um cafajeste: sai com várias mulheres 20 ou 30 anos mais novas que ele, bebe todos os dias e é uma pessoa super melancólica. Contudo, Chinaski não mente para "suas" mulheres, e talvez seja isso que faz com elas sempre voltem. Ele sempre deixa claro o que quer com cada uma e não esconde o fato de que está saindo com algumas mulheres ao mesmo tempo; Chinaski não faz joguinhos. Além de sua profissão como cafajeste ele também escreve uns poemas e romances, e é a escrita que sustenta sua vida boêmia. Chinaski escreve principalmente sobre suas experiências amorosas, de uma forma simples e direta, atingindo um público mais marginalizado que não tem saco pra ficar decifrando as metáforas de outros grandes escritores. Ele gosta muito de suas tietes que estão sempre mandando cartas e telefonando para dar uma volta e tomar alguma coisa, e Chinaski quase nunca recusa um convite do tipo.
Tudo isso que eu escrevi até agora vale não só para Chinaski, mas também para o próprio Charles Bukowski. Chinaski é um alter ego do autor e ele não esconde isso de ninguém: ambos tem a mesma nacionalidade, o mesmo ano de nascimento, a mesma carreira, os mesmos vícios e a mesma personalidade, o que nos aproxima bem mais do Velho Safado. Após uma infância sofrida com um pai abusivo e muita falta de amor, Chinaski passa a descontar todas essas frustrações nas bebidas e nas mulheres, e provavelmente o maior acerto de sua vida foi ter começado a escrever. Ele é um bom poeta, não é muito rico nem muito famoso mas está sempre sendo chamado para realizar leituras de poesias em eventos, e é justamente isso que faz com que ele mantenha sua vida torta, que o fornece tanta inspiração para continuar escrevendo. É como se ele vivesse em um loop em que precisa beber e sair com mulheres para escrever sobre isso e ganhar dinheiro, que será gasto com mais bebida e mais mulheres.
No livro acompanhamos uma parte pequena da vida de Henry, já na casa de seus 55 anos e sofrendo com os males de uma vida inteira entregue aos vícios. Conhecemos dezenas de mulheres ao longo do livro, algumas só aparecem uma vez, outras aparecem mais de uma, e algumas até conseguem arrancar um "eu te amo" da boca de Henry, porém todas elas são igualmente inesquecíveis para ele. Ele se mete em várias enrascadas por não conseguir dizer "não" para uma mulher bonita, e passamos o livro entre porres, ressacas, encontros e leituras de poemas, o que pode fazem com que o leitor romantize muito esse estilo de vida e não veja o lado triste e autodestrutivo, que está matando o corpo e a mente do personagem.
Bukowski conseguiu mudar muito a maneira que eu vejo as mulheres. Antes eu colocava-as em um pedestal, como se fossem seres superiores que não fazem necessidades e não tem manias ou costumes estranhos como os homens. Agora, depois dessa obra nua e crua, eu consigo admirar ainda mais as mulheres, sabendo que elas tem defeitos e peculiaridades assim como nós, me aproximando bem mais das "minhas" mulheres. Me sinto mais à vontade para ser eu mesmo quando estou com uma garota agora, sem ter medo de julgamentos e coisas do tipo, afinal, todos nós temos nossas excentricidades, e não cabe a ninguém julgá-las.
Apesar de malucas, as mulheres são incríveis e insubstituíveis. Só elas conseguem nos transmitir segurança com um simples abraço ou com umas poucas palavras, e não há nenhuma experiência na vida que se equipare a ter uma boa mulher ao seu lado.