jonas.zycki 21/02/2021
Sexo, bebidas, cavalos e poesia.
Fui atraído por Bukowski pelo seriado Californication, o qual tem como protagonista Hank Moody, personagem baseado no escritor que ficaria conhecido como "dirty old man" (velho sujo), apelido que, inclusive, dá nome a um bar temático de Charles em minha cidade natal, Porto Alegre/RS - já deixando aqui minha recomendação tanto da série de TV como do bar. "Mulheres" foi a primeira obra que li do autor, tendo como protagonista seu alterego, o mulherengo, misógino, beberrão e misantropo escritor Hank Chinaski. Nunca me importei com histórias que tenham cenas pornográficas e/ou escatológicas, atores de moral duvidosa e com os mais variados tipos de vício, e demonstrações do nível de degradação que o ser humano consegue atingir. Entretanto, desde que haja uma narrativa instigante e envolvente.
Em "Mulheres" tive a sensação de estar lendo o mesmo capítulo repetidas vezes. Minha impressão foi de que a obra pode ser resumida em idas de Chinaski ao aeroporto para receber ou dar adeus às várias mulheres que conhece ao longo do romance, suas transas e tentativas de transas (mal-sucedidas em razão de sua constante bebedeira), leituras de poesias em bares e universidades, e idas ao jockey club para apostar em cavalos. Os acontecimentos me pareciam tão repetitivos que, a partir da metade do livro, tive certa dificuldade em diferenciar as mulheres que Hank se envolvia. Apesar de compreender o apelo que a escrita simples, o cenário urbano do submundo de Los Angeles e as cenas de sexo "sem rodeios" podem ter no público, não consegui manter o interesse no mundo de Hank Chinaski por muito tempo.