Resenhas - Dois Irmãos

thamaralho 04/06/2024

Dois irmãos - milton hatoum
Fazia muito tempo que eu não odiava um personagem igual odeio o Omar, e a Zana não fica muito atrás porque ela tem uma enorme parcela de culpa na rivalidade dos filhos e preferiu alimentar isso até a morte do que aceitar que o Omar é um bosta. Gostei muito do Halim, apesar de achar que ele também foi um pai de merda. Não achei justo o trecho do livro em que tentam dizer que o Yaqub é igual ao Omar? Yaqub só reagiu ao que foi feito a ele durante ANOS, no lugar dele eu teria sido bem pior. Amei a Domingas e o Nael, o fato da historia ser narrada por ele amenizou um pouco a tristeza disso tudo.


?Mas as palavras parecem esperar a morte e o esquecimento, permanecem soterradas, petrificadas, em estado latente, para depois, em lenta combustão, acenderem em nós o desejo de contar passagens que o tempo dissipou. E o tempo, que nos faz esquecer, também é cúmplice delas. Só o tempo transforma nossos sentimentos em palavras mais verdadeiras.?

?Alguns de nossos desejos só se cumprem no outro, os pesadelos pertencem a nós mesmos.?

isabellebessaa 04/06/2024

Desde 2016 na lista kkkk
Ler esse livro me deu a sensação de ter quitado uma dívida comigo mesma, pois já queria lê-lo há tempos kkkk

E que livro BOM! Como o nosso Brasil é rico em literatura de primeira qualidade com universos totalmente singulares. O tanto que eu aprendi sobre Manaus e toda a imigração que aconteceu nesse estado em uma única leitura...

Sem falar que o livro traz todo um drama familiar, um deleite para os psicanalistas que gostam de literatura kkkkk eu amei demaisss e não vejo a hora de ler tudo de Milton Hatoum

yasminbeatrix 01/06/2024

Impactante
Vai ser difícil conseguir fazer uma resenha abordando todos os sentimentos que esse livro me causou.
Acho que primeiro é importante pontuar que Manaus, não é só um pano de fundo, não é só o local onde se passa grande parte da história, na verdade, Manaus é (para mim) um personagem da história. Acompanhamos as mudanças, as fases boas e ruins da cidade, suas zonas mais urbanizadas e as mais rurais, o autor nos mostra como Manaus se transforma, junto com alguns personagens. Demorei muito para entender esse elemento na história? Cito um exemplo de leitura que fiz e que identifiquei rapidamente a importância da cidade/personagem para a história: O corcunda de norte dame. Foi mais fácil identificar esse elemento em uma narrativa que se passa em Paris, do que de uma história ambientada na minha cidade natal.
Como manauara fazendo essa leitura cheguei a sentir vergonha? algumas referências, no vocabulário, na história, na arquitetura me causavam estranhamento, e me fizeram reconhecer como desconheço a história da minha cidade, dos meus antepassados, e de uma parte da cidade que para mim é distante. Um incômodo de perceber que desconheço situações que ainda são presentes na cultura de meu estado.
Agora, abordo efetivamente os personagens do livro, todos criados de uma forma muito humana, com defeitos (alguns com defeitos que sobressaem as suas qualidades) e qualidades, com motivos que podemos não concordar com suas decisões, mas entendemos, ou pelo menos a grande maioria - não sei se algum dia acharei qualidades em Omar, ou poderei parar de odiá-lo. Mas prefiro exaltar Domingas, apesar de conhecer-la atrás da ótica do filho (narrador da história), acredito em cada gesto narrado por ele, principalmente a submissão de uma garota do interior órfã que foi ?abrigada? por uma família (leia-se: se assemelhava a uma escrava), sinto muitíssimo por Domingas ter tido apenas poucos momentos de liberdade, que ela tanto desejava, nas poucas linhas que retratam o abuso (sexual, pois ela era abusada todos os dias de formas diferentes, era explorada) sofrido não consegui continuar com a leitura, tive que respirar para assim poder voltar ao curso da história, mas sem esquecer o que Domingas passou, o que muitas mulheres na mesma situação dela passaram e passam, só que fora da ficção.
Esse livro em pouco mais de 250 páginas me fez sentir, exagerando um pouquinho, todos os sentimentos do mundo (os quais jamais seria capaz de descrever) me marcou. Quando eu menos esperava havia uma frase, uma atitude de um personagem que despertava diversas sensações, memórias e reflexões. Uma leitura enriquecedora em diversos sentidos! Além de conhecer mais Manaus, conheci mais de mim mesma, refleti sobre se no lugar dos personagens eu agiria de forma diferente.

ray :) 31/05/2024

Me surpreendi
História muito bem contextualizada, personagens marcantes e uma linguagem simples. leitura corre fácil!

muitas emoções ao longo da narrativa, sempre ficava curiosa pra saber o que ia acontecer

só esperava um pouco mais do final... mas é muito bom. recomendo de olhos fechados.

Rhafaela3 30/05/2024

Uma Irmandade Maniqueísta e a Ruína de um Lar
Yaqub e Omar sempre foram diferentes um do outro, e muito competitivos. A rivalidade entre os dois, alimentada pela corrida para conquistar o amor de Lívia, sela o ódio entre eles e destino da família libanesa que, a partir de então, passa a declinar e fragmentar-se em meio a intriga não resolvida entre os dois irmãos e em meio à um cenário repleto de referências históricas: tal qual a perseguição aos comunistas e o desenvolvimento de Manaus com o Ciclo da Borracha.

Milton Hatoum teve a sagacidade e habilidade de transferir o ponto de foco de São Paulo para Manaus, exibindo a realidade uma cidade amazonense por meio de seu apaixonante romance.

A profundidade das personagens, sem dúvidas, foi muita bem construída, bem como a ambientação do livro, que nos faz sentir parte da história. Não obstante, temáticas como o incesto, o abuso, a rivalidade entre irmãos, a superproteção materna e a morte, são detalhes que fazem este livro ser tão universal e atemporal.

Marilyn.Marchioli 28/05/2024

DOIS IRMÃOS
Cheia da cultura brasileira, a forma como descrever a língua, comida, gírias e costumes, é bom demais ver nosso país representado de forma tão bonita.

A escrita me cativou, porém a história não me agradou, ou talvez eu não tenha me achado na história que decorria mas páginas.

É um caso de família, angustiante, injusto e egotista, Zana foi uma das personagens que não me agradou ao longo de todo enredo.

Silvia Schiefler 26/05/2024

?? Literatura brasileira.  Mais uma vez, o amazonense Milton Hatoum me surpreende... "Dois Irmãos" relata um drama familiar e a casa que se desfaz. Os personagens são imigrantes libaneses e o enredo tem como centro a história de dois irmãos gêmeos ? Yaqub e Omar ? e suas relações com a mãe, o pai e a irmã. Moram na mesma casa Domingas, empregada da família, e seu filho, um menino cuja infância é moldada justamente por esta condição: ser o filho da empregada. O livro é a história de como se constroem as relações de identidade e diferença nessa casa. Mas o lugar da família se estende ao espaço de Manaus, o porto à margem do rio Negro: a cidade e o rio, metáforas das ruínas e da passagem do tempo, acompanham o andamento do drama familiar. O narrador busca a identidade de seu pai entre os irmãos gêmeos da casa, entre os restos de outras histórias. Tenta reconstruir os cacos do passado, ora como testemunha, ora como quem ouviu e guardou, mudo, as histórias dos outros. Num jogo de inventar a memória, tenta transformá-la em ponto de convergência do passado. Sua fala nos mostra Halim, o pai, sempre à espera da decisão mais acertada diante dos abismos familiares: a desmedida dedicação de sua mulher ao filho preferido, Omar; o trauma de Yaqub, o filho que, adolescente, foi levado a se separar da família; a relação amorosa entre Rânia e seus irmãos. De Domingas, o que ele nos diz é que esta é uma mulher que não fez escolhas. Em Dois irmãos os conflitos são alimentados pela rede de interditos no interior da família, e somente quando se passaram mais de trinta anos, quando quase todos já estão mortos, é que o narrador parece motivado a olhar para eles. Mas o relato que escreve ? se é corroído pela dúvida e se dá todos os sinais de empenho em descobrir uma verdade qualquer ? não parece amenizar o silêncio que o habita. O romance de Milton Hatoum impressiona pela delicadeza na composição do enredo e dos personagens. Recomendo! #leituras2024 #45/2024

giu 25/05/2024

Caim e Abel
Um livro sobre perdão em que ninguém perdoa ninguém.

Com uma narrativa envolvente, Manaus foi plano de fundo para uma história verdadeiramente humana cheia de angústia, remorso e amor. Assim, a história é escrita por personagens que vivem marcados pelo passado e por suas decisões.

De certa maneira, Nael (nosso narrador) é fruto do conflito e, em nuances diferentes, o desfecho de cada personagem. Ler pelo ponto de vista dele tornou tudo mais simbólico e o fluxo entre passado e presente deixou a narrativa muito envolvente.

"Alguns dos nossos desejos só se cumprem no outro, os pesadelos pertencem a nós mesmos."

julwa 22/05/2024

?Alguns dos nossos desejos só se cumprem no outro, os pesadelos pertencem a nós mesmos.?

Sensacional! A construção da esfera da história mistura tantos elementos que é impossível não ficar preso ao desenrolar. A alternância entre passado e presente gera um tom de mistério e adiciona uma camada a mais de complexidade diante da identidade do narrador e qual papel ele ocupa na dinâmica da casa. Apesar da centralidade dos gêmeos, todos os personagens são recheados de suas próprias singularidades, o que gera muito mais imersão na casa. E como o próprio autor pontua, a história não se esgota em si mesma, ela propõem algumas brechas para que o leitor interprete e confabule para suprir alguns pontos. Hatoum, genial, constrói uma imagem de Manaus capaz de transportar o leitor para a avenida Eduardo Ribeiro.

Arthur1389 19/05/2024

Que livro bom... me senti dentro da história, ali naquela casa, no quartinho dos fundos junti com Niel e Domingas.

Gabriela 18/05/2024

Não tenho criticas a esse livro. Achei ele muito bem desenvolvido. Gostei muito como ele intercalava entre o presente e o futuro me deixando curiosa pra saber informações que foram citadas e que so foram respondidas varias paginas dps. Outra coisa é que logo no inicio ele ja deixava bem claro oq ia acontecer, mas msm assim tinha uma centelha de esperança que o final fosse ?feliz?

hollic 18/05/2024

Tinha potencial,mas se mostrou bem cansativo
No início é interessante,tipo uma fofoquinha,mas ao passar do livro a história vai dando voltas nela mesma e a principal trama é deixada de lado para dar espaço a histórias que não tem nada haver com o livro.

Eu gostei do livro abrir espaço para a narrativa de personagens que muitas vezes são deixados de lado,dos filhos de empregadas e não dos filhos dos patrões,mas quando abre espaço para contar sobre a empregada de fato,é nos dado uma personagem sem muita profundidade,em que sua única personalidade é ter uma vida sofrida sendo usada de capacho pela patroa (oque acontece muito), mas não dando o devido espaço para os seus sentimentos e pontos de vista.

O livro esquece completamente esses personagens e mesmo sendo contado do ponto de vista do filho da empregada,ainda assim gira em volta dos patrões,como se esses fossem o centro do universo. Chega ao ponto em que você até esquece do narrador e da empregada,pois estes são deixados de lado.

A escrita não é fluida,mas o começo do livro é interessante até que se torne impossível de ler.

Biblioteca Álvaro Guerra 16/05/2024

Nós esperamos até tarde da noite. Minha mãe e eu no nosso quarto dos fundos. Rânia e Zana no andar de cima, deitadas, com a porta aberta, atentas a qualquer ruído. Deram duas horas e nada de Halim chegar. Por volta das três, escutei o ronco de minha mãe, quase um assobio grave, um sopro. Um nambuaçu piou por ali; olhei para o chão do quintal, nem sombra da ave. Depois reconheci o canto de um anum, me senti melancólico, mareado. As copas escuras cobriam os fundos da casa. Um barulhinho esquisito riscava a noite, podia ser...

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788535900132

mtanosmattar 15/05/2024

Em "Dois Irmãos", Milton Hatoum tece um retrato comovente e complexo da relação entre Yaqub e Omar, gêmeos marcados por ressentimentos e competitividade desde a infância. Impossível não nos envolvermos e, inclusive, tomarmos partido, nos inúmeros conflitos narrados. Através de uma narrativa poética e evocativa, a obra explora temas como memória, trauma, identidade cultural, preconceito e amor, tecendo um retrato multifacetado da vida familiar em meio às transformações sociais Amazônia em meados do século XX. A obra também explora, ainda que de maneira não tão aprofundada, um pouco da dinâmica social de imigrantes libaneses no Brasil. A leitura de "Dois Irmãos" é uma experiência interessante para quem busca compreender a complexa dinâmica das relações humanas e a força da memória na construção da identidade.

Mel 15/05/2024

Li para o vestibular, porém gostei muito!
Admito que achei o final bem pessimista, entretanto nada que não fosse muito esperado. Não me deparo muito com livros com os temas tratados nesse, por isso acho que me envolvi bastante com a história! A estrutura familiar nortista juntamente com os elementos simbólicos regionais daquela época me fizeram imaginar muito bem o cenário, além de experimentar um pouco do sentimento que as personagens criaram ao longo de sua vida sobre o seu lar e de como o tempo pode levar muitas coisas embora. Me surpreendi com as relações familiares, principalmente entre Omar e sua mãe que me despertou indignações ao longo da história e analogias com a vida real. Porém, acho que o mais intrigante das relações foi de Nael, nome só revelado ao final da história, o qual nos conta a vida de seus familiares e nos deixa curiosos sobre certos acontecimento sobretudo sua origem paterna. Enfim, acho que é uma ótima leitura para conhecer um pouco da história brasileira e seus territórios culturais, além de notar a fragilidade dos laços familiares e sua interação com o meio em que vivem.