Lauraa Machado 01/01/2022
Pior final de um livro da Jane Austen
Estou revoltadíssima por ter passado mais de quinhentas páginas lendo esse livro para chegar ao final mais anticlimático da literatura inglesa. Até ler esse livro, meu menos favorito da Jane Austen era Persuasão, mas pelo menos ele tem um final bom! Eu li esse mais rápido do que planejava, só porque estava ansiosa para ver Fanny finalmente ser vista e valorizada, mas ela acaba sendo só segunda opção, considerada só quando a prioridade deu errado e ainda foi descrito do jeito mais simples e corrido possível.
O livro em si não é ruim. Ele é um pouco enrolado, mas eu gostei dos personagens, até os 'anti-heróis', talvez principalmente eles. A Mary foi minha favorita. Tudo bem que ela não tinha as virtudes que os outros consideravam importantes, mas gostei de ver que ela tinha opinião e atitude, além de ser honesta e engraçada e de saber quem é. Henry também foi outro do qual eu gostei, mas queria que ele tivesse se provado uma pessoa um pouquinho melhor. Confesso que torci demais por ele, pois Edmund é um palerma e eu o odeio!
Talvez eu dê alguns spoilers daqui para a frente, se você não souber quem é o casal principal e tudo mais!
Eu sempre consigo prever quem vai ser o interesse romântico em livros da Jane Austen. Não sei como. Só sei que, quando eles aparecem, alguma coisa sempre me diz que é ele, mesmo que seja nas cenas mais aleatórias. Então passei o livro todo querendo gostar do Edmund, querendo que ele se mostrasse interessante, que ele prestasse alguma atenção em Fanny. Mas ele nunca foi nada além de seu primo/irmão, nem quando era para a história estar encaminhando para algum tipo de romance. E quando tudo realmente dá certo para Fanny como ela quer, não foi narrado, foi contado em um resumo. Revoltante! Foram quinhentas páginas ouvindo ele idolatrar a outra para chegar no final e ter um resumo do interesse superficial dele por Fanny? Fala sério.
Eu achei que ia detestar a Fanny quando ela começou a mostrar sua personalidade (ou falta de personalidade), mas eu torcia por ela e pelo que ela queria, o que é exatamente do tipo de coisa que espero de protagonistas. Então, de verdade, o único personagem que eu detestei foi o Edmund.
Quer dizer, não posso falar que gosto do pai dele, Sir Thomas, que é dono de terras na América Central e de pessoas escravizadas, né? Me incomodou principalmente como a Fanny ainda chegou a comentar sobre escravidão sem qualquer problema, depois de eles passarem o livro todo julgando quem não tinha seus valores cristãos (risos). Mas eu mal considero Sir Thomas um personagem relevante.
Esse é de longe o livro da Jane Austen que eu menos gostei até hoje e não acho que vale tanto a leitura de quase 600 páginas para o final mais insatisfatório possível! Mas eu amo outros dela e ainda quero ler os que faltam!