Dois irmãos

Dois irmãos Milton Hatoum




Resenhas - Dois Irmãos


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isa.dantas 18/01/2017

Que livro incrível, que vai muito além do conflito entre dois irmãos! Quero ler mais obras de Hatoum!
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Natalie Lagedo 17/01/2017

De repente todo mundo conhece um livro, menos eu. Rapidamente vários amigos o lêem e alguns, inclusive, o marcam como favorito. Foi isso o que aconteceu com Dois Irmãos. Nunca tinha sequer ouvido falar em Milton Hatoum. Que grata surpresa! O livro conta a trajetória de uma família de imigrantes libaneses em Manaus. Zana e Halim casam e tem três filhos. Yaqub e Omar, os gêmeos, e Rânia. O nascimento e o desenvolvimento deles na capital amazonense é palco para a trama, que gira em torno do conflito entre os irmãos e a superproteção da mãe sobre um deles.

Tanto o ambiente quanto as personagens vão se degradando com o decorrer dos capítulos, que são narrados por Nael, filho de um dos gêmeos com a índia Domingas, que é criada da casa. A busca da identidade da filiação do expositor da história também é um aspecto interessante, que conta os fatos sem respeitar a linearidade, colaborando para estimular o interesse do leitor em saber qual será o resultado dos desentendimentos.

Hatoum é muito feliz ao dar vida aos componentes do livro. O maniqueísmo utilizado é muito discreto. Ninguém ali é completamente bom ou mau, como na vida real. Todas as atitudes são justificáveis, ainda que as julguemos reprováveis, a depender do critério valorativo. A forma singela e tranquila como ele pintou as cenas é ótima e me fez querer conhecer outros escritos seus.
Thiago 17/01/2017minha estante
Eu até acho que já se pode chama-lo de clássico.


DIRCE18 17/01/2017minha estante
Thiago, você leu outras obras do Hatoum? Eu também desconhecia o escritor. Cheguei a ele devido uma referência a ele feita pelo professor Karnal. Gostei D+.


Natalie Lagedo 17/01/2017minha estante
Pois é, Thiago. Lembrei do que Italo Calvino disse: "Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer." Acho que Dois Irmãos ainda tem algo pra mim mais tarde.


DIRCE18 17/01/2017minha estante
Acho que para nós, Natalie. Gostei muito da sua resenha - sucinta e esclarecedora.


Natalie Lagedo 17/01/2017minha estante
Obrigada. Gostei muito da sua também (também lembrei de Jocasta de cara).


Thiago 17/01/2017minha estante
Dirce, eu li "cinzas do norte", e até acho melhor que "dois irmãos", apesar do tema ser o mesmo, a degradação de uma família e da cidade de Manaus, só que em "cinzas do norte" o narrador tem um papel mais importante na história. Eu quero muito ler dele o "órfãos do eldorado", que até tem filme e o próprio Milton Hatoum faz uma participação como pescador.


Thiago 17/01/2017minha estante
Natalie, também acho que é um livro com muitas sutilezas e que sempre vai nos mostrar alguma nuance que que nos passou despercebida, e falando nisso: Quem você acha que é o pai do narrador?


Natalie Lagedo 17/01/2017minha estante
Tão difícil quanto descobrir se Capitu traiu ou não Bentinho, mas minha aposta vai pro Omar. Qual sua opinião?


Thiago 17/01/2017minha estante
Se fosse entre Capitu e Bentinho, seria fácil, pois acho que o Bentinho é corno hehehehe, mas nesse romance é quase impossível, pois até o Halim pode ser o pai.


Geórgea 17/01/2017minha estante
Uma vergonha eu ainda não ter lido, pois sou amazonense. Precisa entrar na minha lista logo!


DIRCE18 17/01/2017minha estante
Obrigada, Thiago, Já coloquei na minha Estante ambos os livros.


Fernando60 18/01/2017minha estante
Natalie, a TV Cultura (por volta de 2003/2004), colocou no ar um curso de literatura (vários capítulos) com Milton Hatoum que era simplesmente fantástico. Passava na madrugada de domingo para segunda-feira e me lembro dele falando sobre Borges e também sobre Balzac. Ele entende muito do ofício e para quem gosta de ler é um prazer ouvi-lo falar sobre literatura. Não encontrei esses videos no youtube, mas sei que antigamente era possível encomendar ou comprar programas antigos da TV Cultura através de um link.


Thiago 18/01/2017minha estante
Fernando, eu lembro muito dessas aulas, infelizmente não se acha mais no youtube, mas tem um vídeo recente dele na Fau que é bem interessante e lembra um pouco essas aulas. https://www.youtube.com/watch?v=q_7FVNu4ffA


Fernando60 18/01/2017minha estante
Obrigado, Thiago! Não consigo acreditar como aquelas aulas, um material tão bom, pode simplesmente desaparecer em plena era da internet... :-( Vou procurar assistir esse video do link que vc postou


Natalie Lagedo 18/01/2017minha estante
Fernando, obrigada pela dica! Vou fuçar a internet mais tarde. Quem sabe eu encontre alguma coisa?
Thiago, vou ver esse vídeo sim. A única entrevista que vi com ele até agora foi uma que fez recentemente para o canal Livrada! (apesar de dar algumas dicas legais, particularmente não gosto muito de Yuri).


Thiago 18/01/2017minha estante
Natalie, eu já fiz uns comentários que eu achei que o Yuri fosse levar na brincadeira(pois era a minha intenção), mas ele levou a sério hehehe, e desde então quando vejo algum vídeo dele eu me abstenho de comentar somente um: "Muito bom" ou 'ótimo vídeo", para não haver altercações mais acaloradas.


Thiago 18/01/2017minha estante
Natalie, eu já fiz uns comentários que eu achei que o Yuri fosse levar na brincadeira(pois era a minha intenção), mas ele levou a sério hehehe, e desde então quando vejo algum vídeo dele eu me atenho de comentar somente um: "Muito bom" ou 'ótimo vídeo", para não haver altercações mais acaloradas.


Kelly Oliveira Barbosa 19/01/2017minha estante
Todo mundo leu menos eu - é meu caso tb. Pretendo ler ainda esse ano...
Vc escreve muito bem moça (porque não coloca essas resenhas em um blog?)


Natalie Lagedo 19/01/2017minha estante
kkkk Obrigada, Kelly. Eu faço eu comentários no intuito de lê-los mais pra frente, quando não recordar muito bem do livro. Pra saber se gostei ou não, etc.


Kelly Oliveira Barbosa 19/01/2017minha estante
rsrs pois..




Ryllder 17/01/2017

O tempo tudo consome
Estava namorando este livro a alguns meses,mas sempre adiava a leitura. Depois que iniciei,hesitava em deixá-lo.Primeiro livro de Milton Hatoum que tive o prazer de ler,e com certeza não será o último.A impressão mais forte que a obra me causou foi como é caso perdido nossa luta contra o tempo e suas consequências.Excelente leitura.
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Manuella_3 17/01/2017minha estante
Dirce, querida, aprecio a força das suas palavras, como se lança corajosa em abrir os sentimentos sobre uma leitura. E como esta de DOIS IRMÃOS é visceral, percebo o quão foi bem assimilada por você.
Li há uns dois anos, adorei, desejo outros Hatoum para fazer viagens enriquecedoras assim. Mas sofro de uma amnésia horrorosa: só lembro dos flashes, até detalhes importantes me escapavam. Ler sua resenha foi como abrir as gavetas da memória e arejar tudo, deu vontade de fazer uma releitura.
Beijos, querida!


DIRCE18 17/01/2017minha estante
Obrigada, Manu.
Fico lisonjeada quando recebo elogios pelos meus comentários, mas quando ele vem de uma pessoinha uma pessoinha tão especia e sensível como você , meu sentimento se torna inexplicável. Bjs


Kaonny 17/01/2017minha estante
Dirce, li a obra em questão faz um tempinho. Amei de primeira. Sua resenha tá ótima.Quanto ao Nael, um dos meus personagens prediletos da literatura, na metade da minha leitura surgiu uma fagulha, que depois descartei: será Nael filho de Halim?. Descartei depois de refletir sobre a devoção e amor do velho Halim a egocêntrica Zana, mesmo em momentos de pura apatia do casal( as crises de mimimi da filha do comerciante).
Nael é um estrangeiro naquele lar.Fica procurando características suas nos irmãos, no patriarca, na mãe. "Um solitário à espreita" na casa em degradação, como o titulo do livro de crônicas do Hatoum.
A casa, outro personagem importante da obra, ganhou tons e destaque na adaptação para as telas.Fotografia abusiva e repetitiva, segundo críticos, mas importante para o clima teatral do Omar e Zana, como também na narração do "personagem" Nael.

Já leu a adaptação dos irmãos Fábio Moon e Gabriel Bá? Fiz isso depois de quase dois meses e fixou mais essa maravilhosa obra em minha mente.


DIRCE18 17/01/2017minha estante
Obrigada, Kaonni, por ter compartilhado suas impressões.
Eu também pensei na possibilidade da Halim ser o pai, mas como você a descartei.
Apesar do livro abordar o incesto, eu acho que se Yaqub fosse o pai também seria uma forma de incesto. Aposto no Omar.
Realmente, é muito difícil apontar quem é a protagonista mor e, apesar de Nael ser uma espécie de sombra, ele também tem papel de destaque no romance. Acho que suas palavras ecoarão por um bom tempo na minha mente: "O que Halim havia desejado com tanto ardor , os dois irmãos tinham realizado: nenhum teve filhos. Alguns dos nossos desejos só se cumprem no outro, os pesadelos pertencem a nós mesmos (pag. 264)".
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Halim não queria filhos e , quanto aos dois irmãos, não importa quem fosse o pai, pois ambos agiram como se não tivessem filho algum. Nael só conseguiu migalhas da atenção de Yaqub, algumas roupas e livros. De Ormar... Triste. Ficção? Sim, mas quantos Nael existem neste nosso Brasil afora.
Obrigada pelo elogio ao meu comentário.


Manuella_3 18/01/2017minha estante
? ?


Manuella_3 18/01/2017minha estante
Gratidão por ter vcs dois no meu skoob


Kaonny 18/01/2017minha estante
Digo o mesmo Manu, leitura e boa companhia de vcs são preciosidades na web. Obg vc(s).


Wagner 06/02/2017minha estante
Saudações Dirce.
Em agosto de 2016 meu pai faleceu. Chegou setembro. Depois de ficar três horas dentro da Livraria Leitura vi o livro Dois Irmãos. Comprei e guardei deixando sempre o livro dentro de minha mochila. No dia 2 de dezembro (aniversário da morte de meu irmão Jorge) comecei a ler.
Caríssima Dirce. As resenhas para Rumo ao Farol & Dois Irmãos me deixaram bastante comovido.


Wagner 06/08/2017minha estante
Realmente. Lendo sua resenha veio a vontade de reler.




Luise 14/01/2017

Dois Irmãos: a prosa poética do conflito familiar
Milton Hatoum, o autor de Dois irmãos, é um dos autores brasileiros vivos de maior proeminência. Nascido em Manaus em 1952, sua estreia literária se deu em 1989 com Relato de um certo oriente. Dois Irmãos veio em 2000 e ganhou o Prêmio Jabuti de 2001 na categoria Romance. Em 2015, o livro foi adaptado para os quadrinhos por Gabriel Bá e Fábio Moon.

O prólogo de Dois irmãos já nos coloca em meio a acontecimentos e cenas marcantes do final do livro. Nesse começo, a mãe dos gêmeos Omar e Yaqub está no leito de morte proferindo suas últimas palavras: “meus filhos já fizeram as pazes?”. Somos colocados, assim, a par da rivalidade que determina grande parte dos conflitos da história, que se passa no seio de uma família de descendentes de libaneses em Manaus.

Yaqub, ainda pré-adolescente, foi mandado para o Líbano, onde passou 5 anos. Essa viagem, uma tentativa de amenizar as farpas trocadas entre ele e Omar, deixou em Yaqub ressentimento profundo por ser obrigado a deixar a família, os amigos e a cidade natal enquanto Omar ficou em Manaus. Esse último, também tratado por Caçula, herdou da mãe uma proteção exagerada, resultado de sua quase-morte ao nascer. Enquanto Yaqub é um menino introspectivo e calado, que fala muito pouco sobre si e com os outros (características que só se acentuam após sua volta do Líbano), Omar é explosivo e barulhento. Durante sua juventude e vida adulta, ele faz o que bem entende: volta para casa após longas noitadas e dorme até meio dia, ganhando para si toda a atenção e cuidados das três mulheres da casa: Zana, a mãe; Domingas, a índia que é criada da família desde muito jovem; e Rânia, a irmã mais nova dos gêmeos que nutre verdadeira paixão por ambos.

O mimo excessivo e submissão feminina às vontades de Omar incomodam e contribuem para gerar antipatia pelo personagem. Na verdade, nenhum dos dois irmãos desperta simpatia genuína. Mesmo Yaqub, que num primeiro momento é pintado como o “irmão bom” vítima das injustiças cometidas por sua família, mais adiante revela-se alguém que apenas encontrou um jeito próprio de atacar o irmão através de ações calculadas e racionais. Eu diria, enfim, que a maior dualidade que existe entre os gêmeos é essa: Omar é exacerbadamente presente e preenche a casa da família, enquanto Yaqub deixou apenas sua ausência dentro do lar (algum tempo após seu retorno a Manaus, ele vai morar em São Paulo e são poucas as vezes em que aparece efetivamente em casa depois da mudança).

O restante da resenha pode ser lido no site do le zazí, link abaixo:

site: https://lezazi.com/2017/01/11/dois-irmaos/
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Tamires 13/01/2017

Dois Irmãos, de Milton Hatoum
Milton Hatoum é um escritor brasileiro, nascido em Manaus-AM em 1952, descendente de libaneses e considerado um dos maiores escritores brasileiros em atividade. Seus livros foram bastante premiados, com destaque para o romance Dois Irmãos, vencedor do prêmio Jabuti no ano de 2001 e traduzido para oito idiomas. Este romance foi adaptado em série pela TV Globo, sendo transmitida atualmente.

Dois Irmãos, conta a história dos gêmeos idênticos Yaqub e Omar, este último o Caçula. Os dois possuem personalidades bem diferentes e viverão em conflito por toda a vida, muito em razão da preferência que a mãe, Zana, tem pelo Caçula, nascido quase morto devido a complicações no parto.

A narrativa é feita por Nael, filho da empregada Domingas e de um dos gêmeos, e não é nada linear. O livro foi concebido como uma espécie de relato de memórias do personagem narrador, desta forma, à medida que ele lembra ou narra certos eventos, muitas vezes nos conta o que aconteceu no passado para explicar sua narrativa. Particularmente gostei muito desse estilo de escrita, pois o autor está sempre nos surpreendendo com alguma revelação sobre os personagens. A história começa com a morte de Zana, questionando se os filhos já fizeram as pazes, e o silêncio que antecede sua morte nos mostra que não.

O primeiro capítulo mostra a volta de Yaqub para o Brasil, depois de uma temporada no Líbano. Seu retorno, conclui-se, acontece no ano de 1945, ao final da Segunda Guerra Mundial, pela movimentação no porto do Rio de Janeiro, “apinhado de parentes de pracinhas e oficiais que regressavam da Itália”. Posteriormente vemos o episódio que é o estopim para a viagem do gêmeo mais velho, numa tentativa de evitar um conflito maior entre os irmãos: ambos estavam apaixonados pela mesma moça, Livia, e Omar, por ciúme, dá uma garrafada no irmão, cortando-lhe a face e deixando uma cicatriz no local. Em um primeiro momento, Halim, pai dos Gêmeos, tem a ideia de enviar os dois para o Líbano, mas Zana convence-o a enviar apenas Yaqub, pois não conseguiria separar-se de Omar.

“Aconteceu um ano antes da Segunda Guerra, quando os gêmeos completaram treze anos de idade. Halim queria mandar os dois para o sul do Líbano. Zana relutou, e conseguiu persuadir o marido a mandar apenas Yaqub. Durante anos Omar foi tratado como filho único, único menino.”

“O que mais preocupava Halim era a separação dos gêmeos, ‘porque nunca se sabe como vão reagir depois…’ Ele nunca deixou de pensar no reencontro dos filhos, no convívio após a longa separação.”

Zana tinha três filhos. Além de Yaqub e Omar, havia também Rânia. Mas Omar era o rei absoluto em seu coração. O amor dela por este filho rompia barreiras, beirava o incesto. Mimava-o e sempre o protegia como se ainda fosse aquele bebê acometido por uma pneumonia logo ao nascer. Mesmo ficando separada de Yaqub, não chegou nem perto de tratá-lo com o mesmo carinho que dispensava a Omar.

“O rosto de Zana se iluminou ao ouvir um assobio prolongado – uma senha, o sinal da chegada do outro filho. Era quase meia-noite quando o Caçula entrou na sala. Vestia calça branca de linho e camisa azul, manchada de suor no peito e nas axilas. Omar se dirigiu à mãe, abriu os braços para ela, como se fosse ele o filho ausente, e ela o recebeu com uma efusão que parecia contrariar a homenagem a Yaqub. Ficaram juntos, os braços dela enroscados no pescoço do Caçula, ambos entregues a uma cumplicidade que provocou ciúme em Yaqub e inquietação em Halim.”

Ela sempre achava uma maneira de justificar algum ato de Omar, colocando-o como um pobre indefeso, desprovido de capacidade para cuidar de si próprio. Yaqub apenas teve o apoio do pai e da empregada Domingas durante o tempo que viveu em Manaus.

“Não queria morrer vendo os gêmeos se odiarem como dois inimigos. Não era mãe de Caim e Abel. (…) Então que Yaqub refletisse, ele que era instruído, cheio de sabedoria. Ele que tinha realizado grandes feitos na vida. Que a perdoasse por tê-lo deixado viajar sozinho para o Líbano. Ela não deixou Omar ir embora, pensava que longe dela ele morreria.”

O centro da história, obviamente, são os conflitos entre os irmãos, mas há muito mais em Dois Irmãos, que também comprovam a qualidade desta história e do autor. Como exemplo, o cenário manauara que foi lindamente bem descrito; também a história de Domingas, a índia que foi adotada para servir como ajudante de Zana, mostrando a realidade de muitos indígenas que foram retirados de suas aldeias, tendo sua liberdade e cultura arrancados de si, escravizados e, no caso das mulheres, violentadas; vemos ainda o saudosismo dos imigrantes libaneses que vieram fazer a vida em uma terra tão distante e diferente como o Brasil; uma rápida menção de como era a vida no norte do país nos tempos da ditadura militar; e a mistura, a sedução e a falta de limites com os quais estamos acostumados nas relações familiares. Tudo isso o leitor verá em Dois Irmãos. É um orgulho ter um autor como Milton Hatoum em terras brasileiras e ainda em atividade. Eu e, acredito, os leitores brasileiros em geral, precisamos conhecer e prestigiar nossos autores, especialmente aqueles que estão vivos e em atividade.



“Naquela época, tentei, em vão, escrever outras linhas. Mas as palavras parecem esperar a morte e o esquecimento; permanecem soterradas, petrificadas, em estado latente, para depois, em lenta combustão, acenderem em nós o desejo de contar passagens que o tempo dissipou. E o tempo, que nos faz esquecer, também é cúmplice delas. Só o tempo transforma nossos sentimentos em palavras mais verdadeiras.”

site: http://www.tamiresdecarvalho.com/resenha-dois-irmaos-de-milton-hatoum/
Carolina 13/01/2017minha estante
Ótima resenha! Não sei se tenho mais nojo da Zana ou do Omar - isso a julgar pela série, pois no livro a relação de ambos deve ser muito mais exacerbada. Eu também acho que beira ao incesto, especialmente depois da reação da mãe no capítulo de ontem.


Tamires 16/01/2017minha estante
Obrigada, Carolina! Acho que comecei bem meu 2017, gostei bastante de "Dois Irmãos". Não estou acompanhando a série, infelizmente, pois no horário já estou no sétimo sono... Não sei se eles vão abordar um outro caso do livro, mas tem mais uma breve relação fora dos padrões familiares "aceitáveis" no enredo...




Talita Fernanda 13/01/2017

Talvez, o mesmo corpo mas, jamais, o mesmo coração
Dois irmãos, idênticos no que diz respeito à aparência física. Encontrando-se um em frente ao outro, ficamos com a impressão de que apenas um deles está diante de si mesmo em um espelho. O que os diferencia, então? Deixemos que o próprio autor, Milton Hatoum nos conte no trecho a seguir:

Do cabelo cacheado de Yaqub despontava uma pequena mecha cinzenta, marca de nascença, mas o que realmente os distinguia era a cicatriz pálida e em meia-lua na face esquerda de Yaqub.

Esta cicatriz talvez tenha sido o começo de tudo, do eterno duelo entre os irmãos. Entretanto, não fora por meio de uma garrafa quebrada no rosto do primogênito que Omar revelara a antipatia pelo irmão. Desde crianças os dois se viam como opostos um do outro. Yaqub era o intelectual, tinha medo de subir em árvores ou de arranjar briga com os curumins da vizinhança; Já Omar fora expulso do colégio por agredir o professor de matemática e era conhecido por passar as noites em festas e por namoriscar o maior número possível de garotas.
No entanto, como se vê na vida, no livro "Dois Irmãos" é justamente o filho mais rebelde que é mais protegido. Zana, mãe dos meninos, cobre o filho mais novo de mimos e justifica da forma mais cega possível todos os erros que este comete. Sua visão é tão deturpada por esta verdadeira obsessão que ela sente pelo filho Omar que, ao chegar de suas noitadas, o garoto sempre encontrava a sua rede armada e a mãe e a empregada, Domingas, prontas para mimarem-no até que ele adormecesse.
Por ocasião da cicatriz, Yaqub fora mandado para o Líbano, com apenas 13 anos, passando lá cinco anos distante da família e sem entender direito o motivo pelo qual estava sendo punido. Afinal, não fora ele quem ficara com a horrível cicatriz fruto da garrafada que o irmão dera-lhe no rosto naquele dia fatídico? Por que ele e não o irmão fora para aquela aldeia miserável?
Ao longo do livro, vemos Yaqub crescer e ir embora para São Paulo, tornar-se um engenheiro muito bem sucedido e com capacidade suficiente para cuidar de si, desdenhando qualquer tipo de ajuda dos genitores. Não é apenas o irmão mais velho que nota a cegueira que parece corroer a família, mas também Halim, baba (pai em árabe) dos garotos que vê onde tudo aquilo pode levá-los. Ele também não suporta ver as mulheres da casa, inclusive sua única filha, Rânia alimentando as excentricidades de Omar. A irmã, tão cega quanto a mãe, dava mesada ao irmão rebelde. Ao mais velho desprezava pois entendia que este perseguia ao irmão caçula.
É impossível passar de forma indiferente pela história desses dois irmãos. O sonho da mãe, em meio a culpa por uma criação tão desigual, era que os irmãos fizessem as pazes e assim o foi até sua hora derradeira.
Para esta mãe cega em termos de discernimento, não havia diferença de caráter entre os filhos. Ela poderia tratá-los de forma desigual, mas jamais admitira uma comparação que diminuísse o caçula em detrimento do mais velho, tal como se pode perceber no trecho a seguir:

Alguém disse que ele era mais altivo que o irmão. Zana discordou: ?Nada disso, são iguais, são gêmeos, têm o mesmo corpo e o mesmo coração?. Ele [Yaqub] sorriu, e dessa vez a hesitação da fala, o esquecimento da língua e o receio de dizer uma asneira foram providenciais.

O narrador do livro é filho de Domingas, a empregada, neto de Halim, filho de um dos gêmeos. Fruto de uma relação completamente obscura, olha para esta família como um expectador externo, podendo enxergar sem piedade suas mazelas. Não é indiferente ao que acontece na casa, tem seus ímpetos de raiva diante das injustiças ocorridas ali. Enxerga, entretanto, o que todos escondiam uns dos outros.

A mesma voz, a mesma inflexão. Na minha mente, a imagem de Yaqub era desenhada pelo corpo e pela voz de Omar. Neste habitavam os gêmeos, porque Omar sempre esteve por ali, expandindo sua presença na casa para apagar a existência de Yaqub. Quando Rânia beijava as fotos do irmão ausente, Omar fazia umas macacadas, se exibia, era um contorcionista tentando atrair a atenção da irmã. Mas a lembrança de Yaqub triunfava. As fotografias emitiam sinais fortes, poderosos de presença. Yaqub sabia disso? Sempre com a expressão altaneira, o cabelo penteado, o paletó impecável, as sobrancelhas grossas e arqueadas, e um sorriso sem vontade, difícil de compreender. O duelo entre os gêmeos era uma centelha que prometia explodir.

Ele, e somente ele, filho de uma índia, neto bastardo de Halim teve discernimento para ver onde toda aquela história poderia dar. As consequências seriam devastadoras. Ao término da leitura ficamos com a sensação de que Omar não foi somente beneficiado com o protecionismo da mãe, foi também completamente arruinado por este. Entretanto, nego-me a colocá-lo aqui como vítima de uma educação torta. Ninguém é completamente passivo diante da vida, tão pouco, completamente responsável pelos rumos que ela toma.
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Ellen Macedo 12/01/2017

Uma história de mãe
Fantástico! Demorei a iniciar em Milton Hatoum mas agora que li Dois Irmãos me arrependo. O autor tem um texto maravilhoso, empolgante e que nos prende do início ao fim. E com uma linguagem que fala fundo ao nortista e, neste livro, em especial as mães. Quem nunca foi como Zana? Super recomendo esta história intensa e envolvente.
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Phelipe Guilherme Maciel 12/01/2017

Há ressentimentos que não se curam nunca.
A história de dois irmãos é extremamente perturbadora, no sentido de que ilustra o que pode acontecer quando a mãe claramente demonstra preferência por um dos filhos. Omar e Yaqub, gêmeos, cresceram num lar onde o caçula, Omar, tudo tinha, pois nasceu frágil e quase morreu. Yaqub era sempre preterido, sempre ofuscado pelo irmão. Após uma briga que deixou marcas eternas no rosto e no coração de Yaqub, a relação dos irmãos nunca mais foi a mesma. Zana, a mãe super protetora não via nada disso. Não me prolongarei no enredo, até porque o livro está sendo reproduzido pela rede globo na minissérie de mesmo nome, e estão fazendo um maravilhoso trabalho.

Sobre Milton, é um gênio dos nossos tempos. A história, narrada por Nael (que é filho bastardo de um dos gêmeos), inicia-se no leito de morte de Zana. A frase que ela diz é: "Meus filhos já fizeram as pazes?"
Daí para frente, Nael conta a história da vida deles, misturando presente e passado, baseado no que seu avô, Halim, contava para ele em passeios de barco.
A história é fiel ao crescimento e declínio de Manaus, fiel ao triste relato da ditadura militar, fiel ao inexorável fim que haveria de ter uma história onde um filho era sempre preterido ao outro.

Ler este livro te deixa com um sabor amargo na boca. Você pode odiar todos os personagens deste livro, nenhum é santo, na medida de suas escolhas. Tal como ocorre na vida real. Não há mocinhos nessa vida. Somos dominados por nossos sentimentos mais sórdidos e fazemos coisas que nos arrependemos, ou não... O fim de Omar deixa isso claro.

Um clássico moderno.
Lucas1429 22/10/2019minha estante
Queria ter gostado mais do livro, mas otima resenha!


Phelipe Guilherme Maciel 22/10/2019minha estante
Lucas, me identifiquei muito com os personagens, isso pode ter facilitado um bocado. O que você não gostou no livro?


Lucas1429 23/10/2019minha estante
Acho que foi justamente esse ponto, não consegui me identificar com nenhum personagem e nem torcer por alguém (apesar de ter me emocionado com a trajetória e fim de Domingas), por isso não me envolvi com a história.
Também teve o fato de que li logo após Capitães de Areia, que amei muito. Então por ser um clássico contemporâneo + ser brasileiro, fui ler com expectativas bem altas.




Drika 11/01/2017

Belíssima literatura
Além de contar a perturbada história dos gêmeos: Yaqub e Omar, também mostra outros pontos importantes: um pouco da história do Amazonas e de Manaus durante o regime militar, o lindo amor de Halim por Zana : "Sessenta e tantos anos não escondem toda a beleza dessa mulher, dizia ele" (p.127) e as complicações na trajetória da família . Adorei o narrador e como ele foi se desenvolvendo durante a história.
Enfim... Amei ....Achei muito interessante a escrita do Hatoum, que escritor fantástico, estava louca pra ler um livro dele...
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Jeanne100 11/01/2017

Fiquei sabendo deste livro por causa da minissérie baseada no mesmo que a Globo está apresentando, pela chamada me pareceu uma história muito boa, então busquei pelo livro.
A narrativa nos leva pra dentro de uma família complicada, tendo como centro os gêmeos: Yaqub e Omar. A escrita não é linear, vai e volta para os acontecidos; o cenário é belamente descrito, nos fazendo viajar para Manaus. O contexto histórico abarca o fim da Segunda Guerra, a industrialização do Brasil, a construção da nova capital - Brasília - onde o Norte foi esquecido, a crise econômica que afetou a vida dos brasileiros - em destaque, a dos manauaras -; logo o golpe de 1964 que encobre a cidade de militares. Mas isso não é o enfoque, o que temos aqui são as relações pessoais e todo tipo de sentimento que estas despertam em nós; desde os mais simples até os mais fortes e recalcados. Os personagens são muito bem construídos, todos são atraentes, as descrições dos ambientes, das emoções, dos gestos e jeitos são incríveis. A leitura é extremamente prazerosa, fisgando a leitora do início ao fim.
Fiquei me perguntando como não ouvi falar deste livro antes, e como pude passar tantos anos sem desfrutar tal maravilha da nossa literatura.
A adaptação pra TV está muito boa, porém nada alcança a trama lida, original. Com certeza lerei mais obras de Milton Hatoum.
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wesley.moreiradeandrade 11/01/2017

Omar e Yaqub já entraram para a lista de personagens marcantes da literatura brasileira, assim como o segundo romance de Milton Hatoum já vigora entre os melhores trabalhos já publicados nas duas últimas décadas. O impacto de Dois Irmãos no meio literário serviu, antes, para reafirmar o talento de Hatoum (que vinha de uma estreia celebrada com Relato de Um Certo Oriente) e acrescentar o olhar sobre um lugar pouco retratado nas letras brasileiras que é a região amazônica. Hatoum retoma o contexto da imigração libanesa para contar a estória de ódio entre dois irmãos gêmeos e o esfacelamento da família deles por conta deste conflito.
Yaqub é um sujeito quieto, reservado, que retorna do Líbano após passar alguns anos a pedido da mãe, para evitar brigas com o irmão com quem disputava a atenção amorosa de uma vizinha. Omar, o Caçula, alcunha recebida por ter sido o último a nascer, teve problemas de saúde após o parto e, por este motivo, é superprotegido pela mãe Zana, que passa a mão em sua cabeça e nutre um amor obsessivo por ele (ao ponto de interferir em suas escolhas amorosas, enxergando-as como ameaças), adulando-o e encobrindo as confusões em que ele se mete. Beberrão, namorador, boêmio, Omar é o oposto de Yaqub que foca nos estudos e almeja o sucesso como que para provar a si mesmo e ao mundo (sua família, na verdade) que superaria o estereótipo de imigrante e, claro, o perfil infantil e dependente do irmão. Ainda temos o pai, Halim, que vê-se posto de lado na preferência da esposa quando as atenções dela sempre se voltam para o filho preferido.
O ocaso da família é vista sob o ponto de vista de Nael, o filho da empregada (e confidente de Halim) que ao mesmo tempo em que é testemunha de todos os conflitos que chacoalham a rotina da casa (ou na verdade mantém esta rotina turbulenta) tenta encontrar em um dos gêmeos a figura do pai, é a busca de um passado e a procura por uma ligação, mesmo que frouxa, de um laço familiar maior do que a mãe permitia (através do silêncio a respeito de quem seria responsável pela sua paternidade). Sabemos o incômodo dele ser o filho da empregada, agregada à família quando jovem, e que como tal também é tratado.
A curiosidade por Dois Irmãos se dá também na maneira como o escritor explora a paisagem amazonense e as transformações que ela vem passando ao longo do tempo (do pós guerra à ditadura militar), influindo no comércio e nas relações dos moradores que ali vivem. O livro tem este aspecto úmido, aquoso, que o próprio local onde se passa a narrativa possui, sem resvalar no simples exotismo. A linguagem também explora com sutilezas a relação entre os familiares que exala sensualidade e sexualidade, assemelhando-se, deste modo, com a obra-prima de Lucio Cardoso, Crônica da Casa Assassinada, opondo-se a este apenas em sua concisão e na abordagem pouco passional, esta passionalidade incestuosa fica subentendida, apesar da tragédia circundar ambas as tramas em proporções diferentes. A tristeza e o clima decadente dão o tom da narrativa e transformam este Dois Irmãos em uma obra melancólica e, por isto mesmo, belíssima.


site: https://escritoswesleymoreira.blogspot.com.br/2015/07/na-estante-42-dois-irmaos-milton-hatoum.html
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Matheus G. 11/01/2017

Já tinha escutado falar de Milton Hatoum há um tempo, desde então queria conferir algo escrito por ele. Com a estreia da minissérie na Globo, pensei "ah, pode ser a hora..." e resolvi ler "Dois Irmãos". Melhor decisão possível!
Um livro com personagens complexos, profundos, cheios de dilemas e conflitos que vão se arrastando, se acumulando em mágoas e ressentimentos ao longo do livro. Não é daqueles livros que pegamos para ter uma leitura despretensiosa, ou divertida, Dois Irmãos vai além disso, é bem carregado, denso, com vários nuances a serem notados. Recomendadíssimo!
Milton Hatoum é bom demais, não esperarei e irei logo atrás de outra obra dele, com certeza é daqueles autores que irei querer ler até a lista do supermercado. Sensacional!
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Eric Silva - Blog Conhecer Tudo 10/01/2017

Assim como Caim e Abel, Esaú e Jacó.
Caim e Abel. Esaú e Jacó. Quantas histórias de irmão que não se entendem e se odeiam nós conhecemos? Relacionamentos que foram atravessados pela discórdia, pelo ódio, pela inveja e pelo ciúme.
Coisas semelhantes aconteciam com os gêmeos Yaqub e Omar do livro Dois Irmãos. E por ser algo tão comum, escrever um livro sobre o assunto pode parecer, à primeira vista, mais um clichê. No entanto, o encanto e profusão de cenários tão atípicos na minha realidade, que fizeram tudo parecer ser tão distante quando na verdade é tão próximo, aliado à narração límpida e envolvente, tão cheia de brasilidade e em muitos momentos atravessada por poesia, e, por fim, tudo isso arrematado com personagens tão intensos, algumas vezes incríveis, em outras odiáveis, por vezes tão familiares, me enredaram na atmosfera morna dos trópicos e li todo o romance quase sem perceber. No fim, achei-o mais real, mais vivo e, por isso, distante do idealismo enfadonho de alguns dos antigos clássicos do Romantismo Regionalista. Por isso Dois Irmãos é o segundo livro da nossa campanha do #AnoDoBrasil. Venha conferir a resenha completa no blog: http://conhecertudoemais.blogspot.com.br/2017/01/dois-irmaos-milton-hatoum-resenha.html


site: http://conhecertudoemais.blogspot.com.br/2017/01/dois-irmaos-milton-hatoum-resenha.html
Jordana Martins(Jô) 10/01/2017minha estante
Estao exagerando na serie,mais o livro e otimo,gostei muito tambem


Eric Silva - Blog Conhecer Tudo 10/01/2017minha estante
Concordo, na série algumas cenas estão por demais dramáticas.


Bruno.Fernandes 12/01/2017minha estante
Mta purpurina na série da globo. O q mais está incomodando é o exagero dramático na atuação da Zana, chorando o tempo todo ao invés de mostrar sua força, personalidade e obsessão por Omar. Tb Halim não está sendo aprofundado na sua submissão e psicologia.


Eric Silva - Blog Conhecer Tudo 12/01/2017minha estante
Realmente, o que vem me incomodando mais é a atuação de alguns atores.




Portal JuLund 10/01/2017

Dois Irmãos, @cialetras
Confesso para você que o livro Dois Irmãos não me chamou muito a atenção quando o escolhi como cortesia do mês. Porém, fico feliz por minhas expectativas serem baixas, pois elas mudaram já nas primeiras linhas. Tanto que resolvi apressar a resenha para vocês e estou publicando extraordinariamente em uma segunda-feira, que não é meu dia de postagem, justamente porque hoje estreará, à noite, a minissérie baseada nessa história.

É claro que o que é adaptado, quase sempre, não é tão bom quanto o livro. Mudanças são feitas, assim como cortes e inclusões de personagens, mas, como não dará tempo para você ler a história, recomendo que assista aos episódios, mas depois leia o livro para conhecer melhor os personagens e seus dramas.

Não, Dois Irmãos não é uma trama muito dramática. É um relato da vida de vários personagens que vivem em Manaus, e sua rotina durante trinta anos. Quem narra é o filho da empregada, mas isso não está claro nas primeiras páginas. E mais: Domingas teve a participação de um dos filhos da casa nessa gestação. Isso mesmo: ela se deitou com Omar ou Yaquib.

Mas vamos à história. Os personagens principais são Nael: narrador, filho de Domingas e de um dos gêmeos; Zana, mãe dos meninos e de Rânia; Omar e Yaqub, os gêmeos; Domingas, índia que foi trabalhar para a família logo que Zana e seu marido, Halim, se casaram. Também há outras pessoas, mas seu papel é secundário na trama.

O ódio entre os irmãos começa cedo, pois é bem perceptível o amor diferenciado que a mãe tem por um dos gêmeos. Halim não queria ter filhos, desejava Zana só para ele, mas ela insistiu e eles tiveram três, conforme o desejo dela: os gêmeos e Rânia.

"Zana não se despegava dele, e o outro ficava aos cuidados de Domingas, a cunhantã mirrada, meio escrava, meio ama, “louca para ser livre”, como ela me disse certa vez, cansada, derrotada, entregue ao feitiço da família, não muito diferente das outras empregadas da vizinhança, alfabetizadas, educadas pelas religiosas das missões, mas todas vivendo nos fundos da casa, muito perto da cerca ou do muro, onde dormiam com seus sonhos de liberdade."

Resenha completa no

site: http://portal.julund.com.br/resenhas/resenha-de-dois-irmaos-cialetras
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