Oljo 19/05/2023
A protagonista mais figurante de Austen!
Não posso deixar de afirmar que Mansfield Park é o romance mais água morna de Jane, levando em conta tanto a morosidade com que os acontecimentos se desenrolam, quanto a frágil constituição daquela que é tão diferente das protagonistas anteriormente criadas (Elinor, Maryanne, Elizabeth e até mesmo Jane Bennet) é bem fácil largar esta leitura.
No entanto, eu pouco recomendo que isso seja feito, acredito que Mansfield, muito mais que Razão e Sentimento e Orgulho e Preconceito, tenha um maior poder de nos fazer mergulhar naquele meio, de nos incomodar com aquele dia-a-dia, de fazer sentir que nós mesmos estamos sofrendo com os desatinos absurdos da Tia Norris, com as dissimulações de Mary, a cegueira de Edmund e, em certo momento, até mesmo enganadas pelo antagonista mais maravilhoso de todos, Henry Crowford.
Não há palavras para descrever Mansfield Park neste ponto, só quem leu e perseverou pelas páginas vai saber do que estou falando, a sensação de que eu não queria perder por nada no mundo essa história assim que se descortinam as palavras finais. Estou deixando aquela casa que habitei por um mês e me causa um pouco do sentimento vivido por cada um dos personagens que se afastaram de lá. É Magnífico!
E, falando em final, não posso deixar de constar que, sim, o encerramento foi um pouco amargo, diferente do que Austen costuma fazer. Não sei, obviamente, se foi um sentimento comum ao terminar essa leitura. Porém, para mim, a queda de Henry Crowford foi muito sentida. Eu realmente torci por ele, realmente torci para que ele perseverasse e conquistasse Fanny como estava começando a acontecer. Foi um baque saber que o primeiro homem que amou Fanny, o primeiro que se mostrou disposto a mudar sua situação, que cresceria ao lado dela e a conquistaria todos os dias, se deixou levar pelas próprias falhas.
E, devo acrescentar ainda, que Edmund depois da louca e arrebatora paixão por Mary, em meu conceito, só decaiu. Pois somos julgados por aqueles que amamos, Maria Bertram foi o ensinamento deixado sobre isso, e Edmund demorou tempo demais para amar nossa sofrida, mas não menos incorruptível, Fanny Price.